Para garantir igualdade de condições na disputa, cada modalidade tem um próprio sistema de classificação funcional, com testes de força, movimento e técnica
Com o objetivo de garantir a igualdade de condições na disputa esportiva, nas Paralimpíadas cada modalidade tem um próprio sistema de classificação funcional do atleta, realizado através de três avaliações. Primeiro é feito um exame físico para verificar exatamente qual a deficiência do competidor. Depois, na avaliação funcional, são realizados testes de força muscular, amplitude de
movimento articular, medição de membros e coordenação motora. A última etapa é o exame técnico, que consiste na demonstração da prova em si, com o atleta usando as adaptações necessárias. São observadas a realização do movimento, a técnica utilizada, assim como as próteses e órteses.
Atletas que praticam mais de um esporte recebem uma classificação para cada atividade, e os avaliadores podem rever o parecer dado durante as competições. As siglas oficializadas pelo Comitê Paralímpico
Internacional fazem sempre referência ao nome da modalidade ou da deficiência em inglês, e os números indicam o grau de comprometimento de acordo com a lesão.
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convocação completa do Brasil para a Paralimpíada do Rio
A letra “F” (de field, em inglês) é utilizada para provas de campo, como arremesso, lançamentos e saltos. A letra “T” (de track, em inglês) é utilizada para corridas de velocidade e fundo. Quanto menor a numeração, maior o grau de deficiência.
· 11 a 13: deficientes visuais
· 20: deficientes intelectuais
· 31 a 38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes)
· 40: anões
· 41
a 46: amputados e outros
· 51 a 58: competem em cadeiras (sequelas de poliomielite, lesão medular e amputação)
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basquete em cadeira de rodas
Os atletas recebem uma classificação funcional que varia de 1 a 4,5 pontos, de acordo com o comprometimento motor: quanto menor o comprometimento do atleta, maior a pontuação. Durante o jogo, a soma total dos cinco jogadores não pode ultrapassar os 14 pontos.
Brasil tem boas chances de medalha na bocha (Foto: Reprodução/facebook)
· BC1: atletas com
paralisia cerebral que conseguem arremessar a bola. Podem ter auxílio para estabilizar a cadeira e receber a bola.
· BC2: atletas com paralisia cerebral com mais facilidade para arremessar a bola do que os da classe BC1. Não há assistência.
· BC3: atletas com paralisia cerebral que não conseguem arremessar sozinhos e utilizam uma rampa para isso.
· BC4: atletas com outras deficiências severas com dificuldade para arremessar.
Existem três classes funcionais nos
eventos de canoagem Paralímpica:
- KL1 (soma de três pontos)
- KL2 (quatro a sete pontos)
- KL3 (oito ou nove pontos)
No sistema de classificação funcional, o atleta obtém pontuação de acordo com o seu potencial de movimentação de pernas, tronco e uma avaliação na água durante a remada. Quanto maior a pontuação, maior o potencial funcional do atleta.
01
ciclismo - de pista e estrada
Quanto menor o
número, maior a limitação do competidor.
· B: atletas com deficiência visual que competem no tandem (bicicleta com dois assentos) com um ciclista sem deficiência no banco da frente.
· H1–H4: atletas paraplégicos que utilizam a handbike (bicicleta especial em que o impulso é dado com as mãos).
·T1–T2: atletas com deficiência que tenham o equilíbrio afetado e precisem competir usando um triciclo.
· C1–C5: atletas com deficiência que afeta pernas, braços e/ou
tronco, mas que competem usando uma bicicleta padrão.
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esgrima em cadeira de rodas
São elegíveis atletas com deficiência física que afeta o movimento de pelo menos uma perna ou pé. Há duas classes nas Paralimpíadas.
· Categoria A: atletas com bom controle do tronco, em que o braço que porta a arma não é afetado pela deficiência.
· Categoria B: atletas com deficiência que afeta o controle do tronco ou
do braço que porta a arma.
Esgrima em cadeira de rodas é dividido em duas classes nas Paralimpíadas (Foto: Getty Images)
Nas
Paralimpíadas são elegíveis apenas os cegos totais (B1) para as posições de linha. Se encaixam neste quesito atletas sem qualquer percepção luminosa ou com alguma percepção luminosa, mas incapazes de reconhecer formas a qualquer distância ou em qualquer direção. O goleiro tem visão normal.
