Como eram as relações entre os indígenas colonizadores e os jesuítas?

Os índios reagiram de formas diversas à presença dos colonizadores e à chegada de invasores, como os holandeses e franceses. Veja abaixo algumas das formas de reação.

Alianças com os colonizadores

O apoio indígena foi decisivo para o triunfo da colonização portuguesa.

Com este apoio, entretanto, as lideranças indígenas tinham seus próprios objetivos: lutar contra seus inimigos tradicionais, que, por sua vez, também se aliavam aos inimigos dos portugueses (franceses e holandeses) por idênticas razões. Abaixo estão exemplos das alianças com os portugueses:

  • guerreiros temiminós liderados por Arariboia se aliaram aos portugueses para derrotar os franceses na baía de Guanabara, em 1560, que recebiam apoio dos Tamoios.
  • chefe tupiniquim Tibiriçá, valioso para o avanço português na região de São Vicente e no planalto de Piratininga, combatia rivais da própria "nação" Tupiniquim e os "Tapuias" Guaianás, além de escravizar os Carijó para os portugueses.
  • o chefe potiguar Zorobabé, na Paraíba e Rio Grande do Norte, aliou-se aos franceses, em fins do século XVI, e aos portugueses, tendo sido recrutado para combater os Aymoré na Bahia e até para reprimir os nascentes quilombos de escravos africanos.
  • o potiguar Felipe Camarão, a mais notável das lideranças indígenas no contexto das guerras pernambucanas contra os holandeses no século XVII. Camarão combateu os flamengos, os Tapuias e os próprios "potiguares" que, ao contrário dele, se bandearam para o lado holandês, recebendo, por isso, o título de Cavaleiro da Ordem de Cristo, o privilégio de ser chamado de "Dom" e pensões régias, entre outros privilégios. Diversas lideranças pró-lusitanas receberiam antes e depois de Camarão privilégios similares, criando-se no Brasil autênticas linhagens de chefes indígenas nobilitados pela Coroa por sua lealdade a Portugal.
Como eram as relações entre os indígenas colonizadores e os jesuítas?

Hans StadenViajante alemão, aventureiro e herói-viajante, esteve no Brasil no século XVI. Tendo sido confundido pelos Tupinambás com português e inimigo, foi preso, ameaçado de morte e devoração canibal. (BELUZZO, A. M. de M. Brasil dos Viajantes. São Paulo: Metalivros e Editora Objetiva, 1999.).

Resistência aos colonizadores

Alguns grupos moveram inúmeros ataques aos núcleos de povoamento portugueses. Dentre estes, os Aymoré, posteriormente chamados de Botocudos, foram um permanente flagelo para os colonizadores durante o século XVI, na Bahia.

Entre os episódios célebres de resistência ou represália, ficaram registrados:

  • o do donatário da Bahia, Francisco Pereira Coutinho, devorado pelos Tupiniquim, em 1547;
  • o do jesuíta Pero Correa, devorado pelos Carijó, nas bandas de São Vicente, em 1554;
  • o do primeiro bispo do Brasil, D.Pedro Fernandes Sardinha, em 1556, devorado pelos Caeté, após naufragar no litoral nordestino.

Alianças com invasores contra os colonizadores

"Nações" inteiras optaram por se aliarem aos inimigos dos portugueses. Por exemplo:

  • os Tamoio, no Rio de Janeiro, fortes aliados dos franceses nas guerras dos anos 1550-60;
  • os Potiguar, boa parte deles resistiu com os franceses durante algum tempo na Paraíba e atual Rio Grande do Norte, e por ocasião das invasões holandesesas em Pernambuco, onde forneceram auxílio aos flamengos, celebrizando lideranças como a de Pedro Poti e de Antônio Paraupaba.
Como eram as relações entre os indígenas colonizadores e os jesuítas?

Jean de LéryViajante europeu que, em sua viagem ao Brasil em 1556, conviveu com os índios Tupinambás. Ao desenhar os índios, desejava revelar a ornamentação facial com pedras, expor as marcas de guerra para mostrar a bravura do nativo. (BELUZZO, A. M. de M. Brasil dos Viajantes. São Paulo: Metalivros e Editora Objetiva, 1999.).

Durante a colonização do Brasil pelos portugueses, uma ordem religiosa cumpriu um papel de destaque na organização social da colônia: a Companhia de Jesus, ou simplesmente os jesuítas, como eram comumente conhecidos.

Os jesuítas liderados por Manoel da Nóbrega chegaram à colônia Brasil em 1549, junto a Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral enviado por Portugal. A principal função dos jesuítas, ao virem ao Brasil, era evangelizar, catequizar e tornar cristãos os indígenas que habitavam estas terras.

