A sociedade medieval era hierarquizada; a mobilidade social era praticamente inexistente. Alguns historiadores costumam dividir essa sociedade em três ordens: a do clero; a dos guerreiros e a dos camponeses. Ao clero cabia cuidar da salvação espiritual de todos; aos guerreiros, zelar pela segurança; e aos servos, executar o trabalho nos feudos. No mundo medieval, a posição social dos indivíduos era definida pela posse ou propriedade da terra, principal
expressão de riqueza daquele período. O Senhor feudal tinha a posse legal da terra, o poder político, militar, jurídico e até mesmo religioso, se fosse um padre, bispo ou abade. Os servos não tinham a propriedade da terra e estavam presos a ela por uma série de obrigações devidas ao senhor e à igreja. Embora não pudessem ser vendidos, como se fazia com os escravos no Mundo Antigo, não podiam abandonar a terra sem a permissão do senhor. Havia também os vilões. Eram geralmente
descendentes de pequenos proprietários romanos que, não podendo defender suas propriedades, entregavam-nas a um senhor em troca de proteção. Por essa origem, eles recebiam um tratamento diferenciado, com maiores privilégios e menos deveres que os servos. Havia, finalmente, os ministeriais, funcionários do senhor feudal, encarregados de arrecadar os impostos. O servo era obrigado a trabalhar nas terras do senhor durante três dias por
semana. Além disso, tinha de entregar ao senhor parte do que produzia para o próprio sustento. O trabalho nas terras do senhor era prioritário: ela tinha de ser preparada, semeada e ceifada em primeiro lugar. Apenas depois de cuidar das terras do senhor, o servo poderia se dedicar às suas plantações. O limite de todas essas regras entre o senhor feudal e o servo era muito bem definido. Dentre as obrigações dos servos, estavam:
Os cavaleirosOs cavaleiros eram nobres que se dedicavam à guerra. A lealdade a seu senhor e a coragem representavam as principais virtudes de um cavaleiro. Por muito tempo, para ser cavaleiro, bastava possuir um cavalo e uma espada. Em troca de serviço militar a um senhor, o cavaleiro recebia seu feudo, onde erguia uma fortaleza. Pouco a pouco, porém, as exigências para se tornar um cavaleiro foram se tornando mais rigorosas: além de defender o seu feudo e o de seu senhor, ele deveria professar a fé católica e honrar as mulheres. O jovem nobre iniciava a aprendizagem aos 7 anos, servindo como pajem na casa de um senhor, onde aprendia equitação e o manejo das armas. Aos 14 anos, tornava-se escudeiro de um cavaleiro, passando, pelo menos, a seu serviço, tratando de seu cavalo e de suas armas, ao mesmo tempo que aprendia com ele as artes do combate. Tomava parte em corridas, em lutas livres e praticava esgrima. Para se preparar para torneios e combates, aprendia a correr a quintana:tratava-se de galopar em grande velocidade em direção a um boneco de madeira e cravar-lhe a lança entre os olhos. O boneco era munido de um braço e montado sobre um pino de ferro. Quem não acertava o alvo com a lança, fazia o boneco girar; ao girar, o braço do boneco batia nas costas do cavaleiro. Depois do tempo de aprendizagem, se o jovem fosse considerado preparado e digno, estava pronto para ser armado cavaleiro. (link para os dez mandamentos do cavaleiro PRONTO) Como referenciar: "A sociedade medieval - História Medieval" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2022. Consultado em 25/12/2022 às 04:50. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/medieval/p3.php Na sociedade feudal, a relações entre os integrantes da comunidade correspondia às funções de cada grupo. Sendo assim, havia uma rigidez e uma hierarquia social que denominamos estamentos ou ordens. Resumo:A sociedade feudal dividia-se em três ordens: os clérigos, os cavaleiros e os camponeses. 1. Os clérigos eram os monges e os sacerdotes. Dedicavam-se a rezar para obter a salvação espiritual das pessoas, exercendo grande influência na cultura e na vida de todos. 