A por quê carol saiu do seu emprego

Há alguns anos, a executiva de finanças Carol Kraemer aceitou um novo emprego. Seu cargo, vice-presidente, era impressionante, e a remuneração, excelente: US$ 200 por hora. Só que seus primeiros contracheques vieram com salários mais baixos que o esperado.

Isso porque seu novo empregador, que usava um software para monitorar os funcionários que trabalhavam remotamente, pagava apenas pelos minutos em que o sistema detectava trabalho ativo.

O pior é que Carol notou que o software não chegou nem perto de capturar suas tarefas efetivas. O trabalho off-line – resolver problemas de matemática no papel, ler relatórios e até mesmo pensar – não era registrado e exigia aprovação da chefia como “tempo manual”.

Ao gerenciar as finanças da organização, Carol supervisionou mais de uma dúzia de pessoas, mas orientá-las nem sempre deixou uma impressão digital. Se ela esquecesse de ligar seu rastreador de tempo, ela teria que apelar para seu gestor para receber o que tinha direito.

- Você deveria ser um membro confiável da sua equipe, mas nunca houve qualquer confiança de que você estava trabalhando para a equipe - disse ela.

Veja a saga de imigrantes que buscam nova vida nos EUA

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Imigrantes que buscam asilo nos EUA caminham no Rio Grande perto da Ponte Internacional entre o México e os EUA enquanto esperam para ser processados em Ciudad Acuña, no México. — Foto: GO NAKAMURA / REUTERS - 16/09/2021

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Grupo de imigrantes perto da Ponte Internacional entre México e EUA esperam para serem processados, em Del Rio, Texas, EUA — Foto: GO NAKAMURA / REUTERS - 16/09/2021

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Criança haitiana junto a grupo de imigrantes que aguardam para entregar documentos a representantes de organizações sociais para regularizar sua situação de imigração na praça Benito Juarez, em Tapachula, no estado de Chiapas, México — Foto: EDGARD GARRIDO / REUTERS - 14/09/2021

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Segundo o jornal "The Washington Post", muitos dos imigrantes que chegam aos EUA deixaram o Haiti após terremoto de 2010 rumo, especialmente, a Brasil e Chile. Crise gerada pela pandemia teria levado grupos ao norte das américas — Foto: GO NAKAMURA / REUTERS - 15/09/2021

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Famílias de imigrantes em busca de asilo de Honduras e Guatemala caminham por uma estrada de terra depois de cruzar ilegalmente o Rio Grande para os EUA vindo do México, em Penitas, Texas — Foto: Adrees Latif / REUTERS - 10/01/2019

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Menina hondurenha de dois anos chora enquanto a mãe é revistada na fronteira com os EUA. A imagem (de junho de 2018), ganhadora do prêmio World Press Photo de 2019, retrata o drama humanitário da atual crise migratória que tem o México na rota de pessoas de países da América Central a caminho dos Estados Unidos, onde tentam entrar ilegalmente — Foto: JOHN MOORE / GETTY IMAGES

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Drama humanitário vem ganhando destaque na imprensa internacional. O principal prêmio do jornalismo – o Pulitzer – agraciou uma equipe de fotojornalistas da agência Reuters, entre eles o brasileiro Ueslei Marcelino, por registrar a epopeia de uma caravana de imigrantes da América Central rumo aos Estados Unidos — Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

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Membros de uma caravana de migrantes da América Central seguram bandeiras hondurenhas enquanto estão sentados na fronteira entre o México e os EUA como parte de uma manifestação, antes dos preparativos para um pedido de refúgio nos EUA, em Tijuana, México — Foto: EDGARD GARRIDO / Reuters

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Migrantes centro-americanos tentam atravessar o Rio Suchiate, na fronteira entre Guatemala e México, com o objetivo de chegar aos EUA - — Foto: LEAH MILLIS / REUTERS - 29/10/2018

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Imigrantes atravessam o rio Suchiate, de Tecun Uman, na Guatemala, a Ciudad Hidalgo, no México — Foto: CARLOS ALONZO / AFP - 29/10/2018

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Imigrante de Honduras carrega seu filho ao atravessar o Rio Shuchiate, na fronteira da Guatemala com o México, em outubro do ano passado. — Foto: Adrees Latif / Reuters

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Família de migrantes, parte de uma caravana de milhares de pessoas que viajam da América Central rumo aos Estados Unidos, fogem de gás lacrimogêneo na frente da fronteira entre os EUA e o México, em Tijuana, Cidade do México — Foto: KIM KYUNG-HOON / Reuters - 25/11/2018

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Caravana de migrantes hondurenha ruma em direção aos EUA, na ponte da fronteira internacional Guatemala-México, em Hidalgo, no México — Foto: PEDRO PARDO / Agência O Globo - 20/10/2018

Desde o surgimento dos escritórios modernos, os trabalhadores orquestram suas ações observando o relógio. Agora, cada vez mais, o relógio os observa.

