Ao longo do dia experimentamos um grande número de emoções diferentes, mas muitas vezes somos incapazes de identificar quais estamos sentindo. O psicólogo Robert Plutchik defendeu que as emoções mudam ao longo da evolução do ser humano para se adaptar ao seu contexto e elaborou um recurso em forma de desenho que facilita o reconhecimento e compreensão da complexidade das emoções.
Durante formação de Agile Coaches da #PitangAgileIT, conheci também a Roda das Emoções de Robert Plutchik. Ela é um recurso gráfico em forma de flor com oito pétalas de diferentes cores que mostra e identifica as emoções e as relações que se estabelecem entre elas. Nessa flor podemos identificar emoções antagônicas, intensidade e tipologia das emoções (básica ou composta).
As emoções compostas são encontradas na parte mais externa da flor e fazem parte da primeira díade emocional. A combinação das emoções básicas dá lugar a um total de vinte e quatro emoções compostas, classificadas em três díades diferentes, dando lugar às emoções menos frequentes.
1. Díade primária
A primeira díade é composta pela combinação das emoções básicas localizadas ao lado:
Alegria + Confiança = Amor
Alegria + Antecipação = Otimismo
Confiança + Medo = Submissão
Medo + Surpresa = Intimidação
Surpresa + Tristeza = Decepção
Tristeza + Nojo = Remorso
Nojo + Raiva = Desprezo
Raiva + Antecipação = Agressividade
2. Díade secundária
A segunda díade é formada pela combinação das emoções básicas com um grau de separação:
Alegria + Medo = Culpa
Alegria + Raiva = Orgulho
Confiança + Surpresa = Curiosidade
Confiança + Antecipação = Fatalismo
Medo + Tristeza = Desespero
Surpresa + Nojo = Descrença
Tristeza + Raiva = Inveja
Nojo + Antecipação = Cinismo
3. Díade terciária
A terceira díade é o resultado da mistura das emoções básicas com dois graus de separação:
Alegria + Surpresa = Satisfação
Alegria + Nojo = Apatia
Confiança + Tristeza = Sentimentalismo
Confiança + Raiva = Dominação
Medo + Nojo = Vergonha
Medo + Antecipação = Ansiedade
Surpresa + Raiva = Indignação
Tristeza + Antecipação = Pessimismo
Eu nunca havia parado para pensar na combinação de alguns sentimentos e ler um pouco sobre o assunto aguçou minha curiosidade (Confiança + Surpresa) para aprender cada vez mais e aplicar em vários segmentos da minha vida.
Aprendi que a Roda das Emoções de Plutchik pode me proporcionar várias aplicações no meu dia a dia, principalmente na minha formação em agile coache, são elas:
- Possibilitar a identificação das minhas emoções de forma mais clara e precisa;
- Ajudar na identificação dos gatilhos ou eventos que desencadeiam emoções que não me fazem bem;
- Promover a empatia e compreensão das emoções alheias;
- Gerenciar e conduzir as emoções devido a uma melhor compreensão emocional.
A roda das emoções é um recurso extremamente valioso, que pode ser útil para diferentes propósitos.
Eu encontrei o meu e você, que tal se permitir conhecer um pouco mais suas emoções?
Crédito: iStock
Somos seres emocionais que aprenderam a falar. Sentimentos são parte de quem somos, tão inevitáveis quanto o amanhecer. As emoções foram selecionadas em nossa história evolutiva e tem, cada uma delas, uma função típica e situações paradigmáticas que as evocam.
Conhecer essas emoções é o primeiro passo para aprender a lidar com elas da melhor maneira possível.
Colunistas do UOL
Abaixo, um pequeno guia:
MEDO
Talvez seja a mais primitiva das emoções. Pode nos congelar, nos impelir a fugir e, em casos extremos, nos preparar para nos defendermos. Tipicamente, quando sentimos medo, nosso sangue sai das nossas mãos e estômago e vai para as nossas pernas. Nossa musculatura fica rígida, nosso coração acelera e nossa respiração fica curta (puxamos mais ar do que soltamos).
