Os descobrimentos
Introdu��o
No s�culo XV verificaram-se um conjunto de condi��es novas que permitiram � Europa sair da crise em que se encontrava.
O lugar de vanguarda que Portugal ocupou na Expans�o Mar�tima compreende-se quer pela sua situa��o geogr�fica, quer pela sua situa��o mercantil e n�utica que manteve ao longo dos tempos.
No inicio do s�culo XV existiram condi��es que levaram a que Portugal se lan�asse na epopeia dos descobrimentos, nomeadamente o facto de ser um Estado independente, que desejava defender de modo seguro a costa algarvia, contra as incurs�es abusivas de mercadores italianos, e sobretudo da pirataria mourisca, e o facto de se encontrar em paz com Castela.
Portugal sentia a crise econ�mica europeia que se vivia na altura, pois muitos pa�ses da Europa ou estavam em guerra, ou tinha acabado de sair devastados de grandes conflitos.
Todas as classes sociais consideravam a expans�o para o exterior como a �nica possibilidade de sair da crise; a burguesia porque iria poder expandir o com�rcio; a nobreza e o clero viam nas conquistas africanas um meio para obter terras e assim superar a crise com que se deparavam na agricultura, e o espirito de expans�o da f� crist�.
Outro factor impulsionador , foi o facto de Portugal ter j� uma grande experi�ncia na Constru��o Naval, e gente habituada �s artes de marear.
Todos estes factores anteriormente descritos, e o gosto pela aventura, levaram a que as Portugueses se lan�assem em novas descobertas ...
� As armas e os bar�es assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda al�m da Taprobana;
Em perigos, e guerras esfor�ados
Mais do que permitia a for�a humana,
Entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram�
Lu�s de Cam�es, Lus�adas
1 In�cio da expans�o
1.1 A origem das descobertas
A palavra descobrimentos deriva da palavra descobrir, do latim �discooperire� e foi utilizada para definir as desloca��es, viagens ,explora��es de diversos povos. O com�rcio, a guerra e a curiosidade foram os motivos principais da expans�o.
Os mais antigos testemunhos da vontade deste dom�nio, datam de 2500 a.C., quando os eg�pcios descendo o mar vermelho e atingiram a costa da Som�lia.
Muitos povos tamb�m come�aram a descobrir novas terras, mas o termo �descobrimentos� aplica-se ao conjunto de viagens feitas pelos Portugueses na �poca moderna. Auxiliados pelos instrumentos de navega��o, tais como o astrol�bio, o quadrante a b�ssola, e como possu�am conhecimentos dos ventos, mar�s e das correntes, lan�aram-se na descoberta de novas terras. Para isso, tamb�m contribu�ram os cart�grafos Portugueses e estrangeiros que se foram radicando em Portugal.
Os descobrimentos foram motivados por v�rios tipos de factores: a procura de novos produtos para comercializar, um forte desejo de querer conhecer o mundo, e vontade de propagar a f� crist�.
A expans�o originou-se no reinado de D. Jo�o I com a conquista da cidade de Ceuta em 1415. Os Portugueses queriam conquistar esta cidade porque era o centro de com�rcio do Atl�ntico. Era por aqui que passavam as principais rotas do com�rcio mu�ulmano. Depois da conquista da Cidade os mu�ulmanos desviaram as rotas, pelo que a cidade perdeu a sua import�ncia estrat�gica. Assim, os Portugueses decidiram expandir-se para sul na costa africana.
No que diz respeito a Ceuta, as opini�es dividiam-se : a burguesia manifestava-se a favor da manuten��o da cidade, a nobreza tinha a causa por ruinosa e mostrava claramente a sua inten��o de preferir a conquista de territ�rios no interior africano onde fizesse valer o seu talento guerreiro e pudesse adquirir propriedades que ambicionava al�m de altos cargos de chefia.
1.2 Os reis da �poca dos descobrimentosD. Jo�o I
Filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Louren�o, dama galega, nasceu em 1357, em Lisboa, onde faleceu em 1433. D�cimo rei de Portugal (1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo conhecido pelo cognome "de Boa Mem�ria".
Em 1387, D. Jo�o I casa com D. Filipa de Lencastre, na sequ�ncia do Tratado de Windsor, celebrado com a Inglaterra. Desta uni�o nascer� a: D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D. Henrique, D. Isabel e Infante D. Fernando, o Infante Santo.
D. Jo�o I, que subiu ao trono com o grande apoio que teve das massas populares e da burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, come�ou uma pol�tica centralizadora do poder, reduzindo a influ�ncia do clero e da nobreza, apropriando-se dos bens dos que eram apoiantes de Castela, espa�ando a reuni�o das Cortes, e procurando reaver algumas das terras doadas.
� no reinado de D. Jo�o I que t�m in�cio as conquistas no Norte de �frica e que come�a a �poca dos Descobrimentos, pela ac��o do Infante D. Henrique. Assim, em 1415 d�-se a expedi��o a Ceuta, que � conquistada em 21 de Agosto. Ap�s a sua conquista s�o armados cavaleiros, na mesquita daquela pra�a- forte, os pr�ncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na v�spera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.
Ap�s o regresso de Ceuta, o infante D. Henrique vai dar in�cio � epopeia dos Descobrimentos. No reinado de D. Jo�o I s�o descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos A�ores (1427), al�m de se fazerem expedi��es �s Can�rias. Tem in�cio, igualmente, a coloniza��o dos A�ores e da Madeira.
D. Jo�o I era um rei culto, dada a sua forma��o na Ordem de Avis, e, por isso, mandou redigir a Cr�nica Breve do Arquivo Nacional, mandou traduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e escreveu o Livro da Montaria.
Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho D. Duarte, que lhe sucederia. D. Jo�o I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha.
D. Jo�o II
Filho de D. Afonso V e de D. Isabel, nasceu em Lisboa em 1455 e faleceu, no
Alvor, em 1495. D�cimo terceiro rei de Portugal (1481-1495), � conhecido pelo cognome de "Pr�ncipe Perfeito". Casou com sua prima, D. Leonor.
