A escola, não é apenas um espaço social emancipatório ou libertador, mas também é um cenário de socialização da mudança. Sendo um ambiente social, tem um duplo currículo, o explicito e o formal, o oculto e informal. A prática do currículo é geralmente acentuada na vida dos alunos estando associada às mensagens de natureza afetiva e às atitudes e valores. O Currículo educativo representa a composição dos conhecimentos e valores que caracterizam um processo social. Ele é proposto pelo trabalho pedagógico nas escolas.
Atualmente, o currículo é uma construção social, na acepção de estar inteiramente vinculado a um momento histórico, à determinada sociedade e às relações com o conhecimento. Nesse sentido, a educação e currículo são vistos intimamente envolvidos com o processo cultural, como construção de identidades locais e nacionais.
Hoje existem várias formas de ensinar e aprender e umas delas é o currículo oculto. Para Silva, o currículo oculto é “o conjunto de atitudes, valores e comportamentos que não fazem parte explícita do currículo, mas que são implicitamente ensinados através das relações sociais, dos rituais, das práticas e da configuração espacial e temporal da escola”.
Ao pensarmos no homem como um ser histórico, também refletiremos em um currículo que atenderá, em épocas diferentes a interesses, em certo espaço e tempo histórico. Existe uma diferença conceitual entre currículo, que é o conjunto de ações pedagógicas e a matriz curricular, que é a lista de disciplinas e conteúdos do currículo.
O Currículo, não é imparcial, é social e culturalmente definido, reflete uma concepção de mundo, de sociedade e de educação, implica relações de poder, sendo o centro da ação educativa. A visão do currículo está associada ao conjunto de atividades intencionalmente desenvolvidas para o processo formativo.
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O currículo é um instrumento político que se vincula à ideologia, à estrutura social, à cultura e ao poder. A cultura é o conteúdo da educação, sua essência e sua defesa, e currículo é a opção realizada dentro dessa cultura. As teorias críticas nos informam que a escola tem sido um lugar de subordinação e reprodução da cultura da classe dominante, das elites, da burguesia. Porém, com a pluralidade cultural, aparece o movimento de exigência dos grupos culturais dominados que lutam para ter suas raízes culturais reconhecidas e representadas na cultura nacional, pois por trás das nossas diferenças, há a mesma humanidade.
Há várias formas de composição curricular, mas os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam que os modelos dominantes na escola brasileira, multidisciplinar e pluridisciplinar, marcados por uma forte fragmentação, devem ser substituídos, na medida do possível, por uma perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar.
Para elaboração de um currículo escolar devemos levar em consideração as vertentes caracterizadas pela: ontologia (trata da natureza do ser); epistemologia (define a natureza dos conhecimentos e o processo de conhecer); axiologia (preocupa-se com a natureza do bom e mau, incluindo o estético). As ciências nos mostram que não há desenvolvimento sustentado sem o capital social, gerador de inovação, de responsabilidade e de participação cívica. E que a escolarização é a condição fundamental de acesso à cultura, ao sentido crítico, à participação cívica, ao reconhecimento do belo, e ao respeito pelo outro.
Ref: SILVA, T.T.da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
Por Amélia Hamze
Colunista Brasil Escola
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Introdu��o
O ponto de partida da investiga��o
O Projeto Pol�tico Pedag�gico (PPP), � o documento que depois de formulado deve nortear todas as a��es da escola e sua constru��o d�-se na coletividade.
O instrumento imprescind�vel para esse acontecimento � o planejamento participativo, que colabora no sentido da efetiva participa��o de todos nas decis�es. Vasconcellos (2000, p. 169) revela que o PPP "pode ser entendido como a sistematiza��o, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfei�oa e se concretiza na caminhada, que fefine claramente o tipo de a��o educativa que se quer realizar". Assim, o planejamento participativo � a base para o Projeto Pol�tico Pedag�gico poder construir a identidade da escola e dos sujeitos que a congregam. Desta forma, educando e educador, bem como a comunidade em geral podem exercer sua cidadania, percebendo-se como sujeitos socio-hist�ricos na constru��o de uma nova sociedade.
A escola tamb�m � palco para que acad�micos estagi�rios possam ter os primeiros contatos com a doc�ncia. Para Machado (1994) o Est�gio � um momento rico para o estagi�rio, pois � uma oportunidade de ser mais estudioso, rever as suas teorias e ser pesquisador.
