Como a Capitania de Pernambuco foi incorporada ao império colonial português?

Capitania de Pernambuco

Histórico

DenominaçãoInícioTérmino
Capitania de Pernambuco
depois de 1532 depois de 1640

Fundada como capitania donatária com o nome de Nova Lusitânia. Teve a jurisdição retomada pela Coroa em 1654 e a propriedade em 1716.

Tabela de conteúdo

  • 1 Histórico
    • 1.1 Doação
    • 1.2 Ocupação
    • 1.3 Holandeses
    • 1.4 Nativismo pernambucano
  • 2 Lista das vilas da Capitania de Pernambuco
    • 2.1 Referências

Histórico

Doação

O litoral do que viria a ser a capitania de Pernambuco, muito provavelmente, já havia sido visitado por navegantes a serviço de Castela antes mesmo do achamento oficial do Brasil. Posteriormente, foi alvo de incursões francesas em busca de pau-brasil. Em 9 de março de 1534, Duarte Coelho recebeu em Évora a doação de uma das 15 capitanias criadas pelo rei Dom João III como prêmio pelo importante papel nas campanhas militares e diplomáticas dos portugueses no extremo Oriente, onde participou diretamente na tomada de Malaca em 1511. Sua capitania compreendia toda a terra entre a boca sul do Canal de Santa Cruz (que separa a Ilha de Itamaracá do continente) e a margem esquerda do Rio São Francisco (bem como suas águas e ilhas). Precisamente às margens do Canal de Santa Cruz, Cristóvão Jacques havia fundado duas feitorias (em 1516 e 1526), em cujas proximidades se fizeram as primeiras experiências na produção açúcar. Estas feitorias foram alvo do ataque dos franceses em várias ocasiões.

Ocupação

Um ano após a doação, o capitão donatário desembarcou com um grupo de colonos e os materiais necessários para o início efetivo da ocupação de sua capitania. Após fundar a vila de Igaraçu no extremo norte de sua jurisdição, lançou as bases da ocupação de Olinda, que viria a ser a capital da sua Nova Lusitânia, desalojando um entrincheiramento de franceses no topo de uma colina confrontante ao Oceano. O porto da localidade situava-se seis quilômetros ao sul, no local onde surgiria a povoação do Recife.[1].

Duarte Coelho apostou suas fichas na extração de pau-brasil e no agronegócio de exportação do açúcar, recusando-se em mais de ocasião a atender os apelos da coroa pela busca de metais preciosos. Ainda durante sua vida foram fundados e moeram os primeiros engenhos de açúcar. Entre as primeiras unidades produtoras estava a do cunhado de Coelho, Jerônimo de Albuquerque, elemento essencial no estabelecimento de acordos com os grupos indígenas do entorno de Olinda. Albuquerque amancebou-se com muitas mulheres indígenas, logrando a vasta descendência mestiça que lhe valeu o epíteto de “Adão Pernambucano”. Na busca por investimentos e apoios para a capitania, Duarte Coelho viajou duas vezes ao Reino, falecendo na corte em 1554, agastado com a recusa do rei Dom João III em lhe receber no paço.[2]

A época Duartina merece ainda um destaque especial: pela primeira vez na história moderna do continente americano, uma mulher assumiu as rédeas de um governo: Dona Brites de Albuquerque, esposa de Duarte Coelho, que governou a terra nas ausência do marido e depois de seu falecimento. Aparece referida nos poucos documentos de época que se conservaram como “capitoa”.

O sucessor de Duarte Coelho, Jorge de Albuquerque Coelho, ampliou a área de presença europeia atacando os grupos indígenas entre área da Várzea do Capibaribe e a foz do rio São Francisco. O massacre das populações nativas abriu espaço para a instalação de mais engenhos de açúcar. Dos cinco registrados em 1542, passa-se a 23 em 1570, 66 em 1583 e 99 em 1612. A boa conjuntura internacional favoreceu o boom açucareiro pernambucano, que superou a produção da Ilha da Madeira em quantidade e qualidade.

