Qual foi a solução encontrada para solucionar o problema de mão de obra após a abolição da escravidão?

Fim do Tráfico de Escravos Africanos

O Fim do Tráfico de Escravos Africanos foi motivado por razões econômicas, humanitárias e religiosas.

Ao longo do século XIX várias nações europeias proibiram o tráfico de escravos e aboliram a escravidão nas suas colônias devido a mudança de mentalidade e do modo de produção.

Resumo

Com a consolidação do iluminismo e do liberalismo, as ideias que julgavam os negros africanos como seres inferiores e, portanto, passíveis de escravização foram sendo questionadas.

Um grupo de meninos apresenta uma petição para a abolição da escravidão, enquanto um escravo faz o mesmo pedido a um proprietário. (Inglaterra, 1826)

O negro passou a se visto como um ser incivilizado e caberia ao europeu civilizá-lo em seu próprio continente.

Os fatores que contribuíram para o sucesso do fim da escravidão foram justamente os que desencadearam o seu início.

Motivos Religiosos

A religião, especialmente a Igreja Anglicana e o protestantismo, vai cumprir um papel essencial neste processo.

Narrativas de ex-escravos sobre a condição de mercadorias humanas contribuíram para insuflar os movimentos abolicionistas na Europa.

Aos poucos, o comércio de escravos passou a ser classificado de “tráfico”, “comércio infame” e “comércio de almas”.

O pensamento ganhou apoio popular, atingiu a elite e a escravidão passou a ser atacada moralmente.

As igrejas e a sociedade passam a se organizar promovendo eventos e abaixo-assinados que pediam pelo fim da escravidão.

Motivos Econômicos

As nações europeias, principalmente a Inglaterra, viram no continente africano uma fonte profícua de riqueza. A manutenção do sistema de comércio de pessoas era inviável para a exploração dos recursos naturais do continente.

Isso ocorria porque os mercadores de escravos eram, em geral, chefes e governantes locais. Embora atuassem no comércio de pessoas, limitavam a entrada do europeu além da costa.

Assim, seria maior a vantagem para a exploração do território e a mão de obra ideal para atuar nas minas de minérios e na agricultura.

Também havia uma série de produtos naturais que serviam para a indústria nascente como a borracha, o azeite de palma e o amendoim.

Da mesma forma, o trabalho escravo tinha um custo menor que um trabalhador assalariado. Assim, aqueles que usavam mão de obra escrava ofereceriam um produto mais barato que aqueles que pagassem operários.

Combate ao Comércio

O processo de abolição da escravidão será particular em cada um dos países que o utilizavam. No entanto, praticamente todos começam por abolir o transporte de escravizados para suas colônias, para que a população de escravos não aumentasse.

Transporte de escravos para o Rio de Janeiro em 1840, em “Ilhas de Santana”, de Harro-Harring

Em seguida, se abolia a escravidão gradualmente, começando por emancipar os jovens, ou os ainda não-nascidos, como foi o caso da Lei do Ventre Livre no Brasil. Com isso, queria se evitar revoltas sociais e dar tempo para a transição entre o trabalho escravo para o livre.

Também o fornecimento de mão de obra escrava para trabalhar nas colônias americanas começou a sucumbir após sucessivas revoltas internas no fim do século XVIII.

Entre as mais importantes está a do Haiti, cuja independência resultou de revoltas de escravos. A colônia francesa, foi a única possessão da América americana ter sua independência inteiramente realizada por escravos.

O primeiro país a proibir o comércio de escravos às suas colônias foi a Dinamarca em 1792.

A Inglaterra proíbe o tráfico de seres humanos escravizados em 1807 no Atlântico Norte, uma medida que atingia as colônias do Caribe e o sul dos Estados Unidos.

Mais tarde, pressiona tanto Dom João VI como Dom Pedro I para abolir o comércio de escravos entre a África e o Brasil.

No entanto, a abolição da escravidão no Brasil seria lenta e gradual, com o parlamento controlando o processo a fim de não desfazer a ordem estabelecida.

Consequências

A escravidão vai deixar consequências tanto no continente africano quanto na América.

África

A escravidão na África provocou uma profunda marca no continente. Calcula-se que tenham passado pelo Atlântico até a América cerca de 12 milhões de pessoas. Estas poderiam ter servido para o seu desenvolvimento econômico e intelectual.

Com a ocupação do território africano e a posterior Partilha da África verificamos um aumento de guerras étnicas e desagregação social.

Colônias

Em todos os países que usaram mão de obra escrava podemos ver os mesmos resultados. Os afrodescendentes sofrem racismo, estão na base da sociedade, tem menor renda e mais chances de serem pobres.

Apesar de todos esse efeito perverso, os negros disperso pelo mundo traziam dentro de si sua cultura ancestral, seus costumes, sua religião e seus conhecimentos sobre a agricultura e criação de animais.

Desta maneira, misturaram sua cultura com a do colonizador e o resultado se vê na música como o samba, o tango, a salsa, o danzón cubano, o jazz, o blues, etc.

As religiões também foram reinterpretadas e deram origem ao candomblé, à santeria, ao candombe, a umbanda, etc.

A culinária foi enriquecida com sabores de legumes como o quiabo e o inhame, o uso constante do feijão e de novas formas de preparar aves e carnes.