Ainda em vida do pai, D. Afonso V, participou, em 1471, na conquista de Arzila, onde foi armado cavaleiro. Foi D. Jo�o quem governou de facto no que se refere �s descobertas, de que j� se ocupava desde 1474, dom�nio em que lutou contra a inger�ncia castelhana, defendendo a exclusividade da navega��o na costa africana - pol�tica do mare clausum -, tendo
celebrado com Castela, em 1480, o Tratado de Toledo, em que dividia o Atl�ntico pelo paralelo das Can�rias. Em 1481, com a morte de D. Afonso V, � aclamado rei de Portugal.
Quanto � expans�o ultramarina, D. Jo�o j� se encarregava das descobertas no tempo de seu pai, desde 1474. No seu reinado vai ficar explorada toda a costa ocidental africana, empreendimento em que sobressaem Diogo C�o e Bartolomeu Dias, que vai dobrar o Cabo das Tormentas, depois chamado da Boa Esperan�a. Ao mesmo tempo,
D. Jo�o trata do povoamento de algumas ilhas no Golfo da
Guin� (S. Tom�, Ano Bom, Fern�o do P�) e manda edificar o Castelo de S. Jorge da Mina, para apoiar o tr�fico da Guin�.
O monarca come�ou a preparar a grande viagem at� � �ndia, tentando obter o m�ximo de informa��es sobre essas paragens. Para isso, mandou v�rios emiss�rios por terra, entre os quais sobressaem P�ro da Covilh� e Afonso de Paiva, que v�o por terra pelo Cairo, Ad�m, Ormuz, Sofala e Abiss�nia, a terra do lend�rio Preste Jo�o, donde enviam relat�rios sobre essas paragens, ficando D. Jo�o II com a certeza de poder atingir a �ndia por mar. Entretanto d�-se a morte do herdeiro da coroa, D. Afonso, o que abate o rei, e Crist�v�o Colombo faz a descoberta da Am�rica, pensando ter atingido a �ndia. D. Jo�o II vai reivindicar a posse dessas terras, nos termos do Tratado de 1480. Seguem-se negocia��es, com interven��o do Papa, que acabam com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494, em que se determina que a linha de meridiano 370 l�guas a oeste da Ilha de Santiago, Cabo Verde, dividia a Terra nas duas zonas de influ�ncia de Portugal e Espanha. Como esta linha faz com que o Brasil fique na zona portuguesa, tal facto tem levado a supor que D. Jo�o II j� sabia da exist�ncia das terras do Brasil. Este Tratado oficializa a doutrina do mare clausum e vai permitir o avan�o para a �ndia sem a concorr�ncia da Espanha, objectivo que D. Jo�o II j� n�o p�de alcan�ar.
O reinado de D. Jo�o II, quanto a pol�tica externa, caracteriza-se pela preocupa��o em criar boas rela��es com v�rios reinos, como Castela, Fran�a, Inglaterra e Roma, para que a pol�tica ultramarina n�o fosse posta em causa. � de destacar ainda a embaixada enviada a Roma em 1485.
Os �ltimos anos de D. Jo�o II s�o afectados pelo problema da sucess�o ao trono. O �nico filho leg�timo era o infante D. Afonso, que veio a falecer, num acidente, em 1491. O rei tinha um filho bastardo, D. Jorge, que D. Jo�o II tentou que fosse o herdeiro, mas a rainha D. Leonor opunha-se, indicando o nome de D. Manuel, duque de Beja, seu irm�o. Entretanto, o rei adoece e finalmente acede, em testamento, a nomear D. Manuel como herdeiro, vindo a falecer pouco depois, em 1495. Jaz no Mosteiro da Batalha.
D. Manuel I
Filho do infante D. Fernando, irm�o de D. Afonso V, e de D. Brites, nasceu em Alcochete em 1469 e faleceu em Lisboa em 1521. D�cimo quarto rei de Portugal (1495-1521), � conhecido pelo cognome de "o Venturoso".
No que respeita � pol�tica ultramarina, quando sobe ao trono, em 1495, tinha-se dobrado j� o Cabo da Boa Esperan�a e preparava-se a viagem mar�tima que levaria os portugueses at� � �ndia. D. Manuel deu continuidade a esses preparativos e em 5 de Julho de 1497 partia de Lisboa uma armada chefiada por Vasco da Gama, que atingiu Calecut em 20 de Maio de 1498. Estava consumada a descoberta do caminho mar�timo para a �ndia. Em 1500 manda D. Manuel uma outra armada � �ndia, comandada por Pedro �lvares Cabral, que, desviando a rota mais para sudoeste, acaba por atingir as costas da Terra de Vera Cruz. Estava descoberto o Brasil, que se encontrava ainda nos nossos limites do Tratado de Tordesilhas, o que leva a supor que D. Jo�o II j� tinha conhecimento destas terras aquando da assinatura do Tratado.
D. Manuel decide enviar todos os anos uma armada � �ndia, n�o s� para consolidar o dom�nio portugu�s no Oriente como para ajudar na luta contra os inimigos dos portugueses naquelas paragens. Para poder impor a nossa presen�a, D. Francisco de Almeida foi para a �ndia como vice-rei, tentando manter o monop�lio da navega��o e do com�rcio portugu�s na �rea, com certos apoios em terra, sendo Cochim o respectivo centro. Sucede-lhe Afonso de Albuquerque, que conquistou Goa, transformada ent�o em capital do Estado da �ndia, e manda proceder � explora��o de outras terras daquelas paragens, chegando a Timor.
No reinado de D. Manuel fizeram-se tamb�m viagens para ocidente, tendo-se atingido a Gronel�ndia e Labrador. No Norte de �frica prosseguiram algumas conquistas, como Safim e Azamor.
Nas rela��es com os outros pa�ses, o rei tentou usar da maior habilidade e diplomacia, procurando manter-se neutral e n�o se envolvendo nas lutas do seu tempo. Ficou c�lebre, pelo seu fausto, uma comitiva que enviou ao papa Le�o X em 1513.