Sua função é clara: o que chamamos de medo é uma série de respostas fisiológicas que nosso corpo produz para nos ajudar a fugir de uma ameaça. Sentir medo e fugir aumenta as nossas chances de sobreviver em um mundo que já foi mais perigoso do que é hoje – um mundo onde, detrás de qualquer moita poderia haver um predador. Ou seja, sentimos medo frente a alguma ameaça ou algum sinal de que alguma ameaça pode vir.
Quando estamos com medo, nosso pensamento em geral se torna catastrófico, nos preparando para o pior cenário possível. Após sentirmos medo, em situações semelhantes, tendemos a ficar "hiper-vigilantes", procurando por sinais de perigo (e desatentos às outras coisas).
RAIVA
Se sentimos medo quando alguma ameaça se dirigi a nós, tipicamente, sentimos raiva quando algo ameaça uma pessoa ou coisa importante para nós. A mãe que se vê encurralada por um urso na floresta, provavelmente só sente medo. A mesma mãe, quando vê seu bebê sendo atacado, além do medo, sente muita raiva do urso. A raiva nos prepara para o ataque, para proteger o que é importante para nós. Algo que, provavelmente, foi fundamental para a sobrevivência de uma espécie que tem filhotes tão frágeis quanto os bebês dos seres humanos.
Podemos sentir raiva quando temos uma meta importante bloqueada – e raiva também pode ser um efeito colateral comum de frustração.
Quando sentimos raiva tendemos a fechar os punhos e apertar os dentes. Comportamentos agressivos, onde visamos machucar o próximo, se tornam mais prováveis e trazem mais satisfação.
ALEGRIA
Infelizmente, a psicologia ainda pesquisa pouco sobre as emoções que gostamos de sentir. Temos tantas emoções prazerosas, agrupadas sobre esse guarda-chuva de felicidade, quanto temos emoções que não gostamos de sentir.
Amor, felicidade, empolgação, hedonia e tantos outras sensações prazerosas que temos dificuldade em distingui-las. Como com as outras emoções, a alegria estreita a nossa atenção para eventos congruentes com o sentimento. Eventos alegres, por assim dizer, chamam eventos alegres. Ou seja, podemos fazer um ciclo virtuoso quando nos colocamos em situações que trazem prazer.
TRISTEZA
Uma das emoções mais difíceis de entender talvez seja a tristeza. Qual a utilidade dessas lágrimas e dessa falta de energia? Como isso pode ter sido importante em nossa história evolutiva?
Os pesquisadores se dividem entre duas explicações. De um lado, a tristeza pode ser uma maneira de economizar energia, poupar recursos quando o mundo não está favorável. Pelo outro, a tristeza, nossos lábios para baixo e as marcas de lágrimas em nossas bochechas, tem um importante poder comunicativo. Gosto de pensar que, quando na medida, a tristeza é uma cola social, uma maneira de sermos escutados e cuidados.
Imaginem uma criança chorando na sua frente e pare para pensar: qual é a sua postura típica em relação a ela? Em geral, frente a alguém sofrendo, temos o impulso de cuidar, de nos aproximar. Curiosamente, nos sentimos muito mais próximos de alguém que demonstra fragilidade e tristeza do que de alguém "hiper-potente" que demonstra não sofrer.
Quando estamos tristes, nos sentimos cansados e sem energia. Às vezes, ficamos com a sensação de que nada mais vai ser prazeroso e de que as coisas vão ser desanimadoras para sempre. Temos dificuldade de lembrar de momentos felizes e tendemos a ruminar em um passado de arrependimentos.
CONCLUSÃO
As emoções, para o bem e para o mal, são inevitáveis. Conhecê-las é o primeiro passo para a pergunta fundamental: nesse momento, eu devo agir em consonância com a emoção? Ou o meu mundo já é tão diferente daquele dos meus ancestrais que me deixaram essas emoções que eu preciso treinar agir na contramão delas?