(UFV-MG) Leia os trechos de notícias de jornais publicados nos Estados Unidos no século XIX:
1) (...) um espírito de interferência hostil [de outras nações] para conosco, com o objetivo confesso de deformar nossa política e prejudicar nosso poder, limitando nossa grandeza e impedindo a realização de nosso Destino Manifesto, que é estendermo-nos sobre o continente que a Providência fixou para o livre desenvolvimento de nossos milhões de habitantes, que ano após ano se multiplicam. (Democratic Review)
2) A universal nação ianque pode regenerar e libertar o povo do México em poucos anos; e cremos que é parte de nosso destino civilizar esse belo país e capacitar seus habitantes para apreciar algumas das numerosas vantagens e bênçãos de que dispõem. (New York Herald)
Citados por AQUINO, R.S.L. et al. História das sociedades americanas. Rio de Janeiro: Livraria Eu e Você, 1981. p.140 e 141.
Quanto à história do expansionismo norte-americano no século XIX, pode-se afirmar que:
a) na época, os Estados Unidos apossaram-se de várias áreas do território mexicano sem o pagamento de indenizações e, da mesma forma, apropriaram-se de colônias da França, da Inglaterra e da Rússia, orientados por seu "Destino Manifesto".
b) as ações expansionistas dos Estados Unidos pretendiam empurrar suas fronteiras até o Oceano Pacífico e excluir a região sul do país porque nela predominava uma economia agrário-exportadora que impedia o avanço da industrialização.
c) o expansionismo norte-americano sobre as colônias espanholas contou com o apoio da Santa Aliança porque ela pretendia ver instauradas repúblicas, livres e democráticas, nas metrópoles europeias e em suas colônias.
d) por força de seu "Destino Manifesto", a descoberta do ouro nas colinas californianas estreitou as relações entre mexicanos e americanos evitando novos conflitos e disputas nas fronteiras, o que permitiu o acesso dos Estados Unidos ao Oceano Pacífico.
e) a imprensa dos Estados Unidos, na época, acreditava que eles tinham uma predestinação: a missão de civilizar povos inferiores do continente americano por causa de seu "Destino Manifesto", ou seja, o seu domínio representava a vontade de Deus.
A Marcha para o Oeste nos Estados Unidos se caracterizou pela expansão territorial em direção ao Pacífico, na segunda metade do século 19.
Este crescimento foi obtido através de guerras, compras de território e leis que favoreceram a migração interna.
Origem: guerras, compras de território e leis de migração
Mapa da expansão territorial americana para o Oeste.
Com o crescimento demográfico, a população americana precisava de terras para cultivar.
Além disso, após a independência das Treze Colônias, o governo americano via com preocupação a presença de espanhóis e franceses dentro do mesmo território. Assim promoveu uma série de compras de terras como a Lousiana (1803), obtida da França e a Flórida, comprada à Espanha.
Leia mais sobre a Independência dos Estados Unidos.
Também o Texas, obteve sua independência em relação à Espanha em 1836. Posteriormente, seria incorporado após a guerra com o México pelo presidente Polk em 1845, devido à possibilidade dele ser invadido novamente pelo México.
Qualquer ataque aos povoadores americanos por parte dos indígenas ou dos mexicanos era visto como uma agressão. Assim, o Exército federal americano se envolvia em lutas com estes povos com o intuito de garantir a ocupação americana nestas terras.
Aproveitando a fragilidade do novo país, o México, que estava envolvido em lutas internas após a independência, o Estados Unidos lhes declaram guerra. Com a vitória americana foram incorporados os atuais estados de Nevada, Utah, Arizona, Califórnia, Novo México, Colorado e Wyoming.
Expansão e Povoamento
Além do atrativo econômico, os americanos, desde sua fundação sempre acreditaram ser o povo escolhido por Deus para regenerar as instituições da decadente Europa.
Assim, a doutrina do Destino Manifesto, afirmava que era obrigação dos americanos civilizar e ocupar estes novos espaços.
A fim de encorajar as pessoas para povoá-las, o governo promulga o Homested Act (Lei de Povoamento) em 1862. Esta lei previa a doação de um lote de terra para americanos maiores de 21 anos e estes poderiam se tornar proprietários do mesmo se o mantivessem cultivados por cinco anos.
Igualmente, a partir de 1849, a costa oeste seria definitivamente ocupada por americanos. Durante a chamada Corrida do Ouro, o atual estado da Califórnia se transformou no novo “sonho americano” de enriquecimento e prosperidade. Calcula-se que 300.000 pessoas, entre americanos e estrangeiros, chegaram por ali entre 1849-1855, expulsando a população nativa.
Consequências da Marcha para o Oeste
Ernest Grislet, "O velho Oeste: matança de búfalos na linha ferroviária de Kansas-Pacífico. Publicado no Jornal Ilustrado Frank Leslie, 3 de Junho de 1871.
- Crescimento demográfico,
- desenvolvimento econômico baseado em pequenas propriedades e criação de um mercado interno,
- a certeza – por parte dos americanos – que os Anglo-Saxões perteciam uma cultura superior aos hispanos e indígenas, e, portanto, era legítimo declarar-lhes guerra,
- extermínio de populações indígena e confinamento de tribos em reservas,
- matança indiscriminada de manada de búfalos, o principal sustento de várias tribos indígenas, o que também contribuiria para fragilizar estes povos,
- aumento das diferenças entre as colônias do Norte e do Sul que adotaram modelos econômicos distintos e que culminariam na Guerra de Secessão.
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.