Pilula do dia seguinte são quantos para tomar

Apesar de ser um método conhecido, a pílula do dia seguinte ainda gera muitas dúvidas

Redação Publicado em 01/04/2022, às 15h00

A pílula do dia seguinte é um método conhecido por grande parte das mulheres para evitar uma gravidez indesejada. Entretanto, é um método de emergência e seu uso deve ser exceção e nunca a regra. A pílula do dia seguinte tem de seis a 20 vezes a dose hormonal de uma pílula comum. Sendo assim, utilizá-la com frequência pode acarretar maiores problemas, como irregularidade menstrual.

Quando e como tomar? 

Para evitar uma possível gravidez, a pílula do dia seguinte deve ser tomada o mais rápido possível (apesar do nome, não é preciso esperar o dia seguinte), pois a sua eficácia diminui de maneira progressiva com o passar do tempo. 

Assim, o ideal é que a pílula do dia seguinte seja tomada nas primeiras 12 ou 24 horas após a relação sexual, período que garante maior eficácia, na ordem de 95%. Mas também é possível utilizá-la em até 72 horas (ou três dias) após a relação suspeita. Se tomada depois desse prazo, no quarto ou no quinto dia após a relação, a eficácia diminui bastante e a mulher deve ficar atenta para o risco de gravidez.

Alguns estudos indicam que as taxas de eficácia das pílulas do dia seguinte podem ser um pouco mais baixas para mulheres com sobrepeso ou obesidade.

Conclusão: mesmo quando tomada de forma correta, a pílula do dia seguinte apresenta uma margem de falha e não garante 100% de proteção. Portanto, é aquela velha história: melhor prevenir do que remediar.

De acordo com o Ministério da Saúde, as principais indicações para o uso da pílula do dia seguinte são:

  • Deslocamento do diafragma;
  • Rompimento do preservativo;
  • Esquecimento prolongado do anticonceptivo oral ou atraso do injetável; 
  • Coito interrompido em que ocorre derrame do sêmen na vagina;
  • Cálculo incorreto do período fértil, erro no período de abstinência ou interpretação equivocada da temperatura basal;
  • Casos de violência sexual, quando a mulher é privada de escolha e submetida à gravidez indesejada;
  • Relação sexual desprotegida sem uso de nenhum método contraceptivo e preservativos (masculino ou feminino).

Confira:

Tem efeitos colaterais? 

Pela alta dose de hormônio, pode haver alguns efeitos colaterais, como dores de cabeça, náuseas, vômitos, desconforto no estômago, tonturas e alterações no ciclo menstrual. A depender da fase do ciclo em que a mulher tomou a pílula do dia seguinte, é possível que haja sangramento alguns dias depois do uso.

Quando o método é utilizado com frequência, há risco de irregularidade menstrual, ou seja, o ciclo da mulher fica bagunçado. Nesses casos, os hormônios ficam tão desregulados que já não é possível saber precisamente quando se está no período fértil ou ovulando, o que pode até resultar em um risco mais alto de uma gravidez indesejada. 

A recomendação, quando a mulher começa a repetir o uso da pílula do dia seguinte, é procurar um ginecologista que ofereça opções de métodos contraceptivos que deem maior segurança. As pílulas anticoncepcionais convencionais, por exemplo, contêm menores dosagens de hormônios, causam menos efeitos colaterais e são mais eficazes. Também há outras formas de administração, como adesivos, injeções ou implantes, para quem costuma esquecer de tomar a pílula. 

Veja também:

Há muitas dúvidas acerca da pílula do dia seguinte. Ela é abortiva? Depois de ter feito sexo desprotegido, tenho quanto tempo para tomá-la? Ela é eficaz? Posso tomá-la mais de uma vez por mês?

Com o objetivo de esclarecer algumas dúvidas sobre o contraceptivo de emergência (pílula do dia seguinte), que é vendido sem receita médica nas farmácias ao custo de aproximadamente R$ 20,00, conversamos com o Dr. Donizetti Ramos dos Santos, médico do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, e com a Dra. Marta Curado, presidente da Comissão de Anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Quando devo usar a pílula do dia seguinte?

