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O período regencial (1831-1840) foi marcado pela eclosão de inúmeras rebeliões provinciais. Essas rebeliões foram motivadas por basicamente dois objetivos: o desejo de autonomia política e administrativa e implantação de um regime republicano.
As rebeliões provinciais foram movimentos de revolta contra o governo central do Império e o regime monárquico em vigor. Mas a característica mais importante das rebeliões provinciais foi a ampla participação popular, principalmente das camadas sociais mais humildes, quase sempre manipuladas pelas classes ricas na defesa de seus interesses diante da condução do governo imperial pelas regências.
A Cabanagem foi uma grande rebelião popular que eclodiu na província do Pará, em 1835. Foi assim denominada porque dela participou a população pobre que viviam em cabanas à beira dos rios, e que eram chamados de cabanos. Está população era composta de negros, mestiços e índios que se dedicavam às atividades de extração de produtos da floresta, e que se revoltaram diante da situação de miséria a que estavam submetidas.
A rebelião originou-se de pequenas revoltas e conflitos sociais que afloraram nas áreas rurais e urbanas da província. Foi durante esse período que surgiram alguns dos principais líderes envolvidos na rebelião de 1835. Entre eles estão: Eduardo Angelim, os irmãos lavradores Francisco Pedro e Antônio Vinagre, o fazendeiro Clemente Malcher, o jornalista Vicente Ferreira Lavor e o padre Batista Campos.
Belém dominada
As autoridades nomeadas pelo governo central para governar a província do Pará temiam as constantes revoltas sociais. Muitas chegaram a abandonar os cargos. Diante da situação, o governo central adotou algumas medidas repressivas bastante violentas. A principal delas previa que os suspeitos de participarem de agitações e revoltas seriam recrutados à força para servir nas tropas governamentais. Não obstante, na noite de 6 de janeiro de 1835, os cabanos se revoltaram, dominando a capital, Belém, e executando o presidente da província e outras autoridades.
Mas os cabanos tiveram muita dificuldade para se manter no poder e estabelecer um governo revolucionário. As divergências e os conflitos entre os próprios líderes do movimento foi a principal causa do fracasso da rebelião. O fazendeiro Clemente Malcher assumiu o governo, mas jurou fidelidade ao imperador e declarou que permaneceria no poder até a maioridade do herdeiro do trono.
Malcher e Vinagre
Chegou a se opor e até mesmo a reprimir Eduardo Angelim e Vicente Ferreira Lavor, tentando deportá-los. Malcher tentou um golpe, mas foi executado e substituído por Francisco Vinagre. Surpreendentemente, Vinagre também se declarou fiel ao governo imperial e se dispôs a negociar com o governo central.
O governo regencial organizou numerosa força militar para enfrentar a rebelião. Comandada por Manuel Jorge Rodrigues, e contando com o apoio do próprio Francisco Vinagre, as tropas do governamentais tomaram Belém. Os cabanos se refugiaram no interior da província e se reorganizaram. Marcharam novamente para Belém, conseguiram restabelecer o controle sobre a cidade e proclamaram a República.
Fim da cabanagem: 40 mil mortos
Tentaram estabelecer um governo revolucionário estável e capaz de governar a província. Mas a tentativa foi novamente frustrada por traições e conflitos entre os líderes do movimento. Em abril de 1836, o governo central desfechou um novo ataque militar e conseguiu reassumir o controle da capital da província e impôs um novo presidente.
Foram cinco anos de intensa luta, até que os cabanos foram derrotados. Estima-se que, durante o período do conflito entre tropas governamentais e revolucionários, a população do Pará, que era de cerca de 100 mil habitantes, foi reduzida a 60 mil.
Graduação em História (Universidade do Vale do Sapucaí, UNIVÁS, 2008)
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A Cabanagem (que não deve ser confundida com a Cabanada) foi uma revolta do período regencial ocorrido no norte do Brasil, mais precisamente na antiga província do Grão Pará, que reunia, à época, os atuais estados do Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia.
A província do Grão Pará era à época do governo regencial, a mais ligada ao antigo governo colonial português. Isso faz com que tanto o governo quanto a própria sociedade não reconheçam de pronto a independência proclamada por Dom Pedro I em 1822.
Essa revolta tinha como grandes objetivos aumentar importância do Pará no governo central brasileiro e enfrentar a questão da pobreza em que estava o povo da região, cuja maior parte morava em cabanas de barro (daí o nome da revolta). Além disso, a revolta foi um protesto
pela retirada do poder de governantes que eram nomeados para administrar a região, mas não se importavam com a situação social e, muitas vezes, sequer já tinham ido à região.
A rebelião representava as classes mais baixas da população. As forças rebeldes eram formadas, em sua maioria, por índios, mestiços e membros de uma classe média desejosa de mais influência.
Os rebeldes, após o início das hostilidades, chegaram a tomar a capital, Belém, em duas ocasiões.
Na primeira tomada, em agosto de 1835, liderados por Félix Melcher e Francisco Vinagre, o controle da cidade foi rapidamente retomado pelas forças governistas destacadas para enfrentar a revolta. Essas forças governistas contavam com a presença de mercenários estrangeiros contratados pelo governo.
Outro fator que interferiu no fracasso das forças rebeldes foi o desacordo entre os líderes do movimento. A ausência de coesão comprometeu o andamento da revolta.
Percebendo a dificuldade na capital, os cabanos que lutavam no interior rumaram para Belém, chefiados por Eduardo Angelim, para somar forças. Com esse reforço, a capital foi novamente ocupada. No entanto, a atuação de Angelim em favor dos mais pobres incomodou as lideranças do movimento, pertencentes à classe média.
Mesmo com a resistência interna, Angelim inicia seu governo na capital em agosto de 1835. Porém, essa discordância entre lideranças enfraquece o movimento, prejudicando sua coesão, levando à perda de apoio do governo Angelim, que deixa o poder em 1836.
A firme repressão do governo ao movimento, com a ocorrência de massacres, enfraquece ainda mais os revoltosos. A luta cessa na capital, mas continua ativa entre 1836 e 1840 no interior da Amazônia. Os revoltosos passaram a utilizar-se de táticas de guerrilha no intuito de sobreviver à repressão e reestruturar o movimento, o que não logrou êxito. O saldo final da revolta foi de 30 mil mortos, Belém fora destruída e a revolta, sufocada.
Bibliografia:
//www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_norte.html
//escola.britannica.com.br/article/483137/Cabanagem
CHIAVENATO, Júlio José. Cabanagem, o povo no poder. São Paulo: Brasiliense, 1984.
CHIAVENATO, Júlio José. As lutas do povo brasileiro. São Paulo: Moderna, 1988.
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/historia/cabanagem/