1 de 0 Incêndio na Amazônia. O desmatamento da floresta não está vinculado somente à produção direta de grãos ou de proteína animal — Foto: Brasil2/GettyImages
Incêndio na Amazônia. O desmatamento da floresta não está vinculado somente à produção direta de grãos ou de proteína animal — Foto: Brasil2/GettyImages
Nos últimos anos, tornou-se frequente a recorrência de notícias sobre o desmatamento e as queimadas na Amazônia. Enquanto diferentes países no mundo vêm se preparando para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, o Brasil se torna notícia por não conseguir controlar a devastação ambiental.
Ao mesmo tempo, é necessário focar em soluções. De que forma é possível evitar o desmatamento e as queimadas na Amazônia? O que é preciso ser feito para que diversas populações saiam da ilegalidade e se regularizem, contribuindo com uma sociedade que preza pelo desenvolvimento sustentável?
Pode parecer que essas perguntas têm respostas óbvias, mas são as questões que valem US$ 1 milhão. Para evitar queimadas na Amazônia, é necessário, antes de mais nada, reduzir o desmatamento na floresta. Por sua vez, a derrubada das árvores é uma questão que passa por dificuldades econômicas e políticas. Não há um contrassenso entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade — diversos estudos comprovam que é possível expandir a produção agropecuária no Brasil sem abrir mais nenhuma área sequer de floresta. Ao mesmo tempo, o desmatamento na Amazônia não está vinculado somente à produção direta de grãos ou de proteína animal.
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As características climáticas da Amazônia fazem com que os períodos sejam bem definidos ao longo do ano e há os períodos em que o fogo é mais frequente, justamente por ser o momento de seca na região. A temporada de queimadas na Amazônia costuma começar entre maio e junho de cada ano e pode se estender até setembro e outubro.
Quando as chuvas voltam a se intensificar, o ambiente fica menos propício para a ação do fogo. Em 2021, o período de fogo na Amazônia começou com recordes: o total de focos de queimadas na Amazônia Legal em maio foi 49% maior que o número registrado no mesmo mês de 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A Organização Mundial da Saúde alerta que a exposição à fumaça e cinzas produzidas por queimadas pode causar irritação nos olhos, nariz, garganta e pulmões; redução da função pulmonar, incluindo tosse e sibilo; inflamação pulmonar, bronquite, agravamento de asma e outras doenças pulmonares; e exacerbação de doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca.
Além disso, crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas preexistentes são mais vulneráveis aos efeitos negativos do contato com a fumaça e as cinzas geradas pelo fogo. De acordo com o relatório “O Ar é Insuportável”, elaborado em parceria entre o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e a Human Rights Watch (HRW), em todo o mundo, “a poluição do ar devido à queima de florestas e outras vegetações pode causar até 435.000 mortes prematuras a cada ano”.
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Para que o desmatamento deixe de ser uma atividade economicamente atrativa para a população que vive na Amazônia, é imprescindível que essa parte da sociedade tenha outras opções de renda. É necessário que os governos e a iniciativa privada invistam em soluções para que comunidades tradicionais e ribeirinhas possam sobreviver a partir dos recursos naturais da floresta, com a perspectiva de que a floresta em pé tem mais valor do que a madeira derrubada.
De acordo com a gerente de ciências da ONG WWF Brasil, Mariana Napolitano, o primeiro passo é eliminar o desmatamento da Amazônia, endurecer as penas a quem desmata e queima ilegalmente a floresta, retomar iniciativas que deram certo no passado, como o PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), demarcar terras indígenas, quilombolas e criar unidades de conservação. ”Além disso, é necessário fortalecer os órgãos responsáveis pelo manejo e controle das queimadas e ações ambientais de forma mais ampla, como o Ibama, o ICMBio e a Funai”, afirma.