A exploração dos metais preciosos encontrados na América Portuguesa, no final do século

Esperada desde o início das atividades exploratórias sob terras brasileiras, a descoberta de metais preciosos pela administração colonial portuguesa só aconteceu no fim do século XVII. O anúncio dessa nova atividade de exploração inaugurou uma nova fase da história do Brasil colonial.

Desde então, a chegada dos portugueses atraídos pelo ouro e pela prata motivou um processo de povoamento das regiões interioranas no país. Essa ocupação do interior se fez presente desde o período da União Ibérica (1580-1640), quando o domínio espanhol e a falta de escravos impulsionaram os bandeirantes a desbravarem os sertões. Foi por meio dessas empreitadas, que as primeiras regiões auríferas foram descobertas na região de Minas Gerais e, posteriormente, Mato Grosso e Goiás.

A região, inicialmente explorada pelos bandeirantes nativos, logo assistiu a chegada de vários súditos da Coroa Portuguesa. A corrida pelo ouro chegou a provocar um conflito entre portugueses e bandeirantes, que ficou conhecida como A Guerra dos Emboabas. Depois de garantido o controle sobre tais regiões, a metrópole também teve preocupação em aprimorar seu sistema de tributação e fiscalização sobre as possessões auríferas.

As áreas mineradoras passaram a ser cercadas por oficias do poder metropolitano e novos impostos foram criados na época. Nas casas de fundição, o ouro era fundido e marcado pelo brasão da Coroa Portuguesa. Vários impostos foram criados sobre a atividade mineradora e à medida que as reservas se escasseavam as cobranças só aumentavam. Ainda assim o contrabando era uma atividade recorrente. A opressão portuguesa recebeu forte resposta como na Revolta de Filipe do Santos e na Inconfidência Mineira.

Além de potencializarem as tensões entre a colônia e a metrópole, a mineração também trouxe certa dinamicidade na economia interna. A pecuária e a agricultura nas regiões Sul e Nordeste cresceram com a demanda por víveres nas regiões mineradoras. Ao mesmo tempo, a mineração imprimiu outra dinâmica na trajetória econômica dessas regiões, já que o foco das atividades iniciou-se nos centros urbanos para só depois, com a decadência da mineração, se voltar para o campo.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

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A exploração dos metais preciosos encontrados na América Portuguesa, no final do século

A exploração dos metais preciosos encontrados na América Portuguesa, no final do século

