Uma dúvida comum é sobre a melhor forma de fazer a higiene da região anal.
A higiene anal efetiva é muito importante para evitar desconfortos nesta região, pois resíduos de fezes no ânus podem provocar irritações da pele, desconforto, coceira, dor e mau cheiro.
1. Fatores Que Dificultam a Higiene Anal
O excesso de tecido na margem anal, como os plicomas e hemorroidas externas, pode dificultar a adequada higiene anal. Assim como a incontinência anal (dificuldade de reter gases e fezes) e fezes amolecidas, que favorecem que resquícios de fezes fiquem no canal anal e sujem a margem anal causando irritação local.
A fissura anal e a crise hemorroidária podem prejudicar a limpeza da região do ânus pela dor local, que piora ao contato de água ou papel/lenço umedecido.
Por outro lado, o excesso de higiene deve ser evitado, pois também pode prejudicar a pele do ânus.
2. Uso do Papel Higiênico na Higiene Anal. Sim ou Não?
Pode-se utilizar um papel higiênico macio para retirar o excesso de fezes que pode ter permanecido na margem anal após a evacuação e em seguida proceder a lavagem da região anal.
Fezes normais e ressecadas quase não deixam resíduos. Já fezes amolecidas e líquidas costumam permanecer no canal anal mantendo o ânus sujo e provocando incômodo local. Nesta situação o ideal é fazer a higiene anal com água, que remove os resíduos sem machucar a região anal.
Sempre que utilizar o papel higiênico, principalmente as mulheres, devem passá-lo da frente para trás para evitar contato de fezes com a região genital, pois este contato pode favorecer infecções urinárias e genitais.
Passar o papel higiênico várias vezes ou com muita pressão pode ferir a região do ânus e causar pequenas feridas locais.
3. Sabonete na Higiene Anal
A pele da região anal é muito sensível, por isso, rotineiramente a higiene anal deve ser feita com água.
Na presença de irritações locais, fissura anal e hemorroidas podem ser usados sabonetes específicos para a região anal ou sabonetes neutros, como glicerina ou infantis, ou então sabonetes íntimos femininos. Sempre utilizados com cautela sem exagerar na higiene.
4. Sabonetes Antissépticos
O uso de sabonetes antissépticos deve ser evitado porque este tipo de sabonete, com o uso continuado, altera a população bacteriana local habitual favorecendo, desta forma, infecções da pele da margem anal por fungos, por exemplo.
5. E Se Não Posso Lavar, Como Faço a Higiene Após a Evacuação?
Na impossibilidade de realizar a higiene anal com água, como ocorre em muitos banheiros públicos, a alternativa prática e adequada é a utilização de lenços umedecidos neutros como os utilizados para fazer a limpeza de bebês ou específicos para a higiene íntima.
Você pode molhar na água estes lenços para auxiliar na limpeza. Esses produtos são efetivos na higiene e não agridem a pele da região anal.
Como alternativa, pode-se usar o papel higiênico molhado porque desta forma tende a irritar menos a pele do que seu uso seco. Tomando o cuidado para não deixar a região úmida.
6. Produtos Com Álcool São Adequados Para a Região Anal?
A resposta é não.
Produtos com perfumes e a base de álcool são desaconselhados para uso na região anal. Pois, além de causarem ardência local, podem irritar a pele causando mais desconforto local.
7. Posso Usar Talco na Região Anal?
O talco é utilizado em locais que podem ficar úmidos e produzirem odores.
Pessoas que suam muito na região anal, podem ficar com esta região úmida e favorecer infecções. Nestes casos, podem se beneficiar do uso de um talco sem perfume para manter a pele da região anal seca e prevenir irritações.
Estudo recentes identificaram a relação entre uso excessivo de talco e câncer de ovário, no entanto seu uso durante um período curto de tempo pode ser seguro.
Muito importante: lavar as mãos!
Sempre depois de utilizar o vaso sanitário, seja após urinar ou após evacuar, lembre-se de lavar as mãos com água e sabão.
O simples ato de lavar as mãos é o meio mais efetivo para evitar propagação de infecções.
Em caso de dúvidas ou qualquer alteração relacionada à região anal consulte um coloproctologista.
Não, a ducha higiênica não traz risco se usada na parte externa do ânus, mesmo se for diariamente. Alguns médicos, inclusive, não recomendam o uso de papel higiênico para se limpar depois de fazer cocô. Isso porque a pessoa pode acabar passando a folha várias vezes ou com força na região, o que pode machucar a pele. Havendo resíduos de fezes no local, abre-se espaço para infecção. Usar o chuveirinho seria mais higiênico e seguro nessa situação.
Por outro lado, quem faz uso da ducha higiênica para realizar lavagem retal, seja por conta de uma constipação intestinal, seja para a limpeza do ânus antes da relação sexual, precisa ficar atento. Introduzir a ducha no canal anal para limpar o reto pode, sim, causar diversos problemas, como lesão na mucosa retal, sangramento, infecção, hemorroidas, alterações da flora bacteriana e piora no quadro de prisão de ventre. Além disso, quando a lavagem é realizada diariamente pode deixar o intestino "preguiçoso", pois o organismo se acostuma a evacuar apenas mediante esse processo. Por fim, dependendo da força do jato de água, pode perfurar a mucosa retal ou a intestinal, levando a problemas ainda mais graves.
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Compartilhar o chuveirinho com outras pessoas que fazem a lavagem retal é contraindicado, pois pode transmitir ISTs, como o HPV. Se for utilizar a mesma ducha, higienize-a antes com água, sabão e álcool. Pacientes com constipação intestinal grave devem consultar um gastroenterologista para orientação sobre o melhor tratamento, em vez de fazer da lavagem retal um hábito. Para quem costuma lavar a área para a relação sexual, já existem no mercado produtos de uso pessoal e descartáveis para limpeza anal. Esqueça os laxativos e supositórios, que, além de ineficientes, podem trazer problemas como inflamações locais.
Fontes: Alexandre Sakano, gastrocirurgião da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Carlos Walter Sobrado, professor do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e membro titular da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia); Décio Chinzon, gastroenterologista do Hospital das Clínicas da FMUSP e presidente eleito da FBG; e Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo dos Hospitais 9 de Julho e Sírio-Libanês (SP).
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