Dentre as disciplinas que constam no curr�culo de Licenciatura em Educa��o F�sica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), destaca-se, pela sua relev�ncia, o Est�gio Curricular Supervisionado (ECS), que tem por atribui��es prec�puas colocar o futuro profissional com contato com a realidade educacional, desenvolvendo-se estilos de ensino, possibilitando adequadas sele��es de objetivos, conte�dos, estrat�gias e avalia��es, entre outras finalidades. Para tanto, o Est�gio Curricular Supervisionado deve fornecer subs�dios para a forma��o do futuro professor, tanto no aspecto te�rico quanto pr�tico, a fim de que possa desenvolver um trabalho docente competente (FERREIRA; KRUG, 2001).
A Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986) surge como aporte te�rico-metodol�gico que implica em um direcionamento estruturado com orienta��es para que ocorra a pr�tica pedag�gica na disciplina ECS do curso de Educa��o F�sica da UFSM.
Segundo Siedentop (1983) a compet�ncia pedag�gica � desenvolvida � medida que o professor vai exercendo a sua profiss�o, pois ela � o dom�nio da atividade do professor no processo pedag�gico.
Lembramos que o acad�mico estagi�rio estando no ambiente escolar, este dever� procurar informa��es sobre a realidade da escola, e, isto ocorrer� � partir do momento da consulta do PPP.
Baseando-se nessas premissas surgiu o problema que originou esta pesquisa: Quais s�o os pontos em comum da Abordagem Cognitivista utilizada pela disciplina ECS do curso de Educa��o F�sica da UFSM e do PPP da Escola Verde e seus apontamentos na forma��o inicial dos acad�micos?
Assim, esta investiga��o teve como objetivo analisar a adequa��o da Abordagem Cognitivista utilizada pela disciplina de ECS do Curso de Educa��o F�sica da UFSM com o PPP da Escola Verde, assim como os apontamentos na forma��o inicial dos acad�micos.
Justificou-se esta investiga��o considerando-se que somente leis n�o asseguram autonomia e gest�o democr�tica, pe�as-chave para constru��o participativa do PPP, mas sim, concretiza-se atrav�s do real comprometimento da comunidade escolar, na elabora��o, aplica��o e avalia��o, sendo um processo cont�nuo, onde cada indiv�duo trabalha em prol do coletivo. Tamb�m se justificou pela exist�ncia de integra��o entre a Universidade e Escolas (de ensino infantil, fundamental e m�dio), onde ECS inserido no contexto educacional, acontece contribuindo para a forma��o dos acad�micos do curso de Educa��o F�sica, bem como para a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Assim, nesta rela��o acreditamos que ser� poss�vel um verdadeiro movimento voltado � transforma��o e qualifica��o da Educa��o, vindo a ser o educando prioridade em todo este processo de democratiza��o da escola.
A metodologia da investiga��o
A investiga��o caracterizou-se pelo enfoque fenomenol�gico sob a forma de um estudo de caso com abordagem qualitativa. Os instrumentos utilizados para a coleta de informa��es foram o PPP da Escola Verde, a Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 59-84) e a bibliografia existente. Para as interpreta��es das informa��es seguiu a metodologia de an�lise de conte�do (BARDIN, 1977).
Os achados da investiga��o
Homem e Mundo
Para o PPP da Escola Verde a concep��o de Homem vem a ser como "sujeito hist�rico, produto e produtor das rela��es econ�micas, sociais, culturais e pol�ticas que o transformam e s�o transformados pelos conflitos estabelecidos entre as diferentes classes sociais" e a participa��o "como processo educativo, conscientizador, transformador e de luta, pela constru��o de uma sociedade justa e igualit�ria".
J� na Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 60) "homem e mundo s�o analisados conjuntamente, j� que o conhecimento � o produto da integra��o entre eles, entre sujeito e objeto".
No seu desenvolvimento, a crian�a ir� reinventar todo o processo racional da humanidade e, na medida em que ela reinventa o mundo, desenvolve-se a sua intelig�ncia. Um fen�meno b�sico no desenvolvimento da crian�a � caracterizado pela acoplagem do sistema simb�lico � atividade real, o que lhe possibilita por o pensamento a servi�o da a��o (Ibid, p. 61).
Assim, o PPP da Escola Verde leva em considera��o a historicidade dos sujeitos, o que n�o � encontrado na Abordagem Cognitivista, por�m ambos os documentos contemplam um processo de educa��o que ir� transformar e/ou reinventar um mundo melhor.
