O que fazer quando a menstruação vem pouco?

A menstruaçãoé um processo natural da vida de uma pessoa com útero, que começa ainda na adolescência e segue até a menopausa. Biologicamente, ela é a descamação do tecido que reveste o interior do útero, o endométrio, e faz parte do ciclo menstrual, segundo explica o ginecologista Marcelo Ponte.

Este ciclo, que acontece mensalmente, ocorre dentro do conjunto de alterações hormonais que preparam o corpo para a gravidez e resulta da interação de algumas glândulas e órgãos femininos: hipotálamo, hipófise, ovários e útero.

Durante o ciclo, o endométrio fica mais espesso, preparando-se para acolher o embrião. Entretanto, quando não há a fecundação do óvulo, este tecido se desprende e é expelido do corpo, caracterizando a menstruação.

Juntamente com o endométrio, o óvulo não fecundado também é eliminado e, assim, recomeça o processo de liberação de novos óvulos para outra tentativa de fecundação. Isso quer dizer que a menstruação é uma etapa da função reprodutiva.

Como o fluxo menstrual é constituído pela descamação das paredes do útero, que possui células sanguíneas e células endometriais, ele adquire um aspecto sanguinolento. Além disso, quando entra em contato com o canal vaginal, o sangue menstrual adquire secreção e microorganismos da flora vaginal.

Saiba mais: TPM: sintomas, quando ocorre e tratamentos

A quantidade do fluxo menstrual varia de pessoa para pessoa e também pode variar ao longo da vida de uma mesma pessoa. É um tipo de alteração normal, que ocorre devido a alguns fatores, como:

  • Intensidade da descamação intrauterina;
  • Intensidade do estímulo hormonal no útero;
  • Uso de pílula anticoncepcional ou métodos contraceptivos;
  • Laqueadura;
  • Miomatose;
  • Outros fatores hormonais e orgânicos.

Em geral, há uma perda de 30ml de sangue durante o período menstrual, com limite de até 80ml. E apesar de ter muitas variáveis, o fluxo menstrual pode ser classificado de acordo com duas intensidades:

Menstruação forte: É importante ficar atento a quantidades excessivas de sangue que, por vezes, podem trazer desconforto, cólicas e alterações inflamatórias locais. Se o sangramento for muito intenso, a pessoa pode ter também um quadro de anemia.

Menstruação fraca: Se o ciclo estiver normal e o fluxo sempre foi baixo, geralmente isso não representa nenhum problema e se trata de uma característica natural. Entretanto, é preciso checar se o baixo fluxo está relacionado a ciclos anovulatórios, como quando a pessoa possui ovários policísticos, faz uso de pílula do dia seguinte, possui inflamações no útero ou se é um efeito colateral de alguma medicação.

Saiba mais: Ciclo menstrual: saiba o que é, como funciona e fases

A ginecologista e obstetra Karina Tafner esclarece a diferença entre os tipos e cores da menstruação. Algumas tonalidades são consideradas normais, porém outras podem ser indicativo de doença. Confira abaixo:

Menstruação escura (preta/marrom/borra de café): Quando a menstruação vem em pequena quantidade, é possível que o sangue fique retido no fundo do saco vaginal, demorando mais para escoar pela vagina. A cor escurecida, em tom de marrom ou preto, deve-se à coagulação que ocorre, geralmente, no início ou final do ciclo.

Menstruação rosa: Este tipo ocorre quando o fluxo vem em pequena quantidade e se mistura ao muco vaginal, que pode ser branco ou amarelado. Pode acontecer também quando há baixos níveis de estrógeno no organismo. Se o sangramento ocorrer fora do período menstrual e permanecer por mais dias, pode ser um sintoma de gravidez.

Menstruação vermelho vivo: Ocorre predominantemente em pessoas que utilizam métodos contraceptivos hormonais. Este sangramento é chamado de "menstruação artificial", pois não é a menstruação consequente do preparo do endométrio para receber o embrião. Ela acontece por uma privação hormonal, que não leva à descamação completa do endométrio e o sangue, por consequência, é vermelho vivo e liquefeito.

Menstruação com pedaços ou coágulos: Este tipo de menstruação ocorre quando o fluxo menstrual é muito intenso, pois o sangue coagula ainda dentro do corpo e logo é expelido - por isso não fica escuro.

Menstruação laranja ou alaranjada: A cor laranja pode vir de uma mistura cinza-vermelho que, geralmente, indica uma infecção. É importante ficar atenta a outros sinais, como mau cheiro, dores e dificuldades em ter relações sexuais.

A menstruação tem um odor característico, que mistura o cheiro da flora vaginal e do sangue que fica por um tempo no canal. Quando há alguma mudança no odor, isso pode significar desequilíbrio de bactérias na vagina, assim, é preciso consultar um ginecologista.

