Desafios da segurança do Trabalho na pandemia

Desafios da segurança do Trabalho na pandemia

Como driblar o medo de retornar ao trabalho presencialmente depois de mais de dois anos de atividades realizadas à distância? Este foi um dos temas debatidos na manhã desta quarta-feira (20) durante o Seminário Abril Verde, promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (13ª Região) e pelo Programa Trabalho Seguro, por meio da Escola Judicial da 13ª Região (Ejud 13). O evento, realizado na modalidade telepresencial, contou com 91 participantes.

Para debater acerca dos desafios e aprendizados obtidos por causa da pandemia da Covid-19, o professor de Engenharia de Produção da Universidade de São Paulo, Cláudio Marcelo Brunoro, abordou reflexões sobre as dimensões ligadas ao trabalho, que vão desde a econômica até a social e psíquica, e o significado do trabalho, ou seja, a oportunidade de ser útil socialmente, manifestando virtudes, inteligência e criatividade. Dessa forma, o palestrante destacou que o trabalho não se reduz à produtividade, mas engloba, também, a transformação de si mesmo e o desenvolvimento coletivo.

“Neste sentido, é importante pensar sobre a relação entre saúde mental e trabalho e de que forma a organização e conteúdo da atividade, bem como os desafios ou falta deles contribuem para prejudicar ou não a saúde mental do trabalhador. É necessário refletir, também, se a pandemia foi a responsável pela intensificação do processo de trabalho e aumento do esgotamento. Penso que, de alguma forma, a pandemia exacerbou algo que já estava acontecendo no mundo do trabalho e que estava invisível. Outras consequências da pandemia foi o isolamento e a invisibilidade do trabalhador. O trabalho para ser útil precisa ser evidente e reconhecido pelo outro, o que perdemos por causa das atividades remotas”, refletiu.

Por sua vez, o palestrante Laerte Idal Sznelwar, que é professor sênior do departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, comentou sobre um tema que muitos estão enfrentando atualmente: o medo de retornar ao trabalho presencial. Ele enfatizou que, diferentemente dos acidentes de trabalho, que decorrem de uma situação específica, a Covid-19 possui a capacidade de atingir qualquer pessoa e em qualquer lugar, tornando cada pessoa não só uma vítima, mas, também, contaminadora em potencial.

“Uma crise como essa traz a oportunidade de não retornar a algo semelhante, ao dito ‘normal’. Estamos retornando a algo que não é mais o mesmo e que pode e deve ser diferente. Diante disso, existe o medo e a melhor maneira de conjurá-lo é falar sobre experiências, ou seja, conversar. Além disso, um grande problema do retorno é que todas as instituições estão mais voltadas ao resultado, no sentido dos indicadores formais de produtividade, do que à construção de um espaço comum para o retorno ser o melhor possível. É preciso pensar que ambos são importantes para a retomada presencial do trabalho”, argumentou.

Trabalho seguro

O juiz André Machado, que integra o Comitê Gestor Nacional do Programa Trabalho Seguro, afirmou que o seminário foi de extrema importância para chamar a atenção da população para a necessidade de preservar a saúde mental dos trabalhadores neste momento de retorno paulatino das atividades presenciais. “O mês de abril é marcado pela memória das vítimas de acidentes de trabalho em razão da instituição do Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidente de Trabalho, por meio de lei, não podendo ser esquecido o fato de que milhões de trabalhadores, no Brasil e no mundo, adoecem e morrem em seus ambientes de trabalho por falta de observância às normas de saúde e segurança do trabalho”, salientou.

Por sua vez, a juíza Mirella Cahú, uma das gestoras estaduais do Programa Trabalho Seguro na Paraíba, enfatizou a necessidade de se discutir a saúde do trabalho de forma interdisciplinar, de forma a contemplar temas que transbordem as discussões no âmbito jurídico, alcançando áreas como engenharia, medicina e psicologia. “Saúde mental também é trabalho seguro. Quando se pensa em ‘Abril Verde’, já se imagina obra e EPI, mas a saúde no trabalho abarca aspectos de ordem física e mental. A proposta deste debate busca promover reflexões sobre angústias do dia a dia de trabalho e como elaborá-la e a psicologia do trabalho dá esse norte por meio da centralidade do trabalho e de noções como as de convivência, pertencimento e reconhecimento. Entender esses processos é um caminho para o trabalho saudável”, frisou.

Celina Modesto
Assessoria de Comunicação Social TRT-13

O primeiro caso de Coronavírus confirmado no Brasil foi em 26 de fevereiro de 2020. Em março, foram regulamentados critérios de isolamento e quarentena para conter o avanço do vírus e, a partir de então, uma nova realidade se instaurou.

Com relação ao contexto de trabalho, adaptações tiveram que ser feitas de forma rápida e sem planejamento. Pessoas que se deslocavam até os escritórios passaram a trabalhar de suas casas por meio do homeoffice. Outras não tiveram essa oportunidade e seguiram suas atividades no modo presencial, o que exigiu cuidados redobrados: o uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social foram as medidas de segurança adotadas para evitar a contaminação.

