Como não deixar a moto morrer no sinal

Quarta-feira, 01/10/2014, às 07:00, por Roberto Agresti

A formação dos motociclistas brasileiros exige mudanças urgentes. Avaliar candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em circuitos não padronizados, em que o controle da moto é testado apenas em baixa velocidade e em trajeto desenhado no chão, é insuficiente.Antes que um sistema mais exigente seja implantado, os novatos deveriam frequentar cursos de treinamento específicos para motociclistas, que vêm se difundindo nos últimos anos como forma de combater o cada vez mais alto índice de acidentes. Para quem não pode ter o gasto a mais ou não encontra cursos próximos, preparamos algumas dicas. Elas devem ajudar os que conseguiram tirar a carteira, compraram a moto, mas têm consciência de que não estão 100% preparados para encarar com segurança o agressivo trânsito brasileiro.

1) Intimidade com a moto

Movimente a sua moto, sinta seu peso empurrando-a, desligada, para a frente e para trás. Tire e coloque-a no cavalete central, se houver, ou mesmo no lateral. Monte, acione os comandos com o motor desligado, ande para frente e para trás empurrando-a com os pés. Parece coisa de maluco, mas ganhar intimidade com o veículo é importante, e esse é o jeito. Uma das ocorrências mais chatas e frequentes entre motociclistas inexperientes é deixar a moto cair parada. Na maioria das vezes isso não terá muitas consequências além de uma lente de pisca quebrada ou um amassadinho no escape, mas é uma chatice que pode ser evitada se você tiver noção do peso, do tamanho e de como movimentar uma moto. Estacionar fará parte de seu dia a dia, e começar por aí é simples e necessário.

2) Treine acelerar e trocar de marcha

Procure um espaço amplo para poder treinar, livre de obstáculos como postes, árvores, meios-fios. Um estacionamento vazio, um pátio ou uma quadra são ideais. Na falta disso, uma rua com pouco movimento e plana pode servir. Treine à exaustão procedimentos básicos como dar partida, sair, engatar duas ou três marchas e reduzir até parar. Repetir essa operação é fundamental para se familiarizar com os comandos de acelerador, embreagem e câmbio.

O tempo, as ”horas de voo” ao guidão, se encarregarão de tornar esses movimentos automáticos, mas quem está começando precisa de treino, de paz e tranquilidade para repetir várias vezes os movimentos, prestando atenção no que dá certo, no melhor modo de se realizar tais ações. 


3) Acionando o freioEsse mesmo ambiente seguro, o mais distante possível de perigos para o novato e para o restante da humanidade, é ideal para a prática da frenagem. E não há como pular etapas: é obrigatório começar a baixas velocidades, 20 ou 30 km/h no máximo. Experimente cada comando de freio individualmente para entender o que cada um faz e como a moto reage. A manete do freio principal de uma motocicleta, o dianteiro, é acionado pela mesma mão do acelerador, e não por mera coincidência uma vez que o preceito básico para quem quer parar é... deixar de acelerar! Sendo assim, ganhe intimidade com essa ação de soltar o acelerador e agir sobre a alavanca, um fundamento básico importantíssimo. Fazer isso repetidas vezes, variando levemente a intensidade da frenagem oferece ao motociclista estreante a chance de compreender não apenas a importância do freio dianteiro como sua capacidade de frenagem. Alternar esse exercício com o freio traseiro, acionado com o pé, fará com que cada comando seja “sentido” de maneira apropriada.Feito isso, treine a freada correta, que é aquela que usa os dois comandos simultaneamente, com prioridade para o freio dianteiro, que deve ser o responsável por cerca de 70% do poder frenante. Como não há instrumento para aferir isso, vale usar a sensibilidade. E daí a importância de treinar o uso individual de cada comando para depois passar a usá-los em conjunto.

4) Aprenda a desviar

Simule mudanças de trajetória leves, como que desviando de algo – buraco, pedra, pedestre. Em baixa velocidade, praticar esses desvios é a melhor maneira de evitar algo comum em novatos ao guidão: o medo paralisante. Parece piada, mas a inexperiência ao guidão associada ao natural receio de acidente às vezes faz com que, ao ver o “perigo”, seja ele qual for, o motociclista siga direto para ele, como se estivesse sendo atraído por um imã. Treinar essas mudanças de direção, começando devagar e cada vez aumentando a velocidade do desvio e sua amplitude, oferecerá a segurança necessária para agir bem quando for preciso.

