Assinale a alternativa que aponta corretamente a relação de cada tipo de intertextualidade

(Enem – 2009)

TEXTO A
Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas tem mais flores, Nossos bosques tem mais vida,

Nossa vida mais amores.

[...]

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, a noite - Mais prazer eu encontro la; Minha terra tem palmeiras

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras

Onde canta o Sabiá.

DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1998.

TEXTO B
Canto de regresso à Pátria

Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui

Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas E quase tem mais amores Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que eu veja a rua 15

E o progresso de São Paulo.

ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São Paulo: Cfrculo do Livro. s/d.

Os textos A e B, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que:

a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, é o tom de que se revestem os dois textos.

b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto B, que valoriza a paisagem tropical realçada no texto A.

c) o texto B aborda o tema da nação, como o texto A, mas sem perder a visão crítica da realidade brasileira.

d) o texto B, em oposição ao texto A, revela distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria.

e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.

(Enem – 2003)

Assinale a alternativa que aponta corretamente a relação de cada tipo de intertextualidade

Operários, 1933, óleo sobre tela, 150x205 cm, (P122), Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo

Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora.

(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:

a) “Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem nas mulheres/ Rotas alteradas.” (Vinícius de Moraes)

b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na sina:/ a de abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima.” (João Cabral de Melo Neto)

c) “O funcionário público não cabe no poema/ com seu salário de fome/ sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar)

d) “Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa)

e) “Os inocentes do Leblon/ Não viram o navio entrar (...)/ Os inocentes, definitivamente inocentes/ tudo ignoravam,/ mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam pelas costas, e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade)

A intertextualidade é a relação entre dois ou mais textos, podendo ser ou não do mesmo gênero. Existem diferentes tipos de intertextualidade, como a implícita e a explícita. Teste os seus conhecimentos com os Exercícios de intertextualidade, mas antes relembre a matéria com o nosso resumo.

As provas de vestibulares cobram principalmente a matéria de Língua Portuguesa, o ENEM exige do aluno no caderno de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias conhecimentos textuais. Entre eles, está a intertextualidade, a relação estabelecida entre os textos.

Intertextualidade

A palavra intertextualidade é formada pelo sufixo inter que faz referência à noção de relação. Esse relacionamento ocorre entre um texto e outro, como se eles conversassem e sofressem influência um do outro.

A intertextualidade está presente em músicas, propagandas publicitárias, artes plásticas, dança e outras expressões que podem enriquecer o tema tratado.

Intertextualidade implícita e explícita

A intertextualidade pode ser apresentada de forma direta (explícita) ou indireta (implícita):

  • Implícita: não há relação direta com o texto fonte nem outras coisas que o identifiquem.
  • Explícita: há relação direta com o texto e elementos com o texto fonte.

Tipos de intertextualidade

Assinale a alternativa que aponta corretamente a relação de cada tipo de intertextualidade
Assinale a alternativa que aponta corretamente a relação de cada tipo de intertextualidade
  • Alusão: faz referência a elementos de outros textos de maneira indireta, ou seja, implícita.
  • Citação: quando é acrescentado partes de outros textos em uma produção textual, o que gera a intertextualidade direta.
  • Epígrafe: complemento de parágrafo ou frase no texto produzido que se relaciona com outro.
  • Paráfrase: recriação de um texto com a mesma ideia do texto fonte.
  • Paródia: a paródia é a subversão de um texto original, de maneira crítica ou satírica.
  • Bricolagem: criação de um texto a partir de elementos retirados de outros.
  • Sample: músicas, textos utilizados como base para outras novas produções.
  • Pastiche: vários tipos de manifestações em uma mesma obra.

Saiba quais são os tipos textuais para entender ainda mais a matéria.

Agora faça os Exercícios de Intertextualidade e confira as respostas no gabarito.

Exercícios de Intertextualidade

1 – (Enem – 2003) –

Operários, 1933, óleo sobre tela, 150×205 cm, (P122), Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo

Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora.