A partir da adoção do homeoffice por grande parte das empresas, surgiram questionamentos acerca do engajamento e produtividade dos colaboradores. Isso porque ainda temos uma concepção de controle do trabalho que prejudica a autonomia e autogestão dos profissionais. Então, algumas práticas foram implementadas a fim de manter as atividades funcionando e promover condições adequadas de trabalho aos colaboradores. O apoio e suporte aos profissionais com relação à disponibilização de recursos tecnológicos, happy hour virtual que visava aproximar as pessoas, reuniões constantes para checar o andamento das atividades e bem-estar individual foram algumas das providências tomadas pelas empresas durante a pandemia devido ao trabalho realizada fora dos escritórios. Outras medidas para promover melhor condições de trabalho também foram aderidas pelas empresas, como a promoção de programas de saúde mental (meditação, psicólogos, aplicativos de exercícios físicos, etc) e a transformação de vale-transporte para despesas domésticas foram algumas delas.

Apesar das iniciativas, o homeoffice trouxe imensos desafios. Nem sempre o espaço físico comportava tantas pessoas trabalhando ou estudando ao mesmo tempo. Crianças interrompiam os pais durante as reuniões. Os pais participavam ativamente das aulas online dos filhos. Todos nós tivemos que nos adaptar a essas situações e sermos tolerantes. Estimular a proximidade dos colaboradores, mesmo à distância, foi um obstáculo a ser superado pelas empresas. Manter a cultura organizacional por meio de plataformas virtuais foi outra dificuldade enfrentada.  Apesar dos contratempos, o homeoffice tornou-se possível.

Atualmente discute-se, inclusive, se a modalidade irá se manter após a pandemia. Ainda que não seja possível afirmar com exatidão, há indícios de que ela veio para ficar. A pandemia parece ter somente acelerado um movimento que já estava acontecendo. Houve um aprendizado, as empresas se estruturaram para que o homeoffice se tornasse viável e investimentos foram realizados. Além disso, profissionais viram vantagens: a redução do tempo no trânsito, a proximidade com a família, a possibilidade de usar o tempo livre com outras atividades. Colaboradores desenvolveram competências importantes como flexibilidade, conhecimento em tecnologia, gestão do tempo, entre outras, que serão cada vez mais demandadas e utilizadas nas dinâmicas de trabalho. Neste sentido, podemos imaginar que o homeoffice não terá sido exclusivamente uma medida de proteção aos profissionais, mas uma possibilidade real de atuação após a pandemia.

Algumas situações enfrentadas, no entanto, não foram capazes de serem superadas por algumas organizações. Infelizmente, muitas tiveram prejuízos financeiros que acarretaram demissões ou até mesmo encerramento das atividades. Além disso, em outras ocasiões a pandemia influenciou diretamente na saúde dos profissionais e dos familiares, impactando na motivação, disposição e continuidade das atividades de trabalho. Neste contexto, a necessidade de desenvolver a empatia e de um respeito ainda maior pelas pessoas dentro das organizações se mostrou ainda mais importante.

Pode-se concluir que as organizações empenharam esforços para lidarem com as adversidades advindas da pandemia e, ao mesmo tempo, consolidaram importantes lições neste contexto de urgência. Espera-se, no entanto, que essas lições não se percam após o fim da pandemia. O desejo é que as empresas sigam sendo mais humanas e cuidando do seu bem maior: as pessoas.

Quais são os desafios do mercado de trabalho durante a pandemia?

A adoção de novos modelos de trabalho, a necessidade de digitalização dos negócios e uma nova percepção de valorização pessoal e profissional são exemplos de desafios que estabeleceram um marco no mercado de trabalho pós-pandemia.

Qual é o maior desafio da segurança do trabalho no Brasil?

Stress da profissão A profissão é bastante estressante e demanda uma alta performance daqueles que estão nessa carreira. Por isso, é preciso se atualizar frequentemente e ficar atento às modificações no ambiente de trabalho que possam afetar a salubridade dos colaboradores, planejando bem as soluções que implementa.

Quais os principais desafios que um técnico de segurança do trabalho enfrenta hoje no Brasil para desempenhar com excelência seu trabalho?

Os desafios são inúmeros e vão desde encontrar apoio dentro das instituições, até mesmo adquirir Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva (EPIs e EPCs) de qualidade..
falta de um plano de carreira;.
cargos de baixo poder hierárquico;.
pequena participação nas decisões (mesmo envolvendo segurança)..

Por que a segurança no trabalho é importante nos dias de hoje?

A segurança do trabalho também ajuda a estabelecer um vínculo de confiança entre a empresa e os colaboradores. Afinal, o ambiente de trabalho será mais seguro e saudável. Por fim, essas medidas auxiliam na padronização de processos, correção de desvios e, consequentemente, aumento dos resultados positivos.