Quais motivos levaram os grandes navegadores a procurar novos caminhos em busca de especiarias?

A expansão marítima portuguesa foi a primeira de toda a Europa. Para os portugueses, a navegação foi a forma encontrada para comercializar com diferentes partes do mundo.

Quais motivos levaram os grandes navegadores a procurar novos caminhos em busca de especiarias?
Os pioneiros navegadores portugueses: D. Henrique, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral

Por Leandro Carvalho

Os portugueses foram os primeiros europeus a se lançar ao mar no período das Grandes Navegações Marítimas, nos séculos XV e XVI. No presente texto iremos abordar os motivos do pioneirismo português na conquista dos oceanos.

O primeiro motivo que levou os portugueses ao empreendimento das Grandes Navegações foi a progressiva participação lusitana no comércio europeu no século XV, em razão da ascensão de uma burguesia enriquecida que investiu nas navegações no intuito de comercializar com diferentes partes do mundo.

A centralização monárquica portuguesa aconteceu ainda no século XIV com a Revolução de Avis, Portugal foi considerado o primeiro reino europeu unificado, ou seja, foi o primeiro Estado Nacional da história da Europa. Além do fato da unificação portuguesa, a Revolução de Avis consolidou a força da burguesia mercantil que, conforme vimos acima, investiu pesadamente nas Grandes Navegações.

Estudiosos como Diegues (2010), Tengarrinha (2001) e Silva (1989)1 que analisaram Portugal nos séculos XV e XVI, afirmaram também que os portos de boa qualidade que eram existentes no país influenciaram bastante no processo do pioneirismo português. Outro motivo não menos fundamental que os outros expostos, que ajudou no processo do empreendimento português, foi o estudo náutico realizado na Escola de Sagres, sob o comando do astuto infante D. Henrique, o navegador (1394-1460).

A Escola de Sagres foi consolidada na residência de D. Henrique e se tornou uma referência para estudiosos como cosmógrafos, cartógrafos, mercadores, aventureiros entre outros. Iniciando o processo de conquistas pelos mares, os portugueses no ano de 1415 dominaram Ceuta, considerada primeira conquista dos europeus durante a Expansão Marítima.

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O principal objetivo que os navegadores portugueses desejavam alcançar era dar a volta no continente africano, ou seja, realizar o périplo africano. Desta maneira, Portugal foi conquistando várias concessões na África. No ano de 1488, Bartolomeu Dias, navegador português, havia conseguido chegar ao Cabo da Boa Esperança, provando para o mundo que existia uma passagem para outro oceano. Finalmente, no ano de 1498, o navegador português Vasco da Gama alcançou as Índias; em 1500, outro navegador lusitano, Pedro Álvares Cabral, deslocou-se com uma grande frota de embarcações para fazer comércio com o Oriente, acabou chegando ao chamado ‘Novo Mundo’ - o continente americano.

Com o desenvolvimento dos estudos marítimos (Escola de Sagres), os portugueses se tornaram grandes comerciantes, prosperando e produzindo novas embarcações e formando grandes navegadores. Portugal se transformou em um dos mais importantes entrepostos (armazém de depósito de mercadorias - que esperam comprador ou que se vão reembarcar) comerciais durante as Grandes Navegações Marítimas.


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1DIEGUES, Antônio Carlos Sant’Ana. Povos e Mares: uma retrospectiva de sócio-antropologia marítima. São Paulo: CEMAR, Centro de Culturas Marítimas, Universidade de São Paulo, 1993.
SILVA, Janice Theodoro da. Descobrimentos e Colonização. 2ª ed. São Paulo: Ed. Ática, 1989. Série Princípios.
TENGARRINHA, José (org). História de Portugal. 2ª ed. Bauru, SP: EDUSC, 2001.  


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Por Leandro Carvalho

Grandes Navegações é o nome dado ao período da história em que os europeus lançaram-se à navegação do Oceano Atlântico. Esse processo foi encabeçado pelos portugueses e, um tempo depois, foi também colocado em curso pelos espanhóis e por outros países da Europa. Os resultados foram a “descoberta” de inúmeros locais até então desconhecidos pelos europeus e a chegada ao continente americano em 1492.

Resumo

Grandes Navegações é a expressão usada para se falar da exploração do Oceano Atlântico, feita de maneira pioneira por Portugal, ao longo dos séculos XV e XVI. O pioneirismo português foi resultado de condições políticas, comerciais e geográficas específicas. Com o tempo, outros países da Europa, como Espanha, também se lançaram à exploração do Oceano Atlântico.

O resultado das Grandes Navegações foi o “descobrimento” de uma série de novos locais pelos portugueses, como Açores e Madeira (ilhas atlânticas). Esse processo resultou também na chegada dos europeus ao continente americano em 1492. Em 1500, os portugueses chegaram ao Brasil e deram início à colonização da América Portuguesa.

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Grandes Navegações portuguesas

Quando falamos de Grandes Navegações, o primeiro país que vem à tona é Portugal, que se lançou como pioneiro na navegação e exploração do Oceano Atlântico interessado, principalmente, na abertura de novas rotas comerciais.

O pioneirismo de Portugal explica-se por uma série de fatores:

  • Monarquia consolidada;

  • Unificação territorial assegurada;

  • Investimento na aquisição de conhecimento náutico;

  • Interesse em expansão comercial;

  • Investimentos genoveses;

  • Localização geográfica.