A n�vel cultural, D. Manuel procedeu � reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos de estudo e bolsas de estudo. � nesta �poca que surge o estilo manuelino, com motivos inspirados no mar e nas grandes viagens, em monumentos como o Mosteiro dos Jer�nimos e a Torre de Bel�m.
D. Manuel vem a falecer em 1521, estando sepultado no Mosteiro dos Jer�nimos.
1.1 A Caravela e a NauA Caravela
Nome de um tipo de embarca��o cujas caracter�sticas variaram ao longo dos tempos e que foi amplamente utilizada, em Portugal, entre os s�culos XIII e XVII.
Inicialmente de pequeno porte, destinava-se � pesca, sendo utilizada em todo o litoral portugu�s. Passou depois a ser utilizada para o transporte mar�timo, tanto no Atl�ntico, ao longo da Europa, como no Mediterr�neo. A partir do s�culo XV, as caravelas foram destinadas �s viagens de descobrimento feitas ao longo da costa africana e no Atl�ntico.
As caracter�sticas da caravela (pequeno porte, vela triangular e pano latino, entre outras) garantiam-lhes uma velocidade elevada e uma boa navega��o contra o vento. As caravelas foram sendo adaptadas de forma a melhorar o seu desempenho, tendo em conta as caracter�sticas dos mares que iam sendo navegados. Uma dessas altera��es foi o acrescento de um mastro que armava pano redondo, pelo que essa veio a ser designada por caravela redonda.
A caravela foi, durante muito tempo, considerada o melhor navio da �poca. Nela foi praticada pela primeira vez a navega��o astron�mica e foram estudados os regimes de ventos do Atl�ntico Norte e Sul e a geografia da costa africana. Como barco de guerra, foi o primeiro a receber artilharia pesada, no reinado de D. Jo�o.
A Nau
Barco de grande porte e longo curso, de vela de um, dois, ou tr�s mastros, envergando pano redondo no mastro grande e no da proa e, �s vezes, latino no da r�, quando tinha os tr�s mastros. A nau substituiu a caravela nas viagens de explora��o e reconhecimento do Atl�ntico, ap�s a dobragem do cabo da Boa Esperan�a por Bartolomeu Dias, em 1488.
Correspondia �s caracter�sticas requeridas pelas viagens ao �ndico: percursos longos e inseguros, exigindo barcos de maior porte pela sua capacidade de carga, permitindo maiores lucros e uma resist�ncia mais eficaz �s intemp�ries.
As primeiras naus portuguesas identificadas datam de 1295, crendo-se que a sua denomina��o remonta ao reinado de D. Dinis. Foi D. Fernando quem pela primeira vez utilizou esta embarca��o, destinada ao transporte de mercadorias, na marinha de guerra e, aquando da conquista de Ceuta (1415), estava j� equipada com pe�as de artilharia. As naus foram utilizadas, e n�o s� pelos portugueses, em muitas viagens de descobrimento, sofreram sucessivos aperfei�oamentos, crescendo em dimens�o e existiram at� ao s�culo XIX, sendo a �ltima classificada a Vasco da Gama (1841-1873).
As naus foram um dos elementos essenciais no processo de expans�o .
2 A Import�ncia do Infante D.Henrique nos descobrimentos
O portugu�s mais importante que influenciou os descobrimentos portugueses foi infante D. Henrique �o Navegador�.
O infante D. Henrique foi nomeado governador da Ordem de Cristo (1457), participou na expedi��o a T�nger (1437) e na conquista de Alc�cer Ceguer (1457).
Apelidado tamb�m de �infante de Sagres�, nasceu no Porto, filho de D. Jo�o I e de D. Filipa de Lencastre. Com a confian�a do rei, seu pai, organizou a frota, entretanto concentrada no Porto, para a expedi��o a Ceuta. Ap�s a conquista desta cidade (1415), foi armado cavaleiro por seu pai, tornando-se duque de Viseu e senhor da Covilh�. Em 1416, foi designado para administrador da Ordem de Cristo, na qual fez investidura em 1420, o que lhe permitiu ter � sua disposi��o os meios financeiros para executar os seus planos de expans�o mar�tima.
A necessidade de defender a costa meridional do pa�s desencadeou o processo de explora��o dos mares, levando � descoberta de Porto Santo (1419), Madeira (1420) e do grupo oriental dos A�ores (1427). Preocupado com o rigor nas artes de marear e o relato das experi�ncias, mandou vir os maiores peritos da �poca � mestres de cartografia como Jafuda ou J�come de Maiorca � que ter� acolhido na Escola de Sagres. A sua empresa foi bem sucedida e cada vez mais progressos n�uticos permitiram a realiza��o da sua vontade que se cr� ent�o motivada por raz�es religiosas (esp�rito de cruzada), pol�ticas e econ�micas.
Simultaneamente, dedicou-se a reformas do ensino na Universidade de Lisboa, introduzindo disciplinas como a matem�tica e a astronomia, chegou a participar na expedi��o fracassada a T�nger (1437) , onde perdeu a vida o seu irm�o D. Fernando, e na conquista de Alc�cer Ceguer (1457).
Partid�rio de D. Pedro na crise de sucess�o que culminaria em Alfarrobeira (1449), adoptou uma posi��o passiva, respeitando a autoridade de D. Afonso V.
Mantendo uma estreita liga��o � universidade, os seus interesses fundamentais concentravam-se nas conquistas de al�m-mar, pelo que fixou resid�ncia no Algarve, em Lagos ou em Sagres. Cumulou as fun��es de organizador das expedi��es mar�timas, mandou colonizar as ilhas da Madeira e dos A�ores, e efectivou a manuten��o de rela��es comerciais pol�ticas e mission�rias, com o territ�rio africano rec�m - descoberto. Assegurou ainda o governo e a administra��o da Ordem de Cristo e a defesa dos interesses do reino junto do papa e do rei de
Castela.De personalidade determinada, e guiado pelo esp�rito de cruzada, lan�ou a aventura dos descobrimentos portugueses, que viria a alargar, posteriormente, os horizontes de muitos pa�ses, para al�m de Portugal.3 Personagens que contribu�ram para os descobrimentos
Poder�amos enumerar um grande numero de portugueses e estrangeiros, que se destacaram nos descobrimentos portugueses durante a �poca quinhentista. Vou contudo descrever os que maior relevo tiveram , e mais contribu�ram para a expans�o de Portugal.