Segundo Marcelo Ponte, alguns fatores podem contribuir para o mau cheiro da menstruação:

  • Demora na troca do absorvente;
  • Grande fluxo menstrual;
  • Estresse;
  • Má alimentação;
  • Infecções vaginais.

Em geral, um ciclo adulto normal dura 28 dias, com variações entre 24 a 35 dias. Já a menstruação dura de 3 a 7 dias, em média. Portanto, qualquer alteração na quantidade e no intervalo entre os períodos, por mais de dois ciclos, deve ser investigada por um ginecologista.

Confira algumas causas que atrasam, adiantam e prolongam a menstruação e veja o que pode provocar uma menstruação irregular.

Menstruação atrasada pode ser um dos sintomas de gravidez e deve ser encarada com atenção quando a pessoa for fértil e sexualmente ativa. Porém, esse não é o único fator que influencia nesse quadro. Existem alguns hábitos e doenças que contribuem para o atraso da menstruação.

Confira as principais causas da menstruação atrasada:

Excesso de exercício físico: a prática de exercícios intensos e com muita frequência pode não somente atrasar, como interromper a menstruação. Um treino pesado favorece o aumento da prolactina, hormônio que prepara o corpo para a amamentação, o que pode provocar falhas na menstruação.

Adolescência: durante o amadurecimento feminino, é normal acontecer atrasos após a primeira menstruação, pois o sistema reprodutor ainda está em desenvolvimento e pode levar cinco anos até se adaptar.

Amamentação: nesse período, a quantidade de hormônios liberada no organismo pode inibir a ovulação e atrasar a menstruação.

Estresse e ansiedade: essas duas condições provocam a liberação do hormônio cortisol no organismo que, em grande quantidade, pode afetar o ciclo menstrual.

Uso prolongado de anticoncepcional: o uso extensivo de pílula e outros métodos hormonais pode provocar o atraso da menstruação quando o método é interrompido. Assim, o corpo precisa de tempo para se adaptar e voltar a produzir os hormônios naturalmente.

Obesidade: a alteração no metabolismo de uma pessoa obesa pode influenciar o funcionamento da hipófise, que é a parte do cérebro que regula a liberação dos óvulos e, por consequência, a menstruação é afetada.

Menopausa precoce: a condição ocorre geralmente a partir dos 35 anos e tem como sintoma mais comum o atraso da menstruação.

Medicamentos para infecções, inflamações, gripes e resfriados: estas medicações podem afetar o organismo de forma a desregular a ovulação e, consequentemente, a menstruação.

Ovários policísticos: um dos sintomas da síndrome dos ovários policísticos é a menstruação desregulada ou até ausência dela.

Alterações na tireoide: o órgão é um dos grandes responsáveis pela produção de hormônios no corpo, portanto, qualquer mudança nele impacta diretamente o corpo.

A menstruação irregular é muito comum na puberdade e durante o início da menopausa. Fora essas duas situações, a menstruação desregulada pode ser resultado de algum problema ou hábito.

É considerada uma menstruação desregulada quando:

  • O tempo entre cada período começa a mudar, seja muito espaçado ou curto;
  • Está perdendo mais ou menos sangue do que o habitual;
  • O número de dias da menstruação varia.

Mesmo uma pessoa que não toma anticoncepcional e possui o ciclo menstrual regular pode ter alguma alteração pequena. Segundo o ginecologista Pedro Monteleone, ciclos entre 25 e 30 dias são regulares.

Os ciclos também não precisam ter sempre a mesma quantidade de dias: se em um mês o ciclo for de 28 dias e o seguinte for de 30, seu ciclo ainda é considerado regular.

Há muitos fatores que podem causar alteração do ciclo menstrual. Alguns estão ligados a hábitos diários, já outros podem estar associados a problemas de saúde. Confira possíveis causas da menstruação desregulada:

  • Perda ou ganho de peso excessivo;
  • Alterações hormonais;
  • Transtornos alimentares, como anorexia ou bulimia;
  • Dormir pouco;
  • Atividade física intensa;
  • Estresse emocional;
  • Distúrbios hormonais, como tireoide hiperativa ou hipertireoidismo;
  • Uso de drogas ilegais;
  • Uso excessivo de tabaco e álcool;
  • Hímen imperfurado;
  • Síndrome dos ovários policísticos; 
  • Cicatrizes graves (aderências) no revestimento do útero, condição conhecida como síndrome de Asherman; 
  • Amamentação; 
  • Uso de dispositivo intrauterino (DIU);
  • Trocar de pílula anticoncepcional;
  • Uso de certos medicamentos (antidepressivos, ansiolíticos e remédios para emagrecer);
  • Pílula do dia seguinte;
  • Espessamento do endométrio;
  • Pólipos no colo do útero ou endométrio;
  • Mioma uterino;
  • Tumores funcionais dos ovários;
  • Neoplasias malignas (do colo, endométrio ou dos ovários);
  • Endometriose;
  • Processos inflamatórios (salpingites, cervicites).

