Há diversas situações em que podemos ter a necessidade de prestar primeiros socorros a alguém.
Acidentes automobilísticos
Em casos de acidentes envolvendo veículos, que variam de acidentes de trânsito com vítima a queda de motos, são três os passos importantes para ajudar:
Garantir a segurança do lugar: é muito comum parar para prestar socorro à vítima e sofrer um outro acidente ou prejudicar o ferido. Portanto, deve-se sinalizar o local. E, se você estiver dirigindo, parar seu veículo distante do acidentado.
Colher todas as informações do local: quantidade de vítimas e se estão conscientes; o tipo de acidente; se há alguém preso nas ferragens; se as vítimas estiverem acordadas: perguntar o nome delas, o que ocorreu e se sentem dor; tentar tranquilizá-las; pedir que não se movimentem. “Caso haja lesão na coluna, se a pessoa se mexer ou se houver movimentação inadequada, pode haver sequelas para o resto da vida”, alerta o dr. Steinman.
Pedir socorro: telefonar para o atendimento médico, no 192, e passar todos os detalhes colhidos ao atendente. A partir das informações transmitidas, será definido se o serviço a ser enviado é de suporte básico ou avançado (quando envolve o uso da Unidade de Tratamento Intensivo). O Corpo de Bombeiros deverá ser avisado caso houver necessidade de retirar vítimas das ferragens.
Existem situações nas quais não se deve, em hipótese alguma, movimentar a vítima. São elas:
- inconsciência;
- traumatismo craniano;
- pacientes com dor no pescoço, ou que não conseguem movimentar braços ou pernas;
- grandes acidentes.
Se a vítima estiver consciente, não alcoolizada e não sentir dores é possível ajudá-la a sair do veículo e colocá-la em lugar seguro. Mas só se houver a certeza dessas informações.
Não se deve tentar entrar no automóvel ao desconfiar que existe algum risco de combustão e explosão. Para acidentes de moto ou atropelamentos é preciso pedir que a vítima fique com a barriga para cima, se possível. Se a pessoa estiver de bruços, não é recomendável tentar virá-la. Esses cuidados têm o objetivo de evitar danos na coluna cervical.
Mesmo que você seja treinado e saiba técnicas de primeiros socorros, nem sempre é seguro tentar auxiliar a vítima porque muitas vezes o uso dos materiais como colar de imobilização para realizar os procedimentos é imprescindível.
De acordo com o cirurgião, seguir os três passos acima significa que grande parte do socorro já foi realizada.
Nas situações em que for perigoso e você parar para ajudar, verifique da melhor forma possível o que aconteceu, mesmo que de longe. Telefone para o 192 para explicar onde ocorreu o acidente e em que condições está o veículo acidentado. É importante se identificar.
Afogamento
Segundo a pediatra Adriana Vada Souza Ferreira, do Pronto Atendimento do HIAE, mais importante do que saber lidar com um caso desses é aprender a prevenir.
Na praia
Como evitar acidentes:
- adultos devem supervisionar constantemente as crianças
- não usar as divertidas boias infláveis, que podem furar
- adultos não devem ingerir drogas ou álcool antes de entrar no mar
Como agir:
- as condições precisam ser completamente seguras para que o socorrista entre na água. A correnteza atrapalha. É mais indicado chamar alguém treinado para fazer o resgate
- ao retirar a vítima do mar, é necessário deitá-la no chão de barriga para cima, proteger o pescoço e a coluna cervical e deixá-la imobilizada
- se houver algum objeto na boca da vítima que possa causar engasgo é preciso retirá-lo
- se não estiver respirando, é preciso fazer respiração boca-a-boca (esta técnica exige treinamento prévio)
- é importante aquecer a vítima para evitar hipotermia
- chamar por socorro
Na piscina
Como evitar acidentes:
- crianças devem ser supervisionadas em tempo integral e adultos ou adolescentes devem ser treinados para prestar socorro
- nunca deixar brinquedos na beira da piscina
- em casa: a piscina deve ser totalmente cercada e ter o portão trancado
Como agir:
- a ação na piscina é um pouco mais fácil pois não há correnteza
- após retirar a vítima da água, seguir as mesmas orientações de afogamento no mar
- iniciar o socorro e chamar a ambulância
No banho
Como evitar acidentes:
- afogamentos também podem acontecer com os bebês durante o banho em banheiras. O ideal é supervisionar a atividade em tempo integral
Para constatar a gravidade de uma situação, dois pontos devem ser avaliados:
- se a vítima está consciente ou não
- se consegue respirar espontaneamente
Quando a pessoa estiver inconsciente e não respirar isso é o suficiente para saber que sua circulação também está prejudicada. De acordo com o dr. Luciano Monte Alegre Forlenza, cardiologista da Unidade de Primeiro Atendimento do HIAE, é fundamental chamar a ajuda de um serviço de resgate imediatamente. E, se quem estiver prestando os primeiros socorros souber como, deve iniciar as manobras básicas de ressuscitação cardiopulmonar, até que chegue o resgate.