Gil Eanes escudeiro do infante D. Henrique comandou a primeira viagem portuguesa para al�m do Cabo Bojador. Segundo o cronista Zurara, depois de 12 anos de tentativas infrut�feras, em 1434 dobrou o cabo numa barca e navegou ao longo da costa ocidental 50 l�guas.
Diogo C�o comandou a frotas Portuguesa de reconhecimento da costa ocidental Africana. Explorou a costa desde o cabo de Santa Catarina at� � Serra Parda. As suas expedi��es ficaram assinaladas pelos quatro padr�es que mandou erigir em locais que considerou significativos.
Bartolomeu Dias foi um grande navegador portugu�s tendo sido o primeiro a dobrar o cabo da Boa Esperan�a.
Vasco da Gama descobriu o caminho mar�timo para a �ndia.
D. Francisco de Almeida, D. Afonso de Albuquerque foram ambos vice-reis da �ndia .
Pedro �lvares Cabral, descobriu o Brasil.
Martim Afonso, Est�cio de S�, S�o Francisco Xavier, Padre Manuel da N�brega, D. Sebasti�o e Mulei Abde Alm�lique, foram tamb�m homens destac�veis desta �poca.
4 O reconhecimento das ilhas da Madeira e dos A�ores
As ilhas da Madeira foram reconhecidas de imediato em 1419 e os A�ores no ano de 1427. Isto �, n�o se sabe ao certo a data exacta da descoberta dos A�ores, mas tudo indica que Santa Maria e S�o Miguel foram as primeiras ilhas a serem reconhecidas, cerca do ano de 1427, pelo Navegador Diogo Silves.
Alguns anos mais tarde, no dia 15 de Agosto de 1432, Gon�alo Velho Cabral desembarcou na ilha a que chamou Santa Maria. Esta ilha foi a primeira a ser colonizada em 1444, instalando-se no lugar de Povoa��o, espalhando-se depois pela costa.
A terceira ilha do arquip�lago a ser descoberta foi chamada ilha de Jesus Cristo mas mais tarde o seu nome foi trocado por Terceira.
O infante D. Henrique concedeu a sua capitania ao flamengo J�come de Burges, que cerca de 1450 iniciou o povoamento.
A cidade de Angra, na Terceira tornou-se um ponto de escala dos navegadores portugueses e, depois, uma base de apoio para os navios que percorriam as rotas das �ndias e das Am�ricas. Na regi�o, os ventos eram geralmente favor�veis, permitindo que as caravelas e gale�es evitassem as zonas das grandes calmarias. Vasco da Gama desembarcou em Angra em 1499, a bra�os com o surto do escorbuto do seu navio. Aqui morreu o seu irm�o Paulo, que foi sepultado no convento dos Franciscanos.
Com o dom�nio Filipino, �s caravelas portuguesas que transportavam as especiarias, juntaram-se os gale�es espanh�is carregados de prata e ouro. Isto gerava uma imensa concentra��o de riqueza, atraindo piratas mu�ulmanos, ingleses e franceses, que n�o s� atacavam as frotas portuguesas e espanholas, como entravam terra adentro e pilhavam as povoa��es costeiras. Estes ataques levaram a que desde muito cedo os A�ores erguessem as suas defesas, especialmente nas principais cidades como Angra e Ponta Delgada. Para al�m das fortifica��es, o governo central passou a patrulhar estas �guas grande parte do ano, com diversos navios cuja tripula��o totalizava v�rias centenas de homens.
N�o se consegue saber com exactid�o a data do descobrimento da Graciosa, esta ilha foi provavelmente descoberta por marinheiros da vizinha Terceira cerca do ano de 1450.Tamb�m � desconhecida a data do seu povoamento. Sabemos que foi iniciado por Vasco Gil Sodr�, natural de Montemor- o- Velho, que com a fam�lia e criados, aportou no Carapacho, onde construiu a sua casa.
A data de descoberta de S�o Jorge � igualmente uma inc�gnita, mas sabe-se que esta ilha j� era conhecida em 1439 e em 1443 j� estava habitada. O seu povoamento foi realizado com a chegada do nobre flamengo Wilhelm van der Haegen, que se instalou no Topo e mais tarde adoptou o nome de Guilherme da Silveira.
N�o se sabe a data exacta da descoberta do Pico, o seu povoamento foi iniciando cerca de 1460 com gentes do norte de Portugal, no lugar das Lajes.
O Faial foi descoberto na primeira metade do s�culo XV, o seu povoamento iniciou-se ainda antes de 1460 com os colonos vindos do norte do pa�s, que se instalaram na costa norte, no lugar onde, hoje � a freguesia dos Cedros.
As duas ilhas mais ocidentais do arquip�lago, as Flores e o Corvo, foram as �ltimas ilhas do arquip�lago a serem descobertas, cerca do ano de 1452, por Diogo de Teive e seu filho Jo�o de Teive. O povoamento das Flores � atribu�do a Wilhelm van der Haegen, que se instalou no Vale da Ribeira da Cruz, mudando-se mais tarde para S�o Jorge.
5 O tratado de Tordesilhas
Crist�v�o Colombo era um genov�s que, muito novo, se estabeleceu em Portugal. Aqui obteve muitos conhecimentos de navega��o, e apresentou-se perante o rei de Portugal D. Jo�o II , a quem ofereceu os seus pr�stimos, para que lhe fosse entregue uma armada para atingir a �ndia por mar, rumando do sentido do Ocidente.