Sociedade e Cultura
A Escola Verde, no PPP, trata como sua fun��o social "produzir conhecimentos e criar rela��es positivas e democr�ticas entre os sujeitos envolvidos no processo educativo, para que a Escola seja efetivamente uma Escola Cidad�, que priorize o acesso, perman�ncia e sucesso dos alunos".
Para a Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 63) "a delibera��o coletiva, a delibera��o grupal, evita que interesses egoc�ntricos predominem na decis�o. O egocentrismo � caracterizado por imaturidade intelectual e afetiva".
A democracia , pois, � uma conquista gradual e deve ser praticada desde a inf�ncia, at� a supera��o do egocentrismo b�sico do homem. (...) A democracia n�o seria um produto final, mas uma tentativa constante de concilia��o, estando em constante reequilibra��o. Seus mecanismos b�sicos imprescind�veis s�o a delibera��o coletiva, discuss�o e, atrav�s destes, a cont�nua revis�o dos compromissos tomados anteriormente (Ibid, 63).
Desta forma, consideramos que as rela��es democr�ticas s�o palco de explana��o tanto no PPP da Escola Verde como na Abordagem Cognitivista, entretanto, notamos que ambos complementam-se, pois a produ��o de conhecimentos na coletividade � o que deve nortear a educa��o, j� que tanto a individualidade como na fragmenta��o dos objetos de estudo ocorrer� um determinado direcionamento na forma��o dos sujeitos no ambiente escolar, sendo que o PPP deve nortear as a��es ocorridas na escola.
Conhecimento
Em rela��o ao conhecimento, o PPP da Escola Verde trata,
como processo de constru��o e reconstru��o e, enquanto processo n�o est� pronto, sendo revestido de significado a partir das experi�ncias dos sujeitos-educandos, uma vez que toda crian�a, jovem ou adulto quando chega � escola traz consigo viv�ncias pessoais, familiares e pr�ticas culturais comunit�rias e sociais, as quais dever�o ser articuladas com novos conhecimentos, transformando o saber popular em saber elaborado atrav�s da a��o-reflex�o-a��o.
Para a Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 63-64) "o conhecimento � considerado como uma constru��o cont�nua. A passagem de um estado de desenvolvimento para o seguinte � sempre caracterizada por forma��o de novas estruturas que n�o existiam anteriormente no indiv�duo".
O verdadeiro conhecimento, no entanto, implica no aspecto end�geno (fase da compreens�o das rela��es, das combina��es), pois pressup�e uma abstra��o. Essa abstra��o (...) pode ser reflexiva ou emp�rica. A abstra��o emp�rica retira as informa��es do pr�prio objeto e a reflexiva s� � poss�vel gra�as as opera��es (coordena��es das a��es), a partir das pr�prias atividades do sujeito (Ibid, p. 65). No processo de conhecimento e aquisi��o de conhecimento, o mundo deve ser reinventado pela crian�a (Ibid, p. 67).
O PPP da Escola Verde leva em considera��o as "experi�ncias dos educandos", o que n�o � encontrado na Abordagem Cognitivista. Mas o "conhecimento" � considerado atrav�s de uma "constru��o cont�nua", para ambos os documentos, como as demais refer�ncias encontradas est�o coerentes em seus tratamentos.
Educa��o
No PPP da Escola Verde, a educa��o vem a ser "como agente de democratiza��o do acesso e perman�ncia com sucesso sintonizada com o projeto de emancipa��o das classes populares, pautada nos princ�pios de inclus�o social e da constru��o da cidadania".
Na Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 71) a educa��o deve permear "a autonomia intelectual que ser� assegurada pelo desenvolvimento da personalidade e pela aquisi��o de instrumental l�gico-racional. A educa��o dever� visar que cada aluno chegue a essa autonomia".
A educa��o pode ser considerada igualmente como um processo de socializa��o (que implica equil�brio nas rela��es interindividuais e aus�ncia de regulados externo/ordens externas), ou seja, um processo de 'democratiza��o das rela��es'. Socializar, nesse sentido, implica criar-se condi��es de coopera��o. A socializa��o implica na cria��o de condi��es que possibilitem a supera��o da coa��o dos adultos sobre o comportamento das crian�as. O sistema escolar, por sua vez, deveria possibilitar a autonomia, circunst�ncia necess�ria para que os alunos pratiquem e vivam a democracia (Ibid, p. 71).
