Analise as afirmações a seguir sobre a situação do Brasil no debate frente à questão da cidadania

(UENP) Do ponto de vista sociológico, o Brasil se constituiu sobre o mito da democracia racial principalmente depois da publicação de Casa grande e senzala de Gilberto Freyre (2003). De acordo com Florestan Fernandes (1965) o ideal de miscigenação fora difundido como mecanismo de absorção do mestiço não para a ascensão social do negro, mas para a hegemonia da classe dominante. O mito da democracia racial assentou-se sobre dois fundamentos: 1) o mito do bom senhor; 2) o mito do escravo submisso. Analise as afirmações:

I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das elites modernas, como diria Contardo Calligaris, e juntamente com uma espécie de pseudocordialidade seriam responsáveis pela manutenção e o aprofundamento das diferenças sociais.

II. O mito do escravo submisso fez com que a sociedade de um modo geral não encarasse de frente a violência da escravidão, fez com que os ouvidos se ensurdecessem aos clamores do movimento negro, por direitos e por justiça.

III. As proposições legislativas sobre a inclusão de negros vão desde o Projeto de Lei que reserva aos negros um percentual fixo de cargos da administração pública, aos que instituem cotas para negros nas universidades públicas e nos meios de comunicação.

Assinale a alternativa correta:

a) todas as afirmações são verdadeiras.

b) apenas a afirmação II é verdadeira.

c) as afirmações I e III são verdadeiras.

d) as afirmações I e II são falsas.

e) todas as afirmações são falsas.

É correto dizer que Gilberto Freyre procurou pensar a formação da sociedade patriarcal brasileira, a partir da publicação de Casa Grande & Senzala, influenciado:

a) pelas teorias raciais do nazismo.

b) pela antropologia de Franz Boas.

c) pelo marxismo britânico dos anos 1920.

d) pela teoria crítica da Escola de Frankfurt.

e) pelo pensamento autoritário do fascismo italiano.

(UNICENTRO) “Quando se menciona o trabalho escravo no Brasil, a primeira lembrança é a da escravidão negra. Realmente, foi ela a mais marcante, a mais longa e terrível; mas o trabalho escravo se inicia no Brasil com a escravidão indígena” (Tomazi, Nelson Dácio (coordenador). Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 2000, p.62). Considerando a realidade estabelecida pela implantação do trabalho escravo dos negros africanos trazidos ao Brasil, assinale a alternativa incorreta.

a) As condições de vida dos escravos africanos eram terríveis, razão pela qual a média de vida útil deles não ultrapassava os quinze anos.

b) Os negros africanos reagiram à escravidão das mais diversas formas: através das fugas, dos quilombos, da luta armada, da preservação dos cultos religiosos, da dança, da música.

c) O negro é parte integrante da história brasileira, apesar dos muitos preconceitos que ainda persistem contra eles.

d) O Brasil figura entre os primeiros países latino-americanos a declarar por meio de muitas leis, até a promulgação da lei áurea, a libertação de seus escravos.

e) O fim do tráfico de escravos, no Brasil, ocorreu em meados do século XIX, quando começaram algumas experiências com a mão de obra assalariada de estrangeiros.

Leia o trecho a seguir:

VEJA – Vê uma atitude racista no culto à mulata ou reafirma sua tese de que esse culto está uma prova da ausência de problemas raciais no Brasil? O Brasil é, realmente, uma democracia racial perfeita?

GF (Gilberto Freyre) – Perfeita, de modo algum. Agora, que o Brasil é, creio que se pode dizer sem dúvida, a mais avançada democracia racial do mundo de hoje, isto é, a mais avançada nestes caminhos de uma democracia racial. Ainda há, não digo que haja racismo no Brasil, mas ainda há preconceito de raça e de côr entre grupos de brasileiros e entre certos brasileiros individualmente.

(Trecho de entrevista de Gilberto Freyre publicada na revista Veja de 14 de abril de 1970).

É possível afirmar que a resposta de Gilberto Freyre:

a) reforça o preconceito racial dos antigos senhores escravocratas.

b) desrespeita a figura da mulata.

c) pondera a questão do racismo no Brasil com a evidência de que há democracia racial, ainda que imperfeita.

d) incita o ódio entre as raças.

e) ignora a história do passado escravista brasileiro.

Letra A

Os dois primeiros tópicos da questão apoiam-se na perspectiva que o sociológico Florestan Fernandes tinha da formação da sociedade brasileira e na crítica feita à interpretação de Gilberto Freyre a essa formação. Estão corretas, na medida em que corroboram a visão de Florestan, e não como sentenças irrefutáveis a respeito da realidade histórica e da obra de Freyre. Já o terceiro tópico diz respeito às políticas públicas que reservam cotas para negros como sendo políticas de inclusão social. Esse tópico está correto na medida em que se confirma ser essa a alegação oficial do Estado para a implementação das políticas de cotas.

Letra B

Gilberto Freyre era antropólogo por formação. Parte dessa formação ocorreu com o antropólogo teuto-americano Franz Boas, um dos precursores da antropologia cultural. Com Boas, Freyre pôde pensar melhor sobre a questão das teorias raciais do século XIX e o preconceito cientificista que elas carregavam, bem como procurar construir novas reflexões sobre a mistura das raças e o valor étnico e social da miscigenação.

Letra D

Apesar de ter havido projetos para o fim da escravidão do Brasil desde a Independência (como foi o caso do projeto de José Bonifácio de Andrada e Silva, de 1823), o Brasil demorou muito a extinguir a escravidão. A primeira lei nesse sentido ocorreu em 1850. A Lei áurea só foi promulgada em 1888, o que fez do Brasil o último país do continente americano a dar fim ao regime escravista.

Letra C

Freyre destaca que o Brasil, por conta do fator miscigenador, acabou por avançar em termos de uma “democracia racial”, ainda que o racismo exista entre nós de forma pontual. O fato é que, ao contrário de outros lugares, como os EUA, no Brasil nunca houve racismo institucionalizado após o fim da escravidão.