Que ano se iniciou o apartheid e quais as reações da população local em relação a essa política?

A professora Leila Leite Hernandez nos conta como funcionava esse sistema segregacionista que perdurou durante décadas na África do Sul

Que ano se iniciou o apartheid e quais as reações da população local em relação a essa política?
Durante o apartheid, Nelson Mandela foi condenado à prisão perpétua por desobediência civil. Com o término do sistema, Mandela foi libertado e em 1994 foi eleito presidente da África do Sul. (Arte: Davi Morais)

O Hoje na História relembra o término do apartheid na África do Sul, sistema separatista que distinguia direitos entre negros e brancos.

Iniciado em 1948, o período foi movido por lutas em oposição à política segregacionista, que se intensificaram com a “desobediência civil” do Congresso Nacional Africano (CNA). A organização foi posta na ilegalidade e seu líder Nelson Mandela condenado à prisão.

O apartheid teve seu fim em 17 de março de 1991, pelo presidente Frederick de Klerk, por um conjunto de fatores como a escassez do domínio branco na África do Sul, a intensificação de manifestações contra o sistema e com a volta da legalidade do CNA.

Leila Leite Hernandez, há 20 anos professora de História da África do Departamento de História da FFLCH-USP, nos explica um pouco mais o que foi esse sistema e como funcionava:

“As lutas contra o apartheid na África do Sul se revestiram de diferentes formas – pacíficas ou de desobediência civil – que convergiram para o término de um sistema em que o Estado legalizou e institucionalizou o mando fundado no terror, tornando os diferentes desiguais, ao combinar origem, fenótipo, língua e religião.

Totalitário, este sistema controlava a vida pública, a vida privada e a vida íntima das pessoas, em especial dos negros, mas também dos mestiços e indianos.

Definiu juridicamente a representação política; os espaços de trabalho - determinando em quê e onde as pessoas deveriam trabalhar- e os espaços de moradia e de lazer; criava os passaportes internos impedindo o livre direito de ir e vir; e proibia os casamentos inter-raciais.

Desenvolveu uma estrutura discursiva dominante e um imaginário com a língua, os valores, os símbolos e a religião africânder os quais, em diferentes conjunturas reafirmavam a superioridade dos africânderes.

Com o término do apartheid, um conjunto de leis proíbe a discriminação e os preconceitos raciais.

Nos dias de hoje, ainda que nas atividades cotidianas encontremos alguns traços racistas, as diferenças já não são mais sinônimos de desigualdades. Os preconceitos têm diminuído de forma significativa e as relações sociais ampliadas, cedendo lugar a liberdade de toda a população definida pelo pluralismo étnico, histórico e cultural.”

O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, que morreu na quinta-feira (5) aos 95 anos em Pretória, é considerado um dos maiores heróis da luta pela igualdade de direitos no país e foi um dos principais responsáveis pelo fim do regime racista vigente entre 1948 a 1993 chamado do apartheid - separação, na língua africâner, que é derivada do holandês.

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Durante o apartheid, que vigorou por mais de 40 anos, imperava na África do Sul uma política oficial de segregação dos cidadãos segundo a cor de sua pele - em que a minoria branca dominou a maioria negra.

Mandela é considerado um ícone justamente por guiar o país das algemas deste regime para uma democracia multirracial.

Conhecido como “Madiba”, ficou preso durante 27 anos devido à luta contra o regime da minoria branca e ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1993 por combater a discriminação racial. Foi eleito em 1994 o primeiro presidente negro da África do Sul, nas primeiras eleições multirraciais sul-africanas.

Colonizada por holandeses e britânicos, a África do Sul se tornou independente em 1910, mas, desde a chegada dos primeiros europeus, no fim do século XV, surgiram ações de dominação dos nativos negros.

Em 1948, com a vitória do Partido Nacional nas eleições legislativas, a segregação racial se tornou oficial. O governo passou a registrar cidadãos segundo a raça e a proibir os casamentos mistos.