Os documentos, PPP da Escola Verde e a Abordagem Cognitivista, demonstram uma total sintonia ao tratarem do tema "educa��o". N�o havendo contrapontos pertinentes, ocorrendo complementa��o te�rica entre ambos.
Escola
A Escola Verde relata, no PPP, que o
desenvolvimento ser� ligado diretamente � cultura, ou seja, �s caracter�sticas individuais de uma crian�a dependem, na realidade, da intera��o que esta estabelece com o seu meio f�sico e social, a partir de sua realidade concreta. As conquistas individuais s�o sempre resultado de um processo coletivo vivenciado no grupo (familiar, escolar, vizinhan�a...). O desenvolvimento humano depende fundamentalmente da exist�ncia de situa��es prop�cias ao aprendizado, portanto a escola assume um papel fundamental na forma��o desses sujeitos.
A finalidade e os objetivos da escola (que oferece a Educa��o Infantil, o Ensino Fundamental e Educa��o de Jovens e Adultos) s�o:
Atribuir compet�ncias e habilidades a todos os sujeitos envolvidos no processo educativo, respeitando-se os limites de seus processos de desenvolvimento, a diversidade e a singularidade de suas possibilidades; Construir autonomia, esp�rito de coopera��o, reciprocidade; Produzir conhecimentos e criar rela��es positivas e democr�ticas entre todos os segmentos envolvidos; Favorecer a transforma��o grupal atrav�s do respeito m�tuo, do di�logo, da participa��o e engajamento; Garantir o acesso e perman�ncia com sucesso a todos.
A Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 72-73) revela que
a escola deveria come�ar ensinando a crian�a a observar. A escola, deveria dar a qualquer aluno a possibilidade de aprender por si pr�prio, oportunidades de investiga��o individual, possibilitando-lhe todas as tentativas, todos os tateios, ensaios que uma atividade real pressup�e...
Ainda encontramos em Mizukami (1986, p.73-74) que
um tipo de escola coerente com essa abordagem (cognitivista) dever� oferecer �s crian�as liberdade de a��o, e ao mesmo tempo, impor trabalho com conceitos, em n�veis operat�rios consoante o est�gio de desenvolvimento do aluno, num processo de equil�brio-desequil�brio. N�o se concebe, no entanto, que a atividade do aluno e o 'como' trabalho os conceitos sejam dirigidos. A forma de solu��o dever� ser peculiar a cada aluno.
Em ambos os documentos, encontramos uma grande consist�ncia e significa��es, onde h� complementa��o de termos (palavras e estrutura��o de frases), evidenciando coer�ncias bibliogr�ficas.
Ensino-aprendizagem
No PPP da Escola Verde a metodologia de ensino-aprendizagem destaca que "� preciso que os educadores se percebam como organizadores de situa��es did�ticas e de atividades que tenham sentido para os alunos, envolvendo-os e, ao mesmo tempo, gerando aprendizagens fundamentais". Com uma metodologia participativa e reflexiva que:
Valoriza o educando em sua experi�ncia social como indiv�duo; Busca a globaliza��o dos saberes propostos no curr�culo, pela abordagem multidimensional do conhecimento; Prioriza a pesquisa como o eixo desencadeador do processo de constru��o/cria��o/re-elabora��o; Considera a individualidade e o ritmo de crescimento de cada um, priorizando a constru��o coletiva do conhecimento; Oportuniza situa��es concretas para o crescimento integral da pessoa humana, desenvolvendo sua capacidade de pensar, criar, produzir, criticar, ser agente de transforma��o social.
A Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 75) revela que na rela��o ensino-aprendizagem ocorrer�
um ensino que procura desenvolver a intelig�ncia dever� priorizar as atividades do sujeito, considerando-o inserido numa situa��o social. (...) O ensino que seja compat�vel com a teoria piagetiana tem de ser baseado no ensaio e no erro, na pesquisa, na investiga��o, na solu��o de problemas por parte do aluno, e n�o em aprendizagem de f�rmulas, nomenclaturas, defini��es etc. A descoberta ir� garantir ao sujeito uma compreens�o da estrutura fundamental do conhecimento. (...) O ponto fundamental do ensino, portanto, consiste em processos e n�o em produtos de aprendizagem. (...) A intelig�ncia � o instrumento de aprendizagem mais necess�rio. Sob tal perspectiva, o ensino consistiria em organiza��o dos dados da experi�ncia, de forma a promover um n�vel desejado de aprendizagem.