Holandeses

As notícias a respeito das riquezas e das oportunidades de ganho rapidamente correram por toda a Europa e Pernambuco entrou na rota de piratas e invasores. Franceses atacaram o porto do Recife em 1565 e ingleses em 1595. Mas foi em 1630 que ocorreu a invasão mais duradoura e com maiores consequências: a da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, uma empresa privada sediada em Amsterdã com capital formado pelo investimento de grandes e pequenos acionistas. A presença holandesa durou até 1654. Do ponto de vista econômico, representou um momento negativo para Pernambuco, uma vez que a produção do açúcar se desorganizou em virtude dos conflitos armados que marcam o período. Uma vez expulsos de Pernambuco, os holandeses abririam novas áreas de produção no Caribe que passaram a concorrer diretamente com o até então soberano açúcar pernambucano.

A passagem por Pernambuco do Conde alemão João Maurício de Nassau-Siegen (entre 1637 e 1644), contratado como administrador das conquistas, foi marcada por uma série de ações pioneiras. Nassau trouxe consigo cientistas e artistas que vão, pela primeira vez no Brasil, realizar estudos sistemáticos sobre a natureza, bem como registrar com grande apuro técnico a paisagem e os habitantes da terra. Eis aí o tesouro de informações contidas nos escritos do astrônomo Marcgrav e do naturalista Piso, e nas telas e desenhos de Frans Post, Albert Eckouht e Zacharias Wagener. Sob o mando de Nassau, o Recife converte-se na mais importante cidade litorânea do Atlântico sul, sendo alvo de intervenções urbanísticas que fizeram surgir ruas calçadas, drenagem, mercados, palácios e as duas primeiras pontes de grande envergadura do Brasil. a principal delas, construída pelo judeu português Baltazar da Fonseca. Apesar de ser calvinista, Nassau permitiu uma convivência minimamente pacífica entre católicos, protestantes e judeus, dando-lhes liberdade de culto. Graças a esta política de tolerância, foi possível ver surgir no Recife as duas primeiras sinagogas das Américas, a primeira delas – chamada Kahalzur Israel – recuperada arqueologicamente e aberta à visitação na rua do Bom Jesus, bairro do Recife.[3]. O governo de Nassau durou de 1637 a 1644. Após desentendimentos com a Companhia, retirou-se para a Europa.[4]

Sua saída de Pernambuco desfez o precário equilíbrio local construído nos anos de seu governo, intensificando o combate contra os invasores que acabariam expulsos após 9 anos de renhidas lutas. Um exército improvisado e mal aprovisionado pelo rei de Portugal conseguiu fazer frente a uma poderosa máquina de guerra. A vitória dos luso-pernambucanos, conseguida sobremaneira com recursos humanos e materiais locais, deu aso a um sentimento nativista e a uma atitude de confrontação com os poderes centrais que a partir daí caracterizam a história da capitania. Os senhores de engenho pernambucanos, pouco a pouco metamorfoseados em uma “nobreza da terra”, passaram a exigir um tratamento diferenciado da coroa portuguesa, o que provocaria sérios atritos nas décadas seguintes.[5]

Nativismo pernambucano

Uma primeira explosão do nativismo pernambucano registra-se na expulsão do governador português Jerônimo de Mendonça Furtado em 1666. Em 1709, a nobreza da terra se rebelou contra a criação da nova câmara do Recife cujo fim era permitir aos ricos comerciantes portugueses radicados em Pernambuco a participação nas decisões políticas locais. Este conflito ficou conhecido como Guerra dos Mascates.[6] Assim como ocorreria nos séculos XIX e XX, no século XVIII milhares de jovens portugueses migraram para Pernambuco em busca de uma vida melhor. Alguns conseguiram ter sucesso tornando-se grandes comerciantes. Os lucros auferidos no comércio foram frequentemente reinvestidos em outras atividades tais como a criação de gado nos sertões. Figuras como José Vaz Salgado, o mais importante homem de negócios em Pernambuco em meados do século XVIII, articulavam fazendas de criação com a produção de carnes salgadas e a manufatura de couros que eram exportados para Portugal e para outras partes da colônia.[7] Os descendentes das primeiras levas de grandes comerciantes, já acomodados nas lides agrárias, possuindo engenhos e arraigados na terra de adoção de seus avós, seriam os protagonistas das novas explosões do nativismo pernambucano no início do século XIX.