(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:

a) “Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem nas mulheres/ Rotas alteradas.” (Vinícius de Moraes)

b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na sina:/ a de abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima.” (João Cabral de Melo Neto)

c) “O funcionário público não cabe no poema/ com seu salário de fome/ sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar)

d) “Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa)

e) “Os inocentes do Leblon/ Não viram o navio entrar (…)/ Os inocentes, definitivamente inocentes/ tudo ignoravam,/ mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam pelas costas, e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade)

2 – (UERJ – 2008) –

Ideologia

Meu partido

É um coração partido

E as ilusões estão todas perdidas

Os meus sonhos foram todos vendidos

Tão barato que eu nem acredito

Eu nem acredito

Que aquele garoto que ia mudar o mundo

(Mudar o mundo)

Frequenta agora as festas do “Grand Monde”

Meus heróis morreram de overdose

Meus inimigos estão no poder

Ideologia

Eu quero uma pra viver

Ideologia

Eu quero uma pra viver

O meu prazer

Agora é risco de vida

Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll

Eu vou pagar a conta do analista

Pra nunca mais ter que saber quem eu sou

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo

(Mudar o mundo)

Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose

Meus inimigos estão no poder

Ideologia

Eu quero uma pra viver

Ideologia

Eu quero uma pra viver.

(Cazuza e Roberto Frejat – 1988)

E as ilusões estão todas perdidas (v. 3)

Esse verso pode ser lido como uma alusão a um livro intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de Balzac.

Tal procedimento constitui o que se chama de:

a) metáfora

b) pertinência

c) pressuposição

d) intertextualidade

e) metonímia

3 – (UEL) –

Disponível em Super Interessante. Acesso em 10 out. 2014

O gordo é o novo fumante

Nunca houve tanta gente acima do peso – nem tanto preconceito contra gordos.

De um lado, o que há por trás é uma positiva discussão sobre saúde. Por outro, algo de podre: o nascimento de uma nova eugenia.

(Adaptado de: Super Interessante. Editora Abril. 306.ed. jul. 2012. p.21.)

Em relação ao texto, considere as afirmativas a seguir:

I. O código não verbal, principalmente no que se refere ao segundo desenho, revela o discurso preconceituoso e, consequentemente, um aspecto ideológico.

II. O sentido de proibição é captado por meio da intertextualidade estabelecida entre os códigos não verbais a qual, por sua vez, revela aspectos ligados ao gênero do humor.

III. O conteúdo expresso na placa revela que, futuramente, indivíduos obesos sofrerão ainda mais discriminação social.

IV. O efeito de sentido expresso pelo conteúdo não verbal serve para reforçar o caráter polissêmico da placa.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

4 – (ENEM) – Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:

I. Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1964)

II. Quando nasci veio um anjo safado

O chato dum querubim

E decretou que eu tava predestinado

A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim.

(BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)

III. Quando nasci um anjo esbelto

Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira.

Carga muito pesada pra mulher

Esta espécie ainda envergonhada.

(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por

a) reiteração de imagens.

b) oposição de ideias.

c) falta de criatividade.

d) negação dos versos.

e) ausência de recursos.

5 – (UFRN 2012) – Observe a capa de um livro reproduzida abaixo:

A imagem é capa do livro Memórias Desmortas de Brás Cubas, de Pedro Vieira. Editora Tarja Editorial

a) uma metonímia.

b) uma transcrição literal.

c) uma paráfrase direta.

d) um procedimento paródico.

e) um plágio explícito.

6 – (UNIFOR CE/2012) –

Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.

— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa…” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade…

A Cartomante (Machado de Assis)

A intertextualidade é um recurso criativo utilizado na produção do texto. No conto, Machado de Assis dialoga com o clássico “Hamlet” de Shakespeare com o fito de:

a) Reafirmar a crença no conhecimento científico para explicar as situações da vida humana.

b) Discutir o conhecimento científico e o conhecimento místico na sociedade burguesa do século XX. Reconhecer a importância da espiritualidade na formação da sociedade burguesa do século XIX.

c) Revelar a ambiguidade própria da obra machadiana em Hamlet de William Shakespeare.

d) Ironizar o culto ao cientificismo da sociedade burguesa.

e) Reconhecer a importância da espiritualidade na formação da sociedade burguesa do século XIX.

