Qual sistema se torna mais ativo no sistema de luta ou fuga?

Tenho certeza que você já ouviu falar desse sistema inúmeras vezes e, provavelmente, sabe de sua importância. Mas você sabe em que ele está envolvido e qual a explicação lógica para isso? Sabe quem atua? Como atua?

São muitas perguntas que devemos fazer a nós mesmos, que talvez pareçam coisas não tão importantes, mas acredite, SÃO! Por isso, hoje, vamos falar desse tema de suma importância ao aprendizado do corpo humano.

Leia também este artigo sobre volumes pulmonares.

Localização

O sistema nervoso parassimpático faz parte do sistema nervoso autônomo. É crânio-sacral, ou seja, do crânio emergem nervos cranianos parassimpáticos como o III (nervo oculomotor), VII (nervo facial), IX (nervo glossofaríngeo) e X (nervo vago) pares.

E também é sacral, pois algumas de suas fibras emergem do segmento S2 ao segmento S4.

Acetilcolina

No sistema nervoso parassimpático, o neurotransmissor que atua é a acetilcolina (Ach). A Ach atua em dois tipos de receptores: receptores nicotínicos e receptores muscarínicos.

A Ach é produzida dentro de um neurônio colinérgico, onde ocorre ligação de uma molécula de acetil-Coa (vindo da mitocôndria) e colina. Ela é sintetizada e, então, armazenada em vesículas dentro do próprio neurônio. Quando necessário, ela é liberada, por meio do processo de exocitose de vesículas, o qual envolve diversas substâncias, dentre elas o íon cálcio.

A Ach é, então, liberada na fenda sináptica. Depois, se liga a um determinado receptor e desempenha suas ações. Esses receptores podem ser pré-sinápticos. Por exemplo, o receptor muscarínico 2 (M2) pode ser pré-sináptico, e sua ativação inibe a liberação de Ach.

Veremos à frente os inúmeros receptores nos quais a Ach pode se ligar.

Após realizar sua função, seu efeito, a Ach é metabolizada por uma enzima presente na fenda sináptica, conhecida como acetilcolinesterase. Essa enzima degrada a acetilcolina, formando colina + acetato. O acetato é eliminado e a colina é reutilizada, voltando ao neurônio colinérgico.

Receptores nicotínicos

Os receptores nicotínicos são receptores ionotrópicos, ou seja, estão acoplados a canais iônicos e, ao serem ativados, promovem sua abertura.

Temos dois tipos de receptores nicotínicos aos quais a Ach se liga: os nicotínicos do tipo 1 (N1) e os nicotínicos do tipo 2 (N2). Os N1 estão localizados em gânglios autônomos, que podem levar estímulo à medula adrenal, promovendo a liberação de catecolaminas. Já os N2 estão localizados na placa motora, e, ao serem ativados, pela Ach promovem contração muscular.

Receptores muscarínicos

Os receptores muscarínicos são acoplados à proteína G. Temos diversos receptores muscarínicos, de 1 a 7. Hoje, vamos falar dos mais importantes.

Você sabe que a proteína G possui 3 subunidades, certo?! Cada uma dessas subunidades tem sua peculiaridade, sendo que há subunidades excitatórias e inibitórias.

Os receptores muscarínicos 1, 3 e 5, ou seja, os ímpares, estão acoplados à proteína Gq, uma subunidade excitatória, que ativa uma cascata, levando ao aumento do cálcio intracelular.

Já os receptores muscarínicos 2 e 4, ou seja, os pares, estão acoplados à proteína Gi, uma subunidade inibitória, pois aumenta a permeabilidade ao potássio.

Esses receptores possuem diferentes localizações:

  • M1 está localizado no sistema nervoso central, células parietais gástricas e gânglios autônomos;
  • M2 está localizado no coração, e faz modulação pré-sináptica da liberação de neurotransmissores, como já falei anteriormente;
  • M3 localizado em músculo liso e glândulas;
  • M4 localizado no sistema nervoso central;
  • e M5 também no sistema nervoso central.

Hoje, falaremos da atividade da Ach nos receptores M2 e M3, por serem os principais na fisiologia e para intervenção farmacológica.

Efeitos parassimpáticos

Em relação ao sistema nervoso parassimpático, tenha uma coisa em mente: ele está mais ativo em momentos de relaxamento, descanso e repouso.

Os processos fisiológicos orgânicos são realizados por ação parassimpática, quando você está “tranquilo”. E você entenderá isso logo, logo, quando vir suas ações. Um efeito visível realizado pela ação da Ach em receptor M3 se dá no globo ocular, especialmente no músculo esfincteriano da íris.