O tradicional irredentismo pernambucano embebido pelas ideias ilustradas francesas seria o combustível das manifestações anti-colonialistas e anti-absolutistas nos primeiros 25 anos do século XIX. A divulgação das ideias libertarias ocorria nas lojas maçônicas e no Seminário de Olinda. A revolução republicana de 1817 representou a primeira contestação ao império português com implicações práticas, chegando os revolucionários a assumir o governo durante 75 dias e a promulgar uma lei orgânica considerada por alguns como a primeira constituição redigida por brasileiros.[8] Em 1821 Pernambuco liberou-se do governador e das tropas portuguesas, um ano antes do célebre grito do Ipiranga.[9]

Lista das vilas da Capitania de Pernambuco

Vila Formosa de Sirinháem

Goiana

Igarassu

Vila de Olinda

Vila de Recife

Nossa Senhora da Conceição (Itamaracá)

Como a Capitania de Pernambuco foi incorporada ao império colonial português?

Bibliografia selecionada da Capitania de Pernambuco

Referências

  1. PEREIRA DA COSTA, F. A. Anais Pernambucanos. 2a edição. Recife: FUNDARPE, 1983. Vol. 1.
  2. MELLO, J. A. G., ALBUQUERQUE, C. X. DE. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Editora da UFPE, 1967.
  3. MELLO, José Antônio Gonsalves de. Gente da Nação: cristãos-novos e judeus em Pernambuco, 1542-1654. 2ª edição. Recife: Massangana, 1996.
  4. MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos, influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do norte do Brasil. 4ª edição, Rio de Janeiro: Topbooks, 2002. MELLO, Evaldo Cabral de. MELLO, Evaldo Cabral de (Org.). O Brasil holandês, 1630-1654. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
  5. MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada: Guerra e Açúcar no Nordeste, 1630-1654. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Topbooks, 1998. MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro Veio: imaginário da Restauração Pernambucana. 3ª edição. São Paulo: Alameda, 2008.
  6. MELLO, Evaldo Cabral de. A fronda dos mazombos. Nobres contra mascates: Pernambuco 1666-1715. 3a edição. São Paulo: Editora 34, 2012.
  7. SOUZA, George F. Cabral de. Tratos & Mofatras. O grupo mercantil do Recife colonial (c. 1654 – c. 1759). Recife: Editora Universitária da UFPE, 2012.
  8. LEITE, GlacyraLazzari. Pernambuco 1817. Estrutura e comportamentos sociais. Recife: Massangana, 1988.
  9. MELLO, Evaldo Cabral de. A outra Independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824. São Paulo: Editora 34, 2004.

Como a Capitania de Pernambuco foi reincorporada ao Império Colonial português?

A retomada de Pernambuco como parte do território da colônia Portuguesa no Brasil foi resultado da Batalha dos Guararapes, onde os portugueses obtiveram uma vitória contra os holandeses.

Quando e como ocorreu a colonização de Pernambuco?

Colonização de Pernambuco Através do sistema de Capitanias Hereditárias, Duarte Coelho tomou posse da Capitania de Pernambuco, chamada inicialmente de Capitania Nova Lusitânia. Em 1535 foi fundado o povoado de Olinda e em 1537, esta passou a ser Vila. Igualmente, em 1537, foi fundada a cidade de Recife.

Quando foi criada a Capitania de Pernambuco?

Capitania de Pernambuco.

Qual a importância da Capitania de Pernambuco para o Brasil colônia?

Pernambuco era considerada o maior pólo econômico da colônia durante os séculos XVI e XVII possuindo mais de 100 engenhos de produção de açúcar espalhados por uma região que se estende da antiga Vila de Igaraçu até o rio São Francisco.