A tarefa de educar como responsabilidade da sociedade. Esse princípio é o grande norteador de uma cidade educadora que se define como aquela que entende o potencial do território, explora suas possibilidades e as transforma em capital educativo. As cidades educadoras são regidas por princípios de ações formadoras que objetivam, sobretudo, o desenvolvimento integral de todos os cidadãos em um processo educativo ao longo da vida e a partir da relação com os espaços e indivíduos do município.
No mundo, cerca de 450 cidades assinaram a Carta de Princípios da Associação Internacional de Cidades Educadoras. Listamos aqui 19 elementos que você pode encontrar nos municípios que pactuaram com essa proposta.
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1. Respeito ao meio ambiente de seu próprio território, de territórios vizinhos e de outras cidades do mundo
2. Integração de conhecimentos entre indivíduos, favorecendo que as pessoas aprendam, partilhem, troquem e, consequentemente, enriqueçam suas vidas.
Veja como o programa Escola Integrada ressignificou a relação entre escolas e comunidade em Belo Horizonte, no Brasil. Nele, estudantes, professores, espaços comunitários e universidades estão em permanente aprendizagem e colaboração.
3. Formação, promoção e desenvolvimento de cada indivíduo da comunidade, garantindo que todos possam aprender em todos os momentos e ao longo da vida.
Conheça a Experiência de Torres Vedras, em Portugal, onde idosos já aposentados são convidados a sair de casa e apoiar serviços comunitários. Como uma das ações, os idosos apoiam a saída da escola das crianças.
4. Investimento na formação da cada pessoa para que essa atinja o máximo de seu potencial, sua singularidade, criatividade e responsabilidade com o coletivo.
5. Condições para plena igualdade de forma que todos se sintam respeitados e respeitem o próximo, em constante diálogo.
6. Acesso fácil e irrestrito às tecnologias da informação e comunicação para que todos tenham liberdade em se expressar e compartilhar seus conhecimentos.
7. Congregação entre instituições educativas formais, não formais e informais para colaboração no ensino e aprendizagem de todos os cidadãos.
Em Lomé, no Togo, para conscientizar a população da prevenção ao HIV, escolas, organizações sociais, poder público e empresas realizam a Maratona pela Esperança. Todos os anos, além da marcha, cada um contribui com oficinas, aulas abertas à comunidade, rodas de discussão e doação de preservativos.
8. Cooperação com instituições e projetos de estudo e pesquisa, que visem aprimorar meios de fortalecer a participação cidadã e a qualidade de vida nas cidades.
9. Proteção das crianças e jovens, garantindo seu direito à cidadania, diálogo e coexistência com outras gerações.
Veja mais sobre a Experiência de audiências públicas de meninos e meninas em Barcelona, na Espanha, sobre a importância da escuta e participação em todas as faixas etárias.
10. Compreensão do território como uma grande plataforma de experimentação para que as pessoas possam exercer sua plena cidadania.
11. Condições para o exercício da democracia, em que a coexistência pacífica, a ética e o respeito à pluralidade são determinantes.
12. Planejamento urbano que permite a integração das aspirações pessoais e sociais dos indivíduos, combatendo toda forma de segregação social, cultural ou de gerações.
13. Desenvolvimento de todas as
potencialidades educativas que a cidade contém, garantindo-as no projeto político da cidade.
A experiência com a educação integral no município de Medellín, na Colômbia, acontece pelo Programa Buen Comienzo. A iniciativa tem como objetivo garantir experiências de aprendizagem positivas já no início da vida escolar.
14.
Definição de prioridades de formação em função de um processo de avaliação de carências, objetivos e recursos.
15. Reconhecimento dos recursos e potencial formativo da própria cidade como ferramentas de desenvolvimento
do sistema educativo, laboral e social.
16. Valorização da cultura como um processo de produção que motiva a criatividade, estimula a curiosidade, resgata a memória local e integra diferentes populações.
17. Concepção da educação como um bem social dinâmico, construído coletivamente e que acolhe sem restrições quem quer aprender e ensinar.
O Programa Jovem de Inclusão Socioeducativa na cidade de Rosário, Argentina, tem como proposta oferecer novas oportunidades educativas a jovens de 13 a 18 anos e mantê-los ativos na educação formal.
18. Reconhecimento da escola como instituição educativa, ao mesmo tempo em que valida outros núcleos, espaços e tempos de formação no território.
19. Valorização de uma concepção aberta e diversificadora de saberes, tomando cada indivíduo como um
potencial educador.
As experiências foram coletadas pelo Centro de Referências em Educação Integral, com base nas informações da Associação Internacional de Cidades Educadoras.
Por Ana Luiza Basílio e Julia Dietrich