Calendário civil são quantos dias

  • Saiba como descobrir se um ano é bissexto

Você já se perguntou o que é o tempo? Para lhe dar uma resposta, pode-se citar Albert Einstein, que afirmou que o tempo, como é conhecido, não passa de uma "invenção".Segundo o célebre cientista, "espaço e tempo são modos pelos quais o homem pensa o mundo, e não condições sob as quais ele vive". Nesse sentido, formas e fórmulas para contar o tempo são também invenções humanas, que variaram geográfica e historicamente.

Civilizações tão distantes no tempo e no espaço como a egípcia e a asteca, por exemplo, tinham naturalmente calendários diferentes, embora baseados no movimento do Sol, da Lua, nas estações do ano, na alternância entre os dias e as noites. Entre os muitos modos que as várias civilizações empregaram para contar o tempo, destaca-se o que hoje é oficial na maioria dos países do mundo.

Nosso calendário é essencialmente uma invenção dos antigos romanos. O historiador latino Tito Lívio (c. 59 a.C.-17 d.C.) atribui ao segundo rei de Roma, Numa Pompílio (715-672 a.C), sucessor de Rômulo, aquele que foi amamentado por uma loba, a criação de um calendário com a duração de 12 meses, que podiam variar entre 31 e 29 dias.

Mercedonius: um mês extra

Na "folhinha" de Numa, o ano consistia de 355 dias, dez a menos que o ano solar (cuja duração coincide com a translação da Terra em torno do Sol). Para compensar a diferença, a cada dois anos se adicionava um mês extraordinário, o Mercedonius, de 22 ou 23 dias. O primeiro mês do ano era Martius (março), dedicado a Marte, o deus da guerra.

Seguia-se Aprilis (abril), dedicado a Vênus. O nome, porém, deriva do verbo latino aprire, abrir, e o que se abria, no caso, era a natureza, pois este mês marca o início da primavera no hemisfério norte. Depois, vinham Maius (maio) e Junius (junho), oferecidos respectivamente às deusas Maia e Juno.

Os meses subsequentes recebiam o nome de Quintilis e Sextilis, pois eram o quinto e o sexto mês, mas tiveram seus nomes mudados para homenagear os imperadores Júlio César (100-44 a.C.) e Augusto (63 a.C.-14 d.C.). Daí vêm Julius (julho) e Augustus (agosto).

Os meses seguintes voltavam a ser contados de modo numérico, do sétimo ao décimo: September (setembro), October (outubro), November (novembro) e December (dezembro). Só então vinham Januarius (janeiro), dedicado ao deus Janus, e Februarius (fevereiro), que se origina de Februa, uma festividade romana.

Erros de cálculo

Os sacerdotes eram os responsáveis pela administração do calendário na Roma republicana (509-31 a.C.), mas o faziam sem muito zelo, de modo que os erros - intencionais ou involuntários - não tardaram a gerar uma defasagem em relação ao ano solar, que girou em média cerca de três meses, relativamente à passagem das estações. Os meses de inverno passaram a avançar sobre a primavera e assim por diante, até que Júlio César resolveu pôr ordem nas coisas, em 46 a.C.Ao invadir o Egito, César chamou o astrônomo Sosígenes de Alexandria - personagem histórico sobre o qual há pouquíssimas referências -, e encomendou-lhe a criação de um calendário mais funcional. Queria organizar o tempo para que a história de suas conquistas fosse devidamente registrada e também para estabelecer um calendário civil coincidente com o solar.O ano foi dividido em 365 dias e as seis horas da translação que não entravam nas contas foram reunidas em um dia a ser acrescentado ao mês de fevereiro de quatro em quatro anos (6h X 4 = 24h).

Esses anos passaram a ser chamados de bissextos (bisextiles), pois considerava-se que o dia 24 ou 25 de fevereiro acontecia duas vezes (isto é, tinha um bis) e tratava-se do sexto dia anterior à calenda de março. "Calenda" era o nome do primeiro dia de cada mês latino. E é dessa palavra, claro, que se origina o termo calendário.

O calendário juliano e o ano da confusão

O calendário dito juliano entrou em vigor em 46 a.C. mesmo. Porém, para se acertarem as contas desde a lendária fundação de Roma, em 753 a.C., aquele ano precisou ser totalmente atípico, contando com 432 dias. Com isso, o novo mês de janeiro teria se sobreposto ao mês de março na contagem anterior, mudando a ordem dos meses para a atual.Confuso? Pois saiba que o ano de 46 a.C. entrou para a história como "o ano da confusão". Para piorar, algumas das regras estabelecidas por Sosígenes foram mal interpretadas e o imperador Augusto foi forçado a proceder correções em 8 a.C. - aproveitando para dedicar um mês em sua homenagem. Embora se intercalassem os meses de 30 e 31 dias, agosto ficou igual a julho, para não haver diferenças entre os imperadores homenageados.

De qualquer modo, somente cerca de 1,6 mil anos depois uma nova reforma do calendário foi necessária para, mais uma vez, fazer coincidir o ano civil com o ano solar. O ajuste foi formulado por uma comissão de estudiosos, a mando do papa Gregório 13 (1502-1585), de onde o nome de calendário gregoriano.

As novidades desse calendário são: 1) que os anos divisíveis por 100 não são bissextos; um século dura 36.542 dias, de modo que a duração média dos anos quase corresponde à translação da Terra; 2) os anos divisíveis por 400, como 1600 e 2000, são bissextos, de modo que os anos se estendem geralmente por 365 dias, 5h, 49 minutos e 12 segundos, um tempo quase idêntico ao do ano solar (365 dias, 5h, 48m, 46s).