Portugal era um reino unificado e estável durante o século XV. Essa estabilidade, fruto da Revolução de Avis, garantiu melhores condições políticas a Portugal para investir em comércio e tecnologia náutica. Nesse mesmo período, Espanha, Inglaterra e França, por exemplo, enfrentavam complicações internas e ainda estavam à procura de estabilidade política.

Quais motivos levaram os grandes navegadores a procurar novos caminhos em busca de especiarias?

Réplica de uma caravela portuguesa utilizada durante o período das Grandes Navegações.

Territorialmente falando, Portugal também estava em uma posição muito mais estável que seus vizinhos, uma vez que o último território português na mão dos mouros – Algarve – foi reconquistado no século XIII. Os mouros eram muçulmanos que invadiram a Península Ibérica (região formada por Portugal, Espanha e outros territórios). A Espanha, por exemplo, só foi concluir o seu processo de reconquista e unificação territorial no fim do século XV.

Além disso, existem historiadores que apontam que, no século XV, foi desenvolvido por infante D. Henrique um centro em Algarve que promovia estudos para o desenvolvimento de melhores técnicas de navegação: a Escola de Sagres. Todavia, existem alguns historiadores que sugerem que a Escola de Sagres é um mito e que, portanto, sua influência nas Grandes Navegações é irrelevante.

Na questão comercial, Portugal já possuía certa vocação para o comércio, fruto do período em que os mouros dominaram o país. Essa vocação para o comércio acabou sendo incentivada pelos comerciantes genoveses, que passaram a investir em Lisboa, transformando a cidade em um importante centro comercial.

Há também a questão geográfica, que garantia às caravelas em Portugal um rápido acesso às correntes marítimas. Além disso, Portugal estava mais próximo da costa da África e era, portanto, uma porta de saída para encontrar uma nova rota para a Índia, local que havia o comércio de especiarias, produto muito valorizado no mercado europeu.

Por causa do processo de expansão marítima, os portugueses:

  • conquistaram Ceuta, em 1415;

  • chegaram à Ilha da Madeira, em 1418;

  • chegaram em Açores, em 1427;

  • passaram pelo Cabo Bojador, em 1434;

  • passaram pelo Cabo da Boa Esperança, em 1488;

  • descobriram um novo caminho para a Índia, em 1499;

  • chegaram ao Brasil, em 1500.

Grandes navegações espanholas

Ao longo de quase todo o século XV, os espanhóis presenciaram o desenvolvimento náutico dos portugueses e acompanharam os seus inúmeros feitos. A Espanha, no entanto, permaneceu alheia às Grandes Navegações até o final do século XV. Isso aconteceu porque, ao longo do século XV, os espanhóis tentavam consolidar-se territorialmente.

Somente com a conquista de Granada (região no sul do território espanhol) pela Espanha, em 1492, que os espanhóis deram abertura para o investimento em navegações marítimas. A primeira expedição montada pelos espanhóis foi exatamente a organizada por Cristóvão Colombo, um navegante genovês. Ele organizou uma expedição com três navios para alcançar a Ásia. A expedição de Colombo, no entanto, foi responsável pela chegada dos espanhóis à América em 12 de outubro de 1492.

Consequências

As Grandes Navegações foram resultado de uma série de transformações em curso na Europa desde o século XII. Por meio delas, o continente europeu completou sua passagem da Idade Média para a Idade Moderna e fortaleceu o comércio e o uso da moeda a partir do mercantilismo.

Além disso, as Grandes Navegações tornaram Portugal a maior potência do mundo entre os séculos XV e XVI, consolidando um império ultramarino. Com as “descobertas” feitas nesse período, foi iniciada a colonização do continente americano. Os portugueses, por exemplo, conquistaram colônias em diferentes partes do mundo: América, África e Ásia.

A “descoberta” da América foi responsável por uma verdadeira revolução. Os europeus entraram em contato com novos povos e novas culturas. Esse encontro, no entanto, resultou no massacre da cultura ameríndia e da cultura africana, ambas utilizadas como mão de obra escrava pelos europeus.

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Exercício resolvido

Selecione a alternativa que não explica o início das Grandes Navegações em Portugal.

a) Investimento dos genoveses no comércio de Lisboa.

b) Proximidade geográfica com a costa da África e o Oceano Atlântico.

c) Desejo de retomar Constantinopla das mãos dos otomanos.

d) Desejo de encontrar uma rota para a Índia.

e) Estabilidade política garantida pela unificação territorial e pela Revolução de Avis.

LETRA C

A cidade de Constantinopla foi conquistada pelos otomanos em 1453 em um momento em que as Grandes Navegações de Portugal já estavam em curso. De toda forma, a reconquista de Constantinopla, uma cidade cristã que estava em mãos muçulmanas, não foi uma pauta que motivou as Grandes Navegações.

|1| FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 22.

Quais foram os motivos que levaram os grandes navegadores a procurarem novos caminhos em busca de especiarias?

Diante da nova realidade, os europeus reconheceram a necessidade de buscar um novo caminho rumo às Índias. A alternativa era se lançar ao mar. Alguns navegadores acreditavam que era possível dar a volta na Terra pelo oceano para chegar ao território. Outros acreditavam que era melhor contornar a África.

Em que consistia as grandes navegações e qual era o seu objetivo?

Os dois grandes objetivos que caracterizaram as Grandes Navegações foram: Descobrir novas rotas comerciais para a Índia e extremo oriente; Descobrir outras terras e fontes de riquezas no além-mar.