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Conhecida especialmente como erva-de-são-joão, a Hypericum perforatum é uma planta de flores amarelas e vivas que destaca-se pelas suas propriedades medicinais.
Tudo sobre a erva-de-são-joão (Foto: Reprodução/Instagram @jl.almeida26)
Amplamente utilizada na medicina alternativa para tratamento de depressão leve e ansiedade, ela contém hipericina e hiperforina, substâncias que atuam no sistema nervoso central para acalmar a mente e ajudar em um funcionamento adequado do cérebro.
Outro uso comum da erva-de-são-joão é no tratamento de queimaduras leves e hematomas, por meio de compressas úmidas com a planta.
(Foto: Reprodução/Instagram @wiesehinrich)
Segundo o paisagista catarinense Luiz Cardoso, essa é uma erva superfácil de cultivar em casa, inclusive por jardineiros mais inexperientes. “É uma planta ótima para ter em jardins e, no caso de vasos, um bom lugar para mantê-la é em sacadas ou quintais, já que pede ampla exposição solar”, explica.
Como efeito dessa preferência por ambientes ensolarados, é necessário regar a erva-de-são-joão com frequência, mantendo o substrato sempre úmido.
(Foto: Reprodução/Instagram @wiesehinrich)
O paisagista conta que essa é uma planta que pode chegar a até 1,5 metro de altura. Ele recomenda que uma poda seja realizada logo antes do inverno, para que na próxima estação a espécie possa brotar novamente.
(Foto: Reprodução/Instagram @hortasesaberes)
“Outra dica legal é o uso de fertilizantes minerais próximos à primavera, o que ajuda a erva-de-são-joão a ter uma floração mais robusta”, finaliza Luiz.
Uso da planta precisa ser feito com acompanhamento médico, pois ela possui efeitos colaterais
A erva-de-são-joão ou hipérico tem o nome científico Hypericum perforatum e pertence à família Guttiferae. Durante séculos a planta tem tido empregada como laxante, diuréticos, antitérmico, cicatrizante, nevralgias, insônias, dores de cabeça, gastrite, hemorroidas, tétano, doenças mentais e até mesmo para alguns tipos de câncer. Contudo, seu principal e mais efetivo benefício é no combate a depressão.
A erva-de-são-joão conta com óleo essencial, taninos, resinas, pectina, flavonoides, prociandina, catequinas, fitoesteróis, vitamina C, carotenos, aminoácidos e saponinas. Sendo que a principal substância responsável pelos benefícios é a hipericina e seus fitocomplexos. Ela possui ação calmante e por isso os pesquisadores acreditam que é capaz de combater a depressão. A erva-de-são-joão também conta com hiperforina, substância que muitos pesquisadores acreditam ser a principal responsável pelos efeitos negativos da planta, como alguns distúrbios mentais constatados em estudos. Por isso, já são elaborados extratos da erva-de-são-joão com apenas traços da hiperforina.
Ajuda a combater a depressão: A erva-são-joão é muito utilizada no tratamento da depressão leve e moderada. Na Alemanha, ela é o antidepressivo mais utilizado, representando mais 25% dos antidepressivos prescritos. A maioria dos pesquisadores acredita que as hipericinas presentes na planta sejam responsáveis pela atividade antidepressiva, mas o mecanismo ainda não é totalmente conhecido. Contudo, a planta só deve ser utilizada após orientação médica, pois ela possui uma série de efeitos colaterais e pode causar problemas de saúde.
A orientação é ingerir o extrato de erva-de-são-joão em cápsulas. A parte consumida da planta é a superior.
A recomendação da erva-de-são-joão varia entre 100 e 300 miligramas por dia, sendo que é o seu médico quem irá determinar a quantidade diária a ser ingerida.
O principal cuidado é só ingerir a erva-são-joão após a orientação médica e seguir exatamente a recomendação deste profissional. Isto porque consumir esta planta de forma errada pode causar sérios problemas de saúde.
A erva-de-são-joão tem ação fotossensibilizante, de modo que já foram descritos casos de pacientes que ingeriram a planta e apresentaram dor após um banho de sol. Há relatos de casos em que a ingestão da erva-de-são-joão levou a psicose com alucinações e ilusões em pessoas sem histórico de desordens psiquiátricas pessoais ou na família. Também há trabalhos que descrevem casos de pacientes que desenvolveram estado de mania após a ingestão da erva-de-são-joão. Ainda há o perigo de hipertensão se a erva-de-são-joão for combinada com alguns alimentos como queijo, repolho, picles e vinhos.
Erva-de-são-joão e anti-retrovirais: O Food and Drug Administration, organização dos Estados Unidos que controla alimentos e remédios, emitiu uma advertência sobre as interações provocadas pelo uso da erva-de-são-joão concomitantemente com medicamentos anti-retrovirais. Isto porque a planta pode interferir na ação dos medicamentos contra o HIV.
Saiba mais: Oito sintomas físicos de depressão além da tristeza
Entenda os problemas da erva-de-são-joão - Foto: Getty Images
Erva-de-são-joão e pacientes transplantados: Pesquisadores da Universidade de Zurique, Suíça, descobriram que a planta interfere no efeito imunossupressor da ciclosporina, utilizada na prevenção da rejeição de órgãos transplantados. Pacientes transplantados de coração que utilizavam a ciclosporina e ingeriram a erva-de-são-joão apresentaram rejeição aguda.
Erva-de-são-joão e pílula anticoncepcional: Pesquisas mostram que ocorrem sangramentos e falhas de contraceptivos orais em mulheres que utilizam a erva-de-são-joão. Portanto, quem utiliza pílulas deve evitar a planta.
Estudos ainda apontam que a erva-de-são-joão podem interagir com sinvastatina e com os seguintes fármacos: antidepressivos tricíclicos, amitriptilina, nortriptilina, anticonvulsivantes (carbamazepina, fenitoína, fenobarbital), anticoagulantes, femprocumona e varfarina (Stockley, 2002).
A erva-de-são-joão ainda diminui o efeito anticoagulante do medicamento warfarina e pode aumentar a toxicidade de outros medicamentos como nefazodona ou inibidores seletivos da receptação de serotonina. Quando usado com a paroxetina, a erva-de-são-joão produziu náuseas e perturbação psiquiátrica.
Farmacêutico Sérgio Tinoco Panizza, presidente do Conselho Brasileiro de Fitoterapia
Revista Brasileira de Farmacognosia