Entretanto, algumas pessoas podem ter sangramentos no início da gestação, o que pode ser confundido com menstruação. O sangramento, neste caso, nada mais é do que um escape do endométrio que ainda não foi ocupado pelo saco gestacional.

Evitar alguns hábitos citados podem ajudar a manter a menstruação regulada. Entretanto, manter a saúde em dia e o equilíbrio hormonal é o melhor jeito de evitar um ciclo menstrual irregular.

Se a causa estiver atrelada a algum problema de saúde, é importante tratá-lo. Se ela ocorrer durante a puberdade ou menopausa, não é necessário nenhum tratamento se os sintomas não forem excessivos ou incômodos.

A depender da causa da irregularidade, é possível consultar o médico e tomar algumas medidas, tais como:

  • Corrigir ou tratar a doença subjacente;
  • Alterar o tipo de anticoncepcional;
  • Controlar o peso corporal; 
  • Controlar os níveis de estresse; 
  • Manter uma alimentação equilibrada;
  • Evitar o uso de pílula do dia seguinte;
  • Evitar uso de medicamentos que alterem a prolactina e o ciclo menstrual;
  • Realizar uma terapia hormonal;
  • Passar por cirurgia.

Por outro lado, uma menstruação adiantada pode ocorrer quando uma das fases do ciclo menstrual é mais curta, e isto ocorre por alterações hormonais comuns. A antecipação da ovulação costuma adiantar a menstruação em 3 a 10 dias. Além disso, outros fatores que antecipam a menstruação são:

  • Estresse;
  • Situações que abalam o emocional;
  • Troca de anticoncepcional.

Às vezes, a menstruação também pode se prolongar para mais de 8 dias. Esse prolongamento pode ser causado por diversas mudanças no ciclo menstrual que devem ser analisadas por um especialista e, muitas vezes, necessitam tratamento.

Por envolver um período maior com sangramento, algumas pessoas podem experimentar fraqueza e tontura. Já em casos mais sérios, pode haver o aparecimento de anemia, por causa da perda excessiva de sangue.

Além dos atrasos e desregulagem do ciclo menstrual, algumas pessoas também podem parar de menstruar. Esta condição é chamada de amenorréia e possui dois tipos.

O primeiro acontece quando a mulher nunca menstruou - e isto pode vir desde o nascimento. Às vezes, a condição não é identificada até a puberdade e pode estar ligada a anormalidades no órgão reprodutivo. Por exemplo, a pessoa pode ter nascido sem o útero ou ele se desenvolveu de forma anormal.

Já a amenorréia secundária acontece quando a pessoa menstruava e parou durante três meses ou mais de forma espontânea. A causa mais comum deste tipo de condição é a gravidez. Entretanto, ela pode ocorrer devido a alguma condição ovariana, como a síndrome do ovário policístico e insuficiência ovariana (menopausa precoce).

O ciclo menstrual normal costuma durar de 25 a 30 dias, mas médicos adotam 28 dias como a média padrão. O ciclo é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea.

Fase folicular: É o início da preparação para a gravidez. Começa no primeiro dia da menstruação e termina até o dia da ovulação. Como pode variar de pessoa para pessoa, a fase pode durar de 12 a 16 dias. É caracterizada pelo aumento do hormônio folículo estimulante (FSH), que faz desenvolver os folículos que contêm os óvulos. Estes folículos produzem estrógeno até um pico em que sua produção é interrompida.

Ovulação: É no momento do pico que os folículos se rompem e liberam o óvulo, que sai em direção às trompas, caracterizando a ovulação. A fase corresponde ao período fértil, quando as chances de engravidar são mais altas. Geralmente, ocorre no 14º dia do ciclo menstrual.

Fase lútea: Após a ovulação, os hormônios femininos começam a reduzir gradativamente sua concentração. O folículo passa a produzir progesterona, mas, se não for fecundado, a quantidade do hormônio cai, junto com o estrógeno. É nessa fase que começa a descamação do endométrio e ocorre a menstruação.

Saber as fases do ciclo e sua duração é importante para adequar certos tipos de métodos anticoncepcionais, como a tabelinha e a pílula, e também para calcular o período fértil - o que pode ajudar a engravidar.

Antes da menstruação, no entanto, é normal vivenciar a Tensão Pré-Menstrual (TPM), que é um conjunto de sensações que ocorrem cerca de 10 dias antes do início do ciclo menstrual e são causadas pelas alterações hormonais do ciclo.

