Atire a primeira pedra quem nunca esqueceu o anticoncepcional, ainda que apenas por algumas horas. Utilizar medicações por um longo período, como é o caso dos anticoncepcionais, mesmo com o hábito pode ser possível que vez ou outra o esquecimento aconteça, mas e aí, o que fazer nesse momento?
Antes de tudo, é relevante dizer que aqui seguirão informações gerais, que nenhum método contraceptivo é 100% eficaz, o esquecimento aumenta a possibilidade de falha e independente dos dados, cada ciclo deve ser avaliado individualmente, isso é extremamente importante.
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- Anticoncepcionais orais
A inibição da ovulação tende a ocorrer no primeiro ciclo de uso da medicação. Por conta disso, o início do uso deve ser feito no primeiro dia do ciclo, ou seja, primeiro dia da menstruação. Podendo ser iniciado do segundo ao quinto dia, porém neste caso o preservativo deve ser associado até o sétimo dia de uso.
Se o esquecimento ocorrer dentro de 12 horas, o medicamento deverá ser tomado o mais rápido possível e o seguinte deverá ser mantido no horário, mesmo que isso signifique tomar 2 comprimidos no mesmo dia e no período de 7 dias o preservativo deve ser associado.
Alguns fabricantes preconizam que no caso de esquecimento de um comprimido por mais de 24 horas, dois comprimidos devem ser utilizados e os demais devem seguir normalmente. Neste caso consultar a bula e o ginecologista são as melhores formas para o uso correto.
Já os esquecimentos superiores a 24 horas na primeira semana do anticoncepcional com relações sexuais na semana anterior ao esquecimento podem resultar em gestação, neste caso converse com o ginecologista.
Se ocorrer vômito ou diarreia até 4 horas após tomar o anticoncepcional, os demais devem ser utilizados sem atraso e o preservativo deve ser associado.
- Adesivo
É composto por 3 adesivos que devem ser trocados a cada 7 dias com pausa de uma semana sem adesivo. O primeiro deve ser iniciado nas primeiras 24 horas do primeiro dia do ciclo.
Em caso de esquecimento na primeira semana do adesivo, a proteção não é garantida e um novo ciclo deve ser iniciado.
Se esquecer o adesivo entre a semana 2 e 3 por um ou dois dias, o próximo deve ser aplicado imediatamente sem a necessidade de métodos adicionais.
Acima de dois dias, a proteção não está garantida, um novo ciclo deve ser iniciado com associação de outro método de barreira por 7 dias.
- Anel contraceptivo
Deve ser utilizado nas primeiras 3 semanas do ciclo seguido de uma semana de pausa sem o anel.
Se o período sem o anel for superior a 7 dias, um novo anel deve ser inserido imediatamente e durante 7 dias outro método deve ser associado.
Caso ocorra algum problema ou em caso de retirada do anel por mais de 3 horas, ele deve ser recolocado imediatamente e outro método deve ser associado por 7 dias.
- Injeção anticoncepcional mensal
Deve ser aplicada a cada 30 dias. Em caso de esquecimento da nova aplicação superior a 3 dias, a eficácia fica comprometida e o preservativo deve ser associado.
- Injeção anticoncepcional trimestral
Deve ser aplicado a cada 90 dias, nos casos de esquecimento por até 14 dias a sua eficácia se mantém, porém, após esse período, é necessário associar outros métodos como preservativo.
Apesar de todas as orientações é sempre importante conversar com o seu ginecologista. Em caso de dúvida sobre a eficácia, associe outro método como preservativo ou diafragma.
Lembrando que o esquecimento está associado a redução da eficácia e algumas situações de esquecimento que fogem à regra talvez não tenham uma resposta exata sobre que caminho seguir ou a taxa de eficácia, nesses casos associar outro método e reiniciar em um novo ciclo pode ser uma opção.
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Referências:
Contracepção injetável trimestral / Progestin-only injectable contraception. Panisset, Karen; Giordano, Mario Vicente; Giordano, Luiz.