O M3 é um receptor excitatório, e, ao ser ativado pela Ach, promove contração do músculo esfincteriano da íris, ocasionando em redução da pupila, processo conhecido como miose.

Assim, a ação simpática é reduzir nosso campo de visão, pois não há sentido um grande campo de visão se você está em repouso, descansando. Concorda?!

Além de contrair o músculo esfincteriano da íris, o músculo ciliar também se contrai e isso promove uma acomodação visual para perto.

É o contrário do que veríamos na atividade simpática, onde há uma acomodação visual para longe e aumento do campo de visão, pois o indivíduo está em fuga. Então, ele precisa disso.

Outro efeito também no globo ocular, e por ação da Ach em M3, é o aumento de secreção lacrimal, pois o parassimpático estimula secreção de nossas glândulas, e a glândula lacrimal não fica de fora disso.

!!! Em casos de glaucoma de ângulo fechado, uma alteração anatômica que cursa com aumento da pressão intraocular, e provoca dor, cefaleia e redução da visão, a utilização de colinomiméticos (substâncias que simulam a ação da acetilcolina) pode ser realizada, uma vez que promove a contração dos músculos e tende a aumentar o ângulo, reduzindo, assim, a pressão intraocular.

Já adiantei que o sistema parassimpático estimula a secreção de nossas glândulas exócrinas, pela ação da acetilcolina em M3, e além da glândula lacrimal, há estímulo das glândulas sudoríparas que promovem termorregulação.

As glândulas salivares também são estimuladas, promovendo uma salivação abundante. Há estimulo do pâncreas exócrino; aumento de secreções digestivas, e secreções nasofaríngeas. Ou seja, aumento global da atividade das glândulas exócrinas.

!!! Substâncias exógenas, como os fármacos, podem alterar tais processos, tanto bloqueando, quanto simulando-os.

Por exemplo, em casos de xerostomia (hiposalivação, boca anormalmente seca), pode ser tratada utilizando colinomiméticos, que simularão a atividade da Ach em M3, promovendo a salivação.

O inverso pode acontecer, em um paciente com sialorreia (produção excessiva de saliva), por exemplo. Nesse caso, o uso de antimuscarínicos pode ser indicado, pois, bloqueando os receptores M3, reduz também a produção salivar.

O coração, nosso órgão vital, nossa bomba propulsora, também possui receptores muscarínicos, do tipo 2, M2. Como vimos, esse receptor está ligado à proteína Gi, tendo caráter inibitório.

No coração, esses receptores estão localizados principalmente nos nódulos, e, assim, a ação da Ach no coração é a redução de frequência cardíaca, promovendo bradicardia – atuação no nódulo sinoatrial – , e ainda redução da condução atrioventricular, devido à ação no nódulo atrioventricular.

Fisiologicamente, quando estamos em repouso, nossa frequência cardíaca se encontra reduzida, e isso é completamente normal.

!!! Em casos de bradicardia intensa, por exemplo, uma frequência cardíaca em 30 bpm pode ser utilizado fármacos antimuscarínicos, como a atropina.

Em bloqueio atrioventricular, um distúrbio de condução, também pode utilizar-se antimuscarínicos, para bloqueio M2.

Outro local que sofre efeito parassimpático é o TGI (trato gastrointestinal), onde há receptores M3, excitatório. Após o almoço, qual a primeira coisa que você queria fazer se não tivesse de estudar? Dormir!

Isso ocorre pois o nosso organismo está realizando a digestão. Nesse momento, nosso sistema parassimpático é quem está dominando, por isso você tem sono.

A acetilcolina é liberada, se liga ao receptor M3 do TGI, e promove aumento da motilidade intestinal, além do aumento de secreções intestinais, o que é de suma importância para a digestão.

Em casos de diarreias, temos uma hipermotilidade intestinal, e uma forma de controlar isso é utilizar antimuscarínicos que bloqueiem o receptor M3. Já em casos de redução da motilidade, como em um íleo pós-cirúrgico, ou íleo adinâmico, o uso de colinomiméticos ou até mesmo de anticolinesterásicos (fármacos que bloqueiam a acetilcolinesterase, impedindo a degradação da acetilcolina – com isso, a acetilcolina permanece na fenda promovendo seu efeito) podem ser indicados.

Os brônquios, por atuação parassimpática em M3, sofrem contração, promovendo, então, a broncoconstrição. É muito fácil entender o motivo desse processo. Se você está deitado, em repouso, você não precisa respirar grandes quantidades de ar; pelo contrário, você mantém uma respiração basal.