7 – (UFU MG/2011) –

Sobre a presença da intertextualidade na obra Ensaio sobre a cegueira é correto afirmar que:

a) o questionamento da religião e dos deuses, presente ao longo da obra, justifica o fato de o autor ter evitado conscientemente dialogar com a Bíblia.

b) a referência a textos clássicos, por exemplo, Odisséia ou Divina comédia revela a incapacidade de a literatura contemporânea criar novos mitos e símbolos.

c) a teia intertextual da obra provoca uma mistura de estilos narrativos, advindos de parábolas, alegorias, fábulas, ensaios, entre outros.

d) a relação intertextual com obras da narrativa fantástica explica a temática lendária do romance, o qual não estabelece nenhuma relação com o contexto histórico atual.

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8 – (UNIFOR CE/2014) –

Texto I

Peixinho sem água, floresta sem mata

É o planeta assim sem você

Rios poluídos, indústria do inimigo

É o planeta assim sem você

http://mataatlantica-pangea.blogspot.com. br/2009/10/parodia-meio-ambiente_02.html

Texto II 

Avião sem asa

Fogueira sem brasa

Sou eu assim, sem você

Futebol sem bola

Piu-Piu sem Frajola

Sou eu assim, sem você

(Claudinho e Buchecha)

Os textos I e II apresentam intertextualidade, que, para Julia Kristeva, é um conjunto de enunciados, tomados de outros textos, que se cruzam e se relacionam. Dessa forma, pode-se dizer que o tipo de intertextualidade do texto I em relação ao texto II é

a) epígrafe, pois o texto I recorre a trecho do texto II para introduzir o seu texto.

b) citação, porque há transcrição de um trecho do texto II ao longo do texto I.

c) paródia, pois a voz do texto II é retomada no texto I para transformar seu sentido, levando a uma reflexão crítica.

d) paráfrase, porque apesar das mudanças das palavras no texto I, a ideia do texto II é confirmada pelo novo texto.

e) alusão, porque faz referência, de modo implícito, ao texto II para servir de termo de comparação.

9 – (UNIFOR CE/2010) –

Mais de 25 séculos após Heráclito de Éfeso dizer que

Não se toma banho duas vezes no mesmo rio,

Raul Seixas declarou

Prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião

Formada sobre tudo

(Metamorfose ambulante – Raul Seixas)

E Lulu Santos comparou a vida a uma onda:

Nada do que foi será

De novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa

Tudo sempre passará

A vida vem em ondas

Como um mar

Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente

Viu há um segundo

Tudo muda o tempo todo

No mundo

(Como Uma Onda – Lulu Santos / Nelson Motta)

A intertextualidade evidente entre o pensamento de Heráclito e as letras das músicas de Raul Seixas e Lulu Santos se realiza por:

a) Paródia.

b) Citação

c) Alusão.

d) Paráfrase.

e) Pastiche.

Respostas dos Exercícios de Intertextualidade

Exercício resolvido da questão 1 –

b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na sina:/ a de abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima.” (João Cabral de Melo Neto)

Exercício resolvido da questão 2 –

d) intertextualidade

Exercício resolvido da questão 3 –

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

Exercício resolvido da questão 4 –

a) reiteração de imagens.

Exercício resolvido da questão 5 –

d) um procedimento paródico.

Exercício resolvido da questão 6 –

d) Ironizar o culto ao cientificismo da sociedade burguesa.

Exercício resolvido da questão 7 –

c) a teia intertextual da obra provoca uma mistura de estilos narrativos, advindos de parábolas, alegorias, fábulas, ensaios, entre outros.

Exercício resolvido da questão 8 –

c) paródia, pois a voz do texto II é retomada no texto I para transformar seu sentido, levando a uma reflexão crítica.

Exercício resolvido da questão 9 –

d) Paráfrase.

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