A área ao leste, conhecida como Alemanha Oriental, ficou sob influência da União Soviética - posteriormente chamada de República Democrática Alemã (RDA). A oeste, as áreas controladas por Estados Unidos, Reino Unido e França foram unificadas em 1948, na chamada Alemanha Ocidental - posteriormente, República Federal Alemã (RFA). A capital Berlim também foi dividida, assim nascia o maior símbolo da Guerra Fria, a divisão por um muro da Berlim Ocidental, capitalista e da
Berlim Oriental, socialista. Mais do que uma divisão política, o Muro de Berlim separou histórias por 28 anos.
Os países vizinhos e parceiros pressionavam: “Senhor Gorbachev, derrube este muro!” falou o presidente americano Ronald Reagan fez um discurso em 12 de junho de 1987, ao lado do muro de Berlim Ocidental. Internamente as manifestações pacificas exigiam liberdade de imprensa e eleições livres. Os alemães clamavam pela reunificação. Uma grande manifestação de cidadãos da RDA
lotava a Alexanderplatz em Berlim em 4 de novembro de 1989, exigiam liberdade de imprensa e eleições livres. Cinco dias depois, essas manifestações pacíficas resultaram na queda do maior símbolo da separação, na queda do muro de Berlim.
Menos de um ano após a queda do Muro de Berlim houve a assinatura do tratado que unia enfim a Alemanha Ocidental e Oriental. Em 12 de setembro de 1990, os chanceleres dos dois estados alemães e das quatro potências vitoriosas da segunda guerra mundial assinaram em Moscou o tratado dois mais quatro sobre os aspectos externos da reunificação alemã. A Alemanha recuperou assim sua total soberania após quase 45 anos.
Na noite de 3 de outubro de 1990, a frente do parlamento alemão estava lotada, em festa mais de um milhão de pessoas comemoraram a reunificação. A RDA deixou de existir naquele dia. Hoje, 31 anos depois, celebramos a coragem das pessoas ao tomar as ruas pacificamente pela liberdade, a democracia e os direitos humanos.
O
fim da divisão da Alemanha há 31 anos trouxe liberdade e união. Foi também uma vitória para os direitos humanos. Além de ser uma conquista da diplomacia internacional, mostrando a relevância em atuar de maneira multilateral. A revolução pacífica mostrou ainda a responsabilidade de trabalhar pela democracia, pelo Estado de direito e pelo fortalecimento da sociedade civil. A Alemanha reunificada é diversa, vibrante em seu exemplo maior que é a Berlim atual. Essa multiculturalidade nos lembra de
proteger e promover a diversidade e a tolerância em toda a sociedade. Superando muros, juntos!
Após a Segunda Guerra Mundial, durante a Conferência de Postdam, a Alemanha foi dividida entre as potências aliadas e a União Soviética.
Em 1949, o país foi formalmente dividido dando origem a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) e a República Federal Alemã (Alemanha Ocidental).
A Alemanha Oriental estava sob influência socialista e soviética, com capital em Berlim. Por sua vez, a parte ocidental vivia sob órbita capitalista e americana, cuja capital era Bonn.
Esta divisão seguia a lógica da Guerra Fria que dominou a ordem mundial até 1989 com a Queda do Muro de Berlim.
Berlim
A antiga capital alemã não escapou desta divisão. Berlim situava-se em plena Alemanha Oriental e ali coexistiram dois sistemas de governo e duas moedas na mesma cidade.
Primeiro, foi dividida de maneira sutil com bairros e zonas destinados ao lado capitalista e ao lado socialista. Porém, partir de 1961, de forma física, com a construção do Muro de Berlim.
Em 1953, vários operários da Alemanha Oriental, marcham em Berlim pedindo melhores condições de vida e mais liberdade. São duramente reprimidos pela polícia que atirou na multidão desarmada, além de prender de 13.000 a 15.000 pessoas.Diante desta coerção, cerca de 3 milhões de alemães passam para o lado Ocidental.
Quanto mais o regime soviético dominava e reprimia a população da Alemanha Oriental, mais pessoas se mostravam insatisfeitos e fugiam para o lado Ocidental.
As autoridades da Alemanha Oriental buscam uma solução para impedir que os cidadãos berlinenses debandassem para o lado capitalista e constroem o Muro.
