A coordenação motora, que se relaciona com a habilidade de realizar movimentos articulados, se divide em duas. A primeira é a coordenação grossa, que envolve um maior número de músculos em atividades. São exemplos: subir e descer escadas, pular corda, entre outras. Já a coordenação fina engloba ações mais delicadas. Assim, desenhar, pintar e manusear pequenos objetos referem-se a essa coordenação, essencial para o dia a dia.
Como resultado do excesso de telas, como tablets e celulares, as crianças vêm apresentando dificuldades em desenvolver essa capacidade tão fundamental, que é trabalhada de forma assídua na educação infantil.
“Os movimentos mais precisos e delicados que as crianças desenvolvem com os dedinhos são importantes na pré-alfabetização. Neste estágio, conseguimos perceber crianças que nunca pegaram em uma tesoura, mas tem o estímulo da tela”, conta Ana Carolina Artner, coordenadora de educação infantil.
Não recortar e pintar dentro dos limites estabelecidos na atividade é um dos principais sinais da falha da coordenação motora fina, diz Ana Carolina. Além disso, é importante também que os pais e a escola fiquem atentos a alguns sinais como:
- A criança não consegue segurar objetos, como copos.
- Derruba com frequência objetos.
- Não consegue pentear o próprio cabelo.
Neste caso, alerta a educadora, é necessário que se leve a criança ao pediatra para um possível encaminhamento a um neurologista. Dessa forma, o profissional poderá detectar se existe alguma falha mais importante no desenvolvimento, bem como alguma patologia de ordem neurológica.
Desenhos e movimento de pinça
Outra atividade fundamental para desenvolver a coordenação motora fina são os desenhos e pinturas. De acordo com Ana Carolina, é importante trabalhar com diferentes objetos, como lápis de cor, giz de cera, canetinhas, giz e até mesmo carvão. Esse último, segundo ela, permite que a criança use todos os dedos. “São estímulos fundamentais para desenvolver os músculos da região”, acrescenta. Recursos didáticos e jogos que imprimem uma dinâmica lógica para as crianças também auxiliam nesse desenvolvimento, bem como manusear blocos lógicos e objetos mais moles e mais rígidos.
O movimento de pinça, essencial para diversas atividades, como escrever a mão, também precisa ser trabalhado, tanto na escola como em casa. Assim, para os pais que não sabem de que forma podem contribuir para auxiliar neste desenvolvimento, a educadora orienta sobre como a criança pode ser estimulada:
- Ajudar em tarefas domésticas como pendurar as roupas, manuseando os grampos e trabalhando o movimento de pinça.
- Incentivar que elas fechem o próprio zíper da roupa e amarrem o calçado.
- Dobrar as próprias roupas.
Por fim, por mais inevitável que seja o convívio com a tecnologia e com as telas, as famílias devem evitar os estímulos eletrônicos exagerados. “É interessante limitar o tempo e voltar com as brincadeiras de antigamente, como o pega-vareta, que trabalha a coordenação motora fina. Além disso, outra sugestão é fazer uma contação de história e pedir para que a criança desenhe sobre o que ouviu. A escola trabalha isso, e a família pode atuar junto. Isso é fundamental”, reforça a educadora Ana Carolina Artner.
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Estabelecer relações com o próprio corpo e com o mundo que nos cerca é muito importante para as crianças na fase de desenvolvimento da atividade motora. Essa troca de experiências
com o meio é fundamental para o seu processo de construção de aprendizagem. Por isso, é importante que pais e mães compreendam esses processos de desenvolvimento e entendam o quanto é fundamental o estímulo para o desenvolvimento sadio dos pequenos. Conheça mais sobre esse desenvolvimento tão importante para as crianças e confira nossas dicas com maneiras de estimular a atividade motora dos seus filhos a partir
de brincadeiras simples! Entende-se como desenvolvimento motor uma série de alterações em que fazem parte todos os aspectos de crescimento e maturidade dos sistemas do corpo das crianças. Ou seja, desenvolvimento motor nada mais é que um processo de mudança pela qual a criança passa e afeta, tanto a postura, quanto seus movimentos, de acordo com os estágios
de idade. Por exemplo, eis abaixo os estágios de desenvolvimento da atividade motora de uma criança recém-nascida até os seus 14 meses de idade:O desenvolvimento motor
É importante ressaltar que fatores como genética, comportamento e o ambiente em que os pequenos estão inseridos interferem bastante nesse processo.
