Causas DO fracasso da resistência colonial em África

Grátis

89 pág.

Causas DO fracasso da resistência colonial em África

Causas DO fracasso da resistência colonial em África

  • Denunciar


Pré-visualização | Página 6 de 26

histórico. 
Depois da realização da Conferência de Berlim, as grandes potências imperialistas – Inglaterra, 
França, Portugal, Bélgica e Alemanha – celebraram vários tratados bilaterais para estabelecer 
áreas dos seus domínios coloniais. De salientar que o traçado de fronteiras africanas foi fixado 
arbitrariamente, pois umas foram estabelecidas ao longo dos rios, outras com base na área dos 
lagos. Desta maneira, os governos coloniais não respeitaram a localização dos grupos étnicos, 
reinos e estados africanos. 
A Conferência de Berlim tem como significado histórico a ocupação efectiva da África1. 
 
1
 Ocupação efectiva da África: termo utilizado para designar a total ocupação e exploração de um 
território e que pressupõe que a potência colonial tenha no território a sua bandeira, seu exército e 
uma administração. 
 
Instituto de Educação Aberta e à Dstância 14
 
Na verdade, o processo de colonização de África foi-se realizando à medida que as potências iam 
ocupando novos territórios, integrando-os no seu sistema de reprodução económica. A integração 
dos africanos no sistema colonial era feita de várias formas: Educacional, cristã e económica. 
 
Instalação do sistema de dominação colonial e a resistência africana. 
 
Depois da Conferência de Berlim, as potências europeias procuraram assegurar a dominação 
política sobre a África, o que provocou uma confrontação armada com aqueles reinos que 
ofereceram resistência. 
 
Nas lutas que se travaram, os europeus gozavam de grandes vantagens em relação aos africanos. 
Possuíam uma tecnologia avançada e também beneficiaram-se da existência de conflitos entre os 
chefes africanos, em virtude da crescente ambição por bens de prestígio por parte destes. 
 
Como consequência da diferença de posições entre chefes africanos, surgiram divisões no seio da 
aristocracia dominante. Alguns chefes de reinos militares fracos, para não perderem seus 
privilégios, se aliaram aos europeus e funcionaram como intermediários do comércio europeu, 
enquanto que outros chefes de reinos militares, e economicamente fortes, decidiram lutar para 
defender seus territórios e seus direitos. 
 
As rivalidades históricas entre os reinos expansionistas, bem como conflitos de interesses que 
opunham diferentes grupos culturais e dinastias dentro desse mesmo reino, facilitaram a 
dominação do continente africano pois, em termos de cultura, não existia unidade territorial forte 
e cada dirigente, cada sociedade, reagia à crescente usurpações dos europeus de formas diferentes 
em função das suas realidades diferentes. 
 
Nas sociedades africanas, cada dirigente, cada tribo e mesmo cada indivíduo, reagia em função 
do contexto de relações e realidades inter-regionais que existiam antes da chegada dos europeus. 
Os europeus exploraram as rivalidades entre os dirigentes, entre tribos e entre indivíduos e 
estudaram os sistemas políticos de África daquela época, o que lhes permitiu prever as formas de 
reacção e de resistência africana. Para depois tirarem proveito dessas reacções e dominarem 
África. 
 
Os chefes africanos não conheciam as intenções dos europeus. E, não obstante, para terem 
segurança e garantir sua sobrevivência, alguns preferiram aceitar a tutela dos estrangeiros e 
estabeleceram alianças com os europeus. Estes inventaram pretextos para interferir nos negócios 
internos africanos oferecendo “libertação” ou “protecção” aos nativos insatisfeitos. Deste 
modo, aplicaram sistematicamente a táctica destrutiva de dividir para melhor dominar explorando 
as rivalidades, medos e fraquezas dos africanos em seu favor. 
 
A cristianização africana levada a cabo pelos europeus foi uma estratégia que logrou grandes 
resultados. Por força da prática dos ensinamentos difundidos pelos missionários, criou-se uma 
classe de africanos com hábitos, modos e costumes europeus que acreditavam nos bons 
 
Instituto de Educação Aberta e à Dstância 15
propósitos e no não racismo de seus dominadores bem como na inferioridade natural do povo 
africano. 
Quando os chefes africanos se aperceberam de que os europeus tentavam conquistar e governar 
seus territórios, organizaram-se e resistiram de diferentes formas: alguns resistiram de forma 
pacífica e outros resistiram de forma violenta. No entanto, em virtude da superioridade 
tecnológica dos europeus em relação aos africanos, verificou-se fracasso das resistências e uma 
dominação sobre os africanos. Introduziram-se e desenvolveram-se sistemas políticos, 
económicos e socio-culturais estranhos à África, as sociedades tradicionais tinham sido vencidas, 
humilhadas e alguns reinos africanos tinham sido destruídos e outros eram dominados em forma 
de protecção. 
 