O governo também confiscou propriedades de negros e obrigou milhares de pessoas a se mudar para áreas reservadas por etnia. A cor da pele passou a definir se a pessoa poderia votar, onde iria estudar, morar, trabalhar e a receber tratamento médico, diferenciando lugares e posições de brancos e negros na sociedade.

 

Placas determinavam as áreas para brancos e as áreas para negros, que deveriam, obrigatoriamente, carregar uma caderneta com informações pessoais.

Em 1960,  após uma manifestação que terminou com 69 mortos, o governo decretou estado de emergência e baniu o Congresso Nacional Africano (CNA), o movimento que lutava pela união de todos os africanos e contra o apartheid. Mandela fazia parte do CNA e também havia sido presidente do grupo, coordenando a luta contra o regime de segregação no país.

Em 1961, quando o CNA é posto na ilegalidade após os protestos, Mandela tornou-se líder da guerrilha Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação), planejando uma greve geral. O CNA desiste da resistência pacífica e Mandela deixa ilegalmente a África do Sul em 1962 para viajar pela continente para receber treinamento militar. Visitou a Inglaterra, Marrocos e Etiópia, e foi preso ao voltar, em agosto do mesmo ano. De acordo com o jornal “Telegraph”, a organização perdeu o ideal de protestos não letais com o tempo e matou pelo menos 63 pessoas em bombardeios nos 20 anos seguintes.

Mandela começou a frequentar informalmente as reuniões do CNA em 1942 e tornou-se secretário nacional em 1948, ano em que o Partido Nacional ganhou as eleições, abandonando o curso de direito para se dedicar aos protestos contra seis leis consideradas injustas. Como reação do governo, na ocasião, ele e 19 colegas foram presos e sentenciados a nove meses de trabalho forçado. Anos depois, foi condenado por abandonar ilegalmente o país e sabotagem.

Em 1976, em Soweto, ainda durante o apartheid, uma região de população negra nos arredores de Johanesburgo, estudantes se revoltaram contra a decisão do governo de tornar o africâner o idioma oficial em todas as escolas. Os protestos se espalharam pelo país e chamaram a atenção do mundo.

Na década de 1980, vários países endureceram as sanções contra a África do Sul como forma de pressão por mudanças. Em 1989, o novo presidente, Frederick de Klerk, iniciou as mudanças. Tirou o Congresso Nacional Africano (CNA) da ilegalidade e deu os primeiros passos para acabar com o apartheid.

Luta pela liberdade
Enquanto integrava o CNA, Mandela ajudou a articular, em 1955, o Congresso do Povo e citava a política pacifista de Gandhi como influência. A reunião uniu a oposição e consolidou as ideias antiapartheid em um documento chamado Carta da Liberdade. No fim do ano, Mandela foi preso juntamente com outros 155 ativistas em uma série de detenções pelo país. 

“Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu cultivei o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. Este é um ideal pelo qual eu espero viver e alcançar. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”, afirmou Mandela.

Em 1964, Mandela e outros sete colegas foram condenados por sabotagem e sentenciados à prisão perpétua. Um deles, Denis Goldberg, foi preso em Pretória por ser branco. Os outros foram levados para a Ilha de Robben.

Após o fim da carreira política, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos.

Em que ano se iniciou o apartheid e quais as Reacoes da população?

O Apartheid foi um regime de profunda e violenta segregação racial mantido na África do Sul de 1948 a 1994. Esse sistema foi condenado internacionalmente. O Apartheid foi um regime político que ocorreu entre 1948 e 1994 na África do Sul.

Onde ocorreu o apartheid Brainly?

Resposta: O apartheid, termo africâner que quer dizer separação, surgiu oficialmente na África do Sul em 1944, e serve para designar a política de segregação racial e de organização territorial aplicada de forma sistemática a aquele país, durou até 1990.

Como ocorreu o processo de transição do apartheid?

O processo de transição do apartheid em direção a um regime democrático na África do Sul foi possível devido a confluência de dois fatores principais que influenciaram em grande parte a mudança de status quo tanto da elite branca (africâner), quanto dos movimentos negros de libertação.

O que é o regime segregacionista?

Que ou quem defende ou aplica tratamento desigual ou injusto com base em preconceitos étnicos ou raciais.