Notamos que h� diverg�ncia te�rica, pois, para o PPP da Escola Verde h� uma valoriza��o do educando em sua "experi�ncia social", dando a entender que o hist�rico do aluno � evidenciado al�m da sua posi��o social, enquanto que, a Abordagem Cognitivista considera o educando numa "situa��o social", portanto apenas o posicionamento do educando em rela��o a sociedade � levado em considera��o. Nos demais tratamentos relacionados ao tema "ensino-aprendizagem" h� uma complementa��o entre os documentos.
Professor-aluno
Para o PPP da Escola Verde a rela��o professor-aluno "dever� ser democr�tica, solid�ria, horizontal, em constante intera��o, possibilitando a humaniza��o e conscientiza��o, ajudando-o a se comprometer no processo de transforma��o social".
Para a Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 77-78) a rela��o professor-aluno deve permear os seguintes itens:
Caber� ao professor criar situa��es, propiciando condi��es onde possam se estabelecer reciprocidade intelectual e coopera��o ao mesmo tempo moral e racional; Cabe ao professor evitar rotina, fixa��o de respostas, h�bitos. Deve simplesmente propor problemas aos alunos, sem ensinar-Ihes as solu��es; Sua fun��o consiste em provocar desequil�brios, fazer desafios; Deve orientar o aluno e conceder-lhe ampla margem de autocontrole e autonomia; Deve assumir o papel de investigador, pesquisador, orientador, coordenador, levando o aluno a trabalho o mais independentemente poss�vel; O professor deve conviver com os alunos, observando seus comportamentos, conversando com eles, perguntando, sendo interrogado por eles, e realizar, tamb�m com eles, suas experi�ncias, para que possa auxiliar sua aprendizagem e desenvolvimento; O aluno deve ser tratado de acordo com as caracter�sticas estruturais pr�prias de sua fase evolutiva e o ensino precisa, conseq�entemente, ser adaptado ao desenvolvimento mental e social; Cabe ao aluno um papel essencialmente ativo e suas atividades b�sicas, entre outras, dever�o consistir em: observar, experimentar, comparar, relacionar, analisar, justapor, compor, encaixar, levantar hip�teses, argumentar, etc.
Os documentos, PPP da Escola Verde e a Abordagem Cognitivista, demonstram uma grande intera��o te�rica ao tratarem do tema "professor-aluno", pois n�o h� discord�ncias.
Metodologia
A Escola Verde, no seu PPP, relata que a metodologia
ter� uma abordagem dial�tica e dever� criar no ambiente de sala de aula situa��es problematizadoras e desafiadoras em fun��o do n�vel de compet�ncia dos alunos. Os conte�dos ser�o trabalhados de forma contextualizada, partindo sempre do contexto hist�rico-social no qual se encontram os alunos. Para tanto, o professor deve lan�ar m�o dos recursos que a Escola oferece, tais como: trabalho com v�deos, computadores, jornais e revistas; com o objetivo de criar ambientes de ensino e aprendizagem que favore�am a postura cr�tica, a curiosidade, a observa��o e an�lise, a troca de id�ias de forma que o aluno possa ter autonomia no seu processo de aprendizagem, buscando e ampliando conhecimentos.
Se tratando da metodologia, a Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p. 78-82) evidencia os seguintes t�picos:
A a��o do indiv�duo, pois, � o centro do processo e o fator social ou educativo constitui uma condi��o de desenvolvimento; O trabalho em grupo, a discuss�o deliberada em comum, n�o s� � condi��o para o desenvolvimento mental individual, para a autonomia dos indiv�duos; Caber� ao pedagogo, ao educador, planejar situa��es de ensino onde os conte�dos e os m�todos pedag�gicos sejam coerentes com o desenvolvimento da intelig�ncia e n�o com a idade cronol�gica dos indiv�duos; A utiliza��o de recursos audiovisuais e instrumentos ic�nicos n�o � suficiente para desenvolver atividade operat�ria, pois estes concretizam as mat�rias de ensino de modo figurativo, sendo uma das caracter�sticas do denominado ensino intuitivo (ensino tradicional); Deve procurar estabelecer rela��es entre os diferentes ramos do saber e n�o reduzir formalmente o conhecimento a mat�rias de ensino; Ser� um m�todo adequado � forma de aquisi��o e desenvolvimento dos conhecimentos, a partir de uma perspectiva de construcionismo interacionista.