Por isso é tão importante garantir que todo o ambiente ao redor da criança esteja propício para o completo desenvolvimento de sua atividade motora.
O trabalho psicomotor como estimulador da atividade motora
Antes mesmo de adquirir seus primeiros aprendizados, o corpo das crianças já precisa passar por grandes transformações para preparar-se e estruturar-se no tempo e espaço.
Para isso, os pequenos precisam desenvolver dois tipos de movimento para acumular experiências motoras que compõem seu esquema corporal (coordenação, controle e consciência do seu corpo). São eles:
- Movimentos amplos: correr, pular, saltar.
- Movimentos finos: desenhar, amassar, colorir, recortar.
É nesse cenário, então, que o trabalho psicomotor traz grandes benefícios para o desenvolvimento da atividade motora das crianças.
Ele, além de ajudar no desenvolvimento motor e intelectual, também é muito importante na estruturação da personalidade dos pequenos, uma vez que expressam seus desejos e podem desenvolver suas necessidades e dificuldades a partir dessas atividades.
Dicas de estímulo à atividade motora das crianças
A melhor maneira de estimular a atividade motora das crianças é por meio de brincadeiras.
Brincando, as crianças externam seus sentimentos e necessidades, constroem o seu mundo e desenvolvem a sua aprendizagem a partir das referências vividas.
Confira nossas cinco dicas para estimular a atividade motora dos pequenos por meio de brincadeiras e atividades simples!
1. COORDENAÇÃO MOTORA FINA
Capacidade de realizar movimentos coordenados. Para isso, a criança necessita controlar os músculos para realizar exercícios mais finos.
Melhores atividades: jogos de encaixes e montagem, como quebra-cabeça e lego; contato com materiais que possibilitem abotoar, fazer dobraduras, nós simples e laços.
2. ESQUEMA CORPORAL
Nessa fase, a criança já possui consciência do seu corpo e está pronta para compartilhar experiências com o mundo externo.
Melhores atividades: reconhecer as partes do seu próprio corpo com a ajuda de um espelho ou cantar nomeando e indicando as partes do seu corpo; projetar o desenho do seu corpo, em tamanho real, na areia ou em papel.
3. RITMO
Desenvolvimento do ritmo para ordenação do ato motor.
Melhores atividades: produzir sons com o próprio corpo — assoviar, bater palmas; dança do morto-vivo, dança das cadeiras; pular corda.
4. EQUILÍBRIO
Base da coordenação do corpo parado ou em movimento.
Melhores atividades: caminhar na ponta dos pés; andar em cima de uma corda ou com um ovo na colher; caminhar com as mãos na cabeça; equilibrar-se em um pé só.
5. PERCEPÇÃO
Capacidade de perceber, reconhecer e distinguir outros estímulos.
Melhores atividades: convide a criança a experimentar diferentes situações em que serão apresentados objetos/alimentos quentes e frios, pesados e leves, secos e molhados, duros e moles, doces e salgados, macios e ásperos, sons altos e baixos, claro e escuro.
Gostou de saber mais sobre a importância da atividade motora no desenvolvimento infantil?
No entanto, pode ser que o seu pequeno tenha uma personalidade introspectiva que o deixa mais contido emocionalmente e socialmente.
Nesse caso, leia esse post aqui e confira algumas dicas para estimular a criatividade dele. Até a próxima!