M8 - quando a morte socorre a vida bruno peixoto

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Na próxima quinta-feira (3), estreia o filme M8 - Quando a Morte Socorre a Vida no cinema. O longa brasileiro já está concorrendo a uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A história mostra Domingos, interpretado por Bruno Peixoto. Domingos é um jovem estudante de medicina, homossexual e livre de qualquer tipo de preconceito.

Na trama é um dos amigos de Mauricio (Juan Paiva), protagonista do longa, e de Suzana (Giulia Gayoso). Juntos, os estudantes decidem ir em busca de respostas sobre quem é M8 e sua história.

Sobre o filme

M8 conta a história de Maurício, jovem negro que ingressa como aluno cotista da Universidade Federal de Medicina. Ao chegar na instituição, é confrontado com uma dura realidade: o corpo que servirá para estudo na aula de anatomia - quase sempre de indigentes - é também negro.

Impactado com a experiência, Maurício se vê envolvido com M8, como o jovem morto é chamado, e inicia uma saga para desvendar sua identidade, enfrentando as próprias angústias e repensando o próprio lugar na sociedade.  

Além de refletir sobre preconceito e exclusão, o filme toca em questões universais sobre sentimentos e relacionamentos. 

Mariana Nunes e Juan Paiva interpretam m�e e filho em M8 - Quando a morte socorre a vida (foto: Fotos: Vantoen Pereira/divulga��oe)

Na turma do primeiro per�odo de medicina, ele � o �nico aluno negro. Andando pela rua, � violentamente agredido por policiais, que fazem “abordagem de rotina”. Na casa da colega da faculdade, em um bairro nobre, � alvo de coment�rios preconceituosos da m�e da mo�a, desconcertada com sua presen�a. Embora o personagem de Juan Paiva em M8 – Quando a morte socorre a vida protagonize uma hist�ria de fic��o, est�o ali cenas que, infelizmente, s�o reais – e di�rias – para milh�es de jovens negros no Brasil. Nesta quinta-feira (3), o filme estreia nas salas de cinema.

INDIGENTE 

A nova rotina de Maur�cio no curso, frequentado majoritariamente por pessoas de classes privilegiadas, alterna-se entre o acolhimento de colegas mais receptivos, como Domingos (Bruno Peixoto) e Suzana (Giulia Gayoso), e atitudes preconceituosas dos outros. Enquanto tenta se adaptar ao contexto de diferen�as sociais marcantes, o jovem acaba desenvolvendo uma rela��o diferente com M8, por ser o �nico incomodado com o fato de aquele corpo ter nome, vida e hist�ria antes de ser enviado � universidade como indigente.

No caminho de casa para a faculdade, Maur�cio atravessa, diariamente, a manifesta��o de m�es negras que lutam pelo direito de enterrar os filhos desaparecidos, v�timas da viol�ncia. O estudante passa a viver numa esp�cie de transe, em que M8 (interpretado silenciosamente por Raphael Logam) parece tentar lhe revelar algo. Apesar das camadas de surrealismo e fantasia, a narrativa traz quest�es urgentes e muito reais do cotidiano marcado pelo racismo estrutural – no Brasil e no mundo.

“O filme � uma obra de fic��o, baseado na fic��o, mas algumas cenas que filmei, da forma que filmei, dialogam com o que a gente viu, por exemplo, no Carrefour e em outros tantos casos de viol�ncia policial contra os jovens negros”, afirma o diretor Jeferson De. Ele se refere ao crime ocorrido em novembro, em Porto Alegre, quando Jo�o Alberto Silveira Freitas, o Beto, foi espancado at� a morte por seguran�as do supermercado.

“Embora o roteiro tenha ficado pronto h� mais de dois anos, a maneira como filmei retrata de maneira muito parecida, muito similar, a viol�ncia que rolou com o George Floyd, com o Beto e com tantos outros”, argumenta.

Premiado em 2010 com os trof�us de Melhor filme e Melhor dire��o no Festival de Gramado, com o longa Br�der, Jeferson De escreveu o roteiro de M8 em parceria com Carolina Castro.

“O filme come�a com a hist�ria do nosso cad�ver, mas fala sobre as diversas formas com que o racismo estrutural deixa marcas no Brasil”, afirma Jeferson. “� desse encontro (entre Maur�cio e M8) que estabelecemos o di�logo para conversar com o que acontece atualmente, com toda a hist�ria negra neste pa�s, da escravid�o ao cotidiano atual, sobre como o preconceito se estabelece, com o racismo e o machismo”, diz o cineasta. “Infelizmente, � uma hist�ria bastante atual. Adorar�amos que fosse um filme sobre o passado, mas � sobre o presente.”