Em empregos com salários mais baixos, o monitoramento já é onipresente: não apenas na Amazon, onde as medições de segundo a segundo se tornaram notórias, mas também para caixas da Kroger, que opera supermercados e lojas de departamentos; motoristas da UPS, uma das maiores empresas de logística do mundo; e milhões de outros.

Vigilância eletrônica atinge todos os níveis

Oito dos dez maiores empregadores privados dos Estados Unidos acompanham as métricas de produtividade de trabalhadores individuais, muitos em tempo real. Agora, o monitoramento de produtividade digital também está se espalhando entre empregos de executivos e funções que exigem pós-graduação.

Muitos funcionários, trabalhando remotamente ou presencialmente, estão sujeitos a rastreadores, pontuações, botões "ociosos" ou apenas silenciosos, constantemente acumulando registros. Pausas podem levar a penalidades, de salários a empregos perdidos.

Alguns radiologistas veem painéis mostrando seu tempo de “inatividade” e como sua produtividade se compara à de seus colegas. Em empresas como a J.P. Morgan, rastrear como os funcionários passam seus dias, desde fazer ligações telefônicas até redigir e-mails, tornou-se uma prática rotineira.

Veja quais são as melhores cidades para se viver no pós-pandemia

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Viena é considerada a melhor cidade para se viver no pós-pandemia — Foto: Pixabay

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Ciclistas em área central de Copenhague — Foto: Dennis Stenild/The New York Times

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Zurique, na Suíça,é a terceira melhor cidade para se viver no pós-pandemia, mas uma das mais caras também

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Calgary, no Canadá, aparece na quarta posição do ranking

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Vancouver está na quinta posição da lista das melhores cidades para se viver no pós- pandemia

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A cidade suíça de Genebra foi indicada como sexta melhor cidade para se vive no pós-pandemia de Covid

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Vista da cidade de Frankfurt, na Alemanha, sétima colocada no ranking

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Toronto, no Canadá, foi eleita a oitava melhor cidade para se viver no pós-Covid

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Paisagem de Amsterdã, na Holanda

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Osaka, no Japão, está entre as dez melhores cidades para se viver no pós-pandemia — Foto: Bloomberg

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Melbourne, na Austrália, empatou com Osaka, no Japão, no 10º lugar — Foto: Pixabay

Educação, cultura, saúde e infraestrutura são quesitos levados em conta na escolha dos locais

No UnitedHealth Group, a baixa atividade medida pelo uso do teclado do computador pode afetar a remuneração e os bônus. Os funcionários públicos também são rastreados: em junho, a Metropolitan Transportation Authority, de Nova York, disse a engenheiros e outros funcionários que eles poderiam trabalhar remotamente um dia por semana se concordassem com o monitoramento de produtividade em tempo integral.

Arquitetos, administradores acadêmicos, médicos, funcionários de asilo e advogados também relataram a crescente vigilância eletrônica a cada minuto de seu dia de trabalho. Eles ecoaram as reclamações que os funcionários em muitos cargos de baixa remuneração têm expressado há anos: que seus empregos são implacáveis, que eles não têm controle — e, em alguns casos, nem têm tempo suficiente para usar o banheiro.

Em entrevistas e em centenas de mensagens escritas ao NYT, trabalhadores de ''colarinho branco'' descreveram o fato de serem rastreados como "desmoralizante", "humilhante" e "tóxico". A microgestão está se tornando padrão, disseram.

'Relógios de ponto modernos'

Mas a queixa mais urgente, abrangendo indústrias e rendimentos, é que os ''novos relógios de ponto'' do mundo do trabalho estão simplesmente errados: ineptos em capturar atividades off-line, não confiáveis em avaliar tarefas difíceis de quantificar e propensos a minar o trabalho em si.