Calendário gregoriano

O calendário gregoriano só precisa de uma alteração para se ajustar ao ano solar a cada 3 mil anos. Foi adotado a 15 de outubro de 1582 em todos os países católicos. Os protestantes demoraram um pouco mais a aderir, uma vez que não aceitavam a interferência do papa.A Inglaterra, por exemplo, só passou a segui-lo a partir de 1752. Da mesma maneira, nos países onde vigora o cristianismo ortodoxo, como a Rússia, o calendário juliano continuou a valer até as primeiras décadas do século 20.

É interessante lembrar que a Revolução Francesa criou um novo calendário que vigorou na França entre 1792 e 1805, quando o gregoriano voltou a ser adotado. Também não se deve esquecer que os calendários religiosos judaico e islâmico diferem essencialmente do gregoriano por não tomarem o nascimento de Cristo como referência para a contagem do tempo.

Hoje em dia, porém, o calendário gregoriano é convencionalmente adotado para demarcar o ano civil no mundo inteiro. Essa unificação decorre da praticidade, bem como do fato de a Europa ter, historicamente, exportado seus padrões para o resto do globo.

O calendário maia, Haab, possui 365 dias divididos em 18 meses que contém 20 dias cada um.

Igualmente, o Haab está combinado com um calendário sagrado, o Tzolkin, com 260 dias.

Origem

O calendário maia se difere do calendário ocidental pela sua concepção de tempo.

Para os ocidentais, o tempo é algo que começou em algum momento e segue continuamente, sem parar. Apenas um grande evento vai fazer com que o tempo termine.

Entretanto, para a civilização maia o tempo é circular: um evento que ocorreu no passado vai se repetir. Assim como os ciclos da natureza se repetem, como o sol se levanta todos os dias, os acontecimentos da nossa vida individual também se repetem.

Desta maneira, os maias ajustavam os ciclos da vida pessoal como o nascimento, a puberdade, a maturidade e a morte, aos ciclos mais amplos da natureza.

Calendário civil são quantos dias
Calendário civil são quantos dias

Da mesma maneira como o calendário ocidental, o calendário solar maia, chamado de Haab, conta com 365 dias. No entanto, esses são divididos em 18 meses com 20 dias cada um, o que dá um total de 360 dias.

Os cinco dias que sobram completam o calendário, não pertencem a nenhum mês e são considerados desfavoráveis para a realização de certas tarefas.

Além disso, há o Tzolkin, o calendário cerimonial. Conta com 260 dias divididos em três grupos de meses com 20 dias, em que cada dia é contado de 1 a 13. Ele era utilizado para gerenciar atividades agrícolas, pois englobam as estações mais quentes do ano, quando é possível plantar.

Esse modelo é baseado na gestação humana que dura aproximadamente 260 dias. Portanto, este calendário era a chave para saber que dia era favorável para marcar o início da guerra, oferecer sacrifícios, realizar casamentos, etc. Cada dia tinha um significado especial de acordo com a astrologia.

Juntos, os calendários Haab e Tzolkin formam o Calendário Circular. Este durava 52 anos, o que seria para nós, como o século. Uma vez terminado este ciclo de 52 anos se iniciava outro ciclo e assim sucessivamente.

Calendário civil são quantos dias
Os calendários Tzolki (esq) e Haab

Havia um terceiro calendário chamado "Calendário de Conta Longa". Como o próprio nome diz ele era mais amplo que os anteriores. Este calendário contava o tempo desde a origem dos maias até o suposto fim do mundo e não era usado no dia a dia.

A civilização maia é famosa pelos feitos no campo das artes, da matemática e da medicina. O seu calendário é uma prova disso, pois esse povo antigo demonstrou conhecimentos incríveis de ciências exatas.

Entre a civilização maia, asteca e inca - antigas civilizações pré-colombianas - o calendário maia é considerado o melhor, o mais elaborado, bem como é provavelmente o mais antigo. Sua utilização remonta ao ano 550 a.C. Os astecas também o copiaram para sua contagem de tempo.

Ele foi desenvolvido através da observação dos astros e dos cálculos matemáticos. Em seguida, o calendário era registrado nas gravações que eram feitas nas paredes dos seus templos para exibir os acontecimentos importantes.

Leia sobre a História e Origem do Calendário.

2012: O Fim do Mundo?

O fim do mundo é um tema que fascina várias pessoas. Assim, ao longo da história, várias foram as datas anunciadas que indicavam o fim dos tempos.

Em 2012, mais precisamente no dia 21 de dezembro, alguns acreditavam que era suposto acontecer uma catástrofe, conforme interpretação feita do calendário maia.

A notícia gerou um alarme para uma série de pessoas. Numa província chinesa, as pessoas correram para comprar velas. Na Rússia, o primeiro ministro foi obrigado a pedir calma à população ao se verificar a subida considerável de compra de produtos enlatados.

O encontro dessa data de previsão decorreu, todavia, de uma má interpretação do calendário maia.

Especialistas fizeram a leitura até finalmente descobrir que a data indicava apenas o início de uma nova era no calendário, afastando o equívoco.

A data não sugeria o fim dos tempos, mas o fim de um período. Este, na verdade, era um ciclo de repetição, tal como a mudança de séculos na era moderna.

Isso porque, o calendário maia inicia no ano 3114 a.C. e muda de ciclo - os chamados Baktuns - a cada 394 anos. O solstício de verão de 2012 no dia 21 de dezembro marca o final do Baktun.

Leia também sobre o Ano Bissexto e a Divisão dos Séculos.

Curiosidades

  • O calendário solar maia, Haab, é 4 segundos mais preciso que o calendário utilizado atualmente.
  • Os maias desenvolveram 17 maneiras distintas de contar o tempo.

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