O presente estudo tem como objetivo investigar a prescrição de exercícios para idosos, constante na literatura em língua
portuguesa, sob forma de livros, periódicos, anais e publicações eletrônica. Para tanto, procurou-se coletar dados quanto aos seguintes aspectos: a) Impacto do envelhecimento no organismo humano; b) Avaliação dos componentes da aptidão funcional; e, c) Composição de um programa de exercício físico. O processo de envelhecimento evidencia mudanças nos níveis antropométrico, neuromuscular, cardiovascular, pulmonar, neural, além da diminuição da agilidade, coordenação, equilíbrio, flexibilidade,
mobilidade articular e aumento na rigidez de cartilagem, tendões e ligamentos. Essas mudanças associadas ao baixo nível de atividade física nos idosos levam ao declínio da capacidade funcional. A avaliação do nível de dependência funcional torna-se importante ao idoso, pois proporcionará uma prescrição de exercícios físicos mais direcionada as suas reais necessidades, aumentando a efetividade do programa e reduzindo os riscos. Os princípios gerais para a prescrição de exercícios físicos para
idosos fundamentam-se na modalidade(s) apropriada, intensidade, duração, freqüência e progressão da atividade física, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, minimizar as alterações fisiológicas, melhorar a capacidade motora e proporcionar benefícios sociais, psicológicos e físicos. Portanto, na prescrição de exercícios físicos para idosos é necessário o treinamento da capacidade cardiorespiratória, da força, do equilíbrio, do tempo de reação e movimento e da agilidade
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Palavras-chave:
prescrição de exercícios, saúde, idosos Resumo
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Tribess, S. (2005). Prescrição de exercícios físicos para idosos. Revista Saúde.Com, 1(2), 163-172. Recuperado de //periodicos2.uesb.br/index.php/rsc/article/view/58
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Introdu��o
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) entre 1991 e 2010, o percentual de pessoas idosas acima de 65 anos no pa�s aumentou de 4,8 para 7,4%, da popula��o. J� na regi�o norte a propor��o de idosos de 65 anos ou mais passou de 3,0% em 1991 para 4,6% no mesmo per�odo.
Com estes dados fica evidente que a popula��o idosa vem tendo um crescimento consider�vel. Desse modo, a investiga��o dos fatores que permitem uma boa qualidade de vida na velhice, bem como das varia��es que esse estado comporta, reveste-se de grande import�ncia cient�fica e social (LACOURT et al., 2006).
Dentre as consequ�ncias do processo natural de envelhecimento, ocorrem modifica��es funcionais e estruturais no organismo, que favorecem o aparecimento de patologias. Essas patologias levam a disfun��es em v�rios �rg�os e fun��es no idoso, como os dist�rbios da postura e do equil�brio. (RUWER et al., 2005; MACIEL et al., 2005). Que segundo Ruwer et al. (2005) � um dos fatores que mais afetam a qualidade de vida dos idosos. Em 80% dos casos n�o pode ser atribu�do a uma causa espec�fica, mas sim a um comprometimento do sistema de equil�brio como um todo.
O equil�brio pode ser definido como habilidade de alinhar os segmentos do corpo contra a gravidade para manter ou mover o corpo (centro de massa) dentro da base de suporte dispon�vel, sem cair, sendo este o resultado da integra��o de v�rios tipos de informa��o sensorial e motora (KISNER et al., 2005).
Contudo o controle do equil�brio depende de tr�s sistemas perceptivos, o vestibular, o proprioceptivo e o visual. Sendo assim dependente da recep��o adequada de informa��es atrav�s de componentes sensoriais, cognitivos, do sistema nervoso central e musculoesquel�tico de forma integrada. (CRUZ et al., 2010; RIBEIRO et al., 2008)
Quando se fica na posi��o em p� ereta, o corpo oscila para frente e para tr�s e a atividade muscular, que evita que se perca o equil�brio e se caia, representa a atividade de controle autom�tico da postura. Provavelmente um dos mecanismos atribu�dos ao aumento de incid�ncia de queda entre idosos � o decl�nio na capacidade de detectar e controlar a oscila��o para frente e para tr�s do corpo (AIKAWA et al., 2006)
Melo et al. (2007) afirma que as quedas s�o um dos mais s�rios problemas associados com a idade e um dos maiores problemas de sa�de p�blica. Estudos populacionais estimam uma incid�ncia de 28% a 35% de quedas em idosos com mais de 65 anos; 35% naqueles com mais de 70 anos e 32% a 42% ap�s os 75 anos acarretando piora na qualidade de vida dessa popula��o.
As quedas para os idosos possuem um significado muito relevante, pois podem lev�-lo � incapacidade, inj�ria e morte. Al�m disso, o custo social � imenso e torna-se maior quando o idoso tem diminui��o da autonomia e da independ�ncia ou passa a necessitar de institucionaliza��o. (FABR�CIO et al., 2004)
Estudos como o de Freitas et al. (2007) reinteram o papel do exerc�cio f�sico moderado como um dos elementos decisivos para a aquisi��o e manuten��o da sa�de, da aptid�o f�sica e do bem-estar, como indicadores de uma boa qualidade de vida em pessoas idosas.