A bexiga e os esfíncteres vesicais sofrem influência parassimpática. A bexiga possui receptor M3 e, ao se ligar a ele, a Ach promove contração do músculo detrusor, contraindo, assim, a bexiga. Já os esfíncteres possuem receptor M2, e, quando a Ach se liga a ele, promove seu relaxamento. Esses dois processos, em conjunto, promovem a micção. Em um paciente com retenção urinária pós-cirúrgica, pode ser utilizado um colinomimético para induzir a micção.

Os homens possuem um efeito parassimpático especial. O pênis contém vasos localizados nos corpos cavernosos, os vasos cavernosos que possuem receptor M3. Quando eles são ativados, ocorre produção de óxido nítrico pelas células endoteliais, e essa substância promove vasodilatação, o que leva ao aumento de sangue no pênis, ocasionando a ereção.

Os vasos sanguíneos possuem receptor M3, porém NÃO possuem inervação parassimpática, ou seja, não há neurônio colinérgico e, consequentemente, não há liberação de acetilcolina. Por isso, o sistema parassimpático não provoca efeito nos vasos sanguíneos.

Quantos efeitos uma única substância pode realizar em nosso organismo, não é mesmo?! Lembre-se que temos, a todo tempo, tanto o sistema nervoso simpático quanto o parassimpático atuando. Porém, em alguns momentos, um se sobressai em relação ao outro. Hoje, vimos situações em que o que se sobressai é o sistema parassimpático.

Ao longo dessa conversa, mostrei algumas situações clínicas nas quais a atividade parassimpática está relacionada e, inclusive, pode ser simulada como forma de tratamento. Existem inúmeras situações.

O mais importante HOJE é que você faça uma associação da atividade, receptores e órgãos envolvidos, pois, assim, quando você entrar na farmacologia, não terá dificuldades.

Quais são os sistemas que produzem a reação de luta ou fuga?

PERGUNTA 2 Para produzir a reação de luta ou fuga, dois sistemas são ativados, aumentando a frequência cardíaca, a frequência respiratória e o retorno venoso. Essas alterações fisiológicas são estimuladas por: a. Divisão parassimpática. b. Midríase. Reflexos autônomos. d. Sistema límbico. e. Divisão simpática.

Quais são os mecanismos de luta e fuga do cérebro?

De forma resumida, quando seu corpo libera muita adrenalina, em momentos de tensão, agitação ou medo, o seu corpo entra no que conhecemos como luta ou fuga, onde tudo coopera para que você de fato FUJA OU LUTE, suas pupilas dilatam, sua glicose aumenta para te dar mais energia, seus movimentos peristalticos cessam e você fica mais atento.

Quais são as alterações fisiológicas que resultam das reações de luta ou fuga?

a. Divisão parassimpática. b. Midríase. Reflexos autônomos. d. Sistema límbico. e. Divisão simpática. As alterações fisiológicas que resultam das reações de luta ou fuga são estimuladas pela divisão simpática (Alternativa E).

Como o sistema de luta pode ajudar as pessoas a lidar com ameaças imediatas?

Antes de mais nada, quero deixar aqui uma ressalva: o chamado sistema de luta ou fuga evoluiu para ajudar as pessoas a lidar com ameaças imediatas, contudo, não é adequado para aquelas tensões cotidianas que enfrentamos hoje. Veja bem: boa parte das ameaças que percebemos agora, não se encaixam na esfera física, mas cognitiva.

Como o sistema nervoso atua em situações de luta ou fuga?

O sistema nervoso simpático é conhecido como o sistema de resposta de "luta ou fuga" (fight or flight), enquanto o sistema nervoso parassimpático realiza as ações opostas, conhecidas como resposta de "descansar e digerir" (rest and digest).

Qual a divisão do sistema nervoso responsável pelas respostas de luta ou fuga?

A divisão simpática está relacionada com a resposta de luta ou fuga e com a libido. Como exemplo de ações da divisão simpática, podemos citar dilatação de pupilas, aumento da frequência cardíaca, inibição do esvaziamento da bexiga, promoção da ejaculação e contração vaginal.

O que é sistema de luta e fuga?

De forma simples o mecanismo da luta ou fuga é uma reação fisiológica que ocorre na presença de algo que é aterrorizante ou ameaçador. Ou seja, essa resposta prepara o corpo para lutar ou fugir de uma ameaça. É também importante notar que a resposta pode ser desencadeada devido a ameaças reais ou imaginárias.

Qual a importância do mecanismo de luta e fuga?

Qual a importância do mecanismo de luta e fuga em processos de resolução de disputa? Em suma, o mecanismo de luta ou fuga consiste em uma resposta que libera a adrenalina causadora das reações da coluna da esquerda no quadro anterior.