Femina ; 43(suppl.1): 27-30, 2015.
Finotti, Marta Manual de anticoncepção / Marta Finotti. — São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2015.
A injeção anticoncepcional é um método contraceptivo hormonal, ou seja, uma maneira de evitar a gravidez através de hormônios que são aplicados na paciente. Tem periodicidade mensal ou trimestral a depender da composição indicada pelo ginecologista.
O anticoncepcional injetável é uma injeção com hormônios, que têm a função de impedir o processo de ovulação na mulher. Com isso, sem a liberação de óvulos, não ocorre a fecundação e, assim, é prevenida a gravidez.
A ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks reforça que a injeção anticoncepcional não fornece proteção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs - denominação atual das antigas DSTs). Por isso, é importante combinar a injeção com o uso da camisinha para a prevenção de diversas doenças.
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Os tipos de anticoncepcionais injetáveis variam conforme a composição e o intervalo de tempo de cada aplicação.
Composição
A injeção anticoncepcional mensal é chamada de método contraceptivo injetável combinado, pois sua composição é à base de estrogênios e progesterona. Estrogênios são hormônios relacionados ao controle da ovulação, enquanto a progesterona é um hormônio feminino ligado ao equilíbrio da produção de óvulos e gravidez.
Periodicidade
Como o próprio nome sugere, o anticoncepcional injetável mensal consiste em uma aplicação a cada 30 dias (uma vez por mês).
Ciclo menstrual
O ciclo menstrual de pacientes que utilizam este tipo de contraceptivo mensal é continuado, ou seja, a mulher menstrua normalmente. Porém, a diferença é que a liberação de óvulos é cessada.
Composição
A injeção anticoncepcional trimestral é composta somente pelo hormônio feminino progesterona. Costuma ser recomendada a mulheres que apresentam patologias pelas quais não podem receber estrogênio, como doenças relacionadas à coagulação, cardiovasculares e tromboses.
Periodicidade
Segundo o nome sugere, o anticoncepcional injetável trimestral consiste em uma aplicação a cada 90 dias (uma vez a cada três meses).
Ciclo menstrual
A menstruação é interrompida em mulheres que optam pela injeção anticoncepcional trimestral, fazendo com que a paciente fique em estado de amenorreia.
O uso da injeção anticoncepcional, seja mensal ou trimestral, é contraindicado a pacientes que apresentam:
- Reação a estrogênio
- Sangramento genital de causa desconhecida
- Tumor ginecológico, como câncer de mama ou câncer de colo de útero
- Trombose
- Enxaqueca
- Endometriose
Gestantes e mulheres que estão amamentando devem evitar as composições com estrogênio (injeção anticoncepcional mensal), conforme ressalta Johnata Dacal.
O método contraceptivo injetável é administrado e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Portanto, pacientes podem usufruir gratuitamente das injeções anticoncepcionais em postos de saúde.
Na rede privada, o preço da injeção anticoncepcional varia de acordo com o tipo de hormônio na composição. Contudo, costumam custar de R$ 5 a R$ 35 por aplicação.
Segundo a ginecologista Luciana Nacano, não há uma injeção anticoncepcional ideal para todas as mulheres. "O melhor método para o seu corpo deve ser discutido e decidido junto ao médico especialista, de acordo com suas necessidades e exames", explica.
Por isso, antes de optar pelo uso da injeção anticoncepcional, consulte seu(a) ginecologista, liste todos os remédios e suplementos que toma, aponte seu histórico médico, bem como alergias e reações a qualquer medicamento.
A injeção anticoncepcional é intramuscular, podendo ser aplicada no glúteo ou na parte superior do braço. O ideal é que toda aplicação seja administrada por profissionais, como ginecologistas, enfermeiros ou farmacêuticos.
A maioria das soluções de anticoncepcional injetável disponíveis no mercado começam a ter eficácia completa cerca de 7 dias após a aplicação.