REDES SOCIAIS 

Jeferson De chama a aten��o para o poder do audiovisual de denunciar o racismo. “Desde o advento das redes sociais e da c�mera de celular, tudo o que estava escondido veio � luz. Foi poss�vel gravar o que ocorreu com o Floyd (nos EUA) e compartilhar. O Beto foi morto no Sul do Brasil e poucas horas depois o Lewis Hamilton, em Londres, postou sobre a morte dele. A rede de comunica��o entre as pessoas para quem as vidas negras realmente importam faz o mundo mudar. Mostramos para n�s mesmos o qu�o cruel pode ser um homic�dio”, argumenta. E refor�a: “Tem melhorado? N�o. Mas agora a gente v� e pode compartilhar o que acontece, inclusive para um presidente e um vice-presidente que dizem que o racismo n�o existe no Brasil.”

Ao comentar a linguagem que adotou, mais pr�xima do g�nero fant�stico e com doses de suspense, o diretor explica que esse recurso � eficaz para abordar temas reais. “O princ�pio de que parti � de que nossos mortos, pessoas que j� se foram e por quem temos um carinho, mesmo sem t�-las conhecido em vida, essas mortes n�o podem ter sido em v�o. Os antepassados t�m muito a nos dizer. Marielle, Zumbi, o menino Miguel, Beto, essas mortes n�o podem ser em v�o”, defende.

Jeferson acredita que suspense e o terror traduzem essa realidade “de maneira muito precisa e potente”. O diretor cita o filme Corra!, de Jordan Peele, como inspira��o, mas chama a aten��o para alguns aspectos documentais de M8, como cenas das ruas da periferia carioca ocupadas pelo Ex�rcito.

Lamentando ser “exce��o no cinema brasileiro”, Jeferson tem carreira respeitada e premiada, mas adverte: “Apesar de muitos avan�os na frente da tela, atr�s da tela ainda sofremos muito racismo. O cinema brasileiro foi estabelecido dentro do racismo estrutural, as pessoas negras n�o t�m acesso para montar, escrever ou dirigir filmes.”

Nos �ltimos anos, pr�mios importantes em Hollywood, como o Oscar, foram entregues a cineastas negros – Jordan Peele (Corra!), Barry Jenkins (Moonlight: Sob a luz do luar) e o veterano e grande refer�ncia Spike Lee, que lan�ou Infiltrado na Klan, em 2019. Nos pr�ximos anos, o cinema norte-americano promete intensificar a miss�o de corrigir a injusti�a hist�rica, dando mais espa�o a afro-americanos. Inclusive, o novo regulamento do Oscar estabelece crit�rios de representatividade racial na disputa pela estatueta de Melhor filme, a partir de 2025.

PORTA

Jeferson De diz que o movimento antirracista em outros pa�ses deve servir de exemplo para o cinema brasileiro. “Nos Estados Unidos, especialmente em fun��o do streaming, existe uma diversidade e espero que isso ocorra por aqui, especialmente na forma de construir o audiovisual. Sem a nossa participa��o, isso n�o vai ocorrer. Outras pessoas que est�o for�ando a porta, como, por exemplo o Gabriel Martins e o Andr� Novais Oliveira, da Filmes de Pl�stico, a� de Minas, a Camila de Moraes, no Rio Grande do Sul, e a Glenda Nic�cio, na Bahia”, lembra. “S�o v�rias pessoas e nada tem sido dado a n�s, � uma conquista de cada um. A nova gera��o est� for�ando a porta para que a diversidade n�o seja s� uma palavra dita por executivos, mas que conte, de fato, com a nossa participa��o”, afirma.

Previsto para ser lan�ado no primeiro semestre, M8 – Quando a morte socorre a vida teve sua estreia adiada por causa da pandemia. Apesar do contexto adverso, o diretor comemora a possibilidade do encontro presencial do p�blico com o longa.

“� um filme muito da ordem do agora. Maur�cio e a m�e s�o pessoas ligadas � medicina, nada mais atual do que juntar a tem�tica negra com a medicina. Al�m disso, mostramos a for�a e a resist�ncia do cinema brasileiro neste momento”, conclui Jeferson De.

M8 – QUANDO A MORTE SOCORRE A VIDA

Dire��o de Jeferson De. Com Juan Paiva, Mariana Nunes, Bruno Peixoto, Giulia Gayoso, Raphael Logam, Ailton Gra�a, Zez� Motta e Jo�o Acaiabe, entre outros.

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