A pílula do dia seguinte é um contraceptivo de emergência, portanto deve ser utilizada somente em último caso. Nos Estados Unidos a chamam de plano B. Ela deve ser usada quando, por exemplo, a camisinha estoura no momento da ejaculação. Ou então quando a menina se esquece de tomar  a pílula anticoncepcional durante dois, três dias e só se lembra no momento do coito. Em casos de estupro ela também é amplamente utilizada. Portanto, não se deve fazer de seu uso um hábito nem tomar mais que uma dose por mês. É importante ressaltar a importância desse medicamento na vida das mulheres, pois ele tem diminuído em mais de 50% a taxa de gravidez indesejada e evitado milhares de abortamentos.

A pílula tem alguma contraindicação?

Mulheres com distúrbios metabólicos, principalmente insuficiência hepática e tromboembolismo venoso devem evitar tomar o medicamento. É importante conversar com um médico antes.

Posso tomar a pílula mais de uma vez por mês?

Não é recomendado, pois ela perde a eficácia, aumentando o risco de gravidez. Além disso, graças a sua alta dose de componentes hormonais, ela pode causar reações adversas como náuseas, alteração do ciclo menstrual, dor de cabeça e diarreia.

Como a pílula do dia seguinte age no organismo? Ela é abortiva?

Não. O principal objetivo da pílula é bloquear a ovulação e com isso dificultar a incidência de gravidez. Caso a mulher não tenha ovulado, o anticoncepcional de emergência deverá impedir ou retardar a liberação do óvulo, evitando a fertilização. A pílula não deixa formar o endométrio gravídico (camada que recobre o útero para receber o óvulo fecundado e cuja descamação dá origem à menstruação).

Depois do sexo desprotegido, quanto tempo tenho para tomar a pílula?

O ideal é que a mulher tome a pílula o mais próximo possível da relação sexual desprotegida. Mas ela tem até 3 dias (72 horas) para fazer isso. Nas primeiras 24 horas, por exemplo, a eficácia da pílula é de 88%. O medicamento é vendido em dose única e em dois comprimidos. Solicitamos que a mulher tome um comprimido e espere 12 horas para tomar o outro. Entretanto, para não haver esquecimento, ela pode tomar os dois de uma vez também.

É necessário receita médica para adquiri-la?

Não. Nos postos de saúde a receita também não é mais exigida, o que foi um enorme avanço em termos de saúde pública. Antes a mulher tinha que esperar quase dois meses para consultar um ginecologista. Nesse meio tempo, se ela esperasse a pílula, já estaria grávida. Atualmente, a mulher pode ir até o posto e se não tiver um médico de plantão, o próprio enfermeiro está autorizado a fornecer o medicamento a ela. Além disso, se ela for menor de idade, não é preciso estar acompanhada dos pais.

Normalmente o enfermeiro ou o técnico de enfermagem vai sugerir que ela converse com um médico posteriormente com o objetivo de ver se ela não está utilizando esse medicamento como único método contraceptivo, o que não é indicado.

Após utilizar o contraceptivo de emergência, posso continuar tomando pílula anticoncepcional ou tenho que esperar menstruar?

Espere vir a menstruação e comece a tomar uma nova cartela de pílula. Mas não faça sexo desprotegido, a pílula do dia seguinte não tem efeito cumulativo.

Fonte: Drauzio Varella

Do UOL, em São Paulo

20/07/2017 04h15

Quando acontece algum "acidente de percurso" durante o sexo, a resposta mais rápida para evitar a gravidez não planejada pode ser a pílula do dia seguinte. Apesar de ter esse apelido, o medicamento é chamado pelos médicos de contraceptivo de emergência e quando usado excessivamente ou de forma incorreta pode não ser eficaz.

“Ela é eficaz, só não é bom manter o uso. Se você tomou duas ou três vezes no mês um método de emergência tem algo errado, é melhor ir ao médico e escolher um método contraceptivo mais adequado”, afirma Maria Luísa Mendes, ginecologista do complexo hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo.

  • Após o sexo desprotegido, o quanto antes tomar melhor. Apesar do apelido, para ter a eficácia máxima é bom não esperar até o dia seguinte, pois ela perde o poder de ação com o passar do tempo. Maria afirma que é indicado usar até 12 horas após o ocorrido. É possível tomar três dias depois, mas a eficácia pode ser reduzida para perto de 50%. Então, a pessoa pode engravidar mesmo tomando a pílula do dia seguinte, se não fizer o uso correto.