5) Como fazer curvas


Ah, eis o "x" da questão! Se mesmo motociclistas com muitos anos de guidão confessam serem incapazes de encarar curvas sentindo segurança plena, o que dizer então de novatos? É muito difícil ensinar a correta condução de uma moto simplesmente com um texto. Mesmo assim, vale lembrar alguns preceitos essenciais para enfrentar o dragão: primeiramente, comece devagar, mas não muito, pois o grosso do equilíbrio de uma motocicleta vem do efeito giroscópico gerado pelo movimento das rodas. Sem aprofundar muito em tal fenômeno físico, basta saber que quanto mais velozmente girarem as rodas, maior será o efeito equilibrante que mantém a moto em pé.

Não entenda isso como uma sugestão para que a velocidade elevada seja a solução de seus problemas, mas apenas um alerta de que andando devagar demais, a motocicleta não fica estável e daí aquelas curvas feitas como se o condutor estivesse tremendo.

Um truque fácil e eficaz é direcionar o olhar para onde se quer ir, e jamais mirar o chão pertinho da roda dianteira, o que fatalmente resultará em uma trajetória truncada. Esse “olhar longe” não é algo muito fácil de se fazer na cidade, pois curvas de esquina não permitem isso, mas em estrada é uma estratégia que fará toda a diferença.

Outra manha de pilotagem é usar a força das pernas e pés para ajudar nas curvas. Funciona mais ou menos assim: em curva para a direita, force seu joelho esquerdo contra o tanque enquanto se pé direito faz força para baixo na pedaleira. Não exagere, apenas uma pressãozinha é suficiente para melhor endereçar a moto à trajetória desejada.

O contra-esterço também é uma técnica excelente, e consiste em simplesmente contra esterçar, ou seja, se for fazer uma curva para a esquerda, exerça uma ação no guidão como se quisesse girá-lo para a direita. Pode parecer absurdo, mas funciona, pois assim a moto parece querer mergulhar curva adentro, atraída para a direção que você deve ir. Evidentemente, todos exercícios devem ser realizados em local seguro e em velocidades moderadas, que devem aumentar conforme o aprendizado evoluir – como em um videogame, em que se “sobe de fase”.

Importante


Pilote sempre 100% equipado. Não é pelo fato de ser um novato e estar apenas estabelecendo o primeiro contato com a moto que você poderá dispensar o aparato de segurança. Capacete, luvas e calçados de cano alto é o básico. Jaquetas com proteções nos ombros e cotovelos, assim como proteções nos joelhos e pernas são também muito aconselháveis. Tenha em mente que ninguém nasce sabendo, mas que com força de vontade e método, todos podem aprender.  

*Fotos: Reprodução/TV Tem; Raul Zito/G1; Zhou Pengcheng/ Divulgação.

Arthur Caldeira
25/03/2020 - Tempo de leitura: 5 minutos, 18 segundos

O crescimento na venda de motos e, principalmente, scooters, mostra que muita gente enxerga os veículos de duas rodas como uma solução de mobilidade.

Seja para ganhar tempo, seja para economizar combustível e gastar menos dinheiro, as motos e scooters de baixa cilindrada cumprem muito bem o seu papel: não ficam presas no trânsito, rodam mais de 30 km/litro de gasolina e, muitas vezes, representam um gasto menor que a passagem de ônibus e metrô. Sem falar no maior conforto e no tempo menor.

Embora sejam fáceis de pilotar e práticos, os veículos de duas rodas exigem responsabilidade. Não basta passar no exame da motoescola e tirar sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH), é preciso pilotar com o equipamento de segurança adequado e assumir uma postura defensiva na condução.

Para Gutenberg Santos Silva, 34 anos, instrutor de pilotagem do Centro Educacional de Trânsito Honda de Recife (PE), há quatro anos, “a motocicleta tem suas características físicas e um comportamento dinâmico, diferente de outros veículos”. Ele recomenda que os motociclistas procurem se informar sobre a motocicleta e busquem cursos para treinar a pilotagem. A pedido do Mobilidade, Gutenberg dá dez dicas práticas de como rodar de moto com segurança no trânsito urbano.

1 – Pilote sempre equipado

A primeira dica do instrutor de pilotagem é usar sempre equipamento de segurança. Capacete, dentro do prazo de validade e corretamente afivelado ao pescoço. Mas a cabeça não é a única parte do corpo que precisa ser protegida. Por isso, é importante vestir jaqueta com proteções, luvas, calça de tecido resistente e um calçado fechado, “de preferência, de cano alto”, reforça Gutenberg.

