Qual foi a ação de Martinho Lutero para despertar o povo na Idade Média?

Resumo: Este artigo situa sua reflexão em um contexto de midiatização digital, em que Igrejas e sociedades, em geral, encontram-se marcadas por novas possibilidades de construção de sentido. O texto analisa os desafios apresentados pelas mudanças comunicacionais contemporâneas às Igrejas e às religiões, entendidas a partir do conceito de “Reforma digital”. A partir do caso católico, examinam-se documentos pontifícios que revelam a compreensão da Igreja sobre tais mudanças, especialmente as recentes mensagens anuais para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, articulando-os com entrevistas com responsáveis pela comunicação vaticana. Descrevem-se algumas respostas da Igreja Católica a tal fenômeno, mediante aquilo que chamamos de “Contrarreforma digital”. Sugere-se que os processos comunicacionais de construção do “ser católico” contemporâneo podem estar dando origem a formas novas e renovadas de constituição e manifestação do sensus fidelium, agora encarnado no ambiente digital. Em conclusão, defende-se que a comunicação eclesial atual demanda uma práxis conexial, que não pode ser pensada apenas como ad intra ou ad extra, mas principalmente como ad inter, um “estar entre” as relações de relações em rede, nas quais “tudo está interligado”. Palavras-chave: Reforma e Contrarreforma Digital; Sensus Fidelium; Internet; Redes Digitais. / / / / / / / / / Abstract: This article focuses its reflection in a context of digital mediatization, in which Churches and societies, in general, are marked by new possibilities of construction of meaning. The text analyzes the challenges posed by the contemporary communicative changes to the Churches and the religions, understand these mutations from the concept of “Digital Reformation.” From the Catholic case, it examines papal documents that reveal the Church’s understanding of such changes, especially the recent annual messages for the World Day of Social Communications, articulating them with interviews with those responsible for Vatican communication. It describes some responses of the Catholic Church to this phenomenon, through what it calls as “Digital Counter-Reformation.” The paper also suggests that the communicational processes of construction of the contemporary “Catholic being” may be giving rise to new and renewed forms of constitution and manifestation of the sensus fidelium, now incarnated in the digital environment. In conclusion, it is argued that the current ecclesial communication demands a connectial praxis, which cannot be thought of only as ad intra or ad extra, but mainly as ad inter, a “being between” the relationships of networked relationships, in which “everything is interconnected.” Keywords: Digital Reformation and Counter-Reformation; Sensus Fidelium; Internet; Digital Networks.

O cristianismo ao longo de sua história foi marcado por diversas polêmicas que afetaram profundamente os seus seguidores. No século XI, por exemplo, aconteceu o Cisma do Oriente que dividiu a Igreja em Católica do Ocidente e Católica do Oriente. Outra grande ruptura ocorreu no século XVI, quando surgiu o processo conhecido por Reforma Protestante, que abalou as estruturas do catolicismo e que contribuiu para o nascimento de outras religiões.

Essa reforma surgiu para criticar as práticas estabelecidas pela Igreja Católica que por muito tempo influenciaram e controlaram fiéis do mundo inteiro. Entre as medidas realizadas pelos líderes católicos que motivaram a reforma destacou-se a prática da simonia, que foi o comércio de relíquias sagradas. Essas relíquias na maioria das vezes eram falsas e os fiéis compravam pensando que eram objetos utilizados por Cristo ou por algum santo.

As vendas de indulgências também se destacaram entre as práticas realizadas pela Igreja. Os líderes católicos eram seguidores da doutrina de Santo Tomás de Aquino, que defendeu a ideia de que a salvação não se dava exclusivamente pela fé, mas sim pelas boas obras. Acreditava-se, por exemplo, que o perdão aos pecados e a salvação eterna poderiam ser conseguidos através do pagamento em dinheiro, que seria destinado para financiar as despesas da Igreja.

Outro mecanismo de poder da Igreja foi o monopólio da leitura da Bíblia, que era escrita somente em Latim. A intenção era mediar o encontro dos fiéis com o livro sagrado, que deveria ser traduzido pelos padres. Dessa maneira, a Igreja evitava interpretações em relação ao texto sagrado que não se encaixavam com o pensamento do alto escalão do clero.

Martinho Lutero (1483 – 1546) foi o grande idealizador da Reforma Protestante contra as práticas de simonia e a venda de indulgências. Lutero foi um jovem alemão que resolveu entrar para a vida religiosa após um milagre que salvou sua vida durante uma violenta tempestade. Ao entrar para a Igreja, ele obteve contato direto com as atitudes do catolicismo perante seus seguidores. Ao perceber as práticas errôneas realizadas pelos membros do clero, ele resolveu aprofundar seus estudos para criar uma maneira correta na relação entre fiel e Igreja.

Inspirado pelo versículo bíblico “O justo se salvará pela fé”, Martinho Lutero iniciou a escrita das famosas 95 teses luteranas que foram de encontro às práticas dos membros do clero. Entre as teses mais importantes, destacou-se, principalmente, a afirmativa da fé cristã como único caminho para salvação eterna e a Bíblia como única fonte para a fé. Essas ideias foram lançadas contra a postura da Igreja que em 1520 excomungou Lutero pelos seus ideais reformistas.

O surgimento de outras religiões foi uma das principais consequências da Reforma Protestante. A Reforma Calvinista na Suíça liderada por João Calvino no século XVI foi um exemplo da influência de Lutero para o surgimento de práticas reformistas contra a Igreja Católica. Posteriormente, destacou-se o Anglicanismo na Inglaterra promovido por Henrique VIII, que rompeu com o catolicismo.

Martinho Lutero promoveu através de sua reforma uma grande crise na Igreja Católica que teve seu poder diminuído com o surgimento de outras religiões. O Protestantismo, portanto, caracterizou os fiéis que não seguiam as doutrinas católicas e que deram continuidade à principal reforma religiosa realizada na Europa.


Por Fabrício Santos
Graduado em História


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Qual era o objetivo principal de Lutero?

A intenção era mediar o encontro dos fiéis com o livro sagrado, que deveria ser traduzido pelos padres. Dessa maneira, a Igreja evitava interpretações em relação ao texto sagrado que não se encaixavam com o pensamento do alto escalão do clero.

Que movimento foi iniciado por Martinho Lutero?

Reforma protestante iniciou-se por meio de Martinho Lutero, um monge alemão que não concordava com as práticas da Igreja Católica no começo do século XVI. A reforma protestante foi um movimento reformista iniciado quando Martinho Lutero escreveu um documento conhecido como 95 teses.

Qual era o objetivo inicial do monge Martinho Lutero em 1517?

Martinho Lutero queria apenas discutir os problemas na Igreja Católica, mas o que aconteceu na cidade alemã de Wittenberg em 31 de outubro de 1517 mudaria para sempre a Alemanha, a Europa e o mundo cristão. Para entender a agitação que Lutero desencadeou com suas 95 teses, é preciso voltar à época em que ele viveu.

Quais são as intenções de Lutero?

Quando Martinho Lutero escreveu as famosas 95 teses em sua residência sacerdotal em Wittenberg, sua intenção era apenas combater os desmandos na Igreja de Roma (secularização, desrespeito ao celibato). Não pretendia nem brigar com o papa, nem fundar uma Igreja própria.