Como o Durkheim julgava a importância da divisão do trabalho?

Durkheim, tal como Comte, pensava que o homem é fortemente moldado pela sociedade em que ele vive (expressando-se de maneira técnica, ele diz que a consciência individual é sempre moldada e condiciona pela consciência coletiva, isto é, pela mentalidade média da sociedade, seu conjunto de valores e ideias dominantes) e que, por isso, o interesse do sociólogo deve voltar-se apenas para os padrões sociais. Por essas e outras raízes, aliás, é que Durkheim é considerado um autor positivista e o mais famoso continuador da perspectiva comteana. De fato, não obstante criticar vários aspectos secundários do pensamento de Comte (em especial, a incerteza de suas ideias, a religião da humanidade e o projeto político positivista), Durkheim assumiu como suas as ideias-chaves do seu predecessor: a necessidade de um conhecimento social capaz de compreender as características da sociedade moderna, a crença na incapacidade da filosofia de cumprir esse papel, o projeto de construção de uma ciência da sociedade independente da filosofia, a ideia de que esta ciência deve tomar como modelo as ciências naturais e a tese de que o trabalho do sociólogo deve focar-se nos padrões sociais.

Do ponto de vista do método, como vimos, Durkheim considerava que o sociólogo deve, tal como o físico e o químico, buscar por padrões de regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Além disso, fortemente influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de pensamento, o sociólogo francês afirmava que as virtudes principais de um pesquisador social são a neutralidade e a objetividade. Na prática, isto significa que um sociólogo jamais deve permitir que os seus valores pessoais ou a sua visão de mundo interfiram no seu trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva, nunca avaliativa, concentrada apenas em compreender a sociedade que está pesquisando, não em julgá-la ou classificá-la.

Émile Durkheim destacou-se pela explicação que desenvolveu para a origem da sociedade capitalista moderna. Ele acreditava que toda sociedade se formava em torno de um determinado grau de consenso. Ou seja, os indivíduos daquele grupo compartilhavam, em algum nível, uma crença que mantinha a sociedade unida. Essa união recebeu o nome de coesão social. Na passagem das sociedades tradicionais para a Modernidade Durkheim observou uma mudança no mecanismo de coesão e unidade da sociedade, mecanismo conhecido como solidariedade social.

De acordo com Durkheim, nas sociedades tradicionais, pré-modernas, anteriores ao capitalismo, a divisão social do trabalho, isto é, a especialização profissional era pequena. Isto ocasionava poucas diferenças entre os indivíduos e fazia da sociedade algo mais homogêneo. Assim, a coesão social era realizada e garantida através do compartilhamento de uma mesma visão de mundo, de um mesmo conjunto de ideias e valores dominantes. Foi o caso, por exemplo, da Idade Média ocidental, onde a fé católica era o eixo unificador da sociedade, e do Egito Antigo, onde a cosmovisão daquela sociedade é que unia todos os seus membros. Este modelo de coesão social é chamado por Durkheim de solidariedade mecânica.

Nas sociedades modernas, por sua vez, o capitalismo promoveu uma enorme acentuação na divisão social do trabalho. Isso exacerbou a especialização profissional e, portanto, a individualidade. Por isso, a sociedade moderna é heterogênea, contando com grande diversidade de religiões e de visões de mundo no interior de um mesmo contexto social. Daí também porque, na Modernidade, o que une e congrega a sociedade não é o fato das pessoas partilharem uma mesma visão de mundo, mas sim o fato de elas serem mais interdependentes no mundo do trabalho. De fato, o aumento da especialização profissional, vigente no capitalismo, torna as pessoas mais interdependentes, uma vez que elas exercem funções mais específicas e, portanto, são mais difíceis de serem substituídas no mundo do trabalho. A consequência disso é que a sociedade capitalista não precisa do compartilhamento de uma mesma visão de mundo para que os indivíduos vivam coesos nela: o que os une são os laços de interdependência econômica. A crença passa a ser então num código complexo e racional de regras de conduta que formam normas jurídicas estipuladas para os indivíduos em relações interdependentes, o direito. É o que Durkheim chamava de solidariedade orgânica.

É famoso o estudo de caso de Durkheim para provar suas teorias. Não só em relação ao fato social, quanto a diferença entre a coesão e solidariedades de um grupo, o pensador escolhe estudar um fenômeno que se acredita ser extremamente pessoal: o suicídio.

O suicídio é qualquer morte que resulta da ação ou não ação do indivíduo (ato positivo ou negativo) que sabe das consequências do seu fazer ou não fazer (que pode resultar em sua morte) e que mesmo assim o faz, direta ou indiretamente.

Durkheim conclui que a taxa de suicídio de um determinado grupo varia de acordo com suas afiliações morais. Sociedades católicas da sua época, por exemplo, tem uma taxa menor de suicídios que sociedades protestantes. Durkheim classifica três tipos de suicídio:


Egoísta: ocorre quando a consciência individual (o ego) supera a coletiva, tornando esse indivíduo “grande demais” frente a sociedade. A vida perde o sentido pelo descolamento desse ego da relação com a consciência coletiva.


Altruísta: É o processo contrário. A consciência coletiva se dilata tanto que se torna insuportável para o ego. Ele se misturou a algo fora de si, deixou de ser individual. A barreira que o continha como consciência foi desfeita e está disposto a abandonar a vida pelo grupo.


Anômico: Ocorre em momentos de anomia social, ou seja, a ausência ou afastamento dos padrões e regras morais de uma sociedade. Aqui a ordem é desfeita e os indivíduos têm dificuldade em lidar com esse processo. Processo de degradação da normalidade social, como crises econômicas, guerras, grandes tragédias etc. produzem esse efeito.


É preciso compreender que sociedades protestantes não são apenas mais rigorosas no quesito culpa, mas também são mais individualistas. Além disso, o capitalismo se desenvolve inicialmente nas sociedades protestantes, o que denota uma passagem mais rápida nessas sociedades para a forma de solidariedade orgânica. Essa era uma das preocupações de Durkheim. Já que, tanto o movimento de passagem como a instalação de uma solidariedade aumentam as chances de ocorrer anomia social pela possibilidade de desaparecimento de regras morais no processo ou pelo afastamento dos indivíduos dessas regras, pois nesse novo momento a coesão não se dá pela identificação com o grupo, mas o contrário.

Como Émile Durkheim analisou a divisão do trabalho?

O sociólogo francês Émile Durkheim pensa a divisão do trabalho a partir da interação social, que por sua vez, está inserida em uma organização maior: a sociedade.

Como Durkheim julgava?

Resposta: Durkheim julgava a importância da Divisão do trabalho como primordial, pois por meio dela poderia-se chegar a um consenso. Com as atividades divididas pode-se chegar a melhor organização, sem o comprometimento da vitalidade dos colaboradores.

Qual é a origem e o progresso da divisão do trabalho na sociedade?

Resposta:Se origina na densidade dinâmica ou moral ou seja o aumento das dimensões absolutas ou do volume da sociedade que por sua vez determina a divisão do trabalho.

Como é dividida a sociedade para Durkheim?

Para o sociólogo francês Émile Durkheim, podemos elencar dois tipos de sociedade divididos pelo grau de coesão e solidariedade contidos no interior de cada um: sociedade de solidariedade mecânica e sociedade de solidariedade orgânica.