Cada time tem sete titulares, distribuídos em classes de 5 a 8. Durante a partida, o time deve ter em campo no máximo dois atletas da classe 8 (menos comprometidos) e, no mínimo, um da classe 5 ou 6
(mais comprometidos).
· C5: atletas cuja deficiência causa a maior desvantagem na locomoção no campo (geralmente jogam como goleiros).
· C6: atletas cuja deficiência tem impacto no controle e coordenação dos braços, especialmente durante a corrida.
· C7: atletas cuja deficiência afeta um braço e uma perna do mesmo lado do corpo.
· C8: atletas cuja deficiência causa danos menores, como contrações musculares involuntárias.
Brasil foi campeão pan-americana de futebol de 7 e busca primeiro título olímpico (Foto: Marcelo Regua/MPIX/CPB)
Todos os atletas usam vendas para que haja igualdade de condições.
· B1 – cego total: nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos ou percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer formatos a qualquer distância ou em qualquer direção.
· B2 – atletas com percepção de vultos.
· B3 – atletas que conseguem definir imagens.
A classificação para a modalidade é feita unicamente através do peso. Portanto, atletas com diferentes deficiências competem juntos pela mesma medalha. São elegíveis atletas com
deficiências que afetem o movimento das pernas e quadris, assim como anões.
Quanto menor o número, maior o comprometimento físico do atleta.
· Classe I (dividida em Ia e Ib): competem predominantemente cadeirantes com pouco equilíbrio do tronco e/ou debilitação de funções em todos os quatro membros ou nenhum equilíbrio do tronco e bom funcionamento dos membros superiores.
· Classe II: cadeirantes, pessoas com severa debilitação envolvendo o tronco ou com severa
debilitação unilateral.
· Classe III: atletas capazes de caminhar sem suporte, com moderada debilitação unilateral, além de atletas que com total perda de visão em ambos olhos.
· Classe IV: debilitação de um ou mais membros ou algum grau de deficiência visual.
Judô paralímpico é disputado por deficientes visuais (Foto: Guto Marcondes / CPB / MPIX)
Competem apenas deficientes visuais. Cegos totais têm um círculo vermelho costurado na manga do quimono. Atletas que também são surdos têm um círculo azul costurado nas costas do quimono.
· B1 – cego total: nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos ou percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer formatos a qualquer distância ou direção.
· B2 – atletas com percepção de vultos.
· B3 – atletas que conseguem definir imagens.
A letra “S” antes
da classe representa provas de estilo livre, costas e borboleta. As letras “SB” refere-se ao nado peito, enquanto “SM” indica eventos medley individuais. Como o nado peito exige maior impulsão com a perna, é comum que o atleta esteja em uma classe diferente neste estilo em relação aos outros. O mesmo acontecer com as provas medley. Quanto menor o número, maior a deficiência.
· 1–10: atletas com deficiências físicas.
· 11–13: atletas com deficiências visuais. Os da classe
11 tem pouca ou nenhuma visão.
· 14: atletas com deficiências intelectuais.
Daniel Dias tem 15 medalhas paralímpicas na natação (Foto: Fernando Maia / CPB)
· AS: atletas que podem usar apenas braços e ombros para impulsionar o barco, que tenham paralisia cerebral, prejuízo neurológico e/ou perda de função motora.
· TA: atletas que podem usar braços, ombros e tronco para impulsionar o barco. Podem ter amputações nos membros inferiores que impossibilitem a utilização do acento deslizante, paralisia cerebral ou prejuízo neurológico. Nesta categoria, o barco deve ser misto, com um homem e uma mulher
formando o time.
· LTA: atletas com alguma deficiência para remar, mas que possam utilizar pernas, tronco e braços para impulsionar o barco. São elegíveis atletas com cegueira (10% de visão) utilizando venda, amputação, paralisia cerebral, prejuízo neurológico ou intelectual. O barco deve ser composto por quatro tripulantes, com no máximo dois deficientes visuais.
