Nesta quinta-feira, 22, mais precisamente às 22h04, inicia-se a primavera, que este ano será marcada pelo fenômeno climático La Ninã. A estação é conhecida como equinócio, período conhecido entre verão e inverno.
De acordo com o Climatempo, em quase todo o Brasil, o início da primavera será com intensas chuvas. A indícios que uma frente fria se forme e ajude a reforçar chuva entre São Paulo, Rio De Janeiro e sul de Minas Gerais.
- O que dizem as últimas pesquisas científicas mais importantes? Descubra ao assinar a EXAME, por menos de R$ 0,37/dia.
O que é o fenômeno La Niña?
Oposto ao El Niño, o fenômeno La Niña se caracteriza principalmente pelo registro de temperaturas abaixo da média na superfície que fica próxima à Linha do Equador. Esse acontecimento afeta o clima em quase toda a região da América do Sul.
No Brasil, entre os efeitos mais comuns está o aumento da precipitação e da vazão dos rios no Norte, além de reduzir as chuvas na Região Sul.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o fenômeno atual foi intensificado pelo fortalecimento dos ventos alísios entre meados de julho e meados de agosto de 2022. A alteração desses padrões de temperatura agravou secas e inundações em diferentes partes do mundo.
Como será o clima durante a primavera no Brasil?
Regiões Sul e Sudeste
Segundo o Climatempo, as chuvas devem reduzir e há uma tendência de estiagem o centro-sul do País, durante toda a primavera.
Regiões Norte e Nordeste
No Norte, a tendência é que tenha mais chuva nesse período, com risco maior para invernada no início do verão.
Região central
Na área central do Brasil, o La Niña provoca um risco maior para irregularidade do retorno das chuvas no início da primavera.
Até quando irá durar o La Niña?
Sair de casa nas últimas semanas exige uma escolha minuciosa: roupa leve ou cachecol, guarda-chuva e galocha? Pessoas de todo o Brasil têm sido surpreendidas por pancadas de chuva, dias frios interrompidos por sol e a ocorrência de tempestades com granizo. Olhar a previsão do tempo, no entanto, pode não ajudar muito durante a primavera.
Especialistas dizem que a estação, assim como o outono, é um período de transição entre a estiagem do inverno e as chuvas de verão, e que essa característica aumenta a chance de erros na previsão meteorológica.
Isso acontece por causa da alta variação de temperaturas pelo Brasil, combinada com a ação de sistemas meteorológicos que surgem no início da primavera e só vão se consolidar no fim da estação.
Os corredores de umidade, por exemplo, iniciam nessa época do ano e são responsáveis por levar as chuvas para o interior do país.
A maior parte da precipitação que chega às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul está associada à umidade e à formação de nuvens na floresta amazônica. A circulação de ventos, que se organiza a partir das temperaturas mais altas, carrega as chuvas para outras regiões do Brasil.
No fim da primavera, a umidade da Amazônia, junto com ventos surgidos nas proximidades da linha do Equador, deve formar a Zona de Convergência do Atlântico Sul, principal responsável pela ocorrência de chuvas no Centro-Sul do país.
Outro sistema são as áreas de baixa pressão atmosférica formadas perto do Paraguai, chamadas de cavados meteorológicos em seu estágio inicial, que favorecem a ocorrência de chuvas no interior de estados do Sul e em Mato Grosso do Sul.
É justamente um cavado que desanima quem pretende ir à praia no Rio de Janeiro ou aproveitar espaços abertos em Minas Gerais e São Paulo esta semana. Posicionado sobre os três estados na manhã de terça-feira (4), o sistema provoca chuvas e a queda de temperatura, afirma Andrea Gama, meteorologista do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) em Brasília.
"O tempo vai ficar assim no Rio de Janeiro: nesta quarta [5] com temperaturas abaixo de 25ºC, quinta [6] e sexta [7] com temperaturas próximas a 30ºC, No sábado [8] cai, no domingo [9] volta a aquecer", diz a Andrea.
Mas não é só isso. "No decorrer desses dias tem mais chuva hoje e amanhã, para na quinta, volta na sexta um pouquinho, para no sábado e volta no domingo. A primavera tem essa característica", completa.
Um erro frequente na meteorologia nessa época do ano é saber onde vão ocorrer os eventos influenciados pelos sistemas da primavera. Quanto maior a variação de temperaturas pelo país, mais difícil é saber onde vão ocorrer chuvas ou esfriar e esquentar, diz a meteorologista Carine Gama, da Climatempo.
"Você ainda não tem uma temperatura homogênea pelo Brasil, o gradiente é muito grande. Calor e umidade geram pancadas de chuva, mas ainda não temos calor e precisamos da umidade da região Norte", afirma.
Segundo Marlene Leal, do Inmet no Rio de Janeiro, a interação entre de temperaturas mais altas com umidade e as frentes frias tende a ocasionar a chuva que pega de surpresa quem sai do trabalho.
"Essa combinação favorece a formação de nuvens de maior desenvolvimento vertical, causando aquelas pancadas nos fins de tarde, acompanhadas de trovoadas e rajadas de vento", diz a meteorologista. Marlene explica que a combinação com frentes frias deixa o tempo mais instável, dificultando a previsão.
As frentes frias potencializam as tempestades. O granizo, por exemplo, ocorre quando o gelo formado no topo das nuvens, a partir dos cinco quilômetros de altura, precipita muito rápido com a chegada das nuvens em regiões com temperaturas já quentes, não havendo tempo para que o gelo derreta antes de chegar ao solo.
Em publicação na rede social, o Inmet registrou a ocorrência de granizo na terça em Teresópolis e Petrópolis, no interior do Rio de Janeiro.
Mudanças climáticas e fenômenos como o La Niña, que está em seu terceiro ano, mudam a posição de ventos e tendem a alterar a ocorrência e o volume de chuva no Centro-Sul e no Norte do Brasil. Essa mudança está entre as causas de tempestades na Bahia em dezembro de 2021 e temperaturas altas no Rio Grande do Sul no começo deste ano.