Como o Rei n�o lhe deu uma resposta favor�vel, apresentou a mesma proposta aos reis cat�licos de Espanha , Fernando e Isabel . Estes aceitaram a proposta do navegador, e em vez da �ndia, Crist�v�o Colombo descobriu a Am�rica.
Em 1494 o rei D.Jo�o II de Portugal, e os
reis cat�licos de Espanha, firmam o Tratado de Tordesilhas que estabelecia a divis�o do mundo em dois hemisf�rios, a partir do meridiano que passava a 370 l�guas a ocidente das Ilhas
de Cabo Verde. As terras e os mares descobertos ou a descobrir para oriente dessa linha ficavam a pertencer a Portugal, os que estivessem para ocidente passavam a pertencer a Espanha.
1 O caminho para a �ndiaD. Jo�o II morre e cabe ao rei D. Manuel, �o venturoso� a fortuna de mandar a expedi��o que, sob o comando da Vasco da Gama concluiu a descoberta do caminho que leva pelos mares � �ndia. Aproveitando todos os conhecimentos n�uticos de viagens anteriores, com um regimento bem pormenorizado, a frota composta de tr�s naus (barcos de grande bojo, castelos de popa e proa e com equipamento militar) e um navio de mantimentos, segue a rota do cabo da Boa Esperan�a.
Ap�s longos meses a fio de viagem, debelando correntes e tormentas, superando ataques dos inimigos na costa Oriental da �frica e criminosas ast�cias engendradas por venezianos e turcos, a expedi��o de Vasco da Gama chegou finalmente a Calecut, na encosta ocidental do Indost�o. N�o foi um grande sucesso em termos de objectivos comerciais e de rela��o com as entidades que surpreendiam a economia oriental. Mas importante, de facto, foi o �xito da viagem.
Estava cumprido o grande sonho do rei D. Jo�o II e da burguesia portuguesa.
2 Descoberta do BrasilA descoberta do Brasil
A armada que zarpa de Lisboa, ap�s o regresso de Vasco da Gama vai sob o comando do almirante Pedro Alvares Cabral com a inten��o de fazer valer pelas raz�es da for�a as pretens�es de Portugal ao tr�fego do Oriente. Aconteceu por�m, que a expedi��o fez um desvio para Ocidente e chegou ao territ�rio da Am�rica do Sul abrangido pelas cl�usulas de Tordesilhas a favor de Portugal. Ali deixou �lvares Cabral um padr�o de posse, remeteu para Lisboa a not�cia do acontecimento e seguiu viagem pela rota do cabo. Assim foi a descoberta oficialmente a terra de Vera Cruz ( a que depois se chama Brasil ), sem qualquer espavento, e do modo mais natural.
� evidente que o achamento da nova terra foi intencional e n�o seria adversidade dos ventos que conseguiria empurrar para Oeste toda a frota de pilotos experimentados como portugueses de ent�o. O que se conclui � que na verdade, tinha um grande valor e obedecia a uma grande estrat�gia a pol�tica de sigilo ( apesar de tudo, ineg�vel ) do rei D. Jo�o II no sentido de avan�ar com seguran�a pelos mares fora sem provocar as cobi�as de pot�ncias estrangeiras.
3 Estado Mercantil
A descoberta da rota do cabo teve repercuss�es determinantes na economia mundial e consequentemente, na sociedade, na pol�tica, na cultura e na mentalidade da �poca.
Desenvolveu-se um intenso tr�fico de especiarias e metais preciosos que aflu�ram � Europa em quantidades enormes, o que provocou a infla��o e uma verdadeira revolu��o nos pre�os. O Capitalismo comercial estabeleceu-se assim como regime econ�mico dominante.
A burguesia assume uma posi��o destacada do prestigio pelo seu poder financeiro, enquanto a nobreza rural se ressente cada vez mais da carestia de vida.
O Atl�ntico constitui-se o eixo de economia mundial, enquanto o Mediterr�neo passa a lugar secund�rio: o comercio internacional roda em volta de Antu�rpia que toma a dianteira sobre as rep�blicas italianas.
Neste processo de transforma��o decisiva que se opera na Europa e no Mundo, Portugal assume um papel fundamental.
4 A coloniza��o atl�ntica
As ilhas atl�nticas como por exemplo Cabo Verde e as de
S. Tom� e Pr�ncipe, tiveram uma coloniza��o morosa e pouco densa, o que se compreende por causa do clima n�o ser t�o acolhedor e das riquezas n�o serem t�o abundantes. 5 �frica5.1 Cabos passados para chegar a �frica
Cabo Bojador
Cabo da costa ocidental de
�frica que foi dobrado pela primeira vez pelo navegador portugu�s Gil Eanes, em 1434. Fica situado a 26o 6' 57'' de latitude Norte e 14o 28' 21'' de longitude Oeste. O cabo marcou durante s�culos o limite do explorado, no que respeita ao conhecimento da costa africana pelos europeus.
Cabo, tamb�m chamado da Boa Esperan�a, que constitui a ponta sul de �frica e que marca o encontro dos oceanos Atl�ntico e �ndico. Foi assim denominado pelo portugu�s Bartolomeu Dias, o primeiro navegador a dobr�-lo, em 1488. O nome alude �s dificuldades que a passagem do promont�rio apresentava, dificuldades essas que Lu�s de Cam�es figurou alegoricamente na personagem de Adamastor.
5.2 As feitorias africanasEram muito conhecidas no s�culo XV, as riquezas que abundavam no interior de �frica, desde o mediterr�neo at� ao deserto do Sara, ou seja Sud�o. Existiam grandes centros de com�rcio onde os mercadores �rabes faziam chegar o ouro, as especiarias ( sobretudo a malagueta) e os escravos.
Era uma preocupa��o essencial para os Portugueses conseguir o contacto com os mercadores africanos e participar no com�rcio que se fazia a partir do Sud�o, pelas rotas caravaneiras nas mais diversas direc��es. Foi exactamente para isso que montaram as feitorias na costa ocidental da �frica, ou seja, entrepostos comerciais cuja seguran�a era garantida por uma fortaleza circundante.
