A grande crise do século XIV constitui uma série de eventos ocorridos ao longo dos séculos XIV e XV que deterioraram o progresso alcançado pela Europa desde o início da Baixa Idade Média. A grande crise do século XIV provocou alterações profundas nas sociedades europeias e resultou na decadência de escolas e universidades, prejudicando imensamente o progresso científico.
No século XIV, o feudalismo entrou em sua fase de agonia. Durante a Baixa Idade Média, o rápido crescimento populacional acabou sendo lentamente absorvido pelo comércio, pela melhoria das técnicas de cultivo, pela ampliação das áreas agrícolas, permitindo ao feudalismo uma sobrevida de três séculos. A partir do século XIV, porém, a lenta contaminação da estrutura feudal pelas transformações anteriores, já havia comprometido a base do sistema, fadando-o à queda.
Fatores externos ao feudalismo foram responsáveis pela aceleração de seu declínio, com destaque para a acentuada queda da população verificada no início do século XIV. O declínio demográfico decorreu sobretudo da onda de fome que assolou a Europa, devido às más colheitas e aos surtos epidêmicos, sobretudo a Peste Negra, que dizimaram a população europeia no final da Idade Média.
O decréscimo populacional determinou o aumento da exploração dos servos no campo, levando à eclosão de rebeliões camponesas conhecidas como jacqueries. Ao mesmo tempo, restringiu o comércio, graças ao declínio do mercado consumidor.
A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) foi um elemento agravante nesse quadro de crise. Trata-se do conflito que envolveu França e Inglaterra e que teve como causas imediatas:
- A disputa pela posse de Flandres, região possuidora da mais numerosa indústria de tecidos da Europa. Consumia a lã inglesa, enriquecendo os nobres daquele país. Todavia, os franceses desejavam substituir a Inglaterra nesse lucrativo comércio e tentavam invadir a região;
- Presença de feudos do rei da Inglaterra em território francês que os reis da França, em pleno processo de fortalecimento de sua autoridade, almejavam anexar a seu reino.
A guerra desenrolou-se de forma equilibrada e devastadora por mais de um século, gerando insegurança e aprofundando os sintomas de crise vividos pela economia europeia.
Pode-se, então, concluir que, a crise do século XIV, significou a incompatibilidade entre o dinamismo econômico manifestado a partir do século 11 e a estrutura estática do feudalismo; este sistema, por suas próprias características, foi incapaz de conviver com um acelerado ritmo de crescimento econômico e, por isso, mesmo, desintegrou-se. A resposta à crise do século XIV foi a expansão marítima europeia que buscava mercados e metais que mantivessem em ritmo acelerado o crescimento econômico europeu. Nascia assim o capitalismo comercial.
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(Fatec-SP) A dissolução do feudalismo foi apressada, no final da Idade Média, por uma sucessão de acontecimentos que geraram a chamada “crise do século XIV”. Entre esses acontecimentos, é correto citar:
- Epidemias, como a Peste Negra, originadas principalmente da falta de estruturas das cidades para suportar o aumento populacional e enfrentar o problema da fome.
- Grande Fome, manifestada neste século, devido ao grande número de pragas que destruíram as plantações.
- Guerra dos Cem Anos, envolvendo, de um lado, França e Espanha, e, de outro, Inglaterra e Portugal, e que gerou inúmeras mortes.
- Revolta dos Camponeses; estes, sem ter o que comer, abandonaram os campos e causaram muitas mortes nas cidades.
- Epidemias, como a Peste Bubônica, que matou cerca de 2/3 de toda a população da Europa.
(Uerj) “Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência.”
BOCCACIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo: Círculo do livro, 1991.
No século XIV, a Europa conheceu uma crise, marcada pela tríade “guerra, peste e fome”. No entanto, esta crise possibilitou condições para inúmeras transformações.
Como exemplo dessas transformações, ocorridas a partir do século XV, podemos citar:
- aumento da densidade demográfica, determinando o crescimento da produção de alimentos.
- reforço dos laços de servidão, provocando a migração de habitantes das cidades para o campo.
- início do processo de expansão marítima, fortalecendo as monarquias em processo de centralização.
- reabertura do mar Mediterrâneo, promovendo o crescimento de relações econômicas mais dinâmicas.
A chamada crise do século XIV representou o fim do feudalismo na Europa Ocidental, sendo marcada por três eventos principais, que são:
- Guerra dos Cem Anos, jacqueries e Grande Fome.
- Cruzadas, abertura do Mediterrâneo e Peste Negra.
- Grande Fome, Cruzadas e Peste Negra.
- Peste negra, revoltas camponesas e Grande Fome.
- Guerra dos Cem Anos, Cruzadas e abertura do Mediterrâneo.
Sobre a Crise do século XIV, é incorreto afirmar:
- que em regiões da Bélgica, França e Inglaterra, os camponeses envolveram-se em grandes revoltas que ficaram conhecidas pelo nome de “jacqueries”.
- que as últimas décadas do período medieval foram marcadas por guerras, centralização do poder político e reorganização das atividades econômicas.
- que temendo a escassez de alimentos – o que de fato aconteceu –, vários nobres facilitaram a saída dos servos de suas propriedades, pretendendo trocá-los por trabalhadores assalariados.
- em pouco tempo, milhares de europeus foram dizimados por uma terrível epidemia que se alastrou graças às péssimas condições de higiene daquela época.
Observe a imagem abaixo:
Triunfo da Morte, de Pieter Bruegel, o Velho (1526/1530-1569).*
O nome da tela é Triunfo da Morte e ela foi feita por Pieter Bruegel, em 1562. Na tela, é possível perceber como um dos eventos relacionados à chamada Crise do século XIV marcou o imaginário da época. Qual era o evento retratado na tela?
- Grande Fome.
- Guerra dos Cem Anos.
- Revoltas Camponesas.
- Peste Negra.
*Crédito da Imagem: Museu do Prado.
Letra E. As demais estão incorretas pelos seguintes motivos: a) o problema a ser combatido não era o aumento populacional, mas sim a inexistência de infraestrutura sanitária, o que contribuiu para a disseminação de doenças; b) os motivos seriam mais climáticos que em decorrência de pragas; c) envolveu apenas França e Inglaterra; d) os camponeses revoltosos não abandonaram o campo.
Letra C. A expansão marítima fortaleceu-se após o século XV, garantindo novas fontes de riqueza às monarquias em formação.
Letra D. Os principais eventos que caracterizaram a crise do século XIV são mesmo os três, conhecidos ainda como a tríade “guerra, fome e peste”.
Letra C. A preocupação com a diminuição da produção agrícola levou os senhores de terras a impedirem a saída dos servos para que pudessem trabalhar nas lavouras.
Letra D. A tela busca retratar a Peste Negra e como a morte se alastrou pela sociedade europeia da época. É possível perceber a morte, representada por esqueletos, arrastando inúmeras pessoas e cadáveres, além do desespero da fuga de inúmeras dessas pessoas.