Num país onde cinco milhões de pessoas vivem em área considerada de "risco" pela previsível erupção de vulcões, a geografia é uma disciplina básica. Há 129 vulcões, muitos deles ativos, nas ilhas que formam o arquipélago. E a razão para tanta atividade vulcânica é, também, a que explica os constantes terramotos e os mortíferos tsunamis: A Indonésia está assente numa instável parte da Terra. Show Ali confluem três importantes placas tectónicas: a Euroasiática, a do Pacífico e a Indo-Australiana. É o movimento destas placas que explica o problema. Desde logo, a razão para a atividade vulcânica: é porque as placas se movimentam que o magma (material rochoso em fusão) sobe, do centro da Terra, para a superfície. Quando os reservatórios onde o magma se concentra atingem um limite, há uma erupção. Terá sido esse o motivo da tragédia que atingiu as ilhas de Java e Samatra, na noite de sábado. Um vulcão ativo, o Anak Krakatoa, entrou em erupção. Com isso, o solo subaquático alterou-se. E isso terá provocado um tsunami. Há, pelo menos, uma erupção significativa por ano, na Indonésia. Mas o número de mortos causados pela atividade vulcânica tem vindo a baixar, graças à ação das equipas de prevenção. No século XIX, o vulcão Tambora matou mais de 70 mil pessoas. O mesmo movimento das placas que explica os vulcões, ajuda-nos a perceber por que razão houve, só em 2018, três terramotos acima de 6,9 na escala de Richter na Indonésia. Talvez outro número ajude a perceber a dimensão do problema: há tremores de terra, inofensivos, geralmente, de 5 na escala de Richter, quase todos os dias na Indonésia. A colisão da placa indiana com a placa asiática é uma das "bombas relógio" que ameaçam o país. São os vulcões e os terramotos, principalmente os que ocorrem no fundo do mar, os responsáveis pelo terceiro mortífero fenómeno que assola a Indonésia: os tsunamis. Em 2004, em Aceh, mais de 165 mil pessoas morreram, quando um enorme tsunami atingiu a região. O país dispõe de um sistema geológico para detetar a formação de tsunamis, com um conjunto de boias ligadas a uma rede de medição. Mas o sistema precisa de constante recuperação e, dizem alguns críticos, não tem sido renovado por falta de verbas. CronologiaSó este ano, a Indonésia registou 11 terramotos com vítimas mortais: - 23 de janeiro: Um terramoto de magnitude 6 causa duas mortes e 41 feridos na ilha de Java. - 18 de março: Um terramoto de magnitude 4,5 causa três mortes e 21 feridos também em Java. - 21 de julho: Um terramoto de magnitude 5,2 causa um morto e dois feridos na ilha de Samatra. - 29 de julho: Um terramoto de magnitude 6,4 causa 20 mortes e 401 feridos na ilha de Lombok. - 05 de agosto: Um terramoto de magnitude 6,9 causa 513 mortos e 1.353 feridos em Lombok. - 09 de agosto: Um terramoto de magnitude 5,9 causa seis mortos e 24 feridos em Lombok. - 19 de agosto: Um terramoto de magnitude 6,3 deixa dois mortos e três feridos em Lombok. - 19 de agosto: Um terramoto de magnitude 6,9 causa 14 mortes e 24 feridos em Lombok. - 28 de setembro: Um terramoto de magnitude 7,5 causa 2.256 mortos e 10.679 feridos na ilha de Celebes. - 10 de outubro: Um terramoto de magnitude 6 causa quatro mortos e 36 feridos em Java. - 14 de novembro: Um terramoto de magnitude 5,6 causa sete mortos e seis feridos nas Celebes. Após ficar quatro décadas adormecido, o vulcão Calbuco, no sul do Chile, entrou em erupção de forma inesperada. A coluna de cinzas expelidas obrigou as autoridades a declarar alerta vermelho e retirar mais de quatro mil pessoas da região. Mas apesar da erupção ter sido descrita como inesperada, ela não é totalmente surpreendente, se levarmos em conta que o Chile é um dos países com mais vulcões ativos. saiba mais