Entre as feitorias portuguesas, foi a Mina a mais not�vel e proveitosa para o reino. Efectivamente, a sua posi��o estrat�gica no golfo da Guin� e o talento comercial dos administradores e
negociantes ali mandados pela Coroa para atrair tr�fego do interior e fazer transac��es, permitiam desviar em favor de Portugal as rotas que, at� ent�o subiam para os litorais do Mediterr�neo. A feitoria da Mina cuja fun��o se deve � perspic�cia do rei D. Jo�o II, desempenhou um papel de m�ximo relevo no com�rcio n�o s� para Portugal, como tamb�m para a burguesia europeia da regi�o setentrional do Continente que viu chegada a oportunidade de se libertar do exclusivismo das rep�blicas mercantis
italianas.
As mercadorias que chegavam a Lisboa ,eram vendidas com lucro bastante, especialmente a estrangeiros que faziam bom neg�cio com a redistribui��o de esp�cies, marfins, metais preciosos e escravos.
6 O imp�rio do OrienteQuando as expedi��es de Portugal aportaram � �ndia, esta era n�o s� um sub � continente asi�tico povoado por gente hindu aut�ctone, mas tamb�m por uma vasta gama de habitantes provenientes das mais diversas regi�es pertencentes a v�rias ra�as: mong�is, tibetanos, �rabes, turcos e europeus ( venezianos, genoveses e muitos outros ). Assim acontecia n�o s� porque o expansionismo mu�ulmano se tinha apoderado de grandes territ�rios no Indost�o ( os sultanatos ), mas tamb�m porque o com�rcio das especiarias a� atraiu imensos mercadores estrangeiros.
Os Portugueses chegam ao Oriente e vencidas algumas dificuldades provocadas por quem ( como venezianos e turcos ) os tomava por intrusos perigosos, fixaram feitorias para traficar com os nativos e, depois ocuparem cidades.
A riqueza principal das �ndias eram as especiarias, com o privil�gio para a pimenta. T�o importante foi, no s�culo XVI, o com�rcio desta preciosa mercadoria que ele dominou os interesses do tr�fego internacional, originando o que habitualmente se denomina por ciclo da pimenta.
A partir de D. Jo�o II, a Coroa chamou a si a superintend�ncia econ�mica e financeira da expans�o mar�tima: o aparelho de Estado controlava superiormente o com�rcio ultramarino. Isto n�o significa que se tivesse posto fim � iniciativa privada em todas as explora��es econ�micas ( a do a��car ). De facto, esse esquema de centraliza��o funcionou com rigor apenas no comercio do Oriente. Descoberto que foi o caminho para a �ndia e posta a funcionar a m�quina comercial que captava as especiarias, todo esse trafego passou a constituir um Monop�lio R�gio.
Era o rei, por conseguinte, o grande mercador. Os neg�cios, estavam entregues, por disposi��o do soberano, aos feitores da Casa da �ndia, alf�ndega central em Lisboa onde se executavam as opera��es comerciais , cargas e descargas , e todo o despacho. A capital do reino era na primeira metade do s�culo XVI uma cidade de renome universal para onde convergiam as aten��es e os dinheiros de ricos mercadores que nela encontravam as possibilidades de neg�cio que Veneza n�o permitia devido aos altos pre�os que praticava.
Seguiam as naus para o Norte da Europa, demandando ao porto de Antu�rpia, que era, ent�o uma grande metr�pole europeia onde se encontravam as feitorias dos mercadores das mais diversas nacionalidades, e entre elas, com a melhor cota��o, a feitoria de Portugal.
A oposi��o hostil, que no Oriente, os diversos reinos ali estabelecidos e os Turcos moviam contra Portugal, convenceu a Coroa a criar condi��es militares que permitissem a seguran�a do com�rcio das especiarias atrav�s de uma ocupa��o efectiva. Para levar � pr�tica esse projecto foram nomeados vice � reis, ou seja governadores com poderes soberanos para firmar na �ndia a autoridade de Portugal. Assim se constituiu o imp�rio portugu�s do Oriente. Os seus governadores mais importantes foram: D. Francisco de Almeida e D. Afonso de Albuquerque.
6.1 Afonso de AlbuquerqueAfonso de Albuquerque viveu entre 1462-1515. � a figura portuguesa que maior impulso deu � expans�o lusitana no Oriente. Nasceu em Alhandra, provavelmente em 1462, no seio de uma fam�lia aristocr�tica, tendo sido educado na corte de D. Afonso V.
Afonso de Albuquerque serviu no norte de �frica, em Arzila e Larache, e na guarda de D. Jo�o II, antes de ser enviado para a �ndia por D. Manuel, no ano de 1503, com seu primo Francisco de Albuquerque. O objectivo da coroa com esta viagem era claro , prosseguir a guerra contra o samorim de Calecut, mas, sobretudo, fortalecer rela��es com o reino de Cochim e estabelecer rela��es comerciais com o reino de Ceil�o. Alcan�ados estes prop�sitos, Afonso de Albuquerque regressou a Portugal em 1504, altura em que prop�s a D. Manuel um plano imperial de enorme envergadura, nomeadamente a conquista de posi��es estrat�gicas no oceano �ndico, na costa indiana e no estreito de Malaca, de modo a vedar o transporte das especiarias, aos mu�ulmanos, no mar Vermelho. D. Manuel e os membros do seu conselho ter�o acolhido com agrado a ideia, dado que Afonso de Albuquerque regressou em 1506 ao oriente, com o cargo de capit�o-mor do mar da Ar�bia, devendo em 1508 substituir D. Francisco de Almeida no cargo de vice-rei da �ndia. Conquistou ent�o os portos de Om�, a cidade de Ormuz e, em 1508, assumiu o governo da �ndia, iniciando o plano de dom�nio do �ndico, para alcan�ar para a coroa portuguesa o monop�lio do com�rcio das especiarias. Em 1510 apoderou-se de Goa, em 1511 de Malaca, onde fundou fortaleza, para finalmente navegar pelo mar Vermelho. D. Afonso de Albuquerque soube consolidar a soberania portuguesa no oriente, atrav�s de uma intensa actividade administrativa, pol�tica e diplom�tica, recebendo embaixadas de reis indianos, fomentando o casamento de portugueses com mulheres ind�genas e procurando estabelecer a paz com os reinos conquistados.