No entanto sabe-se que para um programa de exerc�cios f�sicos atinja seus objetivos � necess�rio que frequ�ncia, intensidade e dura��o estejam dentro de par�metros estipulados. Desta forma o objetivo deste estudo foi o de avaliar os efeitos de um programa de exerc�cios, oferecido pelo governo do estado do Amazonas, na melhoria do equil�brio de idosas.
Materiais e m�todos
Fizeram parte deste estudo 15 idosas, todas sedent�rias, e que apresentassem d�ficit de equil�brio evidenciado nos testes propostos de acordo com Silva et al. (2007), e que completaram 75% de frequ�ncia nas aulas. Todas as participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
Programa de exerc�cios f�sicos
O programa exerc�cios f�sicos foi realizado nas depend�ncias do Centro de Conviv�ncia da Fam�lia Andr� Ara�jo. A frequ�ncia foi de duas vezes por semana, com dura��o de uma hora, sendo que as idosas eram encorajadas a manterem uma intensidade moderada a vigorosa. Os objetivos consistiam no conhecimento e conscientiza��o do pr�prio corpo, das capacidades funcionais, das habilidades motoras e das limita��es pr�prias, e no desenvolvimento de for�a, flexibilidade, A sequ�ncia utilizada envolvia alongamento inicial, seguido de exerc�cios que movimentam os membros superiores e inferiores, tais como abdu��es e adu��es, rota��es internas e externas, flex�es e extens�es e circundu��es dos membros.
Avalia��es antropom�tricas
Foram coletados os dados de massa corporal (Balan�a Filizola �) e estatura para o c�lculo do �ndice de Massa Corp�rea (IMC). O �ndice de massa corporal (IMC) foi classificado segundo a World Health Organization (2000).
Avalia��o do equil�brio
A avalia��o do equil�brio ocorreu com intervalo de 30 dias entre as avalia��es. Para isso utilizou-se o Teste de Berg e o Teste de Tinetti.
O Teste de Berg foi utilizado na avalia��o do equil�brio est�tico e din�mico. Este teste � baseado em 14 itens comuns da vida di�ria, tais como alcan�ar, girar, transferir-se, permanecer em p� e levantar-se e o escore m�ximo que pode ser alcan�ado � de 56 pontos e a pontua��o de cada tem varia de 0 a 4 pontos.
J� o Teste de Tinetti foi utilizado para a avalia��o do equil�brio est�tico. Este teste � baseado em 16 itens, por�m foram usados apenas 9 relacionados � avalia��o do equil�brio. O teste classifica os aspectos da marcha como a velocidade, a distancia do passo, a simetria e o equil�brio em p�, o girar e tamb�m as mudan�as com os olhos fechados. A contagem para cada exerc�cio varia de 0 a 1 ou de 0 a 2.
An�lises estat�sticas
Para a apresenta��o dos dados utilizou-se a estat�stica descritiva (m�dias e desvios padr�o). A compara��o entre os escores obtidos nas situa��es Pr� e P�s interven��o nos Testes de Berg e Tinetti foram comparados por meio do teste t de Student para amostras pareadas. O n�vel de signific�ncia adotado foi de p<0,05.
Resultados
Os resultados referentes � caracteriza��o do grupo de estudo est�o apresentados na tabela 01.
Tabela 1. Caracteriza��o antropom�trica do grupo de estudo
No gr�fico 01 est�o apresentados os valores individuais (n=15) antes e ap�s o programa de exerc�cios f�sicos quando avaliados por meio do Teste de Berg.
Gr�fico 01. Valores individuais no Teste de Berg obtidos na situa��o pr� e p�s interven��o
Observa-se que do total de quinze mulheres que fizeram parte do protocolo, onze apresentaram melhoras nos seus escores, tr�s permaneceram est�veis e apenas uma apresentou redu��o nos seus valores.
No gr�fico 02 est�o representados os valores dos escores m�dios obtidos por meio do Teste de Berg na situa��o Pr� e P�s interven��o.
Gr�fico 02. Valores m�dios obtidos no Teste de Berg nas situa��es Pr� e P�s interven��o
*Diferen�a significativa para p<0,05 em rela��o � situa��o Pr�.
Observou-se diferen�as significativas (p<0,05) quando comparada a situa��o P�s (46,9 � 5,6) com a situa��o Pr� interven��o (44,1� 4), demostrando assim que o programa de exerc�cios f�sicos foi eficiente para promover melhorias no equil�brio din�mico e est�tico das idosas.
Em rela��o ao equil�brio est�tico avaliado por meio do Teste de Tinetti. Os resultados individuais est�o apresentados no gr�fico 03. Observa-se que das quinze mulheres analisadas dez apresentaram melhoras, quatro permaneceram est�veis e apenas uma reduziu seu escore ap�s a interven��o.