Na Europa, o objetivo dos jesuítas era evitar o aumento do número de protestantes. A Companhia de Jesus havia sido fundada em 1534, pelo militar Santo Inácio de Loyola, no contexto da Reforma e da Contrarreforma religiosa. Na colônia, pretendiam também impedir que os protestantes realizassem a catequização indígena.

Para que a catequização fosse realizada, era necessário que os indígenas aprendessem a língua portuguesa para a leitura de trechos bíblicos e o ensino da prática religiosa católica. Um dos nomes mais conhecidos no processo de evangelização que chegaram até nós foi o do padre José de Anchieta.

Mas os jesuítas não ensinavam apenas os indígenas. Os filhos de colonos, principalmente dos senhores de engenho, também eram educados por eles. Para oferecer essa educação, os jesuítas criaram alguns colégios pela colônia, sendo o mais conhecido o Colégio de São Paulo, em torno do qual foi fundada a cidade de São Paulo de Piratininga, atual São Paulo.

A educação dos colonos era rígida. A disciplina era duramente cobrada. Em caso de desobediência a alguma norma ou mesmo no erro de alguma lição, os alunos eram punidos pelos jesuítas com castigos, muitas vezes físicos. O mais conhecido foi o uso da palmatória, um instrumento de madeira utilizado para bater na palma da mão dos alunos.

Porém, como a educação tradicional indígena era diferente, baseada na solidariedade e na cooperação, com os índios mais novos aprendendo com os mais velhos, foram necessárias algumas mudanças.

Nas missões, locais onde os jesuítas habitavam por vezes com milhares de indígenas, foi necessário em muitos momentos abandonar os castigos físicos. Elas estavam localizadas em várias localidades da colônia, sendo as mais conhecidas as construídas no sul, na fronteira onde estão Paraguai e Argentina.

As missões serviram também para que os jesuítas mudassem os hábitos dos indígenas. O interesse era que eles passassem a viver de acordo com a cultura europeia: que as famílias fossem nucleares (pai, mãe e filhos do casal), que eles se fixassem em um local (grande parte das tribos indígenas era seminômade, vivendo em constante deslocamento) e passassem a adotar os ritmos e as disciplinas de trabalho que impunham os europeus. Esse processo ficou também conhecido como aculturação.

Com isso, os jesuítas conseguiram que as missões produzissem para seu próprio consumo, além de fornecerem excedentes que eram comercializados. Toda essa situação levou os jesuítas a entrarem em conflitos com os colonos, que tinham interesse na escravização indígena. As missões serviam como áreas protegidas da ação dos colonos, mas também resultaram em fonte de força de trabalho para os jesuítas que se enriqueceram com a exploração dos indígenas.

Além do que era comercializado nas missões, os jesuítas conseguiram acumular fortuna com a posse de enormes extensões de terras e engenhos. Os jesuítas permaneceram na colônia portuguesa na América até 1759, quando foram banidos das colônias portuguesas. A venda do patrimônio dos jesuítas garantiu altas rendas para a Coroa portuguesa, o que mostrou que o poder espiritual dos jesuítas também havia se transformado em poder econômico.


Por Me. Tales Pinto

Como era a relação entre jesuítas e indígenas?

Os jesuítas surgem como responsáveis pela inserção desses sujeitos no corpo social lusitano. Através da catequese, relacionavam-se intercultural mente com os nativos, objetivando a salvação de suas almas. Logo, existe uma relação intercultural funcional ao estado português.

Como eram as relações entre indígenas e colonizadores?

O apoio indígena foi decisivo para o triunfo da colonização portuguesa. Com este apoio, entretanto, as lideranças indígenas tinham seus próprios objetivos: lutar contra seus inimigos tradicionais, que, por sua vez, também se aliavam aos inimigos dos portugueses (franceses e holandeses) por idênticas razões.

Como foi o primeiro contato entre os jesuítas e os índios?

O primeiro contato entre portugueses e índios foi marcado pelo espanto diante do novo, do diferente. Inicialmente, não houve violência, mas sim um contato amistoso e movido por boa disposição.

Quais foram as razões para o conflito entre os colonos e os jesuítas?

Os jesuítas resistiram em toda parte, sobretudo no século XVII, arrancando da Coroa leis proibitivas do cativeiro indígena. Os colonos, por sua vez, sempre pressionaram pelo direito de apresar os índios em “guerra justa”, isto é, em suposta represália a índios hostis.