Na metodologia da Escola Verde � evidenciado o "contexto hist�rico-social" dos alunos, enquanto na Abordagem Cognitiva foi encontrado o "fator social" como palco de an�lise do aluno. Concordamos com Mizukami quando relata que os "recursos audiovisuais e ic�nicos" n�o s�o suficientes para que ocorra a educa��o, pois sempre � necess�rio a supera��o do m�todo de trabalho. Nos demais apontamentos dos documentos h� coer�ncia te�rica.
Avalia��o
Para a Escola Verde, em seu PPP, a avalia��o
ser� emancipat�ria e diagn�stica e servir� de momento de reflex�o para determinar caminhos. Segundo Vasco Pedro Moreto, a avalia��o � 'um momento privilegiado de estudo. Nele o aluno deve sentir-se livre para produzir, para demonstrar o resultado de um processo de constru��o de conhecimento e n�o apenas a acumula��o de dados'.
J� para a Abordagem Cognitivista (MIZUKAMI, 1986, p.82), a avalia��o:
Ter� de ser realizada a partir de par�metros extra�dos da pr�pria teoria e implicar� verificar se o aluno adquiriu no��es, conserva��es, realizou opera��es, rela��es, etc. O rendimento poder� ser avaliado de acordo com a sua aproxima��o a uma norma qualitativa pretendida; O controle do aproveitamento deve ser apoiado em m�ltiplos crit�rios, considerando-se principalmente a assimila��o e a aplica��o em situa��es variadas; N�o h�, pois, press�o no sentido de desempenho acad�mico e desempenhos padronizados, durante o desenvolvimento cognitivo do ser humano.
Os documentos, PPP da Escola Verde e a Abordagem Cognitivista, demonstram sintonia ao tratarem do tema "avalia��o". N�o havendo contrapontos pertinentes, ocorrendo complementa��o te�rica entre ambas.
O ponto de chegada da investiga��o
A partir dos achados da investiga��o, podemos notar que, em rela��o ao "Homem e Mundo", ao "Conhecimento", ao "Ensino-aprendizagem" e a "Metodologia" o PPP da Escola Verde trata o educando a partir uma abordagem dial�tica levando em considera��o a sua historicidade enquanto agente no mundo, para que ocorra a transforma��o social, enquanto a Abordagem Cognitivista leva em considera��o a a��o do indiv�duo, como o centro do processo e o fator social do educando, e � partir da an�lise, ocorrer� uma perspectiva de construcionismo interacionista, ou seja, ambas procuram a socializa��o do indiv�duo, mas o in�cio do caminho para que ocorra esta socializa��o, � diferente. Logo, em rela��o a "Sociedade e Cultura", a "Educa��o", ao "Professor-Aluno" e a "Avalia��o" demonstram compatibilidades nas estrutura��es e complementa��es te�ricas acerca do que � proposto tanto pelo PPP da escola como pela Abordagem Cognitivista.
Entendemos que, os acad�micos do curso de licenciatura em Educa��o F�sica, da UFSM, ao cursarem a disciplina de ECS, realizado em escolas, devem, al�m de iniciar a instrumenta��o te�rica na Abordagem Cognitivista, utilizada pelo professor da disciplina, tamb�m devem deter-se, nos apontamentos que o PPP da Escola Verde evidencia, pois atrav�s deste documento os acad�micos estagi�rios encontrar�o informa��es sobre os objetivos da escola e as necessidades que a comunidade escolar evidencia.
Sobre as etapas de desenvolvimento cognitivo dos professores, na primeira etapa, como aquela que muitos professores principiantes atravessam, assim como, certamente, alunos em pr�ticas, quando se iniciam na profiss�o de doc�ncia, (...) demonstram necessidade de controle de situa��es, inseguran�a e submiss�o � opini�o dos que s�o considerados superiores. Na dimens�o do desenvolvimento do Eu, esta etapa caracteriza-se por um elevado conformismo �s normas e regras sociais reinantes, assim como pelo desejo de agradar aos seus pares (GARC�A, 1999).
Sobretudo destacamos que � necess�ria a participa��o dos acad�micos estagi�rios nas reuni�es pedag�gicas realizadas na escola, pois os temas do PPP tamb�m s�o palco de discuss�es e o envolvimento da educa��o d�-se enquanto processo de forma��o continuada.
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