Em Portugal iniciou-se, por�m, na corte de D. Manuel, uma campanha de difama��o contra o vice-rei na �ndia, que levou � sua substitui��o no cargo por Lopo Soares de Albergaria. D. Afonso de Albuquerque veio a morrer na barra de Goa, a 16 de Dezembro de 1515, deixando estabelecido no Oriente um verdadeiro imp�rio portugu�s.
7 As riquezas do BrasilA terra de Vera Cruz era habitada por gente de h�bitos neol�ticos.
No litoral, viviam os Tupis, de costumes mais avan�ados, no interior habitavam os Tapuias mais primitivos. Estes povos praticavam uma economia de subsist�ncia eram, no entanto, bastante perme�veis � civiliza��o dos portugueses
Desde o achamento do Brasil, come�ou a corrente emigrat�ria que l� se fixou, brancos mercadores e muitos degredados. Foi, por�m, depois da introdu��o da cana sacarina e sua explora��o, que acorreram para a Am�rica do Sul minhotos, transmontanos, beir�es e durienses. Depois os madeirenses, finalmente estrangeiros, por exemplo sevilhanos, flamengos, italianos, franceses, ingleses judeus de v�rias partes e negros de origem africana, para servirem como escravos.
A fixa��o dos emigrados para o Brasil por livre iniciativa, por condena��o de justi�a ou por compra nas costas africanas, acarretou problemas de diversas �ndole. Um deles era que, aos estrangeiros, se exigia a pr�tica da religi�o cat�lica. Mas a quest�o mais importante tinha a haver com a pr�pria situa��o dos nativos e os seus contactos com a popula��o colonizadora : � que os jesu�tas, entretanto chegados a Vera Cruz tentavam afastar os aut�ctones da coniv�ncia com os brancos. Para isso tinham as suas raz�es, atendendo aos costumes dissolutos de muita gente que l� foi parar. Apesar disso, a mesti�agem operou-se e o cruzamento da ra�a branca com a ind�gena deu o mamaluco e com a ra�a negra deu o mulato.
O regime de explora��o das riquezas brasileiras atravessou v�rias fases:
de in�cio, o arrendamento a particulares; depois, a divis�o administrativa em capitanias entregues pela coroa a membros da pequena nobreza;
Por �ltimo, o governador geral fixou a sede na Ba�a. Assim o entendeu o rei D. Jo�o III ,atendendo aos v�rios problemas, tais como a grande extens�o dos territ�rios, os ataques de cors�rios ...etc.
No s�culo XVI, a produ��o a�ucareira deu grandes rendimentos. A sua exporta��o abasteceu e inundou os mercados da Europa .
A especiaria era fabricada no engenho dos colonos ,senhores e grandes propriet�rios. A produ��o do a��car recebeu um impulso determinante no reinado de D. Jo�o III.
8 Animais ex�ticosNa �poca dos descobrimentos, para al�m das novas terras tamb�m, obviamente encontraram outro tipo de animais e de pessoas.
Encontraram a avestruz, que foi objecto da maior curiosidade, bem como as cobras
de exagerado tamanho e os sonolentos crocodilos.
Le�es e camelos causaram admira��o: pertenciam � nova fauna at� ent�o ignorada da grande maioria dos europeus.
Os animais tamb�m viajaram. Desde os animais dom�sticos que sa�ram do reino rumo aos arquip�lagos, algumas vezes, precedendo os pr�prios colonos e, chegando no caso dos coelhos lan�ados em Porto Santo a dificultar a vida da popula��o, porque se multiplicavam-se rapidamente e em grande quantidade. � empancharam a terra de guisa que n�o podiam semear nenhuma cousa que lha eles n�o estragassem�.
Outros, eram objectos de troca no litoral de �frica: quer os cavalos levados pelos Portugueses, quer os papagaios, peles de on�a e peles de foca vendidos pelos africanos; alguns serviam para enriquecer a dieta alimentar dos navegadores como tartarugas, lobos marinhos e peixes com asas como refere Pyrard de Laval.
Com a chegada ao Brasil tamb�m os abor�genes se admiraram de alguns animais que t�nhamos levado, �mostraram-lhes um carneiro n�o fizeram dele men��o, mostraram-lhes uma galinha quase que tiveram medo dela e n�o lhe queriam p�r a m�o e depois tomaram-na como que espantados�.
A maior admira��o viria exactamente de Roma, onde um elefante fez uma rever�ncia tr�s vezes, tomou �gua na tromba aspergindo o Papa e o corpo cardinal�cio, repetindo depois a atitude face aos in�meros populares que presenciavam os acontecimentos.
9 Contactos de civiliza��esPor toda a parte , e at� onde se estendeu a expans�o ,os portugueses, encontraram em �frica, Am�rica do Sul, �ndia , na China e noutras paragens civiliza��es de povos com culturas diferentes e com desigual desenvolvimento. Os contactos que se estabeleceram, levaram a um di�logo de maior ou menor receptividade m�tua, a uma permuta de valores culturais distintos. Este fen�meno denomina-se por acultura��o.
O que se passou com as trocas de produtos agr�colas de continente para continente ( a mandioca, o milho, a batata, da Am�rica; o caf� e o sorgo, da �frica; O arroz, a banana, o ch� da Saia) verificou-se tamb�m, ao n�vel do encontro de pessoas e sociedades. O trafego comercial desencadeado pela expans�o mar�tima portuguesa foi o ve�culo mais importante de todos os contactos entre civiliza��es diferentes e culturas que se desconheciam.
