Quem é o maior medalhista paralímpico do Brasil até as Paralimpíadas do Rio de Janeiro em 2022?

O nadador Daniel Dias foi eleito membro do Conselho dos Atletas do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês). O anúncio foi feito neste sábado (4) pela entidade máxima do esporte paralímpico.

Maior medalhista paralímpico brasileiro da história, Dias representará os paratletas até a próxima edição dos Jogos, em Paris 2024.

O multimedalhista subiu 27 vezes ao pódio nas quatro edições das Paralimpíadas em que competiu. Ao todo, conquistou 14 medalhas de ouro, 7 de prata e 6 de bronze.

Além do brasileiro, outros cinco atletas representarão a classe: a italiana Martina Caironi (atletismo), a cubana Omara Durand Elias (atletismo), o japonês Takayuki Suzuki (natação), a holandesa Jitske Visser (basquete em cadeira de rodas) e a iraniana Zahra Nemati (Tiro com arco).

O pleito ocorreu entre os dias 19 de agosto e 3 de setembro deste ano. Vinte e dois atletas se candidataram, em votação em que 2447 competidores exerceram o poder de voto. Para se candidatarem, os paratletas, obrigatoriamente, teriam que ter participado das últimas duas edições dos Jogos, Londres 2012 e Rio 2016.

Despedida da natação paralímpica

Nesta semana, em entrevista à CNN, o nadador disse que “coração bateu mais forte do que está acostumado” na sua despedida da natação paralímpica. O atleta disputou sua última prova nos Jogos Paralímpicos de Tóquio nesta quarta-feira (1º).

Na Paralimpíada de Tóquio 2020, Daniel disputou seis provas e conquistou três medalhas de bronze: nos 200 metros livre (S5), nos 100 metros livre (S5) e no revezamento 4×50 metros livre 20 pontos.

O maior medalhista paralímpico da história do Brasil, de 33 anos, será o porta-bandeira na cerimônia de encerramento dos Jogos que acontecerá neste domingo (5), às 7h20 (horário de Brasília).

Esta será a terceira vez que Daniel Dias levará a bandeira brasileira em Jogos Paralímpicos. O nadador também foi o porta-bandeira no encerramento dos Jogos de 2008 (Pequim) e na abertura dos Jogos de 2012 (Londres).

*Com informações da Agência Brasil.

Acostumado a sair com pelo menos quatro medalhas de ouro dos Jogos Paralímpicos, Daniel Dias precisou moderar suas expectativas para Tóquio-2020.

O atleta de 33 anos teria que se esforçar como nunca para buscar os melhores resultados possíveis, na inédita situação de não ser favorito em nenhuma das seis provas que nadou no Japão. Assim o fez até as últimas braçadas e pernadas nos 50 metros nado livre classe S5, que teve sua final disputada na manhã desta quarta-feira (1º) e marcou a despedida do brasileiro das piscinas com o quarto lugar.

O paulista nascido em Campinas anunciou em janeiro que as Paralimpíadas de Tóquio seriam o ponto final de sua jornada como atleta. Explicou que a decisão da aposentadoria se devia à sensação de dever cumprido e à vontade crescente de seguir outros projetos de carreira e de vida, como passar mais tempo com seus três filhos: Asaph, 7, Daniel, 5, e Hadassa, 2.

O maior atleta paralímpico do Brasil iniciará essa nova fase após ter acumulado 27 medalhas, três no Japão (bronze nos 200 m e 100 m nado livre e no revezamento 4 x 50 m livre). As conquistas de cada uma delas foram muito comemoradas por ele na piscina do Centro Aquático de Tóquio.

Desde 2019, quando o IPC (Comitê Paralímpico Internacional) promoveu um polêmico processo de reclassificação funcional —que divide os atletas por categorias de acordo com o nível de comprometimento motor causado pela sua deficiência—, Daniel deixou de reinar absoluto na classe S5.

No caso das deficiências físicas, as classes da natação vão de S1, para os maiores níveis de comprometimento, a S10, para o menor comprometimento. Daniel permaneceu na S5, mas viu competidores de classes superiores descerem. Após nadar sua última prova, o brasileiro reclamou do s critérios de classificação.

"Isso afetou muito os resultados aqui. Não só meus, mas de muitos outros atletas. É triste a natação estar passando por isso. Está regredindo. O sistema de classificação está inconclusivo, subjetivo, está uma bagunça. Atletas que nadaram comigo aqui na S5 foram mais velozes do que nadadores da S6. Isso não faz sentido nenhum", reclamou Daniel Dias, em transmissão ao vivo na sua conta no Instagram.

"Poucos dos meus adversários de 2016 [nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro] estavam aqui. A maioria que estava competindo comigo [em Tóquio] eram atletas da S6 e hoje estão na S5. Isso tornou as coisas mais difíceis", acrescentou o nadador.

Essa é uma das plataformas de campanha do brasileiro, candidato a membro do Conselho de Atletas do IPC (Comitê Paralímpico Internacional). "Fica aqui meu apelo ao IPC, ao Andrew Parsons [presidente da entidade], que olhe com carinho isso. Por isso que estou concorrendo ao conselho: porque queremos que as coisas sejam mais justas, claras e corretas possíveis."

Daniel Dias nasceu com os membros superiores e a perna direita malformados. O braço direito parou no cotovelo, enquanto o esquerdo é mais curto, com apenas um dedo. A perna direita termina no joelho.