2. Os cavaleiros eram os nobres, os guerreiros. Sua missão consistia em administrar os feudos e em defender a população em caso de ataque. 3. Os camponeses e demais trabalhadores produziam os alimentos e objetos necessários à sobrevivência da população. Formados por uma minoria, os dois primeiros estamentos gozavam de vários privilégios, como ocupar os cargos mais elevados, não pagar impostos e não trabalhar. Já o restante da população – isto é, a maioria – não desfrutava de quaisquer benefícios. As pessoas, com exceção dos clérigos, eram “enquadradas” em um estamento por nascimento, ou seja, por sua origem, e era quase impossível passar de um grupo social a outro. Os clérigosNesta sociedade, existiam aqueles que deveriam rezar pela salvação da humanidade: eram os integrantes da Igreja. A função religiosa envolvia meditação e pregação cristã, entre outras atividades. Os homens associados a esta função (os clérigos) se encontravam no Primeiro Estado dada a relevância da fé cristã e a crença no Juízo Final. Papel importante no estudo da Sociedade Feudal é o da Igreja que na Antiguidade estava sempre ligada ao Estado Imperial, e a ela subordinada, agora se tornava uma instituição eminentemente autônoma dentro desta sociedade. Seu domínio sobre as crenças e valores era imenso, mas sua organização eclesiástica era diferente do de qualquer nobreza ou monarquia secular. Dois grupos se distinguiam no clero: o clero secular, formado por sacerdotes que dependiam diretamente dos bispos, e o clero regular, ou monacato, composto por monges e monjas, que viviam em mosteiros e abadias dirigidos por um abade ou uma abadessa. Os abades obedeciam ao diretor da ordem monástica, submetido ao papa. No feudalismo a Igreja podia defender seus próprios interesses particulares, se necessário, a partir de um reduto territorial e pela força armada. Bispos e Abades eram eles próprios grandes senhores feudais. Os cavaleiros – nobresNa sequência, encontramos os guerreiros, homens responsáveis pela manutenção da ordem na Terra até o fim dos tempos. Este poder temporal ficava nas mãos dos senhores feudais e devia ser exercido considerando, sempre que possível, os princípios cristãos. A função da guerra era de defesa contra os inimigos da fé e contra as ameaças de novas invasões. Os nobres estavam ligados ao rei por um pacto de fidelidade: o monarca concedia-lhes o feudo em troca de serviço militar e aconselhamento no governo. O rei era o suserano (ou senhor) do nobre, que, por sua vez, se tornava seu vassalo. Neste grupo guerreiro, o Segundo Estado, a terra era passada de pai para filho dentro do princípio de primogenitura, pois, se o domínio de um senhor fosse dividido entre seus filhos, nenhum teria poder igual ao dele. Isso fazia com que uma parcela significativa desta nobreza, não herdeira, fosse direcionada para a Igreja, ocupando os elevados cargos eclesiásticos. Isso franquiava à nobreza o governo das terras da instituição religiosa, outra fonte de poder na Idade Média. Assim, pensar a sociedade feudal é perceber as conexões com o exercício do poder. O mando se encontrava nas mãos da Igreja e dos senhores feudais, mas tratar do poder da Igreja é compreender quem conduzia a instituição e, nesse sentido, percebemos que os altos cargos eclesiásticos eram da nobreza, ou seja, o princípio nobiliárquico regia a sociedade feudal, princípio vinculado ao nascimento, à ancestralidade. Dessa forma, se um homem fosse considerado nobre, era devido ao fato de seu pai ser nobre. E à nobreza cabia a condução da vida terrena ou espiritual. Isso não significa dizer que aqueles não nascidos no seio da nobreza fossem impedidos de participar da vida religiosa e se integrar ao corpo eclesiástico. A Igreja estava aberta a todos e a isso correspondia o ideal de universalidade cristã. Contudo, os não nobres eram encaminhados para o Baixo Clero, ocupando os cargos menores da instituição religiosa. Quem mandava dentro da Igreja era a