Nas situações de emergência descritas acima, o paciente tem alta probabilidade de desenvolver dano agudo grave em um de seus órgãos ou funções vitais, podendo ficar com sequelas ou perder a vida. Isso pode acontecer em pouco tempo. Sendo assim, o socorro imediato (em cerca de minutos) é imprescindível e o tratamento especializado é fundamental.
Na urgência médica, o dano agudo grave ainda não ocorreu. Quando detectada a urgência, o paciente pode ser atendido em poucas horas. Mesmo assim, a situação pode trazer danos permanentes se não for tratada adequadamente.
Infarto agudo do miocárdio (IAM)
É caracterizado pela morte das células de uma parte do músculo do coração - chamado de miocárdio – causado pela interrupção do fluxo de sangue por uma das artérias coronárias. Isso normalmente causa dor no peito. As pessoas podem acreditar que é apenas uma dor banal e não procuram ajuda médica. Mas o IAM necessita de tratamento especializado e de emergência para se tentar salvar as células que ainda não morreram e preservar a função do miocárdio.
Sintomas:
- Dor ou desconforto no peito, que pode chegar às costas, mandíbula, braço esquerdo e, às vezes, braço direito. Costuma ser intensa e prolongada e vem acompanhada de uma sensação de peso ou aperto no tórax.
- Falta de ar, principalmente nos idosos.
- Excesso de suor, palidez e alteração nos batimentos cardíacos.
No caso dos diabéticos e idosos, o infarto pode não apresentar sintomas específicos. É necessário ficar atento ao mal-estar repentino.
Como agir:
- Caso o paciente não apresente alterações de consciência, de respiração e de circulação, a primeira ação é providenciar uma remoção rápida ao pronto socorro mais próximo.
De acordo com o dr. Forlenza, o objetivo da remoção é disponibilizar o tratamento adequado. “Quanto mais precocemente se consegue a desobstrução da coronária, menos dano se estabelece nas células do músculo do coração dentro das primeiras 12 horas do infarto.”
Dor torácica
Pode ser causada por problemas simples ou preocupantes. Por exemplo, o infarto do miocárdio atinge entre 5% e 15% dos pacientes com dor no peito que procuram serviços de emergência.
As causas mais comuns são doenças pulmonares como pneumonia, dores ósseas e musculares (por exemplo, a ocasionada por falta de aquecimento ao praticar esportes) e doenças do aparelho digestivo como úlcera ou gastrite.
Sintomas:
- Dor, pressão ou desconforto no peito que pode se espalhar para as costas, ombros, braços e pescoço. Mesmo que o incômodo pare, procurar o médico é aconselhável.
- Tontura, falta de ar, suor em excesso, aumento da frequência cardíaca, náuseas e vômitos.
- Mal-estar inesperado mesmo sem dor ou desconforto
“Pessoas com esses sintomas devem procurar um serviço de Pronto Atendimento para avaliar se há causas relacionadas a problemas do coração”, orienta o dr. Forlenza.
Alerta ainda para os fatores de risco: diabetes, hipertensão, elevação de colesterol, tabagismo e histórico familiar de doença coronária precoce (com menos que 60 anos).
Fonte: Hospital Albert Einstein