Muito importante foi o que aconteceu no contacto com o Oriente. Navegadores, comerciantes, viageiros ocidentais, pol�ticos, militares e mission�rios depararam com povos de tradi��es e valores completamente diferentes das nossas, com os quais aprenderam e tamb�m transmitiram conhecimentos, conseguindo uma boa conviv�ncia de ra�as. Assim a cultura dos Portugueses chegou a long�nquas paragens, e ainda hoje existe testemunhos da mesma nessas culturas e vice-versa.
Os padres da Companhia de Jesus tiveram um papel muito importante, atrav�s da missiona��o do Cristianismo no Oriente, pois fundaram institutos de ensino em diversos n�veis, ergueram institui��es hospitalares para assist�ncia, promoveram o estudo de l�nguas, tradu��es e dicion�rios. Deve-se aos Jesu�tas o maior esfor�o na aproxima��o entre o Ocidente e o Oriente no s�culo XVI.
Tamb�m o contacto com a cultura ind�gena sul-americana deve imenso � Congrega��o dos Jesu�tas, pois a sua ac��o desenvolveu-se em v�rios sectores: catequese, ensino ,assist�ncia etc.
10 Monumento aos DescobrimentosA Exposi��o do Mundo Portugu�s, realizada em Lisboa no ano de 1940, comemorava o oitavo centen�rio sobre a data em que D. Afonso Henriques ostentara, pela primeira vez, o t�tulo de rei de Portugal, bem assim como o tricenten�rio da Restaura��o da independ�ncia de 1640.
Este evento materializou-se em Bel�m, na Pra�a do Imp�rio, revelando-se um grande acontecimento pol�tico e art�stico do Estado Novo. O ex-libris da exposi��o foi o Monumento- Padr�o dos Descobrimentos, obra planeada pelo arquitecto Cottinelli Telmo e esculpida por Leopoldo de Almeida. Em 1940, o monumento fora erguido numa estrutura provis�ria, sendo passado � pedra, com estrutura de bet�o, definitivamente em 1960, altura em que se assinalava o V Centen�rio da morte do infante D. Henrique. Esta obra de arquitectura e escultura foi criada com a inten��o de consagrar os Descobrimentos Portugueses, aventura iniciada no s�culo XV.
O monumental Padr�o dos Descobrimentos atinge uma altura de 50 metros, com uma largura de 20 por um comprimento m�ximo de 46 metros. A maior figura esculpida � a do infante D. Henrique, que possui 9 metros de altura, enquanto o restante grupo de 32 ilustres imagens atinge os 7 metros de altura. No seu interior, um elevador conduz a um panor�mico miradouro situado no topo do monumento.
O padr�o encontra-se edificado na margem do Rio Tejo, implantado num pequeno terreiro em cal�ada portuguesa, decorado por uma rosa-dos-ventos e um planisf�rio em m�rmore rosa, onde se assinalam, com o desenho de naus e caravelas, as principais rotas e datas dos Descobrimentos Portugueses. O delineador do projecto foi o arquitecto Cristino da Silva.
Arquitectonicamente, o Padr�o dos Descobrimentos configura-se simbolicamente como uma caravela, com a verticalidade da sua parede simulando as velas, encimada pelas armas portuguesas da �poca. A porta de acesso ao monumento � preenchida pela enorme escultura de uma espada, decorada no punho com a cruz da Ordem de Avis - simbolizando a for�a das armas e da f� crist�.
Na proa da caravela de pedra destaca-se a figura tutelar do infante D. Henrique, olhando o horizonte e segurando entre as m�os a caravela portuguesa. As rampas laterais s�o preenchidas, anacronicamente, por uma corrente de 32 figuras marcantes da hist�ria portuguesa dos s�culos XV e XVI (16 em cada um dos lados), personagens ligadas, directa ou indirectamente, � empresa dos Descobrimentos. Assim, governantes, marinheiros, cart�grafos, poetas, artistas e cronistas, guerreiros ou evangelizadores, foram esculpidos com rigor e robustez. Entre os demais, destacam-se as representa��es do infante D. Pedro, de D. Afonso V, Vasco da Gama, Pedro �lvares Cabral, Fern�o de Magalh�es, Diogo C�o, Pedro Nunes, Lu�s de Cam�es, Nuno Gon�alves, Fern�o Mendes Pinto, Jo�o de Barros e Afonso de Albuquerque.
Os s�culos XV - XVI foram tempos de aproxima��o decisiva de na��es e culturas: nasceu, ent�o, a consci�ncia planet�ria que chamou os homens � fraternidade universal. Nesse processo, Portugal cumpriu miss�o de pioneiro.
Esta �poca caracteriza-se por uma profunda renova��o da Civiliza��o Europeia. Sucedem-se transforma��es econ�micas decisivas, a Burguesia triunfa em prestigio e riqueza, as Monarquias solidificam-se com o poder real refor�ado, a Cultura retoma um conhecimento profundo do Saber Cl�ssico, a mentalidade humanista do Individualismo manifesta-se em novas maneiras de pensar e de sentir, na vida social, nas Letras, nas Artes, nas Ci�ncias, na Pol�tica e na Religi�o.
Em toda esta mudan�a participa Portugal, com um papel de grande relevo, cuja empresa expansionista, para al�m das consequ�ncias econ�micas e sociais, teve uma repercuss�o extraordin�ria e determinante no renascimento da cultura do Ocidente.
BibliografiaREIS, ANT�NIO DO CARMO; Nova Hist�ria de Portugual; Not�cias Editorial; Lisboa, 1990; 2� Edi��o.
Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento; Conselho da Europa; Imprensa Nacional da Casa da Moeda; Lisboa, 1983.
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MENDES, ISABEL MARIA RIBEIRO; A Prop�sito dos Descobrimentos � Animais Exoticos e outras novidades; in Hist�ria, n�127; 1990.
NAPIER, WILLIAM; Lands of spice & Treasure; International Learning Systems Corporation Limited; London; 1973.
Enciclop�dia Universal Multim�dia; Texto Editora; Cac�m 1999.
Diciop�dia 2001; Porto Editora Multim�dia; Porto 2000.