Sempre falamos aqui no Razões sobre a importância de você se conectar com pessoas que lembram quem você é. Isso gera pertencimento, o sentimento de que você não está sozinho do mundo, numa palavra só: representatividade.
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Essa é uma das melhores coisas que a internet proporciona. Quanta gente no passado não se via representada e, hoje, ao contrário, tem alguém que as representa e fala por elas? Isso vem acontecendo com bastante frequência!
Mexendo nos ‘arquivos’ do Razões, encontramos a história de uma médica que ‘receitou’ influenciadores negros para um paciente deprimido. Seu relato mostra que representatividade tem tudo a ver com saúde mental. Para a médica, o jovem precisava entender melhor seu lugar social.
O que ela fez? Pegou o papelzinho de receita e, ao invés de indicar um medicamento, receitou influenciadores e intelectuais negros para o rapaz. E ele melhorou depois? Se melhorou!
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Na consulta seguinte, chegou todo sorridente e cheio de novidades para contar pra médica. Uma delas é que tinha passado a receita para alguns amigos. Demais!
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“Acho que as pessoas que a gente admira influenciam bastante também nas coisas que a gente faz”
A pesquisa Juventudes e Conexões, realizada pela Fundação Telefônica Vivo com a colaboração do IBOPE Inteligência e da Rede Conhecimento Social, revelou que 30% dos jovens (entre 15 e 29 anos, das cinco regiões do país) disseram ter melhorado a relação consigo e a compreensão de si via conteúdos encontrados na internet.
“Para mim influenciou bastante a questão da negritude, de padrão de beleza me influenciou muito, eu cresci em uma família branca e eu não me identificava, eu era meio que o patinho feio e acompanhando algumas blogueiras eu passei a me identificar muito mais.” [Jovem em grupo de discussão, entre 15 e 21 anos, classes AB]
“Sigo os que têm histórias parecidas (com as minhas), que vieram da periferia e fizeram sucesso, que passam uma mensagem que eu também quero passar. A gente admira essas pessoas e escuta o que elas falam porque vai agregando o que a gente também vai fazer. Acho que as pessoas que a gente também admira influenciam bastante também nas coisas que a gente faz.” [Jovem em grupo de discussão, entre 22 e 29 anos, classes CDE]
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Outro dado positivo da pesquisa é a possibilidade dos jovens acessarem conteúdos que rompem pensamentos preconceituosos. Já ouviu a expressão ‘nenhuma criança nasce preconceituosa’? Pois é, muita coisa ruim a gente aprende com os mais velhos e continuamos reproduzindo enquanto não encontramos pessoas pra dizer que aquilo é errado.
“Antes de ter mais contato com o mundo eu era uma pessoa muito preconceituosa também, não entendia o outro lado e ponto. Isso não começou no online, mas tinha grupos de interesse, uma coisa puxou outra, pude abrir minha cabeça e falar, ‘cara, o que que estou falando?’ Porque eu consegui me conectar com pessoas, hoje eu brigo com meus pais muitas vezes porque vêm com uns papos muito fechados, tem que tentar entender o outro. Anos atrás não brigaria.” [*Jovem consultor em oficina de PerguntAção]
“Já namorei perfil fake, demorou um ano, e eu com perfil fake também”
Mas nem tudo são flores na internet. Um ponto negativo relatado pelos jovens sobre a influência da internet nas suas vidas é a reprodução de comportamentos considerados perigosos, notadamente entre os mais novos, como uma simples “zoeira” ou casos de bullying.
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“Antes as pessoas tinham mais vergonha, agora tem muita gente destilando seu ódio, aí outros se valem disso, ‘se ele falou estou amparado, posso falar também’.” [Jovem consultor em oficina de PerguntAção]
Isso leva a gente para outro ponto negativo: 54% dos jovens não se sentem seguros nas redes para ser quem são ou dizer o que pensam. Das duas uma: ou essa opinião será bem recebida, ou ela será combatida. O apaziguamento dessa tensão tem nome: a tal da “bolha”. Onde você e seus amigos/seguidores pensam praticamente igual.
“[Meus amigos] estão consumindo o mesmo conteúdo, está saindo da mesma fonte, por mais que algumas coisinhas mudem, no geral é bem assim.” [Jovem consultor em oficina de PerguntAção]
Num tempo de enxurrada de fake news, o tema também foi abordado na pesquisa. Não exatamente sobre notícias falsas, mas sobre perfis fakes – nem tão “fakes” assim. Mas mais como uma “dobra” do medo e da insegurança dos jovens de se expor nas redes, presentes nas relações sociais que atravessam as fronteiras do ambiente virtual.
“Já namorei perfil fake, demorou um ano, e eu com perfil fake também. Era uma questão de não aceitação e também porque estava na moda.” [Jovem consultor em oficina de PerguntAção]
Chega de internet por hoje!
Calma, os jovens não querem sair da internet nem a gente! Vimos o quanto ela é importante para o autoconhecimento de jovens que não se veem representados em outras mídias, como ocorre nas redes. Mas também vimos que ela tem seu lado “trevoso”. O que sobra dessa equação?
A necessidade de mais momentos para esses jovens discutirem, principalmente, os perigos da internet e as angústias e medos que são levados para esse ambiente: viram o caso dos perfis fakes, né?
A pesquisa Juventudes e Conexões apresenta muitos outros dados que sugerem outras reflexões como as que compartilhamos aqui. Os pontos negativos podem parecer tristes (na verdade, são!), mas reside neles a maior potência do estudo: os jovens não são indiferentes a eles.
Ao demonstrá-los, talvez, estejam mais dispostos a conversar sobre eles e estabelecer formas que permitam seu enfrentamento. Entre eles mesmos, em casa com os pais, na escola com os professores… A pesquisa Juventudes e Conexões é um convite a esse diálogo.
Clique aqui e acesse a pesquisa na íntegra.
*Jovens consultores: 19 jovens que contribuíram com a pesquisa, no aprofundamento sobre experiências com o mundo digital, validação instrumental de coleta de dados, apoio às análises e sugestões sobre pertinência do estudo a outros jovens.
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