  • Não, você pode comprar os comprimidos em qualquer farmácia. Além disso, é possível conseguir a pílula em postos de saúde ou prontos-socorros, também sem receita. Existem remédios de dose única e de duas doses, uma 12 horas depois da outra. Ambos têm eficácia e funcionamento similar.

  • O que acontece é um pico hormonal, explica Luiz Fernando Leite, obstetra do hospital e maternidade Santa Joana, em São Paulo. A pílula tem uma alta dose de hormônios femininos (variando de remédios só com progesterona ou com progesterona e estrógeno) e nosso corpo leva um "susto". O aumento desproporcional causa respostas como retardo da ovulação, alteração do muco da vagina, que se torna hostil para espermatozoides, e descamação do endométrio, tecido que recobre o útero para receber a gravidez e dá origem a menstruação, inibindo, assim, a fecundação.

  • A pílula desregula o sistema hormonal da pessoa, bagunça as datas da menstruação, causa sensibilidade nos seios, pode ter inchaço, dor de cabeça e mal-estar, de acordo com a ginecologista e obstetra Márcia Araújo, da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). As respostas podem variar de mulher para mulher.

  • O correto é tomar apenas uma vez, no momento da emergência. Caso você repita muitas vezes é importante buscar ajuda médica para a escolha de um método anticoncepcional. "Tomar mais de uma vez causa picos de hormônios que o corpo não compreende, o sistema nervoso não entende e a paciente pode ter disfunção menstrual, que é uma menstruação muito irregular", diz Leite. Além disso tudo, o medicamento pode perder parte da eficácia com o uso constante.

  • A pílula também não chama "do dia anterior", ela só é eficaz para a última relação sexual antes de sua ingestão. É impossível saber com exatidão o momento em que você ovulou. Mesmo com a pílula deixando seu organismo desfavorável, você pode ter ovulado no dia seguinte, após tomar o remédio, e o sexo desprotegido pode, sim, acabar em gravidez.

  • Depende. Caso você tenha feito uso do medicamento logo após a menstruação, pode ser que nada apareça tão cedo, uma vez que você acabou de menstruar e pode não ter mais nada para sair. Agora, se você estiver perto da data da menstruação, ela pode adiantar. Tudo depende do momento do ciclo em que a pílula foi usada e de como seu organismo reagiu. Se a menstruação atrasar, é indicado ir ao médico.

  • O melhor é parar de tomar a pílula anticoncepcional. Como a do dia seguinte causa uma grande alteração hormonal, o indicado é aguardar a menstruação sem tomar a pílula anticoncepcional. Depois da menstruação, pode iniciar outra cartela.

  • Alguns medicamentos podem interferir na absorção e metabolização da pílula, segundo Márcia. Antibióticos, calmantes, anestésicos e remédios para dormir devem ser evitados. "Também é importante saber que, se a mulher vomita ou tem diarreia logo após tomar a pílula do seguinte, pode haver problemas. Mesmo absorvida, ela acaba eliminada mais rápido do que o recomendado e deixa de ser tão efetiva", afirma a médica. Com a eliminação precoce, pode ser que o remédio não seja absorvido e metabolizado da maneira correta e você fica vulnerável à falha.

  • Não! Os médicos afirmam que não existem riscos para os fetos caso a fecundação ocorra. As pílulas são feitas com doses de hormônios comuns nas mulheres e não interferem na saúde do feto. "A maioria das pílulas é só com progesterona, que é o hormônio que a mulher produz a gravidez toda, não há risco", diz Maria.

  • Mito. A gravidez ectópica acontece quando o óvulo é fertilizado fora do útero. O mais comum é que isso aconteça nas trompas de falópio, um tubo que leva os óvulos dos ovários para o útero. A pílula do dia seguinte desfavorece o ambiente no útero, mas nesses casos o óvulo ainda nem chegou nele. "Acontece antes do óvulo chegar ao útero, não tem como o óvulo caminhar até o útero, sentir o ambiente hostil causado pela pílula e aí esperar o espermatozoide nas trompas. Isso não existe, ele não volta, não dá ré, ele fecunda antes de chegar ao útero", explica Maria.

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