Qual é a principal atividade econômica desenvolvida na floresta amazônica?

Venda de insumos coletados por produtores locais somaram mais de meio milhão de reais no ano passado e vem ajudando famílias a sobreviver durante a pandemia.

Além do reduzido impacto ambiental, a coleta de produtos do extrativismo no interior da floresta tem sido essencial para a segurança alimentar e para a manutenção de outros custos vitais às comunidades de diferentes regiões da Amazônia, principalmente no contexto de recrudescimento da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus. As extrações de castanha, cumaru e copaíba, realizadas por indígenas, quilombolas e assentados, na região Norte do estado do Pará, também conhecida como Calha Norte do Rio Amazonas, por exemplo, movimentaram, ano passado, em recursos advindos da comercialização, cerca de R$ 530.000,00 com a produção desses grupos, segundo números do Florestas de Valor - Imaflora. Para este ano, a expectativa é que essa quantia atinja R$ 700.000,00. O valor consegue atender às demandas orçamentárias urgentes de pelo menos 370 famílias, que, antes do alastramento da Covid-19, complementavam sua renda com recursos de outras atividades econômicas, agora afetadas pelas medidas de segurança emergenciais adotadas por governos e instituições privadas.

Detentora da maior biodiversidade do planeta, a Floresta Amazônica favorece atividades econômicas de baixo impacto ambiental, que impulsionam o desenvolvimento de comunidades extrativistas de forma sustentável. No Brasil, a economia de produtos florestais não madeireiros movimenta mais de R$ 1,5 bilhão por ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A coleta de alguns insumos interessa principalmente às empresas que veem nesse processo produtivo - da coleta ou extração à etapa de mercantilização - o único meio de acesso a algumas matérias-primas brasileiras, que são fundamentais às respectivas cadeias. A necessidade da indústria, bem como de outros segmentos, mantém vivo um ciclo comercial secular responsável pela renda de parte importante dos povos que residem na floresta.

Em alguns casos, os processos de produção e interlocução com as empresas, é acompanhado e orientado por programas como o Florestas de Valor. Desenvolvido pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e financiamento do Instituto Clima e Sociedade - iCS, do Governo do Canadá e do Fundo Amazônia/BNDES, a iniciativa atua justamente no fortalecimento do extrativismo e de outras atividades econômicas sustentáveis, auxiliando as comunidades na adoção de boas práticas de produção, organização produtiva e comercial, conciliando desenvolvimento local com conservação da floresta.

Pandemia

Na atual conjuntura, não há muitas alternativas e opções de atividades remuneradas para as famílias que trabalham com o extrativismo. A pandemia reduziu ainda mais o número de oportunidades e aumentou o risco para aqueles que mantêm (e mantinham) compromissos profissionais ou burocráticos em centros urbanos - incluindo até mesmo o cadastro em sistemas públicos e a retirada de auxílios governamentais em agências bancárias. Os protocolos instituídos e a forma como a atividade extrativista ocorre, em ambientes abertos e sem aglomeração de pessoas, garantem condições menos arriscadas aos produtores. Até mesmo o sistema de venda e o contato com os potenciais compradores acontece em ambientes e atmosferas menos propícias ao contágio.

É importante ressaltar, também, que, em caso de necessidade de isolamento total, os produtores não perdem algumas das safras. Alguns produtos permanecem sem perecer por um tempo maior, possibilitando a colheita em outros momentos mais propícios.

"Eles estão menos expostos ao risco de contaminação, não precisam utilizar transporte público ou frequentar lugares com muitas pessoas. Saem de casa e vão, por exemplo, aos locais de extração, onde têm contato com menos pessoas, em geral já do convívio diário e seguem protocolos específicos que auxiliamos a estabelecer. É importante observar que nesse contexto está, direta ou indiretamente, por exemplo, o barqueiro que vivia do transporte de estudantes, perdeu essa renda própria devido à diminuição na circulação de pessoas, mas tem a renda familiar mantida por algum membro da família que é extrativista ou por ele mesmo, que migra para se dedicar a essa atividade", explicou Léo Ferreira, coordenador de Projetos do Imaflora, que atua no programa Florestas de Valor.