Nada que impedisse o brasileiro de atingir seus grandes feitos. "Deficiência não define o que somos. O que define o que somos está dentro de cada um de nós. E nós temos uma capacidade enorme de realizar grandes feitos", prega.

Aos três anos, Daniel passou por cirurgia para poder usar próteses e andar. Com 16, começou a nadar inspirado em outro brasileiro vencedor nas piscinas paralímpicas: Clodoaldo Silva, a quem assistiu pela TV nos Jogos de Atenas-2004.

"Comecei a nadar porque eu gostava do esporte. O incentivo veio da família. Meus pais nunca colocaram limites na minha vida. Sempre que eu quis fazer algo eles falaram: 'Claro, você consegue'. O incentivo dos meus pais foi fundamental", agradece.

Em dois anos nas piscinas, o atleta já estava preparado para brilhar internacionalmente. Isso aconteceu no Mundial de natação paralímpica de Durban, na África do Sul, em 2006. Aos 18 anos, faturou 3 ouros e 2 pratas. Estava semeado o caminho para mais conquistas.

A estreia paralímpica aconteceu nos Jogos de Pequim-2008, quando já se tornou o maior nome da delegação brasileira. Ele ganhou 4 ouros, 4 pratas e 1 bronze e se tornou o atleta que mais subiu ao pódio entre todos naquelas Paralimpíadas. Quanto à cor das medalhas, apenas a canadense Chantal Petitclerc (atletismo), com 5 ouros, fez campanha melhor do que a dele.

Quatro anos depois, em Londres-2012, saiu das piscinas com a segunda melhor campanha de um atleta naquela edição dos Jogos Paralímpicos. Foram 6 ouros. Somente a nadadora australiana Jacqueline Freney ficou à frente de Daniel, com 8 medalhas douradas.

Em casa, no Rio de Janeiro, em 2016, o brasileiro fez nova campanha memorável. Já um veterano nas Paralimpíadas, aos 28 anos, adicionou mais 4 ouros, 3 pratas e 2 bronzes à sua coleção de medalhas. Nenhum competidor fez campanha melhor do que ele.

Daniel Dias é o 15º atleta mais premiado da história das Paralimpíadas e o sétimo da natação. Essa classificação é liderada pela americana Trischa Zorn. A americana, que competiu entre 1980 a 2004, ostenta incríveis 32 ouros, 9 pratas e 5 bronzes, segundo dados do IPC (Comitê Paralímpico Internacional). Entre os brasileiros, ele está disparado na primeira posição, contando todas as modalidades.

Tantas façanhas no esporte renderam a Daniel Dias o prêmio Laureus em 2009, 2013 e 2016. A revista Swimming World, publicação de maior prestígio da natação mundial, também o elegeu nadador paralímpico do ano em 2009, 2010, 2011, 2013 e 2016.

Após as Paralimpíadas, ele irá atuar como membro ativo da Laureus World Sports Academy.

"Tive a sorte de ganhar três prêmios Laureus em minha carreira e posso dizer que são uma honra para qualquer atleta. Estou realmente ansioso para ajudar os jovens no futuro e dar o meu melhor para mudar o mundo", afirma o brasileiro.

Fora das competições, Daniel Dias quer agora usar sua história para incentivar outras pessoas com deficiência a se arriscarem na vida e no esporte. Em 2014, ele fundou o Instituto Daniel Dias, em Bragança Paulista, para apoiar a descoberta e desenvolvimento de futuros atletas paralímpicos.

"Nenhum pai ou mãe espera ter um filho com deficiência. Meus pais foram escolhidos. E sei que tem muitos deficientes que estão em casa, que os pais não querem que saiam de casa, que não sofram. E, através do esporte, podemos mostrar que ele consegue nadar, ele consegue fazer suas atividades do dia a dia e se tornar um campeão na vida. Às vezes, para o pai e a mãe ver o filho nadando sozinho, abre muitas coisas. Esporte é inclusão", diz o nadador.

Principais conquistas da carreira de Daniel Dias

  • 27 medalhas em Jogos Paralímpicos

    14 de ouro
    7 de prata
    6 de bronze

    9 em Pequim-2008
    6 em Londres-2012
    9 no Rio-2016
    3 em Tóquio-2020

  • 33 medalhas em Jogos Parapan-Americanos
  • 40 medalhas em Campeonatos Mundiais

Quem é o maior medalhista paralímpico do Brasil até a Paraolimpíada de Londres 2012 )?

De quebra, Daniel Dias detém ainda quatro recordes mundiais, sendo nas provas dos 100m costas (com o tempo de 01min16s24), 100m e 200m nado peito (01min32s27 e 03min21s36, respectivamente) e 100m borboleta (01min17s79).

Qual o maior campeão paralímpico do Brasil?

Dias é até hoje o atleta brasileiro que mais vezes subiu ao pódio em edições de jogos paralímpicos, com 27 medalhas ao todo sendo 14 de ouro.

Quais são os maiores atletas paralímpicos brasileiros?

Os Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim 2022 serão a terceira participação brasileira no evento e contará com o maior número de atletas da história: seis – Aline Rocha, Cristian Ribera, Guilherme Cruz Rocha, Robelson Moreira Lula e Wesley dos Santos, pelo esqui cross-country, e André Barbieri, pelo snowboard.

Quem é o maior medalhista olímpico e paralímpico da edição dos Jogos da modernidade com 27 medalhas no total?

Daniel Dias conquista dois bronzes e chega a 27 medalhas nas Paralimpíadas.