2 – Posicionamento sobre a moto

Para pilotar uma moto, é preciso se posicionar corretamente sobre a moto para melhorar a maneabilidade. “Mantenha a cabeça erguida, com olhar sempre atento ao que vem à frente”, explica Gutenberg. Braços e ombros devem ficar relaxados para que você posso desviar de obstáculos na via com rapidez. A coluna tem de estar ereta para que o condutor não se canse e pilote confortavelmente.

As pernas devem estar flexionadas, e os joelhos, “abraçar” o tanque para garantir firmeza na condução. Os pés têm de estar paralelos e apontados para frente. “As pedaleiras ajudam a proteger os pés”, ensina o instrutor.

Antes de sair de casa, ao dar partida, enquanto deixa o motor esquentar, aproveite para verificar o funcionamento do farol, dos piscas, da lanterna e da lâmpada de freio. “Além de ser perigoso rodar com alguma luz queimada, é infração de trânsito. A multa será mais cara do que trocar a lâmpada”, avisa Gutenberg.

4 – Pilotagem defensiva

Em função de seu tamanho reduzido, em comparação a carros e caminhões, a motocicleta exige uma postura defensiva na pilotagem para que veja e seja visto pelos outros agentes do trânsito. “Fique no centro da faixa de rolagem e mantenha distância segura dos outros veículos”, ensina Gutenberg. Dessa forma é possível se adiantar as situações e evitar colisões.

No corredor, rode em baixa velocidade e com muita atenção. “Mas apenas quando os veículos estiverem parados”, alerta o instrutor. Ele ainda dá uma dica importante: “Não saia do semáforo como se estivesse em uma corrida. Não tenha pressa, pois muitos acidentes acontecem quando um dos veículos tenta aproveitar a luz amarela”.

Nas motocicletas, pneus em bom estado de conservação são fundamentais para a sua segurança. Fique atento ao indicador de desgaste da banda de rodagem, mostrado pela sigla TWI, na lateral dos pneus: se o sulco atingir o limite, está na hora de trocar o pneu. “Não se esqueça de calibrar, com a pressão indicada pelo fabricante, uma vez por semana, ao menos. Pneus na pressão correta garantem aderência e ainda economizam combustível”, ensina o instrutor de pilotagem.

6 – Retrovisores

Para Gutenberg, o ideal é manter sempre os espelhos retrovisores originais, que foram projetados para a motocicleta. Ajuste-os antes de partir com sua moto de forma que você enxergue parte de seus ombros. “Mesmo nas motos, existem pontos cegos. Por isso, é importante sempre dar uma breve olhada para trás, antes de mudar de faixa”, esclarece.

7 – Sinalização

Respeite sempre as sinalizações de trânsito, tanto as de advertência (amarelas) como as de regulamentação (brancas). Elas servem para alertar o motociclista dos perigos e condições da via. Uma placa de “escola” indica que pode haver crianças na via e é melhor reduzir a velocidade.

“As lombadas também servem para reduzir a velocidade e têm um motivo para ser instaladas. Não salte as lombadas nem passe pela lateral delas, no espaço entre a lombada e a guia. O piso ali costuma ficar sujo e pode causar perda de aderência”, afirma Gutenberg, criticando o mau hábito de muitos motociclistas.

8 – Garupa

Ao levar garupa, lembre-se de que ele deve usar o equipamento completo de proteção, como o piloto. O passageiro deve se sentar o mais próximo possível do motociclista e segurar na cintura. “Isso equilibra o peso e facilita a maneabilidade da moto”, diz Gutenberg. O passageiro nunca deve tentar controlar a moto nem tirar os pés da pedaleira, alerta o instrutor.

9 – Frenagem

Quando precisar frear a motocicleta, mantenha o corpo ereto e os joelhos no tanque, “para manter a trajetória reta”, diz Gutenberg. Use 70% da força no manete de freio dianteiro, não desengate a marcha nem aperte a embreagem para que o freio motor ajude a parar a moto. Use também o freio traseiro, acionado no pedal, mas com parcimônia para não derrapar. “Vale lembrar que, nas scooters, os dois freios são acionados nas mãos: o manete direito aciona o freio dianteiro; e o esquerdo, o traseiro”, destaca Gutenberg.

10 – Condução noturna

Segundo o instrutor de pilotagem da Honda, é importante tomar cuidado ao pilotar à noite, pois a visibilidade fica prejudicada. Use roupas claras ou jaquetas com tecido refletivo para ser visto. “Reduza também a velocidade, pois até mesmo a sua visão e percepção dos obstáculos à frente ficam prejudicadas”, conclui Gutenberg.

Última postagem

Tag