Leia atentamente a citação a seguir 
 
“[...]Por toda parte defenderam os africanos o seu solo e com frequência palmo a palmo. 
[...] É por milhares que temos de contar aqueles que se mataram pelas próprias mãos de 
preferência a sobreviverem à perda da liberdade. [...]” in Kizerbo História da África 
Negra, Volume II (pág. 96). 
 
Aqui o autor dá-nos uma ideia de como os africanos desde logo reagiram à dominação colonial, 
optando por resistir a ela. Você pode ver também quanto ódio existia à ocupação, pois a citação 
afirma que muitos africanos preferiram morrer heroicamente a terem que perder a sua liberdade. 
 
Mas, com certeza, você está interessado em compreender como foram feitas essas lutas de 
resistência africana à ocupação colonial. 
 
Caro estudante, aqui é importante recordar que, entre os reinos africanos, existiam divergências 
causadas pelo autoritarismo e egoísmo político dos chefes. Estes, criavam conflitos de interesse 
que opunham diferentes grupos culturais e dinastias dentro desse mesmo reino. De salientar que 
as lutas entre os reinos africanos foram motivadas pelo desejo de um grupo de dirigentes 
ampliarem seus domínios bem como manter o controlo do comércio que lhes trazia bens de 
prestígio garantindo deste modo seu poder. 
 
Relativamente à garantia do poder político, podemos dizer que os chefes africanos resistiram para 
manter a sua soberania, poder e crédito de que gozavam entre as populações locais. No aspecto 
económico, os africanos desejavam manter sua economia que se traduzia na agricultura, caça, 
mineração, comércio interno e externo e criação de gado. 
 
No que diz respeito à garantia do poder sociocultural, podemos dizer que os africanos pretendiam 
fazer prevalecer a sua cultura, ou seja, organização na sociedade, aspectos mágicos-religiosos e 
tradições. 
Seria demasiadamente vago falar apenas das lutas entre os reinos africanos e das causas de luta 
contra a penetração estrangeira sem caracterizar as resistências. Ora vejamos. 
Características das resistências em África 
 
Em África, as resistências manifestaram-se de maneiras diferentes. Em algumas regiões foram 
armadas e noutras foram pacíficas, tudo dependia da capacidade político-militar de cada reino. 
 
Instituto de Educação Aberta e à Dstância 16
As resistências armadas, por exemplo, verificaram-se nos reinos Zulus, Ndebeles e Bembas e as 
pacíficas ocorreram nos reinos Sothos, Tswanas e Swazis. 
As resistências armadas verificaram-se nos reinos com uma capacidade político-militar forte, 
que dominavam as terras mais férteis e ricas em recursos minerais. Daí que estes reinos se 
opunham violentamente aos interesses estrangeiros. Uma das formas de luta que utilizaram era de 
fechar as rotas de caravanas2 que passavam pelo seu território. Eram tão orgulhosos que até 
alguns chefes preferiram matar-se para não ficarem cativos3. Um exemplo concreto de africanos 
que resistiram com êxitos à penetração estrangeira é a Etiópia na África Oriental. Estes 
derrotaram decisivamente os italianos. 
 
As resistências pacíficas caracterizaram-se pela negociação

Quais as consequências negativas do colonialismo na África?

Esse processo foi marcado por muita violência e intensa exploração das riquezas dos países africanos que, após conquistarem a independência, ficaram instáveis politicamente e economicamente, visto que os colonizadores simplesmente abandonaram a região em meio a diversos conflitos étnicos e separatistas.

Como se deu a resistência africana contra a dominação europeia?

Resistência africana A resistência buscava expulsar os invasores europeus ou, ao menos, tentar diminuir a influência dos europeus quando não fosse possível expulsá-los. No entanto, em todos os casos, a vitória dos europeus ocorreu, principalmente, por causa da superioridade dos seus armamentos em relação aos africanos.

Como o colonialismo afetou a África?

Estabeleceu-se um estado de guerra permanente no território africano. A agricultura, o artesanato e o comércio foram afetados duramente pelas deportações em massa e os massacres promovidos pelos escravistas, inclusive locais. Graças ao tráfico, em 1800, o continente africano havia regredido alguns séculos.

Quais foram os principais movimentos de resistência dos povos africanos contra o imperialismo?

Resistências como a “Revolução Urabista” no Egito, a luta de Sayyid Muhammad Abdullah Hassan pela libertação da Somália, as revoluções na Líbia e as duas guerras de Madagascar contra a França foram exemplos de luta contra a dominação europeia.