Comparação é uma figura de linguagem caracterizada pela analogia explícita entre termos de um enunciado, já que conta com a presença de conjunção ou locução conjuntiva comparativa. Isso já não acontece com a metáfora, que também realiza uma analogia, porém sem a presença desse tipo de conectivo. Já as símiles híbridas consistem na combinação entre uma comparação e uma metáfora. Leia também: Eufemismo – figura de linguagem que suaviza uma informação Exemplos de comparaçãoA comparação é uma figura de linguagem em que se percebe a analogia explícita entre dois ou mais termos, pois está sempre acompanhada de uma conjunção ou locução conjuntiva comparativa. A comparação é feita entre dois ou mais elementos.Veja os exemplos a seguir: Fábio é mais velho do que Plínio. O livro é tal qual uma ponte para o infinito. Amo Pedro tanto quanto amei Micaela. Eu vivia como um indigente. Oscar Wilde experimentou o prazer do aplauso, assim como a dor do desprezo. Caminhava pelas ruas como se caminhasse em uma passarela. Elisandro ria que nem um bobo. A comparação e a metáfora são figuras de linguagem, ou de palavras, que consistem na analogia entre um ou mais termos de um enunciado. No entanto, a comparação é caracterizada pela presença de conjunção ou locução conjuntiva comparativa, o que não acontece com a metáfora, na qual a analogia é implícita. A metáfora extrapola o sentido denotativo.Assim, a comparação pode ser apontada no seguinte trecho da letra de música “Construção”, de Chico Buarque, do álbum Construção, de 1971: Amou daquela vez como se fosse a última Subiu a construção como se fosse máquina [...] Sentou pra descansar como se fosse sábado Nessa letra, a conjunção “como” é responsável por explicitar diversas comparações. Já no trecho a seguir, da letra de música “Gita”, de Paulo Coelho e Raul Seixas (1945-1989), do álbum Gita, de 1974, é possível observar uma sequência de metáforas: eu sou a luz das estrelas Eu sou o medo do fraco Eu sou o seu sacrifício E as juras de maldição Eu sou a vela que acende [...] Note que o eu lírico não utiliza nenhuma conjunção ou locução conjuntiva comparativa para se comparar a vários elementos, como ao sangue no olhar do vampiro. Portanto, nessa letra, há várias metáforas. Leia também: Hipérbole – figura de linguagem que expressa exagero proposital Símiles híbridasAs símiles híbridas é um fenômeno apontado por Vladimir Nabokov (1899-1977) ao analisar a obra, de Marcel Proust (1871-1922), Em busca do tempo perdido (1913-1927), e consiste na combinação entre uma metáfora e uma comparação. Assim, Nabokov1 dá o seguinte exemplo de comparação: A névoa era como um véu. Em seguida, um exemplo de metáfora: Havia um véu de névoa. Para, então, apontar as símiles híbridas: O véu da névoa era como um sono silencioso.2 Assim, “véu da névoa”, uma metáfora pura, é comparado, a partir da conjunção “como”, a um “sono silencioso”. Desse modo, são considerados símiles híbridas enunciados tais como: A ponte para o infinito foi como um divisor de águas em minha vida. O botão de rosa sorria como um dia de verão. O grande pássaro era tal qual a alvorada. Veja também: Paradoxo – figura de linguagem que expressa uma ideia contraditória Exercícios resolvidosQuestão 01 (Enem) Não somos tão especiais Extra, extra. Este macaco é humano. Todas as características tidas como exclusivas dos humanos são compartilhadas por outros animais, ainda que em menor grau. INTELIGÊNCIA A ideia de que somos os únicos animais racionais tem sido destruída desde os anos 40. A maioria das aves e mamíferos tem algum tipo de raciocínio. AMOR O amor, tido como o mais elevado dos sentimentos, é parecido em várias espécies, como os corvos, que também criam laços duradouros, se preocupam com o ente querido e ficam de luto depois de sua morte. CONSCIÊNCIA Chimpanzés se reconhecem no espelho. Orangotangos observam e enganam humanos distraídos. Sinais de que sabem quem são e se distinguem dos outros. Ou seja, são conscientes. CULTURA O primatologista Frans de Waal juntou vários exemplos de cetáceos e primatas que são capazes de aprender novos hábitos e de transmiti-los para as gerações