Funcionários da Amazon se preparam para a entrega de encomendas: empresa monitora entregadores — Foto: Michael Nagle/Bloomberg

Os assistentes sociais da UnitedHealth foram marcados por falta de atividade enquanto aconselhavam pacientes em instalações de tratamento de drogas, de acordo com um ex-supervisor. Caixas de supermercado disseram que a pressão para digitalizar rapidamente os itens prejudicou o atendimento ao cliente, tornando mais difícil ser paciente com compradores idosos que se movem lentamente.

- Estamos nesta era de medição, mas não sabemos o que deveríamos medir- disse Ryan Fuller, ex-vice-presidente de inteligência no local de trabalho da Microsoft.

'Mouse malabarista' dribla vigilância

À medida que essas práticas se espalharam, também encontra resistência ao que os defensores do trabalho chamam de uma das expansões mais significativas do poder patronal em gerações. Os vídeos do TikTok oferecem dicas sobre como burlar os sistemas, inclusive com um "mouse malabarista", um dispositivo que cria a ilusão de que a pessoa está ativa.

Alguns dos funcionários mais monitorados do país tornaram-se alguns dos mais combativos — trabalhadores de centros de distribuição, como os da Amazon, tentando se sindicalizar, caminhoneiros formando comboios de protesto.

Mas muitos empregadores, juntamente com os fabricantes da tecnologia de rastreamento, dizem que, mesmo que os detalhes precisem ser refinados, a prática se tornou valiosa — e talvez inevitável.

O rastreamento, dizem eles, permite que gerenciem com clareza, justiça e discernimento recém-descobertas. Trabalhadores ociosos podem ser afastados, enquanto outros podem ser recompensados.

- É uma maneira de realmente focar apenas nos resultados, em vez de impressões - disse Marisa Goldenberg, que dirigia uma divisão da empresa Kraemer, que garante ter usado as ferramentas com moderação.

Alguns empregadores estão barganhando.

- Se vamos desistir de trazer as pessoas de volta ao escritório, não vamos desistir de gerenciar a produtividade - disse Paul Wartenberg, que instala sistemas de monitoramento para clientes de vários setores, incluindo empresas de contabilidade e hospitais.

Só que os locais de trabalho presenciais também adotaram tais ferramentas. Tommy Weir, cuja empresa, a Enaible, fornece pontuações de produtividade em grupo para as empresas do ranking Fortune 500, pretende eventualmente usar pontuações individuais para calibrar o pagamento:

- A verdadeira questão é quais empresas vão usá-lo e quando, e quais delas vão se tornar irrelevantes?

Desconto no salário

Carol pensou já ter visto de tudo. Anos depois de trabalhar na Enron, a gigante de energia, ela nunca tinha encontrado nada como as práticas da ESW Capital, um grupo de empresas de software de negócios com sede no Texas.

Ela e seus colegas de trabalho poderiam desligar seus rastreadores e fazer pausas a qualquer momento, desde que cumprissem 40 horas por semana, o que a empresa registrava em intervalos de 10 minutos.

Pausas para um café no home office podem significar corte de salário — Foto: Reprodução

Durante cada um desses intervalos, no entanto, câmeras tiravam fotos de seus rostos e telas, criando cartões de ponto para verificar se estavam ativos. Alguns chefes permitiram alguns cartões de ponto "ruins" — mostrando interrupções ou nenhuma atividade digital — de acordo com entrevistas com duas dúzias de funcionários atuais e ex-funcionários.

Além disso, qualquer instante em que eles estivessem parados ou se afastassem momentaneamente poderia custar-lhes 10 minutos de desconto dos salários.

- Enquanto o rastreador estava ligado, você não podia escolher aqueles momentos de ir ao banheiro ou parar para um café. Você só tinha que improvisar - conta Carol.

O que Carol não sabia é que esse software foi criado com um senso de promessa sobre o futuro do local de trabalho. Era parte de um plano ousado para simplificar e "redefinir a maneira como as pessoas trabalham", como disse um dos criadores.

Sem brincadeiras no ambiente de trabalho

As configurações do escritório foram sufocadas com interrupções desnecessárias, eles acreditavam, e constrangidas pela obrigação de contratar os melhores talentos do mundo. Os smartphones e seus barulhinhos constantes eram uma ameaça crescente à concentração.

Se a tecnologia pudesse otimizar a produtividade, todos se beneficiariam, alegam os executivos. A empresa realizaria mais. Os trabalhadores teriam melhor desempenho, depois sairiam para viver suas vidas.