Gr�fico 03. Valores individuais no teste de Tinetti obtidos na situa��o Pr� e P�s interven��o
Quando comparado os valores m�dios para os escores do Teste de Tinetti (Gr�fico 4), observou-se uma eleva��o significativa (p<0,05) entre a situa��o Pr� (8,5 � 2,5) e P�s (10,1 � 1,8).
Gr�fico 04. Escala Valores m�dios obtidos no Teste de Tinetti nas situa��es Pr� e P�s interven��o
*Diferen�a significativa para p<0,05 em rela��o � situa��o Pr�
Discuss�o
O objetivo deste estudo era o de avaliar o efeito de um programa de exerc�cios f�sicos sobre o equil�brio de idosas. Nossos resultados demostraram que o envolvimento neste tipo de programa melhora tanto o equil�brio est�tico quanto o din�mico. Esses achados v�o ao encontro de outros estudos que demostram a necessidade da inclus�o de programas de exerc�cios f�sicos para pessoas idosas com o intuito de melhorar o equil�brio e consequentemente a qualidade de vida dos idosos (Freitas et al. 2007, Dias e Duarte, 2005).
De acordo com Tribess et al. (2005), o decl�nio nos n�veis de atividade f�sica habitual para idoso contribui para a redu��o da aptid�o funcional e a manifesta��o de diversas doen�as, como consequ�ncia a perda da capacidade funcional. Neste sentido, tem sido enfatizada a pr�tica de exerc�cios como estrat�gia de prevenir e at� mesmo recuperar as perdas nos componentes da aptid�o funcional.
Para manter e melhorar o equil�brio � necess�ria uma boa resposta do processamento motor incluindo componentes como for�a, flexibilidade e aspectos somatossensoriais, vestibulares e visuais (CRUZ et al., 2010; RIBEIRO et al., 2008). A estabilidade do corpo depende da recep��o adequada de informa��es atrav�s de componentes sensoriais, cognitivos, do sistema nervoso central e musculoesquel�tico de forma integrada (SOARES e SACCHELLI, 2008; RIBEIRO et al., 2008). As atividades desenvolvidas tinham essas caracter�sticas, o que possivelmente explique as melhoras obtidas.
Em rela��o ao equil�brio est�tico Rebelatto (2008), afirma que o seu d�ficit � inversamente proporcional ao n�mero de quedas sofridas.
Nossos resultados apontaram para uma melhora significativa nos escores tanto para o equil�brio est�tico quanto din�mico ap�s a interven��o. Isso nos leva a crer que o envolvimento e um programa de exerc�cios f�sicos reduziu o risco de quedas nesses idosos, fato este muito comum em idosos (Mazo et al. 2007).
As atividades desenvolvidas nos Centros de Conviv�ncia da Fam�lia s�o basicamente exerc�cios de gin�stica. Este tipo de atividade, al�m de promover benef�cios fisiol�gicos, grande proporciona elevada intera��o social. Esta forma de exerc�cios tem se mostrado bastante eficiente na melhoria do equil�brio. Teixeira et al. (2008) compararam o equil�brio de idosas sedent�rias, praticantes de gin�stica, hidrogin�stica, gin�stica e hidrogin�stica. O principal achado do estudo foi que as idosas envolvidas com atividades de gin�stica foram as que apresentaram os menores n�veis de instabilidade m�dio-lateral.
Esses resultados demonstram a efici�ncia da gin�stica como meio para a melhoria do equil�brio neste p�blico. No entanto outras formas de exerc�cio tamb�m tem sido recomendadas para pessoas idosas para a melhoria do equil�brio (Mann et al. 2009, Leal et al. 2010).
Conclus�o
Ap�s finalizar o trabalho podemos concluir que o programa de exerc�cios f�sicos para idosos proposto pelo governo do estado do Amazonas no Centro de Conviv�ncia quando realizado duas vezes na semana com dura��o de uma hora cada se mostrou eficiente na melhoria do equil�brio de idosas.
Este trabalho traz como contribui��o � proposta de que cada vez mais programas de exerc�cios f�sicos sejam realizados nas diversas comunidades para uma melhora na qualidade de vida dos idosos, pois o programa de exerc�cios f�sicos se mostrou eficiente na melhoria do equil�brio corporal de idosas, sendo uma estrat�gia preventiva prim�ria, atrativa e eficaz, para manter e melhorar o estado de sa�de f�sica e ps�quica, tendo efeitos ben�ficos diretos e indiretos para prevenir e retardar as perdas funcionais do envelhecimento.
Os resultados dessa pesquisa contribu�ram para a confirma��o da import�ncia de atividades f�sicas voltada para os idosos para que haja uma melhora na sua aptid�o funcional for�a de membros superiores e inferiores e coordena��o motora.
No entanto, devido � grande import�ncia da tem�tica, faz-se necess�rio o desenvolvimento de pesquisas quantitativas para confirmar esses resultados de investiga��es mais aprofundadas, que envolvam outras vari�veis e que permitam avaliar, com maior precis�o, o real impacto destas dimens�es de sa�de no equil�brio dos idosos.
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