O ginecologista responsável por prescrever o uso da injeção é a pessoa mais indicada para que você tire dúvidas a respeito, a depender do seu caso.
A principal vantagem da injeção anticoncepcional frente a outros métodos contraceptivos é sua aplicação com intervalo maior de tempo (30 ou 90 dias).
Para a médica Flávia Fairbanks, essa periodicidade é ótima para mulheres que têm uma vida corrida ou que são esquecidas. "Isso reduz a chance delas esquecerem de tomar o contraceptivo", diz.
A ginecologista comenta também que o anticoncepcional injetável não tem a chamada sobrecarga hepática. Afinal, sua aplicação é intramuscular e não por via oral.
Isso significa que é um método contraceptivo excelente para pacientes que não querem engravidar, mas que precisam preservar a saúde do fígado - seja por tomar outras medicações fortes ou por doenças associadas ao órgão.
Assim como todo medicamento, a injeção anticoncepcional pode apresentar efeitos colaterais, tais como:
- Sangramento entre os ciclos menstruais (chamado de "spotting")
- Redução da libido
- Maior retenção de líquidos
- Dor local devido à aplicação da injeção
- Amenorreia secundária (parada da menstruação, comum em quem opta pela injeção anticoncepcional trimestral)
- Dor de cabeça
- Náusea
- Tontura
- Cólica menstrual
- Dor nas mamas
- Oscilações de humor
De acordo com o ginecologista e obstetra Johnata Dacal, os efeitos colaterais costumam ser menos intensos quando comparados aos da pílula anticoncepcional. "São efeitos raros e dependentes de pessoa para pessoa", afirma.
Ao apresentar qualquer reação à injeção anticoncepcional, notifique e consulte o(a) ginecologista.
A injeção anticoncepcional Mesigyna é composta por enantato de noretisterona (composto sintético de progesterona) e valerato de estradiol (substância indicada para reposição hormonal de quem sofre de deficiência estrogênica).
A aplicação é feita de forma intramuscular a cada três meses (trimestral) e o ideal é que seja realizada somente por profissionais de saúde.
Confira a bula completa de Mesigyna.
A injeção anticoncepcional Perlutan é formada pelas substâncias algestona acetofenida e enantato de estradiol. Ou seja, progesterona e estrogênio, caracterizando a dosagem mensal.
Sua aplicação é intramuscular (de preferência no glúteo ou braço) e realizada a cada 30 dias. Recomenda-se a dose entre o 7º e 10º dia após o início da menstruação.
Confira a bula completa de Perlutan.
A Depo-provera (ou acetato de medroxiprogesterona) é uma injeção anticoncepcional trimestral, devendo ser aplicada a cada 90 dias de forma intramuscular no glúteo ou na parte superior do braço.
Sua aplicação deve ser realizada até o 5º dia do ciclo menstrual ou até o 5º dia pós-parto, caso a paciente não esteja amamentando. Se estiver amamentando, a mulher só poderá tomar a injeção a partir da sexta semana após o nascimento do bebê.
Confira a bula completa de Depo-provera.
A Cyclofemina é um anticoncepcional injetável com efeito combinado de dois hormônios femininos: o acetato de medroxiprogesterona (composto de progesterona) e cipionato de estradiol (estrogênio).
A aplicação é mensal e deve acontecer entre o 1º e 5º dia do ciclo menstrual, de forma intramuscular (glúteo ou braço).
A injeção anticoncepcional Ciclovular é um contraceptivo mensal, composto pela combinação de algestona acetofenida e enantato de estradiol; ou seja, progesterona e estradiol.
Deve ser aplicada entre o 7º e 10º dia do ciclo menstrual, com preferência no 8º dia.
O Uno-Ciclo é um anticoncepcional injetável de dose única mensal. É composto por progesterona e estrogênio (algestona acetofenida e enantato de estradiol).
Assim como o Ciclovular, o Uno-Ciclo deve ser aplicado entre o 7º e 10º dia do ciclo menstrual, de preferência no 8º dia.