Cronologia do Fim da Escravidão

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Abolida a escravidão em Portugal.
Fim da escravidão na Ilha da Madeira.
A Dinamarca proíbe o tráfico de escravos para suas colônias do Caribe, as atuais ilhas Virgens (EUA). É o primeiro país a fazê-lo.
O Haiti decreta o fim da escravidão.
Napoleão Bonaparte restaura a escravidão no Haiti.
A lei que proíbe o comércio de escravos para as colônias dinamarquesas entra em vigor.
A Inglaterra proíbe o tráfico de escravos no Atlântico norte. Meses mais tarde, os Estados Unidos proibiriam o tráfico, embora continuassem a participar do comércio no Caribe.
A Inglaterra cede e permite a abolição gradual dos escravos nas possessões portuguesas. Somente os territórios portugueses na África poderiam continuar a traficar.
Declarada no Chile a liberdade para todos os nascidos de ventre escravo e o fim do comércio escravocrata.
A Argentina decreta a liberdade para todos os nascidos de ventre escravo a partir daquela data.
Os Países Baixos proíbem o tráfico negreiro.

O tráfico negreiro é declarado ilegal na França e nas suas colônias.

Simón Bolívar concede a liberdade a todos os escravos que se alistem ao Exército Patriota.
O rei Fernando VII proíbe o tráfico negreiro para as colônias espanholas.
Fim do tráfico negreiro para o Peru e implementação de um plano que acabe com a escravidão gradualmente.
Abolição da escravidão em Santo Domingo.
O Chile proíbe a escravidão.
Decretado a abolição da escravidão nas Províncias Unidas da América Central (atuais Guatemala, Costa Rica, Nicarágua, El Salvador e Honduras).
Fim da escravidão na Bolívia.
O México decreta o fim da escravidão.
Promulgada a Lei Feijó que decretava livre todo escravizado chegado ao Brasil a partir daquele ano.
O Parlamento Inglês extingue a escravatura no Império Britânico. De 1833 a 1838 será extinto o trabalho escravo nas Antilhas, Belize e Bahamas (Índias Ocidentais), Guiana e Ilhas Maurício.

O Parlamento sueco decreta o fim do comércio de escravos na colônia de São Bartolomeu, no Caribe.

Abolida da escravidão no Uruguai.
A Inglaterra proíbe o comércio de escravos entre a África no Atlântico Sul através da Lei Bill Aberdeen.
Abolição da escravidão na ilha de São Bartolomeu, na época uma colônia da Suécia.
A Dinamarca liberta os escravos nas suas colônias.
A Segunda República Francesa decreta o fim da escravidão nas suas colônias.
Sancionada a Lei Eusébio de Queirós, que proíbe o comércio de negros para o Brasil.
Abolição da escravidão no Equador onde os proprietários foram indenizados por cada escravo libertado.
Abolição da escravidão na Colômbia.
Fim da escravidão na Argentina.
Venezuela e Peru decretam o fim da escravidão
Proibição do tráfico negreiro para Cuba.
Fim da escravidão nas colônias holandesas das Antilhas e do Suriname.
Estados Unidos da América decretam o fim da escravidão e os estados do sul decidem separar-se da União. Começa a Guerra de Secessão.
Abolida a escravidão no Paraguai.
Decretado o fim da escravidão em todas as colônias de Portugal.
Promulgada a Lei do Ventre Livre no Brasil.
Abolição da escravidão em Porto Rico.
Fim da escravidão em São Tomé e Príncipe.
A escravidão é extinta no Ceará.
Promulgada a Lei dos Sexagenários no Brasil.
Fim da escravidão em Cuba.
Fim da escravidão no Brasil com a Lei Áurea.
A Inglaterra decreta o fim da escravidão na Tunísia.
Abolição da escravatura em Madagascar.
Abolição da escravatura na Nigéria.
Abolição da escravidão na Arábia Saudita.
Fim da escravidão na Mauritânia.

Leia mais sobre o tema:

  • Países da África
  • Consciência Negra
  • Tratado de Utrecht

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Qual a solução encontrada pelos cafeicultores para a falta de mão de obra causada pelo fim da escravidão?

A solução seria o financiamento da imigração pelo governo.

Qual a solução encontrada pelos fazendeiros para suprir a falta de mão de obra?

Resposta. Resposta: Com o fim gradual da escravidão no Brasil, muitos produtores sofreram com a falta de mão-de-obra. E, para solucionar esse problema, os cafeicultores utilizaram mão-de-obra dos imigrantes europeus para trabalharem no lugar dos escravos.

Qual a solução encontrada pelos cafeicultores para solucionar?

A solução encontrada pelos cafeicultores para solucionar a crise no Vale do Paraíba foi estabelecer um acordo com o governo, que tanto na época do Império quanto na época das Oligarquias sempre os favoreceram, para que comprasse todo o estoque que os fazendeiros não conseguissem vender no mercado "normal" por um preço ...

Que medidas externas acelerou o processo de abolição da escravidão no Brasil?

A abolição da escravatura no Brasil aconteceu por meio da: Resistência realizada pelos próprios escravos ao longo do século XIX; Adesão de parte da nossa sociedade à causa por meio de associações abolicionistas; Mobilização política dos defensores do abolicionismo.

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