Após dois amistosos contra a França em Montpellier (sul), a seleção brasileira de vôlei masculino realizou um treino aberto na cidade de Saint-Ouen, ao norte de Paris, nesta segunda-feira (22), como parte da preparação para o Mundial de Vôlei, que começa nesta sexta-feira (26). A equipe foi a primeira a testar as instalações esportivas desta cidade de 50 mil habitantes a 6,3 quilômetros da capital francesa e que servirá de base para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Após dois amistosos contra a França em Montpellier (sul), a seleção brasileira de vôlei masculino realizou um treino aberto na cidade de Saint-Ouen, ao norte de Paris, nesta segunda-feira (22), como parte da preparação para o Mundial de Vôlei, que começa nesta sexta-feira (26). A equipe foi a primeira a testar as instalações esportivas desta cidade de 50 mil habitantes a 6,3 quilômetros da capital francesa e que servirá de base para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Paloma Varón, da RFI
O treino em Saint-Ouen serviu para o Comitê Olímpico do Brasil (COB) testar as instalações esportivas na cidade ao norte da capital francesa, que fica a apenas 600 metros da Vila Olímpica de Paris 2024. A cidade foi escolhida pela proximidade e pela estrutura que oferecerá à delegação brasileira.
Saint-Ouen abrigará serviços médicos, preparação mental, áreas operacionais e alimentação com culinária brasileira, além de ser o ponto de encontro dos atletas com amigos e familiares durante os Jogos Olímpicos.
Além de servir para testar o espaço, uma quadra de handball que foi adaptada para receber a seleção de vôlei - onde foram colocados 990m² de piso de EVA e 3,6 toneladas de taraflex (revestimento para quadras esportivas) - , o treino também foi oportunidade para que os jogadores interagissem com o público local.
Crianças que participam de atividades do Centro de Lazer Jean de La Fontaine (espécie de colônia de férias), com idades entre 5 e 9 anos, estavam entre as mais animadas. Ramir, de 7 anos, até comprou uma camisa amarela do Brasil para ir ver o espetáculo. Naiym, de 9 anos, disse que joga vôlei e adorou ver os jogadores profissionais de perto.
"Nossa primeira Olimpíada"
A cada vez que a bola chegava perto do grupo, as crianças tentavam pegá-la, na intenção de participar do jogo. Ao final, elas foram convocadas para uma foto com a seleção, fizeram um grito de guerra para o Brasil e ganharam balas dos jogadores.
Nesta terça-feira (23), estes pequenos torcedores terão outro encontro com os jogadores, promovido em parceria entre o COB e a prefeitura de Saint-Ouen, para promover o esporte e desenvolver o espírito olímpico na comunidade local.
Evie, de 5 anos e meio, e Bourhanoudie, de 7, não perdem por esperar: "Vai ser a nossa primeira Olimpíada".
"Positivamente impressionados"
"Ficamos muito positivamente impressionados com toda a estrutura que foi montada. Já é um reconhecimento das instalações que vamos ter para os Jogos Olímpicos. Está sendo muito interessante estar aqui agora, porque é um momento que antecede o Mundial, uma competição de extrema importância", declarou o técnico da seleção masculina de vôlei, Renan Dal Zotto.
"O fato de estar vivenciando, mesmo que por poucos dias, este ambiente de pré-Jogos Olímpicos, é muito bom, isso motiva demais os atletas e a equipe técnica", completa Dal Zotto.
Para Rogério Sampaio, diretor-geral do COB, este primeiro treino é um marco. "No final de junho assinamos um contrato com a prefeitura de Saint-Ouen, que é muito próxima da Vila Olímpica, por entendermos que aqui seja o melhor local para montarmos a nossa base e oferecermos à nossa delegação espaços adequados para treinar, para descansar, para se alimentar com culinária brasileira", afirma.
"Além de locais de treinamentos exclusivos, aqui nossos atletas olímpicos poderão ter atendimentos médicos e fisioterápicos 24 horas por dia durante os Jogos. Acho que esta estrutura é fundamental para que a gente possa alcançar grandes resultados em Paris 2024", continua Sampaio.