Especialistas ouvidos pela BBC Mundo afirmaram que devido a fatores relacionados a erupções – como sua intensidade e a proximidade de áreas povoadas – é impossível elaborar uma lista dos vulcões mais perigosos. Eles reuniram numa lista os cinco países com mais vulcões ativos: Chile Outros vulcões também entraram em atividade recentemente, como por exemplo, o Puyehue-cordón del Caulle, que teve uma grande erupção em 2011, e o Chaitén, que se tornou ativo em 2008. Segundo a vulcanóloga Amy Donovan, da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, também é importante mencionar o vulcão Láscar, no deserto do Atacama, no norte do país – que iniciou uma nova etapa de erupções em 2006. Toda essa atividade, segundo Donovan, fez com que os organismos de vigilância aumentassem o monitoramento dos vulcões nos últimos anos. Calcula-se que a Indonésia tenha 120 vulcões ativos, entre eles o monte Merapi (Foto: AP)Indonésia O monte Sinabung, no norte de Sumatra, por exemplo, registrou uma erupção no início de abril. Na Indonésia também ocorreu uma das maiores erupções vulcânicas já registradas: a do vulcão Tambora, ocorrida em 1815. As cinzas lançadas alcançaram uma altura de 30 quilômetros e chegaram a afetar plantações na Europa. Estados
Unidos Mas a decisão de monitorar ou não um vulcão, segundo Donovan, é um tema difícil. "Financiar o monitoramento de um vulcão, em qualquer país, pode ser uma decisão controversa", disse ela. "Isso porque as erupções são muito raras. Você pode monitorar um vulcão por milhares de anos sem ver uma erupção". No Havaí, nos Estados Unidos, fica o vulcão Kilauea, o mais ativo do arquipélago e um dos mais ativos do mundo – que está "vibrando" desde 1993. Os Estados Unidos também abrigam o Monte Santa Helena, no Estado de Washington, famoso por sua devastadora erupção em 1980 que deixou 57 mortos. Japão "Entre eles se inclui o monte Fugi, que pode entrar em erupção em um tempo relativamente curto". O Sakurajima é outro vulcão ativo, localizado na região de Kagoshima, no sul da ilha de Kyushu. Devido à sua atividade, as autoridades alertaram para que as pessoas se mantenham distantes dele. Outro vulcão é o monte Ontake. Segundo mais alto do país, na região central, ele entrou em erupção em setembro de 2014, deixando mais de 30 mortos e dezenas de feridos. Rússia Um dos maiores e mais ativos é o Shiveluch, conhecido pela violência de suas erupções. Outros é o Plosky Tolbachik, que depois de ficar adormecido desde 1976, entrou repentinamente em atividade em 2012. Apesar de listarem esses cinco países, os especialistas afirmam que devido à falta de investigações sobre a história de muitos vulcões, é muito difícil saber quantos estão ativos. Isso também faz com que listas elaboradas por diversas organizações sejam por vezes incompletas – o que ocasiona também divergências em cifras. Os especialistas também dizem que apesar de não figurarem na lista, Filipinas e México também tem grande quantidade de vulcões ativos. Qual a área com maior incidência de vulcões e terremotos?Uma das principais zonas sísmicas da Terra encontra-se em uma região que abrange boa parte dos limites do Oceano Pacífico, indo desde o sul da América do Sul, passando pelo norte da América do Norte e estendendo-se pelo extremo leste da Ásia e da Oceania.
Em que regiões ocorrem os vulcões e os terremotos?As regiões mais sujeitas a terremotos são aquelas próximas às placas tectônicas como o oeste da América do Sul onde está localizada a placa de Nazca e a placa Sul-Americana; e nas regiões em que se formam novas placas como no oceano Pacífico onde se localiza o Cinturão de Fogo.
Porque a maior ocorrência de terremotos e vulcões?Resposta verificada por especialistas
Os terremotos e vulcões se formam onde há a ocorrência de fratura em placas tectônicas, essas placas são fundamentais para o desenvolvimento desses fenômenos, fazendo com que haja a presença desses elementos.
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