Para realizar essa visão, a ESW criou uma empresa chamada Crossover, fundada em 2014, para contratar e gerenciar trabalhadores. Os salários eram altos e os benefícios escassos: quase todos seriam contratados, usando seus próprios computadores. Os executivos adaptaram um rastreador existente no WorkSmart, o software que colocou Carol e outros sob uma redoma de supervisão eletrônica.

O mundo em imagens nesta quinta-feira

O sistema atraiu adeptos, pois os ganhos de produtividade foram notáveis. As brincadeiras foram eliminadas. Em entrevistas, ex-supervisores descreveram ter novos poderes de ''visão de raios-X'' sobre o que os funcionários estavam fazendo além de trabalhar: assistir vídeos pornô, jogar videogames, usar bots para imitar digitação.

Outros funcionários, disseram eles, tornaram-se mais eficientes.

- Depois de ver essas métricas, esses insights, algo muda: você percebe o quanto desperdiça fazendo nada, ou apenas multitarefas e não realizando coisas - disse Federico Mazzoli, cocriador do WorkSmart.

Indenização pelo corte de salário

Alguns trabalhadores estrangeiros disseram que as invasões valeram os salários que receberam nos EUA, e que lhes permitiram comprar casas ou abrir negócios.

Mas Carol, como muitos de seus colegas, descobriu que o WorkSmart derrubou ideias que ela tinha dado como certas: que ela teria mais liberdade em sua casa do que em um escritório; que seu Mestrado em Administração de Empresas e experiência lhe dariam mais voz ao longo de seu tempo.

Os dias de trabalho ficaram mais longos para ela e outras pessoas, em parte porque o trabalho off-line não contava, mas também porque era quase impossível trabalhar on-line com foco inabalável. Tirar um tempo para meditar ou brincar com os colegas acabou sendo necessário tanto para fazer seu trabalho quanto para passar o dia, mesmo que esses momentos não fossem remunerados.

- Você tem que estar na frente do seu computador, no modo de trabalho, 55 ou 60 horas apenas para ter essas 40 horas contadas e pagas - explicou Carol.

Embora a WorkSmart tenha permitido pedidos de pagamento para o trabalho off-line, os funcionários disseram que os gerentes nem sempre os encorajavam.

Procurados pelo NYT, executivos da ESW e da Crossover não responderam a repetidos pedidos de comentário, incluindo perguntas escritas sobre se alguma dessas práticas foi atualizada. Mas a Crossover defende suas práticas em seu site, dizendo que seu "'Fitbit' de produtividade" estimula motivação, responsabilidade e "liberdades remotas".

No fim das contas, Carol deixou a ESW e processou a Crossover por salários não pagos por trabalho que seu sistema não rastreou. O caso foi resolvido por uma indenização que ela está impedida de divulgar.

A chegada da pandemia, estimulando as empresas a acompanhar os funcionários que trabalhavam em casa, acelerou uma mudança que já estava em andamento. À medida que mais empregadores adotavam as ferramentas, mais trabalhadores compartilhavam a experiência de Carol: o software estava distorcendo os fundamentos do tempo e da confiança em suas vidas de trabalho.

Como responder a pergunta porque você saiu do último emprego?

Se o motivo da sua saída foi realmente para buscar novos desafios ou até mais qualidade no trabalho, deixe isso bem claro. Mostre, por exemplo, que você é um profissional proativo e que seu emprego antigo não proporcionava mais as condições necessárias para você crescer profissionalmente.

Como explicar o motivo de saída de uma empresa?

Exemplos de motivo da saída do emprego para mencionar na entrevista. “Por conta da crise econômica, a empresa fechou [o departamento/a filial] onde eu atuava”. “A empresa passou por uma restruturação que resultou em muitos desligamentos”.

O que falar dos pontos fortes em uma entrevista?

Por esse motivo, a primeira dica que temos para te dar é: seja sincero nas suas respostas. Ao ser perguntado sobre seus pontos fortes, você não precisa listar uma quantidade imensa de atributos para impressionar. Muitas vezes, menos é mais. O principal é que, ao mencionar suas qualidades, você seja verdadeiro.

Como você se vê daqui a cinco anos?

Uma resposta geral que pode dar é dizer que se vê a crescendo profissionalmente, desenvolvendo as suas competências, e que se vê contribuindo para o sucesso da empresa. Já que o seu objetivo é crescer como profissional mas também contribuir para o bem de todos, colaborando no crescimento da empresa.