Na opinião do diretor-geral do COB, estes testes que estão sendo realizado esta semana são fundamentais para detectar melhorias que possam ser feitas até 2024. "Algumas seleções virão a Saint-Ouen até 2024 e farão também esse período de testes para que a gente possa chegar com todas as instalações e as necessidades dos nossos atletas atendidas. Esse ano o vôlei é a única [seleção] que vem, mas para o próximo ano já estamos pensando em outras modalidades, como o boxe", ele conta.
Culinária brasileira na França
Como também faz durante os Jogos Olímpicos, o COB aproveitou o dia de testes em Saint-Ouen para trazer um chef brasileiro, que colocou no menu arroz, feijão, farofa, carne de panela e salada para os atletas e equipe técnica presentes em Saint-Ouen. O almoço, completamente brasileiro, foi servido em um restaurante da cidade sob o comando do chef Allan Credendio Sales.
"Já fizemos isso em Tóquio e o feijão com arroz brasileiro foi o mais concorrido de todas as delegações. Faremos também em 2024 e talvez a feijoada brasileira seja a mais concorrida de Paris e de Saint-Ouen durante os Jogos Olímpicos", afirma Sampaio, diretor-geral do COB.
Mudando de fase
Evento mais importante da modalidade, realizado a cada quatro anos, este Mundial deveria acontecer na Rússia, mas, devido à guerra deste país com a Ucrânia, esta edição será realizada na Eslovênia e na Polônia.
Depois de uma campanha ruim na Liga das Nações, em que foi derrotada nas quartas de final, a seleção brasileira masculina de vôlei espera voltar à forma para este Mundial, que tem 24 equipes divididas em seis grupos. O Brasil está no grupo B, ao lado de Cuba, Japão e Catar, com sede em Liubliana, na Eslovênia. A estreia será na sexta-feira (26) contra a seleção cubana, às 6h, no horário de Brasília.
Recém-aposentado da seleção, o oposto Wallace, de 35 anos, aceitou o convite da Federação de Vôlei para jogar no Mundial, depois que o titular da posição, Alan, se lesionou. "A seleção brasileira [de vôlei] não tem tantos opostos com uma rodagem como eu, e eu venho aqui para ajudar, dar um aporte principalmente para os opostos mais jovens em uma competição tão exigente como esta, e tentar chegar ao lugar mais alto do pódio", relata.
"A expectativa é boa. A gente vem treinando bem. O time tem uma cabeça boa. Vamos passar uma faixa preta no que aconteceu [na Liga das Nações] e pensar agora neste Mundial", continua Wallace, que foi campeão olímpico em 2016 contra a Itália.
O capitão Bruninho também está confiante. "É sempre uma alegria ter a oportunidade de participar. É meu quarto mundial e estou muito feliz de poder representar o Brasil. A gente sabe da dificuldade, existe um equilíbrio muito grande no voleibol masculino, mas nosso objetivo é conseguir mais uma final - o Brasil vem de cinco finais consecutivas. A responsabilidade é grande", diz Bruninho, que está na seleção desde 2006 e já participou de quatro olimpíadas, sendo também campeão olímpico de 2016.
O cubano naturalizado brasileiro Leal vai jogar seu primeiro Mundial pelo Brasil: "É uma expectativa muito grande jogar contra o país onde eu nasci, onde está toda minha família, mas eu tomei a decisão de sair de Cuba em 2010 e de vir jogar pelo Brasil. Então quero fazer bem meu trabalho, e que ganhe o melhor", declara ele, que jogou pela seleção cubana de 2007 a 2010.
"Eu não conheço a atual seleção cubana, mas, pelo que conhecemos do time em geral, eles são muito fortes no ataque e no saque, então estamos nos preparando para nos contrapor bem a isso", completa Leal.
O Brasil foi três vezes campeão olímpico no vôlei masculino: em Barcelona (1992), Atenas (2004) e Rio de Janeiro (2016).