Caso você esteja conduzindo uma pesquisa que precise analisar uma população grande demais (como a de um país ou um estado inteiro), vale a pena verificar que tipo de amostragem probabilística seria o melhor para você. A verdade é que é impossível entrevistar todas as pessoas que residem no estado de Minas Gerais, por exemplo. No entanto, o que você pode de fato fazer é entrevistar uma amostra que seja representativa daquela população-alvo. É aí que entra a amostragem por conglomerado.
O que é amostragem por conglomerado?
Trata-se de um método probabilístico em que a população é dividida em grupos (conglomerados ou clusters) com base em sua localização geográfica. Em seguida, uma amostra aleatória de cada grupo é selecionada para a pesquisa, de forma natural. É importante que cada grupo seja o mais heterogêneo possível, selecionando indivíduos diferentes entre si, mas que representem aquele grupo específico como um todo. Da mesma forma, os grupos devem representar bem a população-alvo como um todo.
Acredita-se que esta seja a forma mais econômica de coletar dados de populações que se encontram muito espalhadas geograficamente. Dificilmente será viável, tanto financeiramente quanto por uma questão de tempo, entrevistar a população inteira de um estado ou país. A amostragem por conglomerado também é considerada um método mais prático do que a amostragem aleatória simples, na qual existe um grande risco de a amostra não ser representativa da população-alvo como um todo.
Exemplo de amostragem por conglomerado
Vamos supor que você esteja trabalhando na campanha eleitoral de um candidato a governador do Distrito Federal. Você pretende enviar uma pesquisa de opinião para saber a intenção de voto dos eleitores. Até agora, você possui as seguintes informações:
- População a ser analisada: residentes do Distrito Federal.
- Uma lista das regiões administrativas do Distrito Federal.
Por onde começar?
- Defina a sua população-alvo e o tamanho da amostra. Antes de fazer a amostragem, é importante definir quem deverá fazer parte da sua população-alvo. Usando o exemplo mencionado acima, seriam os residentes do Distrito Federal que possuam título de eleitor. Pronto, a população-alvo está definida. A partir daí, é preciso calcular o tamanho da amostra, levando em conta a margem de erro que você deseja.
- Escolha os critérios para selecionar sua amostra. Você escolheu a população-alvo (residentes do Distrito Federal com título de eleitor) e calculou o tamanho da amostra necessária. Agora é preciso selecionar os critérios para peneirar quem de fato fará parte da sua amostra. Neste caso, como a população-alvo são pessoas com título de eleitor no DF, isso já restringe a sua amostra a pessoas maiores de 16 anos.
- Determine os grupos e o tamanho deles. Após definir os critérios da amostra (residentes do Distrito Federal que possuem título de eleitor, ou seja, maiores de 16 anos), decida quais serão os grupos e quantas pessoas de cada um você precisará entrevistar. Neste caso, o objetivo da pesquisa é ter uma visão geral sobre as intenções de voto dos moradores de todo o Distrito Federal. Portanto, os grupos seriam as regiões administrativas do DF.
- Especifique quais serão os conglomerados. Os conglomerados serão pessoas com título de eleitor (maiores de 16 anos) que residem em cada uma das regiões administrativas do Distrito Federal e que foram selecionadas para participar da sua pesquisa.
A amostragem por conglomerado pode ter mais de uma etapa. Caso você esteja fazendo uma amostragem por conglomerado em mais de uma etapa, você criaria, a esta altura, um subgrupo dentro dos conglomerados a fim de ser ainda mais específico.
Amostragem por conglomerado em uma ou várias etapas
Em muitos casos, a amostragem por conglomerado requer mais de uma etapa a fim de conseguir a amostra desejada.
Uma etapa: a amostragem é feita uma única vez. Usando o exemplo acima, você apenas precisaria selecionar as pessoas moradoras de cada uma das regiões administrativas do DF com título de eleitor.
Várias etapas: a amostragem é feita mais de uma vez. Ainda usando o exemplo das eleições para governador do DF, no caso de uma amostragem por conglomerado de duas etapas, você poderia refinar um pouco mais a população: a amostragem feita na etapa 1 seriam os moradores do DF com título de eleitor, e a etapa 2 seriam os moradores do DF com título de eleitor e acima de 18 anos -- isso excluiria as pessoas de 16 e 17 anos que podem ter título de eleitor mas ainda têm a opção de não votar. A etapa 3 poderia ser composta então por pessoas que votaram nas últimas eleições.
Repare em como, a cada etapa, os critérios vão ficando mais específicos e restringindo quem poderá participar da pesquisa.
Todo esse papo de amostragem por conglomerado de várias etapas soa bastante como a amostragem estratificada. Mas os dois conceitos na verdade são bem diferentes.
Qual é a diferença entre amostragem por conglomerado e estratificada?
Na amostragem por conglomerado, os indivíduos de cada grupo são selecionados aleatoriamente para formar os conglomerados. Os grupos são escolhidos usando o mesmo critério, e todos os grupos juntos formam uma amostra representativa da população como um todo. Neste tipo de amostragem, a localização geográfica é mais importante do que a idade, por exemplo. Um exemplo, diferente do citado acima, seria uma pesquisa de satisfação de estudantes universitários brasileiros. Nesta pesquisa, se for feita uma amostragem por conglomerado de uma etapa, a população estudada poderia ser estudantes de universidades federais brasileiras. Na amostragem por conglomerado de duas etapas, a população-alvo então seria restrita a estudantes do curso de enfermagem em universidades federais do Brasil.
Já na amostragem estratificada, a seleção não é aleatória. A população-alvo é dividida em estratos, e cada um possui critérios definidos. Ao contrário dos conglomerados, cada estrato é homogêneo entre si, mas os estratos, comparados uns aos outros, são heterogêneos. Todos juntos também formam uma amostra representativa da população-alvo como um todo. Neste tipo de amostragem, é importante que cada estrato seja representado na coleta de dados, e que cada pessoa entrevistada faça parte de apenas um estrato. Por exemplo, uma pesquisa cuja população-alvo seja composta por estudantes do curso de enfermagem de universidades federais e que queira comparar a experiência de alunos do sexo masculino e do sexo feminino. Os estratos seriam então agrupados por gênero.
Conclusão
A amostragem por conglomerado pode ser uma boa opção para quem tem tempo ou recursos limitados. Para saber se esta é a melhor opção para a sua pesquisa, lembre-se de que é essencial ter em mente quem será sua população-alvo e que perguntas você deseja que sua pesquisa lhe ajude a responder. Boa sorte!