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PARA CONCLUIR
Neste módulo, estudamos como a descoberta de metais preciosos na colônia foi benéfica a 
Portugal, que conseguiu equilibrar as contas financeiras e sair da profunda crise que afetou sua 
economia no século XVII. O auge da produção foi entre 1737 e 1746. A exploração foi tão intensa 
que não demorou muito para que a Coroa portuguesa percebesse a diminuição dos lucros ano após 
ano a partir da década de 1760. Contudo, os mineiros estavam insatisfeitos com o aumento excessivo 
dos tributos, o que fortaleceu ainda mais as animosidades nas regiões auríferas.
Apesar da diminuição da quantidade de metais extraídos, a exploração deixou heranças para 
Portugal e para a colônia, mas também para outro país que se desenvolvia economicamente a passos 
largos no século XVIII: a Inglaterra. Em Portugal, o século do ouro deixou construções luxuosas; na 
América portuguesa, transformou a região das minas e trouxe a única experiência urbana na colônia, 
originando uma sociedade heterogênea e o florescimento cultural. Na Inglaterra, o ouro do Brasil 
também causou impacto, contribuindo para o desenvolvimento de seu processo de industrialização 
no século XVIII. 
1 Que contexto histórico explica a crise financeira da 
Coroa portuguesa ao longo do século XVII?
Durante a União Ibérica, Portugal foi alvo de inimigos da Espanha 
e acabou perdendo parte do seu império. Em relação à América 
portuguesa, apesar de ter conseguido recuperar os territórios 
perdidos temporariamente para os holandeses, a situação não era 
favorável. Após serem expulsos, os holandeses foram produzir açúcar 
nas Antilhas, gerando concorrência para o açúcar produzido no 
Brasil e agravando a crise portuguesa. 
2 Quais eram os objetivos dos bandeirantes ao enfrenta-
rem os sertões do território colonial?
Os bandeirantes adentravam nos sertões em busca de riquezas e 
para aprisionar indígenas para serem submetidos a trabalhos forçados.
3 Se pela lógica mercantilista acumulação de metais pre-
ciosos era sinônimo de riqueza, por que Portugal não 
decidiu investir na exploração do ouro de sua colônia 
americana desde o início?
Até o final do século XVII, Portugal ainda não havia encontrado 
quantidades de metais preciosos na América portuguesa que 
justificassem o investimento.
4 Por que a vila de São Paulo de Piratininga tinha relativa 
liberdade em relação a outros territórios controlados 
pela metrópole?
A vila de São Paulo de Piratininga localizava-se entre morros e 
matas densas da serra do Mar, dificultando o controle por parte das 
autoridades régias instaladas no Rio de Janeiro.
5 Qual foi a mudança administrativa sofrida pela vila de 
São Paulo de Piratininga após a descoberta de metais 
preciosos pelos bandeirantes? 
Para obter maior controle da região, a Coroa portuguesa criou a 
capitania de São Paulo e Minas de Ouro e a vila de São Paulo de 
Piratininga passou a ser a sede da capitania. Em 1711, foi elevada 
à condição de cidade. Essa mudança administrativa significou a 
transformação da região no principal centro econômico da colônia.
6 Por que o ouro encontrado na América portuguesa era 
de fácil extração e de baixo custo?
O ouro encontrado na América portuguesa era de aluvião, localizado 
às margens dos rios e misturado a cascalho. A extração, portanto, 
era fácil e barata, com a utilização de ferramentas simples.
7 O que provocou a Guerra dos Emboabas?
Reivindicando o direito exclusivo de explorar as minas, os 
bandeirantes entraram em conflito com os forasteiros que correram 
para a região a fim de explorar o ouro.
8 Qual era a importância das Casas de Fundição para a 
cobrança de impostos por parte da metrópole?
Nas Casas de Fundição, o ouro era fundido, transformado em barra e 
quintado, isto é, tinha um quinto do seu peso recolhido como imposto.
PRATICANDO O APRENDIZADO
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1 Leia os textos a seguir. 
Para os funcionários régios dos dois lados do Atlântico, 
tratava-se de encontrar a melhor solução para aquilo que 
julgavam um grande problema, porque, em vez do entusias-
mo desmedido e eufórico ante a sucessão de descobertos 
que a cada dia se fazia, o que se percebe na documentação 
oficial é um sentimento de medo generalizado, a descon-
fiança de que o brilho do ouro, tal qual uma caixa de Pando-
ra, escondia uma ameaça terrível, que convinha escrutinar. 
Era sobretudo de uma perspectiva política, e não econô-
mica, que os conselheiros se posicionavam em relação ao 
tema, avaliando cuidadosamente os novos desafios que a 
fronteira mais avançada de povoamento impunha à restrita 
e limitada experiência colonial portuguesa na América.
ROMEIRO, Adriana. As minas antes das minas: reflexões sobre os albores da história 
mineira. Cadernos da Escola do Legislativo, Belo Horizonte, v. 11, n. 16, p. 7-22, jan.-jun. 2009.
Cada ano vem nas frotas quantidade de portugueses 
e de estrangeiros, para passarem à s minas. Das cidades, 
vilas, recô ncavos e sertõ es do Brasil, vã o brancos, pardos 
e pretos, e muitos í ndios, de que os paulistas se servem. A 
mistura é toda a condiç ã o de pessoas. [...] Sobre esta gen-
te, quanto ao temporal, não houve até o presente coação 
ou governo algum bem ordenado, e apenas se guardam 
algumas leis, que pertencem às datas e repartições dos 
ribeiros. No mais, não há ministros nem justiças que tra-
tem ou possam tratar do castigo dos crimes, que não são 
poucos, principalmente dos homicídios e furtos.
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil (1711). 
In: INÁCIO, Inês C.; LUCA, Tania Regina de. 
Documentos do Brasil colonial. São Paulo: Ática, 1993. p. 124.
 O primeiro texto trata da preocupação de João de Len-
castro, governador-geral de Salvador entre 1694 e 1702, 
que estava apreensivo diante da descoberta das minas de 
ouro na colônia. Além de ser uma atividade que poderia 
atrair toda sorte de pessoas, era uma atividade econômi-
ca bastante diferente da que vinha sendo praticada no 
Nordeste e, portanto, seria um grande desafio para sua 
administração. O segundo traz o relato do Padre Antonil, 
que igualmente considerava muito arriscada a aposta das 
autoridades metropolitanas na exploração do ouro.
 Tendo em vista a referência econômica que possuíam e 
a realidade colonial que conheciam até então, explique 
por que tanto Lencastro quanto Antonil desconfiavam 
da economia mineradora.
As experiências que tinham eram provenientes da sociedade 
açucareira, em que o açúcar era a maior riqueza do Brasil e os 
engenhos também serviam como um centro de conversão de 
escravizados à fé cristã. A produção açucareira determinava a 
vida econômica da colônia e alimentava as ambições de grandes 
proprietários de terras e escravizados do Nordeste. O temor era de 
que essa ordem pudesse ser ameaçada com a descoberta das minas, 
sobretudo devido ao fluxo desenfreado de pessoas para a região 
mineradora, provocando caos e desordem e dificultando o controle do 
governo-geral.
 Baseando-se na leitura do documento abaixo, responda 
às questões 2 e 3.
O negócio das Minas há muitos dias que está para-
do porque andam aqueles moradores com as armas nas 
mãos, divididos em duas facções, sendo capitão de uma 
delas, que são todos os que não são paulistas, um Manuel 
Antunes [Nunes] Viana, natural daquela vila e morador 
no sertão da Bahia; este se acha com mais de três mil ho-
mens armados em campanha, é homem que leva após si 
muita gente por ser muito rico, facinoroso e intrépido, por 
cujas razões é o que introduz nas Minas muitas e gran-
des tropas da Bahia, para onde vai a maior parte do ouro 
que elas produzem, contra as ordens de sua Real Fazenda 
porque não paga quintos; e na casa deles desta cidade se 
acham pouco mais de duas arroubas de ouro [...]
D’ALBUQUERQUE, Luiz de Almeida (provedor da Fazenda Real no Rio de Janeiro). 
Carta ao Rei (6 de fevereiro de 1709). In: INÁCIO, Inês C.;

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