nobreza – e quem mandava fora da Igreja também era a nobreza. Esse era o princípio nobiliárquico de poder pelo qual era pautada a sociedade feudal. Os camponeses – servosAbaixo do clero e da nobreza estavam os que deveriam sustentar a sociedade com seu trabalho. Sua função era garantir as necessidades materiais da comunidade, por meio do desenvolvimento das atividades produtivas. Faziam parte do Terceiro Estado os agricultores, artesãos e qualquer outro grupo que favorecesse a vida produtiva e o consumo. Esses trabalhadores pagavam tributos à nobreza e ao clero, permitindo, de acordo com o pensamento da época, a harmonia coletiva. Devemos assinalar que a sociedade feudal era fundamentalmente rural. Como a maior parte da população se encontrava no campo e as conexões entre os vários domínios muitas vezes era precária, o trabalhador rural era a figura mais representativa do universo produtivo. O vínculo entre boa parte da população camponesa e o senhor feudal era de servidão. O servo estava preso à terra e deveria compensar o senhor pela proteção dada, pela possibilidade de viver naquele domínio e pelo zelo político e religioso. Assim, podemos afirmar a existência de compromissos mútuos que definiam a relação servil. Obrigações dos servosOs servos tinham várias obrigações, entre elas:
Os títulos e hierarquias de poderOs nobres tinham autonomia sobre suas terras, mas estavam presos a uma teia de relações e compromissos que definiam hierarquias de poder. Os que possuíam maiores domínios podiam ter mais vassalos e, em termos continentais, exercer maior influência, ou seja, poder. É daí que se pode entender as distinções nobiliárquicas medievais por meio de títulos. O título de rei é, por exemplo, conferido ao nobre que possui muitos vassalos e uma porção de terra maior. Conde, duque e marquês, entre outros títulos, estavam associados a porções de terra menores se comparadas às do rei. Cada senhor mandava em sua terra, sob um poder descentralizado, mas estava sujeito a influências e determinações externas, dependendo da vassalagem que um nobre firmou com outros. Devemos considerar, então, que a relação de suserania e vassalagem correspondeu à montagem de uma teia, pois um suserano também podia ser vassalo, se tivesse recebido terras de outros nobres. Esta era a complexidade da política feudal. Acrescentem-se ainda a ordem militar e a sanção religiosa, pois os pactos entre guerreiros eram sacramentados pela Igreja, era um acordo feito aos olhos de Deus, já que a religiosidade identificava as relações políticas como um ato de fé. Referências Bibliográficas:
Por: Patrícia Barboza da Silva e Claudia Machado da Silva Veja também:
Assuntos relacionados:Qual eram as três ordens da sociedade feudal explique as funções de cada uma delas?A sociedade feudal era composta por uma organização social bem delimitada: o clero exercia as funções religiosas, os nobres exerciam as funções militares e os servos produziam os meios de subsistência e pagavam os tributos.
Quais eram as três ordens de sociedade feudal?Nesta aula, revise os conteúdos sobre o feudalismo e as três principais ordens que formaram a sociedade europeia durante a Idade Média: o clero, a nobreza e os camponeses.
Qual a função de cada uma das classes da sociedade feudal?Nesta sociedade cada estamento tinha uma série de obrigações a cumprir. Todas essas regras eram muito bem definidas entre os senhores (quem doava a terra), os vassalos (quem recebia a terra) e os servos (quem trabalhava na terra). Ao senhor feudal cabia assegurar proteção militar aos vassalos.
Quais as funções da nobreza e do clero?A nobreza e o clero governavam os feudos e recebiam impostos dos servos. Nesse sistema, a mobilidade social era quase inexistente, ou seja, o nascido pertenceria ao mesmo grupo até sua morte. Em resumo, a posição social era definida pelo nascimento: nasceu servo, viverá como servo durante toda sua vida.
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