Além das opções para mulheres, cientistas indianos desenvolveram o primeiro anticoncepcional masculino injetável: o anidrido maleico de Steryene. O contraceptivo promete eficácia de até 13 anos e é aplicado próximo aos testículos.
A expectativa é que sua comercialização seja liberada em 2020. Em testes feitos em mais de 300 voluntários, não houve efeitos colaterais. A injeção é ainda vista como uma alternativa para cirurgias como vasectomia (em homens) e laqueadura (em mulheres).
Outra opção de contraceptivo injetável masculino tem sido desenvolvido por pesquisadores desde 2018. O Vasagel consiste em um gel aplicado por injeção que impede a passagem dos espermatozoides pela uretra.
Para reverter o efeito e retomar a fertilidade, o homem pode consultar um urologista para aplicar uma substância capaz de dissolver o gel. Contudo, até o momento, o anticoncepcional só foi testado em animais.
De acordo com a ginecologista Flávia Fairbanks, a injeção anticoncepcional trimestral pode causar aumento de peso, com uma média de ganho de até 5 kg durante 10 anos.
Já a injeção anticoncepcional mensal não tem reação relacionada ao ganho de peso comprovada cientificamente.
Todo e qualquer método contraceptivo não apresenta 100% de eficácia. Contudo, a ginecologista Luciana Nacano aponta que a falha da injeção anticoncepcional, levando à possibilidade de engravidar, é inferior a 1%.
Flávia Fairbanks complementa que "o risco de engravidar só é maior se a paciente atrasar a injeção, o que acaba acontecendo em alguns casos". Portanto, para não engravidar, é preciso que a paciente siga à risca o período de eficácia da injeção (30 ou 90 dias), tomando uma nova dosagem ao final deste intervalo.
Isso varia conforme os hormônios que compõem a injeção. De maneira geral, se a primeira injeção tiver sido aplicada no primeiro dia do ciclo menstrual, cerca de uma semana depois da administração o efeito contraceptivo já foi alcançado e a paciente pode ter relação sexual.
Porém, solicita-se o uso da camisinha, sem exceções, nos primeiros 15 dias após a aplicação, a fim de complementar a prevenção da gravidez.
Vale reforçar que nenhum anticoncepcional injetável é capaz de evitar Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Portanto, a combinação desse método com a camisinha é altamente recomendada em todas as relações sexuais.
A chance do efeito da injeção anticoncepcional ser "cortado" é mínima. Flávia Fairbanks explica que uma das grandes vantagens desse método é que, como ele não atinge diretamente o fígado, a interação medicamentosa é muito pequena.
Contudo, se você faz uso de antibióticos, antidepressivos ou qualquer outra medicação, informe seu ginecologista.
Se a paciente atrasa a aplicação, há risco de ovulação. Portanto, não se indica o atraso em nenhuma circunstância. Procure respeitar o intervalo de 30 dias para injeção anticoncepcional mensal e 90 dias para injeção anticoncepcional trimestral.
No caso da injeção anticoncepcional mensal, a partir do momento em que a paciente para de usar, o restauro da fertilidade é quase imediato - como se ela tivesse parado de usar uma cartela de pílula anticoncepcional, por exemplo.
Porém, para injeção anticoncepcional trimestral, pode haver um maior tempo para retorno da fertilidade. Como a menstruação é interrompida, há casos em que mulheres demoram de 8 meses até um ano para retomar a ovulação de forma regular e ter chances de engravidar novamente.
Flávia Fairbanks, ginecologista e obstetra, doutora em Ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP, especializada em Endometriose no Hospital das Clínicas da FMUSP e pós-graduada em Sexualidade
Johnata Dacal (CRM-SP 157.515), ginecologista e obstetra da clínica DUO+, com experiência em Medicina Nuclear no Hospital das Clínicas da USP, em Obstetrícia e Ginecologia no Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros e em urgência e emergência
Luciana Nacano, ginecologista e obstetra, com experiência em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), pós-graduada em Reprodução Humana