A TPM é caracterizada pela queda brusca dos níveis de estrógeno e progesterona, e pode ocorrer antes e até durante a menstruação. Contudo, nem todas as pessoas sofrem da tensão e nem todas sentem os mesmos sintomas.

A TPM é caracterizada pela queda brusca dos níveis de estrógeno e progesterona, e pode ocorrer antes e até durante a menstruação. Contudo, nem todo mundo sofre da tensão e nem todas sentem os mesmos sintomas.

Os efeitos da TPM podem variar para cada uma e de ciclo para ciclo. Entre os principais sintomas, estão:

  • Ansiedade;
  • Tensão;
  • Irritabilidade;
  • Alterações no humor;
  • Compulsão por comidas doces ou salgadas;
  • Dor de cabeça;
  • Pouca concentração;
  • Sensibilidade e inchaço nas mamas;
  • Baixa autoestima.

É muito importante saber que a menstruação é interrompida por completo durante a gravidez, mas há casos de sangramentos que deixam dúvidas em muitas pessoas. O que pode ocorrer na gestação é um escape do endométrio que não foi ocupado pelo saco gestacional.

A ginecologista e obstetra Fernanda Torras explica que, na gravidez, podem ocorrer sangramentos pontuais, principalmente no primeiro trimestre, que possuem curta duração e pouco fluxo. Veja algumas explicações para os sangramentos durante a gestação.

Por outro lado, a médica esclarece que é possível engravidar durante a menstruação, embora seja algo muito raro. Pessoas com ciclo curto, de 21 dias, por exemplo, podem ovular no sétimo dia do ciclo.

Como os espermatozóides podem viver por dias no corpo, se a relação ocorrer no quinto dia, enquanto ainda há menstruação, o espermatozoide pode estar vivo na hora da ovulação. E aí, a fecundação é possível.

Além disso, muitas pessoas podem apresentar pequeno fluxo de sangramento vaginal no período da ovulação e, quando confundido com menstruação, há uma chance muito grande de engravidar.

Atualmente, há muitas opções de absorventes e coletores menstruais para lidar com o fluxo menstrual de maneira cada vez mais flexível e confortável, de acordo com as demandas de cada pessoa.

As opções variam desde os absorventes externos, com e sem abas, até os absorventes internos, passando por opções voltadas à sustentabilidade, como a calcinha absorvente, o coletor menstrual e a calcinha de pano.

Junto a isso, é fundamental seguir as recomendações de uso de cada método e manter uma boa higiene íntima durante a menstruação. Dessa forma, a menstruação deixará de ser encarada apenas como "aquele período do mês" para se tornar uma fase natural da vida.

Dra. Fernanda Torras, ginecologista, obstetra e mastologista. Membro da Febrasgo e Sociedade Brasileira de Mastologia

Dra. Karina Tafner, ginecologista e obstetra; especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa; especialista em reprodução assistida pela FEBRASGO.

Dr. Marcelo Ponte, ginecologista da Clínica Duo +

Quando a menstruação desce pouco o que pode ser?

A pouca menstruação, conhecida por hipomenorreia, é normal na mulher que toma anticoncepcional e também pode acontecer por um processo de envelhecimento natural da mulher e ser indicativo da pré-menopausa, não indicando nenhum problema ginecológico.

O que fazer quando a menstruação desce pouco?

Da pílula ao orgasmo: como encurtar ou interromper o fluxo....
Sem absorvente. Os absorventes podem bloquear a saída do fluxo de sangue, o que muitas vezes prolonga a duração do sangramento. ... .
Orgasmo. ... .
Atividade física. ... .
Pílula combinada. ... .
Dispositivo intrauterino (DIU) ... .
Injeções hormonais. ... .
Implante contraceptivo..

O que é bom para aumentar o fluxo da menstruação?

Formas de aumentar o fluxo menstrual.
Parar o uso de anticoncepcionais. Uma maneira de aumentar o fluxo menstrual é não fazer uso de anticoncepcionais. ... .
DIU de cobre. ... .
Alimentação. ... .
Anticoncepcionais orais e injetáveis. ... .
Estrogênio oral. ... .
Anti-inflamatórios não esteroides (AINE) ... .
Medicamentos antifibrinolíticos. ... .
Curetagem uterina..

Quando a menstruação só sai no papel?

O sangramento de escape é uma perda de sangue vaginal que ocorre durante o ciclo menstrual, entre uma menstruação e outra. O ciclo menstrual regular tem duração aproximada de 28 dias. O sangramento de escape pode ser também chamado de sangramento intermenstrual ou ainda spotting, tendo todos o mesmo significado.