Florestas de Valor

O Florestas de Valor estimula a organização de cadeias produtivas sustentáveis em áreas protegidas da Amazônia brasileira, gerando renda e conservando a floresta. A iniciativa impacta na conservação da floresta na região Norte do Pará e no município de São Félix do Xingu, fomentando atividades produtivas e oportunizando a geração de renda na Amazônia Legal brasileira, mesmo em um momento de incertezas na economia nacional.

"É uma assessoria completa, com foco em ajudar o produtor e proteger a floresta. O trabalho do Florestas de Valor vai desde a estruturação do planejamento de exploração, passando pela capacitação das comunidades em relação às boas práticas, especialmente focadas na sustentabilidade e na conservação ambiental, pelo treinamento para manipulação de dispositivos tecnológicos importantes, a exemplo do GPS, pela orientação acerca do armazenamento do produto, visando garantir a qualidade no nível exigido pelas empresas, além de auxiliar, entre outras questões, na etapa da comercialização, principalmente com a organização das cooperativas", complementou Ferreira.

Na prática, as cooperativas são constituídas com apoio do Florestas de Valor e recebem suporte também para o planejamento financeiro, na gestão logística e no acompanhamento das demandas das empresas, que muitas vezes procuram a relação de compra com essas entidades devido ao respaldo técnico oferecido pelo programa. Vale destacar que há, ainda, o suporte estrutural oferecido com subsídio a ferramentas e estruturas que auxiliam no beneficiamento das produções e no consequente aumento da qualidade.

Dessa forma, o projeto ganha papel fundamental na articulação comercial, aproximando os produtores das empresas interessadas no mercado dos insumos coletados na floresta, em um dos momentos mais difíceis para esse segmento. Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada no começo de abril, apontou que a escassez de insumos e matérias-primas nacionais para a produção atingiu 73% das empresas da indústria geral (extrativa e de transformação). Segundo a CNI, as dificuldades atuais ainda são resultado das incertezas que a economia atravessou durante a primeira onda da pandemia de Covid-19 em 2020, quando muitas empresas cancelaram a compra de insumos.

As negociações empenhadas pelo Florestas de Valor auxiliam na construção de caminhos que superem essa barreira, com acordos de venda mais rentáveis, que assegurem o pagamento de valores justos para o trabalho dos extrativistas, seja na atual conjuntura ou nos períodos em que as produções aumentam demasiadamente, derrubando o preço do insumo nos mercados locais. Outro ponto a ser considerado é que as ações comerciais estratégicas do Florestas de Valor também reduzem o escoamento por meio dos atravessadores, que muitas vezes pagam a produção dos extrativistas com valores menores e outros produtos de consumo imediato.

Sobre o Florestas de Valor

O Florestas de Valor é um programa do Imaflora que contou com patrocínio da Petrobras através do programa Petrobras Socioambiental e conta com recursos do Fundo Amazônia/BNDES para fomentar atividades agroextrativistas e agrícolas de base ecológica na Amazônia, com o intuito de consolidar áreas protegidas, conservando recursos naturais e valorizando as populações tradicionais e agricultores familiares. Atua nos territórios da Calha Norte do Rio Amazonas e no município de São Félix do Xingu, todos no Pará. O programa também apoia a estruturação de cadeias de valor para os produtos, promovendo a conexão com empresas e facilitando seu acesso e inserção em mercados onde os atributos socioambientais são vistos como diferenciais. Os produtores envolvidos recebem apoio técnico para estruturar unidades de beneficiamento e aperfeiçoar a gestão dos negócios comunitários.

Sobre o Imaflora

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país.

Qual a principal atividade econômica da Amazônia?

Diante disso, as principais atividades econômicas praticadas no Estado são: extração vegetal, mineral e animal, denominados respectivamente de extrativismo.

Quais eram as principais atividades econômicas da Amazônia?

As principais atividades que estimularam a ocupação do imenso vazio demográfico foram a agricultura, a pecuária e a mineração.

Qual foi a primeira atividade econômica desenvolvida na Amazônia?

Pau-brasil - Extrativismo foi a primeira atividade econômica da colônia.

Qual é o tipo de atividade econômica que é desenvolvida na floresta amazônica de forma sustentável?

Extrativismo sustentável mantém renda familiar de comunidades na Floresta Amazônica. Venda de insumos coletados por produtores locais somaram mais de meio milhão de reais no ano passado e vem ajudando famílias a sobreviver durante a pandemia.