Leia mais sobre o Muro de Berlim.
Política
O sistema político na República Democrática Alemã estava inspirado na organização socialista soviética. Desta maneira, havia um grande partido, o socialista e outros minoritários com pouca representatividade. Não havia eleições diretas.
Os partidos políticos de oposição estavam formalmente proibidos. A população era cooptada através de associações e agrupamentos sociais e culturais a fim de construir o novo homem socialista.
Bandeira da Alemanha Oriental com o martelo e o esquadro ao centro.
Repressão Política: Stasi
A Stasi era o órgão responsável por vigiar cidadãos que tivessem ideias contrárias ao socialismo. Escutar rock, faltar à manifestação do Primeiro de Maio, usar roupas ocidentais, questionar a autoridade, tudo isto poderia ser visto como suspeito pela Stasi.
Artistas, estudantes, políticos, todos podiam ser alvo de investigação que incluíam também prisões arbitrárias, interrogatórios violentos, isolamento e tortura.
Economia
A economia da Alemanha Oriental baseava-se no modelo socialista soviético. Assim, os alemães adotaram o modelo de economia planificada através dos Planos Quinquenais. Não existia a propriedade privada e tudo pertencia e era administrado pelo Estado. As indústrias bélica e pesada eram as privilegiadas nesse modelo.
Ainda que as necessidades básicas da população estivessem cobertas como educação, moradia e saúde, não havia liberdade política, nem individual. Igualmente, a variedade de produtos era mínima.
Cultura
A produção cultural deveria estar pensada para exaltar os ideais socialistas e denegrir o mundo capitalista. Muitas produções eram influenciadas diretamente pelo realismo soviético.
Obras de teatro, cinema e livros deveriam ter como temática a luta da classe trabalhadora e seu esforço para construir uma sociedade igualitária. As vanguardas artísticas, como o abstracionismo, eram vistas com desconfiança.
Além disso, qualquer produção artística necessitava autorização para ser reproduzida.
Modo de Vida
Com o intuito de construir uma sociedade onde todos fossem iguais havia uma padronização generalizada que ia desde as moradias até as vestimentas. Os apartamentos eram igual para todos, e a variedade de papéis de parede, objetos de decoração e móveis era mínima.
As roupas alemãs eram sempre padronizadas, exceto para quem poderia pagar mais. Os tecidos eram poucos e as lojas vendiam praticamente os mesmos modelos para o povo comum. O jeito foi as mulheres aprenderem a costurar seus próprios vestidos e fazer seus acessórios para se diferenciarem.
O melhor exemplo dessa padronização era a indústria automobilística. Existia apenas um único modelo de automóvel, o Trabant, que os alemães orientais deveriam esperar anos e anos para obter. O modelo era simples e ultrapassado, mas todos desejavam possui-lo.
O automóvel Trabant
Fim da República Democrática Alemã
Na década de 80, o modelo soviético dava claro sinais de esgotamento econômico. Sem conseguir acompanhar o ritmo da indústria capitalista, os produtos industrializados do mundo socialista eram ultrapassados e tinham um mercado consumidor reduzido.
Em 1985, Mikhail Gorbachev é eleito como secretário-geral do Partido Comunista na URSS e promete abertura política e econômica. Animados por este exemplo, vários países que estavam sob a "Cortina de Ferro", sentem que podem reivindicar mais liberdades.
Na Alemanha Oriental, jovens estudantes se reuniam em igrejas para escutar música e depois saíam em manifestações para pedir mais direitos. Eram constantemente vigiados e reprimidos pela polícia, mas mesmo assim, as passeatas prosseguiram.
Em novembro de 1989, um político alemão declarou para a TV que o Muro seria aberto imediatamente. Apesar de querer dizer que seria dentro de poucos dias, a população entendeu que abertura se daria naquela mesma noite.
Deste modo, milhares de berlinenses foram às ruas para destruir o Muro e reunificar a cidade e o país.
Apesar das diferenças entre os dois países, a Alemanha se reunificou em tempo recorde. A parte Ocidental assumiu todos os encargos econômicos, políticos e econômicos da República Democrática Alemã.
A Queda do Muro marcou o fim da Guerra Fria e acelerou a desintegração da URSS.
Saiba mais sobre John Kennedy.
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.