seguintes. O que é cultura se não isso? BURGIERMAN, D. Superinteressante, n. 190, jul. 2003. O título do texto traz o ponto de vista do autor sobre a suposta supremacia dos humanos em relação aos outros animais. As estratégias argumentativas utilizadas para sustentar esse ponto de vista são a) definição e hierarquia. b) exemplificação e comparação. c) causa e consequência. d) finalidade e meios. e) autoridade e modelo. Resolução: Alternativa “b”. O autor do texto utiliza os seguintes exemplos: inteligência, amor, consciência e cultura. Além disso, aponta esta comparação: “O amor, [...], é parecido em várias espécies, como os corvos”. Questão 02 (AEVSF/ Facape - adaptada) No trecho “um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo” existe a seguinte figura de palavra: a) Catacrese b) Comparação c) Antonomásia d) Sinédoque e) Metáfora Resolução: Alternativa “b”. Nesse trecho, “um mundo sem adjetivos” é comparado a “um hospital no domingo”. Para isso, é usada a conjunção comparativa “como”. Questão 03 (Unimontes - adaptada) Todos os enunciados a seguir apresentam uma estrutura comparativa, EXCETO: a) “Optou por ensinar como proporcionar uma boa dieta com recursos escassos.” b) “Não é esdrúxulo como ser devorado por um jacaré.” c) “... a presença dessa coisa chamada amor como motor, tanto dela como das pessoas em quem ela inoculava o mesmo vírus.” d) “Também não é raro como cair no poço do elevador, como a atriz Anecy Rocha...” Resolução: Alternativa “a”. Todas as alternativas utilizam o termo “como”. No entanto, na alternativa “a”, ele não exerce a função de conjunção comparativa, pois está sendo usado como advérbio para indicar o modo de se fazer algo. Notas [1] Citado por Omar Alejandro Ángel Cortés. [2] Tradução, do espanhol para o português, de Warley Souza.
Ana Lúcia Merege, a autora de fantasia de maior destaque no país, e Flávio Moreira da Costa, escritor e organizador de diversas antologias de sucesso, me esclareceram a diferença entre antologia e coletânea. Segundo Flávio, até as editoras fazem confusão. O dicionário Michaelis on line tem como uma das definições de antologia: 3 Coletânea de textos literários, em prosa ou verso, selecionados das obras de autores célebres, dispostos segundo critérios diversos: tema, época, autoria etc.; seleção, seleta.
No mesmo Michaelis, temos as definições para coletânea: 1 Excertos seletos e reunidos de diversas obras. Flávio diz que, no caso de livros de contos para submissão de textos inéditos e/ou já publicados, o melhor é chamar de coletânea, sendo que tais livros podem ser temáticos. Ana Lúcia reforça dizendo que antologia é amostra de algo: “Assim, normalmente antologias reúnem contos já publicados, pinçados de outras publicações. Coletânea é uma coleção de contos, reunidos por tema, autor… ou não. Inéditos ou não. Toda antologia é também uma coletânea, mas nem toda coletânea é uma antologia.” Para Flávio, dicionários nem sempre são confiáveis. A experiência no mercado editorial também conta. Leia um comentário que ele escreveu a respeito de alguns lançamentos: ATENÇÃO! DEFESA DO CONSUMIDOR LITERÁRIO: Para o escritor e tradutor Fábio Fernandes, a confusão entre os termos antologia e coletânea, no Brasil, possivelmente tem a ver com a prática do mercado editorial americano. Lá tudo é antologia, de autores novatos, veteranos, contemporâneos ou clássicos, conforme definição do dicionário Merriam-Webster on line: anthology 1: a collection of selected literary pieces or passages or works of art or music […]
Mas, assim como Flávio, Fábio alerta para as limitações de dicionários em relação à realidade. É provável que, “[…] A cultura anglófona editorial tornou o termo mais abrangente”. No final das contas, Fábio considera que a diferença dos termos não importa muito. “Eu continuo achando que eles estão mais certos lá. Mas enfim, são dois mercados que não se misturam, então não faz diferença ao fim e ao cabo.” No caso do mercado editorial brasileiro, se você pensa em organizar um livro de contos de FC, terror e/ou fantasia, melhor chamá-lo de coletânea. Deixe as antologias para os autores já estabelecidos. |