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rugby em cadeira de rodas
Todos os atletas são
tetraplégicos. Cada um recebe uma pontuação de acordo com sua habilidade funcional, de 0.5 a 3.5, aumentando 0.5 a cada classe. Quanto maior o número, menor o comprometimento pela deficiência. Os quatro titulares não podem somar juntos mais do que oito pontos. A cada mulher em quadra, o limite de pontuação é ampliado em 0.5 pontos.
Há 11 classes no tênis de mesa. Quanto maior o número, menor o comprometimento físico-motor.
· TT1, TT2, TT3, TT4 e TT5 – atletas
cadeirantes
· TT6, TT7, TT8, TT9, TT10 – atletas andantes
· TT11 - atletas andantes com deficiência intelectual
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tênis em cadeira de rodas
Tênis em cadeira de rodas é dividido em duas classes (Foto: Leandra Benjamin/MPIX/CPB)
· Classe
aberta: atletas com deficiência para se locomover (medula ou amputação), mas sem comprometimento de braços e mãos.
· Classe “quad”: atletas com deficiências que afetem, além das pernas, o movimento dos braços, dificultando o domínio da raquete e da movimentação da cadeira de rodas. Nesta classe, homens e mulheres podem competir juntos.
· ST: arqueiros sem deficiência nos braços, com algum grau de comprometimento da força muscular, coordenação ou mobilidade das pernas.
Podem competir de pé ou sentados em cadeira normal.
· W1: atletas que possuem tetraplegia, com deficiência nos braços e pernas e alcance limitado dos movimentos. Competem em cadeira de rodas.
· W2: arqueiros com paraplegia e mobilidade articular limitada nos membros inferiores. Competem em cadeira de rodas.
· SH1: atletas que conseguem suportar o peso da arma. Podem usar rifle ou pistola.
· SH2: atletas que necessitam de suporte para apoiar a
arma. Podem usar apenas o rifle.
Existem cinco classes no triatlo paralímpico. Nos Jogos Rio 2016, haverá eventos de três
classes para os homens (PT1, PT2 e PT4) e de três para as mulheres (PT2, PT4 e PT5).
- PT1: atletas com comprometimentos que impedem a capacidade de conduzir de forma segura uma bicicleta convencional e de correr. Os atletas devem usar um handcycle na etapa de ciclismo e uma cadeira de rodas na etapa de corrida.
- PT2:
atletas com comprometimentos como: deficiência nos membros, hipertonia, ataxia e/ou atetose, carência de força muscular e amplitude de movimentos diminuída, entre outros. Nas etapas de ciclismo e corrida, atletas amputados podem utilizar próteses ou outros dispositivos de apoio aprovados.
- PT3: atletas com comprometimentos semelhantes aos da categoria PT2, mas que obtiverem uma pontuação entre 455,0 e 494,9 pontos na avaliação de classificação.
- PT4: atletas com comprometimentos
semelhantes aos das categorias PT2 e PT3, mas que obtiverem uma pontuação entre 495,0 e 557,0 pontos na avaliação de classificação.
- PT5: deficiência visual total ou parcial (Dividida nas subcategorias B1, B2 e B3).
· Barco da classe Sonar - três pessoas: atletas recebem pontos de 1 a 7 de acordo com o impacto da deficiência nas funções no barco. Quanto menor o número, maior o impacto na habilidade de condução. O total dos três atletas não pode ultrapassar os 14
pontos.
· Barco da classe SKUD-18 - duas pessoas: para dois tripulantes paraplégicos, sendo obrigatoriamente um tripulante feminino. Os dois devem ter diferentes graus de deficiência.
· Barco da classe 2.4mR – uma pessoa: velejadores com deficiência mínima, equivalente a sete pontos da classe Sonar.
Podem participar amputados, atletas com paralisia cerebral, lesão na coluna vertebral e alguma deficiência locomotora. Entre estes, há divisão apenas entre atletas
deficientes (D) e minimamente deficientes (MD), que são, em geral ex-jogadores do vôlei convencional que sofreram lesões sérias nos joelhos e/ou tornozelos. Cada equipe pode contar com no máximo um atleta MD em quadra por vez.
Vôlei sentado conta com atletas amputados (Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB)